sábado, 29 de outubro de 2011

Vem aí o tempo das sementeiras...


O convívio por estas bandas até que estava a ser agradável, mas com a vinda da chuva chegou também o tempo das sementeiras. Se puder, darei uma ou outra espreitadela por aqui.
Se não, até mais ver. Entretanto, haja saúde !

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Do Estado mínimo ao Estado tapa-buracos



Os actuais (des)governantes estão prontos para reduzir o papel do Estado na economia, vendendo (ao  desbarato, pelo que ouço dizer) as posições que detém na EDP, na GALP, na REN e até nas Águas de Portugal, porque defendem um Estado mínimo.
Porém, a concretizar-se a participação do Estado na recapitalização dos bancos (via que este e este, pelo menos, não excluem) mais apropriadamente se diria que, se querem um Estado mínimo, um Estado tapa-buracos também lhes dá muito jeito.

Lixo

Tudo o que Passos Coelho disse até agora é para deitar fora. É lixo. Ora reveja, que o caso não é para menos:

Produção: aventar

O efeito da iniquidade



Duvido que Coelho não volte, um dia destes, com a palavra atrás. E se não for Coelho, será Passos. Por duas razões muito simples.


Em primeiro lugar, porque Passos Coelho que é, sem dúvida, um mestre em sacudir a agua do próprio capote e em deitar culpas para cima das costas dos outros, é, por isso mesmo, também incapaz de assumir culpas próprias.
Ora, a economia não vai reagir como ele e Gaspar supõem, porque nem um nem outro têm em conta os efeitos da iniquidade que estão prestes a cometer com as medidas previstas na proposta de Lei do Orçamento de Estado apresentada por este governo.
E, no entanto, os efeitos da iniquidade das medidas, ainda antes de concretizadas, já estão à vista:

"O indicador de confiança dos consumidores calculado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) atingiu este mês um nível historicamente baixo, enquanto o indicador de clima económico também se aproximou de níveis negativos recorde.
Segundo dados hoje divulgados pelo INE, o indicador de confiança dos consumidores (medido através de inquéritos a particulares) caiu este mês porque as famílias questionadas manifestaram pessimismo quanto à evolução de todas as componentes do índice: o desemprego, a variação dos seus rendimentos, a capacidade de poupar e a situação económica geral do país.
Quanto ao indicador de clima (calculado através de inquéritos a empresas de vários setores de atividade), voltou a baixar em outubro, como ocorreu em todos os meses deste ano, aproximando-se dos mínimos atingidos em abril de 2009."(Fonte)

Quando os números da recessão, no próximo ano, ultrapassarem em muito os números do governo Passos, Gaspar, Portas & Cª, como até alguns dos seus apoiantes já antecipam, e quando o nível de desemprego bater todos os recordes, como admite a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), veremos se o trio e a companhia não irão atribuir as culpas a um qualquer bode expiatório.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mal empregue / bem empregue


Há quase um consenso nacional de que o dinheiro gasto na viagem do "Álvaro"  Santos Pereira, de Vancouver para Lisboa, foi muito mal empregue. Ao invés, não restam agora dúvidas, depois da sua prestação no Parlamento a responder sobre as medidas para o emprego, a requerimento do BE, de que o dinheiro a despender na viagem de regresso a Vancouver será, pelo contrário, muito bem empregue.

Aviso antes de dobrar a finados

Perante a proposta de Orçamento de Estado apresentada pelo actual governo, não dá para entender, tão gravosa ela é para o país, o porquê das meias palavras usadas até agora pelo líder do PS, António José Seguro (AJS). Falar claro, como o fez agora o deputado Rui Santos é o que se lhe exige. E a opção pelo voto contra não tem alternativa, como bem diz Rui Santos.
Aliás, se a opção que vier a ser anunciada, como prometido, no dia 2 de Novembro, não for o voto contra, tal data não será só mais um dia de finados, será também o dia em os sinos dobrarão a finados, não pelo PS, espero, mas pela sua actual liderança. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um manancial de contradições


Os números com maior rigor, no gráfico, em baixo:


(Imagem daqui)

Pescadinha de rabo na boca



 “Só vamos sair desta situação empobrecendo em termos relativos e mesmo em termos absolutos, porque o PIB está a cair”. (Passos Coelho)
Se empobrecermos cada vez mais, mais cai o PIB. Ou não?
Que confusão que vai naquela cabecinha que ao mesmo tempo afirma Estamos a fazer isso para relançar o crescimento e não para ficar no ‘buraco do orçamento’. O que estamos a fazer é para sair da recessão, não é para agravar a recessão”.
Não vejo como, a não ser que, enquanto alguns (a maioria) estão a empobrecer cada vez mais, haja outros (a minoria) que estejam a enriquecer em maior medida. Diga-nos como e quais.
(Citações e imagem daqui)

Contra a corrente


O histerismo que por aí vai contra as subvenções vitalícias de políticos faz-me lembrar uma autêntica caça às bruxas. Não é nada que não tivesse previsto aqui como resultado da política deste governo, ao cortar arbitrariamente os subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e pensionistas. 

