quinta-feira, 29 de maio de 2025

"Um redondo discurso"

A discursata do almirante-das-vacinas a anunciar a sua candidatura à Presidência da República fez-me lembrar a figura do almirante Américo Tomás. Lembrança surpreendente, reconheço, pois é um facto que enquanto o almirante candidato é espadaúdo, o almirante Tomás tendia mais para o anafado. Não sendo semelhante a figura dos dois, estou em crer que na base da lembrança esteve o mesmo tipo de discurso que ambos usam ou usaram: o chamado "discurso redondo", com muita parra e nenhuma uva.
O que significa que se bem (mal) servidos estivemos, bem (mal) servidos ficaremos: com muita parra!
Ou iremos ficar, se, entretanto, não se descobrir alguém que ouse defrontrar o almirante em terra e mar. Com sucesso. O que não é, evidentemente, o caso de Marques Mendes, com o qual, aliás, me recuso e recusarei a embarcar. Em qualquer circunstância.

(A expressão em título é pertença de alguém, mas não me recordo a quem pertence a autoria. Ao seu autor peço desculpa da falta de memória)

(A imagem é daqui)

quinta-feira, 15 de maio de 2025

O Poder das Vacinas!

Gouveia e Melo, mais conhecido pelo nominativo de "Almirante das Vacinas", acaba de anunciar que vai candidatar-se à Presidência da República.
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o benéfico efeito das vacinas, acho que chegou a altura para as pôr de lado, definitivamente. Tal efeito está hoje claramente demonstrado. Basta atentar no efeito produzido no citado almirante: dum momento para o outro passa de vulgar cidadão a vedeta com tal notoriedade que acha ter condições para ser Presidente da República *.
E mais: o efeito é tão poderoso que o "Almirante das Vacinas" nem precisou de as tomar. Bastou pôr-lhe a vista em cima.

(*Confesso aqui, à puridade, que, para lá chegar, não contará com o meu voto.)
(Créditos pela imagem: Rita Chantre. daqui.)

sexta-feira, 2 de maio de 2025

A MINA DO LUÍS


Pelo que vamos sabendo, aos poucos e arrancado a muito custo, a SPINUMVIVA de Luís Montenegro, era (e é) uma mina. Até agora, explorada às escondidas e sem alvará. Se o Luís ganhar as eleições e, com ele, a AD, não há razão para terminar a exploração. Dirá o Montenegro que o povo eleitor não só aceita a continuação da laboração mineira, como até lhe passou o alvará. E, digo eu, por uma vez sem exemplo, que o Luís tem razão.
A escolha, neste caso, é, pois, muito simples: ou se decide encerrar a mina que o Luís tem vindo a explorar ilegalmente ou se opta por lhe passar o alvará.
A cada um de nós eleitores cabe decidir. Espero que decidamos bem: por uma República decente e por um Governo que não nos envergonhe no concerto das nações.
(Créditos da imagem: JOSÉ SENA GOULÃO/Lusa. Imagem obtida aqui.)

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Quem quiser engolir a patranha sobre a competência do Governo liderado pelo homem das avenças, faça favor. Eu não.

A propósito do recente "Apagão" e apreciando a actuação do governo Montenegro durante o evento, João Miguel Tavares publica hoje no "Público" (edição impressa) uma crónica que leva como título "É fascinante a forma como este país engole a incompetência", crónica da qual tomo a liberdade de extractar o que segue: 

«Há coisas que eu percebo (...)

Depois vem a longa lista das coisas que eu não percebo. Não percebo quem acha que até na resposta a um apagão a avaliação do que aconteceu deve ser feita em função de linhas ideológicas, como se a competência ou a incompetência fossem exclusivos da esquerda ou da direita. Não percebo que o apagão eléctrico do país tivesse causado um apagão na comunicação do Governo. Não percebo que não se tenha transmitido logo ao início da tarde uma estimativa do tempo de reposição da energia, mesmo que optando pela máxima prudência - a REN e o Governo tinham uma noção de quanto iria demorar, e bastaria dizerem-no para acalmar o frenesim. Não percebo que não se perceba que aquilo que levou as pessoas a correrem para as lojas não foi a falta de luz, mas a falta de informação. Não percebo aqueles que acham que devemos ficar calados porque não somos especialistas na matéria, como se um cidadão estivesse obrigado a emudecer só porque não tirou um curso de Engenharia Electrotécnica, ou estivesse proibido de se indignar por ter ficado sem luz só por desconhecer o preço do kWh no Mibel. (...)

Sim, o Governo foi incompetente a gerir a informação e a comunicar. As estações de rádio estavam no ar; as pessoas estavam nos carros; podiam ouvir informação oficial hora a hora; e essa informação não chegou. O Obervador publicou um texto intitulado "Os bastidores do Governo na crise do apagão", e a primeira história é sobre a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), cujos geradores têm apenas cinco horas de autonomia. O combustível estava no fim e houve um brainstorming no Palacete de São Bento, de onde surgiu esta ideia brilhante: "os motoristas dos ministros usariam as viaturas oficiais para se deslocarem até à maternidade", oferecendo à MAC "o combustível que tinham nos carros". A ideia só não foi para a frente porque os novos carros "têm mecanismos de segurança para impedir o roubo de combustível, o que tornaria toda a operação impraticável" (...)  Note-se que a fonte do Governo que contou esta história estava cheia de vontade de mostrar o heroísmo, a resiliência e a criatividade do executivo. Não terá reparado que a única coisa que mostrou foi o mais inacreditável amadorismo e a inexistência de um plano de contingência para alimentar geradores de hospitais, o que é pura e simplesmente inconcebível. Enfiam-nos a incompetência pela goela, e ainda querem que a malta se cale por falta de "conhecimento técnico". 

Não compro. Não aceito. Não engulo.»

Eu também não.

(Imagem supra recortada do exemplar do Público, edição citada)