Não que eu concorde com a existência de tais subvenções, mas por alguma razão o Governo anterior, ao acabar com elas para o futuro, ressalvou as já atribuídas. Não fez mais do que respeitar os "direitos adquiridos". E, a meu ver, pelo que direi adiante, fez bem. 

É verdade que depois de o governo actual ter posto em causa os "direitos adquiridos" dos funcionários públicos e dos pensionistas, falar em direitos adquiridos parece não fazer muito sentido. Todavia, para mim continua a fazer até porque discordei e discordarei das medidas  do governo, não porque sou atingido por elas, mas por uma questão de princípio: uma vez instaurado o reino da arbitrariedade ninguém está em segurança, pois a qualquer um e em qualquer altura podem ser retirados direitos que tinha por certos, já que adquiridos licitamente e em conformidade com as leis existentes. É com base no princípio do respeito pelos seus direitos que cada pessoa estrutura a sua vida. Instaurada a incerteza sobre o futuro e essa é a consequência da arbitrariedade, lá se vai a confiança. Sem esta, é caos: quem é que se arrisca a investir se teme pelo futuro? 

Continuemos, pois, a deitar achas para a fogueira! Vai ser lindo!
(Imagem daqui)

A dívida pública (explicação)


(Via)

Mais uma "herança" para deitar para o lixo*

Portugal foi o país da União Europeia que mais progrediu na última década em termos de população que termina pelo menos o 12º ano, atingindo médias europeias no ensino superior, frequentado por um em cada três jovens de 20 anos. 
(*Passos Coelho, com os cortes na área da Educação, e o ministro Crato, com as medidas já tomadas, mostram estar dispostos a encarregar-se dessa tarefa.)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

"Não há fome que não dê em fartura"

O Sporting derrotou o Gil Vicente por 6-1 em jogo para o campeonato, disputado no Estádio de Alvalade.
Há quanto tempo é que os simpatizantes do Sporting não saboreavam uma tal goleada !
Apesar duma certa tremideira incial, parece que o Sporting, com nove vitórias seguidas, está no bom caminho.
Zeus o queira!
Vejamos os golos:

Carriço (Sporting)


Wolfswinkel (Sporting)


Capel (Sporting)


Capel (bis)


Roberto (Gil Vicente)


Bojinov (Sporting)


 Bojinov (bis)

Louco ou lunático ?

Não vejo que se possa dizer outra coisa senão que o fulano, ou está louco, ou é um lunático, porque muito simplesmente não é possível, por mais profunda que seja a revisão das funções do Estado que ele se proponha fazer. 
Passos Coelho perdeu por completo a noção da realidade. Como é possível passar-lhe pela cabeça uma tal idiotice * ? 
Antes de levar a cabo o objectivo de reduzir o Estado ao mínimo dos mínimos, é óbvio que o povo se encarregaria de o travar. Duma forma ou doutra. 
(* Sim, porque não vejo outra maneira para chegar àquela percentagem que não passe por arrebentar com a Escola Pública, por destruir SNS e por transformar a Segurança Social numa esmola aos "pobrezinhos")
Correcção de tiro:
O homem, afinal, nem é tão louco, nem tão lunático como eu deduzi, em face da frase citada. Lendo a notícia na edição impressa do "Público", constato que o que Passos Coelho defende é a redução da despesa pública  de "mais de 50%" "em função da nossa capacidade de criar riqueza", ou seja do PIB, até "atingir um valor de cerca de 38 a 40% ". É algo bem diferente do pressuposto no meu comentário. Ainda assim é um rombo de todo o tamanho que afectará por certo as áreas de intervenção do Estado citadas supra. E não só.
(citação e imagem daqui)

Mudando o tom à conversa...

... que vai um tanto azeda, por estas bandas.

Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe L.)
(Clicando na imagem, amplia)

domingo, 23 de outubro de 2011

Um ministro fragilizado

Depois de vinda a lume a estória do subsídio de alojamento (ver "post" anterior), Miguel Macedo dificilmente sairia dela sem custos. Poderia, no entanto, ter  minimizado os estragos, se tivesse optado por uma saída airosa que até estava mesmo à vista: bastaria que, logo que o assunto veio à baila, tivesse prontamente renunciado ao subsídio. Vir anunciar agora a renúncia, depois de ter afirmado que não estava disposto a prescindir dele, fazendo-o em termos que já vi qualificar como sendo pior a emenda que o soneto, deixa-o claramente fragilizado. Digo isto mesmo considerando que, muito provavelmente, a sua renúncia, nesta altura, não foi mais que uma forma de cobrir a responsabilidade de Passos Coelho na concessão do subsídio.
Ainda assim, não me admiraria que Miguel Macedo se tenha transformado num ministro a prazo. Num ministério tão sensível como é o da Administração Interna, onde não faltam problemas, não é ele a pessoa indicada para os resolver. E não é, porque, a partir de agora, atenta a natureza dalguns problemas que têm a ver com remunerações e subsídios a que as forças de segurança se sentem com direito,  falta-lhe, além do mais, autoridade moral.

Ensaio (breve) sobre pouca-vergonha

É, realmente, uma pouca-vergonha que o ministro Miguel Macedo* e o secretário-de Estado José Cesário, tenham requerido a atribuição do subsídio de alojamento, no valor de € 1.400 (o dobro ou triplo do que ganha, mensalmente, uma grande parte dos trabalhadores portugueses); que o tenham vindo a receber; e que se recusem a renunciar  recebê-lo, apesar de terem morada própria em Lisboa, sendo eles membros dum governo que tem imposto e vai continuar a impor sacrifícios brutais à generalidade da população portuguesa que não tem acesso à manjedoura do poder. Alegam, para assim proceder, que é legal, porque existe uma discutível interpretação que, admito, pode encontrar cabimento nas entrelinhas da lei. "Legal" ou não, o caso não deixa, por esse facto, de ser escandaloso. É que, de certeza, a atribuição do subsídio, nos dois casos, não encontra sustentação no espírito da lei, pois que a intenção do legislador não foi outra senão a de atribuir o subsídio a quem não tivesse alojamento próprio e permanente em Lisboa e a realidade é que  nenhum dos referidos membros do governo se encontra nessa situação.
Como não sou conselheiro de Passos Coelho (nem pretendo ser ) e como, por conseguinte, não tenho que lhe dar conselhos como os oferecidos aqui, por Ferreira Fernandes, limito-me a dizer que a maior dose de pouca-vergonha cabe a Passos Coelho que atribuiu o subsídio e o mantém. Logo ele, que se prepara para exigir aos portugueses sacrifícios nunca vistos. Convenhamos que é preciso muito descaramento!
(* Por alguma razão este senhor anda, ultimamente, a aparecer, com frequência, por aqui)

O bombo da festa

O "Álvaro" está transformado em autêntico "bombo da festa". Depois de Pires de Lima, coube, hoje, a vez a Vasco Pulido Valente (VPV) de desancar no homem, usando para o efeito a sua crónica habitual no "Público" : "À solta na paisagem, o Álvaro anda agora um pouco desorientado. O seu enorme ministério (...) não produziu mais do que meia dúzia de anúncios para um futuro indeterminado e, se calhar, longínquo e aumentou como lhe competia, meia dúzia de preços. Fora isso, nada ou quase nada. (...) Conseguiu irritar a Assembleia da República. Num excesso de excitação, prometeu uma auto-estrada e uma linha de comboio para Viseu" (...). E conclui VPV: " mas não chegou de o devolver ao remanso de Vancouver?".
O Álvaro pode ser o "bombo da festa", mas o grande problema deste governo (com minúsculas, como vem sendo habitual) não é o ministro da Economia, dos Transportes e do diabo a quatro (Álvaro dos Santos Pereira é, sem dúvida, um erro de casting, embora não seja caso único -  muito longe disso). O grande problema é  um primeiro-ministro como Passos Coelho, objectivamente impreparado para o cargo, pois  o seu curriculum não deixa dúvidas sobre este ponto, e que é o primeiro e único responsável por uma orgânica de Governo absolutamente esdrúxula (com pelo menos, dois ministérios ingovernáveis - o da Economia etc.etc. e o da Agricultura, do Mar e do sei lá mais o quê).  Acresce (e isto é o mais importante) que Passos Coelho é alguém a quem enfiaram, a martelo, meia dúzia de ideias sobre economia, das quais não é capaz de se desviar, por muito que a realidade o aconselhe. Comporta-se, no fundo, como um fundamentalista (e com ele o seu ministro das Finanças) que não é capaz de ver um palmo à frente do nariz, fora do seu "petrificado" quadro mental. 
Se a União Europeia, na próxima reunião do Conselho, não lhe aplanar o caminho, como ele, agora, tanto reclama e anseia,  sentindo que é incapaz de resolver qualquer problema, não sei onde é que este país vai parar.
Ao inferno, provavelmente, pois é no inferno que já vive muita gente e é o sítio para onde vão ser enviados, com as medidas anunciadas para o Orçamento do Estado para o próximo ano, os 2,5 milhões de trabalhadores que ganham entre 700 e 800 euros por mês.
Há alguma dúvida sobre isto?*
Se tem dúvidas, siga este "link": "Bem-vindos ao país dos trabalhadores pobres"

Coitados dos nossos banqueiros!

Lendo este título  "Banqueiros portugueses na segunda divisão das remunerações na Europa" fica-se com a ideia que estamos perante uma campanha de "marketing". Este, porém, não é, pelos vistos, dirigido a todos os leitores, mas apenas aos que se ficam pela leitura dos títulos.
É que quem ler a notícia, na íntegra, fica também a saber que  "os executivos dos principais bancos portugueses receberam em 2010, em média, cerca de 845 mil euros por ano, estando em nono lugar num ranking que inclui treze países", mas "à frente  dos dinamarqueses, noruegueses, holandeses e belgas."
Coitados dos nossos banqueiros! Não será caso para exclamar ?



Olha o papão !

Mira Amaral (que, por contraditório que pareça, continua a receber do Estado uma reforma escandalosa, a serem verdadeiros os números que têm sido divulgados)  afirma: “a Função Pública tem de se lembrar que têm um patrão falido, e que se fosse um patrão privado, falia, e as pessoas perdiam o emprego
João Salgueiro, por sua vez, na mesma linha discurso, entende que a alternativa ao esbulho dos subsídios de férias e de Natal, é "Reduzir [ler: despedir] os funcionários públicos".
Estas declarações só podem ter uma leitura: a direita acha que chegou a altura de ameaçar os funcionários públicos com o papão dos despedimentos. O que eles querem, porém, é que toda a gente coma e cale, porque despedimentos na função pública só com o país a ferro e fogo e, tendo em conta este evento, por exemplo, dá-me a impressão que o poder de fogo (leia-se: os militares) não está para aí virado.

sábado, 22 de outubro de 2011

"Bando de mentirosos"

Nem mais!
(O vídeo a que Vasco Lourenço se refere pode ser visto aqui.)

Um golo (de Cristiano Ronaldo) a ver

Um Governo incapaz

Ó Marco António Costa, não estás a dar qualquer novidade. 

"A prioridade do Governo não é cortar o défice é cortar salários"

"Concorda com o Presidente da República em relação à injustiça das novas medidas de austeridade?
Sim. Estas medidas terão um impacto recessivo maior do que se esperava. É completamente iníquo.

Serão eficazes contra o défice?
Não me parece que a prioridade do Governo seja o défice público, mas os custos salariais. Está a ser aplicada uma fórmula para ganhar competitividade que passa por gerar desemprego, aumentar o horário de trabalho e flexibilizar a legislação, conseguindo assim baixar o nível geral dos salários. É um modelo que sempre foi discutido, mas nunca foi aplicado com esta dureza. E estou convencido de que não funciona em Portugal.

Porquê?
As famílias estão demasiado endividadas. Esta fórmula até pode dar resultado se o ajustamento necessário for pequeno e as famílias tiverem menos dívidas. Neste caso, vai provocar um aumento significativo do incumprimento junto da banca.

Não é só o problema da equidade; há ainda a estratégia económica?
Parece-me que a preocupação do Presidente foi chamar a atenção para o problema da equidade, mas também para o facto de as medidas serem erradas. A estratégia é, de facto, errada.

Que alternativa preferiria?
O mais justo seria introduzir uma regra no IRS aplicada a todos. Mas, ao contrário da sobretaxa deste ano, os rendimentos de capital também teriam de ser incluídos.

Existe o risco de uma escalada na tensão social?
Quando se tira dois meses de reforma, não se está apenas a tirar rendimento, mas a confiscar património acumulado. As pessoas não são parvas. Haverá protestos permanentes."
(...)
(Extracto de entrevista a João Ferreira do Amaral.Na íntegra, aqui)

"Desvalorização por via salarial"

(Daqui)

Um mundo que acabou

Estive até agora à espera do "fim do mundo" que, a cumprir-se a profecia do pastor evangélico Harold Camping, deveria ter ocorrido à 01.00 hora de hoje (hora de Portugal continental) e o mundo afinal, não acabou, senão não estaria eu aqui, a estas horas, a teclar este "post".
O pastor evangélico, no entanto, se não acertou em  cheio, andou lá por perto. É que em Portugal, pelo menos, há um mundo que acabou, embora não tenha sido à hora prevista: um mundo onde havia alguma justiça na repartição dos encargos impostos aos cidadãos, onde havia alguma equidade fiscal e onde não reinava a mais completa arbitrariedade. Com o governo Passos, Gaspar, Portas & Cª, esse mundo acabou.
(Imagem daqui)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A oposição anda a fazer o quê?

Revelação feita, ontem, por Marques Mendes:

Faço a pergunta, porque, pelos vistos, é preciso vir o Marques Mendes descobrir que o governo Passos, Gaspar, Portas & Cª não sabe às quantas anda.

"Uma desgraça nunca vem só"


" A eleição do dr. Cavaco para Presidente da República foi uma das maiores desgraças que sucederam a Portugal e aos portugueses desde 2006" é uma afirmação de Vasco Pulido Valente publicada na edição de hoje do "Público". Concordo, em absoluto, com a afirmação, mas permito-me ir mais longe, pois num só ano, tivemos que arcar, não com uma, mas com duas desgraças.
Como diz o ditado "Uma desgraça nunca vem só", depois da desgraça da eleição de Cavaco, tivemos a desgraça (não menor) da "eleição" de Passos Coelho.  
Cumpriu-se o ditado. E o fado.
(Imagem daqui)

Passos com as orelhas a arder

(Rui Rio dixit)
Há muita gente que, em relação à última afirmação de Rui Rio e muito antes dele, manifestou publicamente a mesma opinião. Quanto à primeira, já não me parece que haja igual consenso, mesmo no interior dos partidos da actual coligação. Passos Coelho, por sua vez, admito que tenha gostado da primeira, mas a segunda deixou-lhe, pela certa, as orelhas a arder.

Vai ser o salve-se quem puder

Nenhuma sociedade organizada, de que o Estado é o exemplo mais acabado, vive sem regras. Estas podem ser mais ou menos perfeitas e, se não forem adequadas ao bem comum, devem ser modificadas. Mas enquanto  se mantiverem em vigor e não forem consideradas injustas pela sociedade em geral, há que observá-las. Se o próprio Estado se encarrega de violar as regras que ele próprio estabeleceu, não é de esperar outra coisa que não seja o caos instalado.
Esse vai ser o resultado das medidas arbitrárias do Orçamento de Estado que o actual governo pretende ver aprovado. 
Vai ser o salve-se quem puder. 

Khadafi morto

Khadafi está morto, ou antes, foi morto e,, a crer nas imagens divulgadas, com toda a crueldade. Esta que, há décadas, imperava na Líbia, pelos vistos, continua viva e a ser a regra. Também por isso, mas não só, porque  não sabemos nós da missa a metade, ao contrário da muita gente "excitada" com a morte de Khadafi, não estou muito optimista sobre o futuro da Líbia.
Oxalá me engane.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A fugir com o rabo à seringa


Não falta quem pergunte por onde anda Paulo Portas. Ora bem, segundo esta notícia, anda a fugir com o rabo à seringa, ao recusar-se a tomar posição sobre o pedido da Autoridade Palestiniana no sentido do reconhecimento de um Estado palestiniano como membro de pleno direito das Nações Unidas.
Aliás, como se tem visto ultimamente, o verbo que Portas melhor conjuga é o verbo "fugir".

O mais grave

O mais grave da proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo governo passista é que as opções tomadas, porque não têm qualquer justificação plausível, são arbitrárias e violam compromissos assumidos (para com os funcionários públicos, empregados de empresas públicas e pensionistas) geram a perda de confiança dos cidadãos. Se hoje são aqueles as vítimas da injustiça, amanhã podem ser outros quaisquer, porque no reino da arbitrariedade tudo é possível e ninguém pode considerar-se a salvo da ruptura de compromissos por parte do Estado e do confisco dos seus direitos. Porque é mesmo um confisco aquilo que o governo quer levar a cabo.
A generalidade da população parecia disposta a suportar, desde que houvesse justiça na repartição, as eventuais medidas de austeridade, acreditando na sua inevitabilidade.
Não sei como  reagirão os portugueses a este exercício de arbitrariedade, mas a perda de confiança parece-me inevitável. E, geralmente, paga-se caro. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Já tem idade para ter juízo


Pensei, ao ler a  noticia que o deputado "social-democrata" Pedro Saraiva andou a distribuir "post it" na Assembleia da República, que ele ainda estivesse em idade escolar e que tivesse confundido as bancadas do Parlamento com os bancos da escola. Mas, afinal, não. O deputado já tem idade para ter juízo.

É só uma questão de faro


Cavaco veio hoje dizer que a eliminação dos subsídios de férias e de Natal, nos próximos dois anos, para funcionários públicos e pensionistas é uma “violação de um princípio básico de equidade fiscal”.
Disse o óbvio que já toda a gente disse, pois entra pelos olhos adentro que estamos perante uma flagrante injustiça e iniquidade.
A ser consequente, Cavaco teria, porém, que vetar a Lei do Orçamento, se a proposta do governo vier a ser aprovada na Assembleia da República. Será que o vai fazer? Não creio.
O que ele pretende, muito simplesmente, ao desmarcar-se do "seu" Governo, neste ponto, é evitar sair chamuscado. Cavaco pode não ter outras qualidades, mas já deu abundantes provas, ao longo da sua já longuíssima carreira política,  que tem um excelente faro. E cheira-lhe a chamusco.
(Imagem e citação daqui)

Lá implodir, ele implode

"A despesa pública em educação em percentagem do Produto Interno Bruto, prevista para 2012, vai empurrar Portugal para a cauda da União Europeia."
Bem que o Crato tinha falado em implosão. Mas cometeu mais uma cretinice. Enganou-se no alvo. Em vez de implodir o ministério, arrebentou com a Educação e com a escola pública. Mas, se calhar, era isso mesmo o que o Nuno queria dizer. E fazer. Se era, está feito.
(Citação e imagem daqui)

Gaspar a ler a sebenta, Passos a assistir e nós a caminho do Chile*

Não acredita? Leia o artigo do Pedro Lains publicado no Jornal de Negócios, intitulado

"Uma carta fora do baralho"

"Afinal, Portugal não é a Grécia. É o Chile. De há 30 anos. Não vamos apenas recuar no rendimento per capita, mas também na História, na integração europeia e, seguramente, na qualidade da democracia.
Deixem-me personalizar porque é caso para isso. Conheço o pensamento de Vítor Gaspar, porque várias vezes me cruzei com ele, em seminários, e porque ele se interessa por história económica e várias vezes entrámos em diálogo. Sempre concordámos em discordar. Também conheço o seu pensamento porque por onde ando há outros economistas assim, também dos bons. Posso talvez dizer que em cada 100 economistas ou historiadores económicos que conheço, cinco pensam como o ministro das Finanças e um é fora de série. A presença de um deles num debate é sempre fonte de animação. 

Mas há dois grandes problemas. O primeiro é que estes economistas, no fundo, não estão muito interessados em causalidades. Estão mais preocupados com equilíbrios. Não acham importante determinar se vem primeiro o ovo ou a galinha. Há um défice, um desequilíbrio? Corrija-se. Mas as causas são… Não interessa, corrija-se para recuperar a confiança, criar um círculo virtuoso e restabelecer o crescimento. Onde foi isso visto? Aqui e ali. Mas como prova que a recuperação foi o resultado da contracção, se o mundo entretanto mudou? Porque a teoria assim o diz. 

O segundo problema, porventura maior, muito maior, é que esses economistas não chegam, nem perto nem longe, aos governos dos países avançados e europeus como Portugal. Os ministros das Finanças europeus são políticos, não teóricos e sobretudo não teóricos da fasquia dos 5%, brilhantes, é certo, de Vítor Gaspar. Quanto muito chegam a governadores de bancos centrais. Tivemos azar. 

E tivemos azar por culpa de muita gente e, em última análise, do actual primeiro-ministro. Ele ouviu à saciedade que era preciso "mudar o rumo", que vivíamos "acima das possibilidades", que era preciso um "corte radical com o passado". E acreditou nisso tudo. Primeiro, acreditou nas "gorduras do Estado" - até ver que as havia, mas que eram macroeconomicamente marginais. Ficou sem eira nem beira. Até que Vítor Gaspar lhe apresentou um plano, o único plano que havia para pôr tudo em linha como recorrentemente lhe pediam.



O plano de Vítor Gaspar já chocou muita gente, porque é chocante. E não o fez só à esquerda, pois o PSD também ficou chocado e muito. Mas não se consegue mexer. Nem o PS. A principal razão porque o plano é chocante é que ele assenta numa carta que não estava no baralho: a contracção sem limites de salários - e mais aumento de impostos. Assim qualquer um sabe governar. 

Passos Coelho não parece ter percebido o que se estava a passar, como revelam duas das suas declarações. A primeira foi quando disse que os funcionários públicos "ganham mais 10 a 15% que trabalhadores privados". Sim, ganham, mas não todos e porque os de rendimentos mais baixos ganham mais e as mulheres ganham o mesmo que os homens. 

Se queria corrigir essa "injustiça" teria de ter feito de outro modo. E não podia, pois tinha de ir aos salários mais baixos. A segunda foi quando disse que a medida era para dois anos, o que o ministro das Finanças prontamente desmentiu. Obviamente. Um choque destes para durar tem de durar. Não há milagres. 

Ou seja, este Orçamento equilibra as contas, segundo o memorando da troika, à custa de uma contracção permanente, feita num acto, brutal, do rendimento disponível. E a troco de quê? Já lá vamos. 

Passos Coelho ainda será dos poucos que acredita que a culpa disto tudo não é dele, que "não tem de pedir desculpa aos portugueses". Vítor Gaspar já sabe que não, claro. A dimensão do "ajustamento", como lhe querem chamar é de tal forma grande, é de tal forma brutal que, como é evidente, ultrapassa qualquer estrago que tenha sido feito pelo Governo anterior. Percebe-se esta lógica simples, não se percebe? Julgo que não é preciso ir mais longe. 

O actual Governo, uma vez por todas, tem de assumir as suas opções. As suas opções radicais. E profundamente anti-europeias. 

O mantra por trás destas opções é também, por seu lado, incompreensível. Trata-se de "recuperar a confiança dos mercados". Este mantra, dito em 2011, não revela uma completa falta de percepção do que se está a passar na economia internacional? Revela. 

E, claro, ninguém com tanta fé notou que os mercados nada notaram sobre o que por cá se está a fazer. Inclusivamente, até podem responder negativamente, esses mercados, por causa da enorme contracção que aí vem, desta desgraçada economia. 

Mas insistamos nos mercados e voltemos ao Chile. Nos anos 1980, um grupo de rapazes de Chicago entrou pela ditadura chilena adentro e "cortou com o passado", fazendo um "ajustamento profundo". Os pormenores não cabem aqui, mas quatro questões importantes cabem: o país era então uma ditadura; não estava integrado num espaço económico e monetário alargado; havia uma enorme taxa de inflação; e os mercados internacionais não estavam de rastos. E o desemprego subiu a perto de 25%, sem subsídios, claro, que isso é para os preguiçosos. 

A estratégia de Vítor Gaspar, sufragada por Passos Coelho, é profundamente desactualizada e mesmo errada. Ela insere-se num quadro mental em que os gastos do Estado provocam inflação, quando estamos numa fase de baixíssima inflação; pressupõe o financiamento nos mercados internacionais de capitais, quando estes estão retraídos em todo o Mundo. 

Há alternativa? Claro que há. A Europa não se gere pelos 5% de ideias económicas que infelizmente foram parar aoMinistério das Finanças. Nem de perto, nem de longe. Passos Coelho tem muito que aprender. Já está é a ficar sem tempo para o fazer. Vítor Gaspar tem um bocado de razão em pensar como pensa. É isso que acontece sempre, entre economistas. Mas deitou essa razão por borda fora, ao ir tão longe, tão fora da realidade do país, do euro e da Europa. Precisamos de recentrar o País, para o que convém começar por reconhecer as causas das coisas."

Está-lhes na massa do sangue

Durão Barroso alegou ter encontrado o "país de tanga" para justificar a própria inabilidade e incapacidade para resolver os problemas do país, que ficou em pior estado, no final (felizmente forçado) do mandato do seu sucessor, Santana Lopes. 
Passos Coelho, apesar de ter prometido (é só mais uma promessa não cumprida) que não iria falar da "herança recebida"  para justificar as medidas que o seu governo  viria a tomar, não tem feito outra coisa. Ou antes, até tem ido mais longe, com a repetição, até à náusea, da história (nunca explicada e comprovadamente falsa) do "desvio colossal".
A desculpa com o passado está, pelos vistos, na massa do sangue dos governos de direita liderados pelo PSD e, sendo assim, não há volta dar. Só resta, pois, esperar que venha, de novo, alguém que, sem lamentos sobre o passado, seja capaz governar e de dar confiança ao país. Nesta matéria da confiança, como noutras,  pelo caminho que a coisa leva e com actores menos que medíocres, este governo já deu no que tinha a dar: mais desemprego, maior pobreza, mais miséria, mais fome.
Esta é a herança que este governo vai deixar ao próximo. Que venha breve!

Que mais nos resta ?

Até pessoas por quem tenho a maior consideração tendem a desvalorizar as greves e manifestações contra a actuação do actual Governo e contra as medidas brutais que tem vindo a tomar. Pese embora o bem fundado de algumas das justificações e razões apresentadas, o facto é que quem se situe na oposição ao actual executivo de direita não tem outra forma de expressar publicamente o seus pontos de vista e, eventualmente, a sua indignação, a não ser em casos contados, pois os media em geral são dominados pela direita (leia-se PSD) que deles faz um uso descarado para nos massacrar diariamente com as suas teses e, sobretudo, com embustes e mentiras.
Para tal concluir não é preciso realizar nenhum estudo sociológico, pois é do domínio da evidência, mas para quem tenha dúvidas pode encontrar aqui um bom exemplo do ambiente sufocante que se vive nos órgãos de comunicação social.
Assim sendo, que mais resta aos opositores ao actual estado de coisas, senão a rua, para afirmar publicamente a sua cidadania ?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sem EURO


Ria-se, que é uma boa maneira de evitar andar a bater com a cabeça contra as paredes. 
(imagem daqui

É fácil e seguro

É muito fácil fazer um "post" como este. Vai-se à Machina do Porfírio Silva. Copia-se, cola-se e ... já está!

"Quanto tempo vai a actual direcção do PS - por omissão, inépcia, distracção, ou seja lá pelo que for - continuar a ser cúmplice da táctica do actual governo, que consiste em culpar os anteriores governos socialistas pelas políticas actuais? Se António José Seguro continuar a olhar para o lado, assobiando, sendo ainda aquilo que foi nos últimos anos (um opositor mal disfarçado de Sócrates), em vez de assumir o património completo do PS, veremos a prazo um enterro compósito: Seguro arrisca-se a ser enterrado na mesma cerimónia fúnebre de PPC. Ou será que Seguro simplesmente não percebe o que está em causa e goza, impudicamente, a tentativa de PPC para debitar ao PS esta política, com base em mistificações e ideologia da dura?
(...)
(Para ler o resto, vá lá, que vai pelo seguro.)

Evolução irreversível ?

Só se nós deixarmos...

Cuidado com as manobras perigosas !


Os desvios súbitos ultrapassando o traço contínuo são manobras perigosas que, por isso mesmo, podem não só causar danos, como podem pôr em risco a saúde ou mesmo a vida de quem circula na via pública.  
As manobras praticadas pelo actual (des)Governo ao invocar, em seu benefício, mas com clara violação do traço contínuo da verdade, a existência de desvios na execução orçamental imputados ao anterior executivo, não são menos perigosas do que as praticadas na circulação rodoviária. Muito pelo contrário, porque afectam todo o colectivo nacional. Por isso, todo o cuidado é pouco.
Prevenir é o melhor remédio, até porque muitas vezes remédio não há. Para prevenir, nada melhor do que estar bem informado.

Informe-se pois:

"E foi para isto que se chumbou o PEC IV...

""A comunicação ao país do senhor primeiro-ministro, com a apresentação das linhas do Orçamento do Estado para 2012, se não fosse ser trágica teria sido cómica. 
Assistiu-se, provavelmente àquele que foi o primeiro acto da campanha eleitoral de 2015. Revelou-se, por outro lado, um Governo que prefere a mentira e a fraqueza à coragem de assumir as suas opções." (Vítor Escária, in DN; Leia na íntegra: aqui)

“A política do desvio”
"O Secretário de Estado do Orçamento veio ao Parlamento analisar a informação do INE relativa às contas públicas no 1º semestre de 2011, dizendo que a mesma indiciava um desvio de 1,3 pp do PIB no défice público da totalidade do ano. Mais tarde, assistimos à vontade de carregar ainda mais sobre o PS a pesada herança , sem nenhuma sustentação.
Mas vamos lá ao exacerbado desvio:



Em primeiro lugar, e mais importante, descobriu o país realmente um desvio nas contas da Madeira, único esqueleto que Pedro Passos Coelho encontrou no armário. Quase 600 milhões, cerca de 0,4 pp do PIB. 0,2 pp do PIB correspondem aos custos da opção já do novo Governo na alienação do BPN. Foi uma decisão do novo Governo. A cada um as suas responsabilidades, pois o PS assume as que lhe cabem. Outros 0.1 pp do PIB correspondem a diminuição extraordinária de dividendos recebidos, nomeadamente da CGD, opção confirmada pelo novo Governo, para reforçar o capital do banco público neste ano difícil. Outros 0,4 pp do PIB dizem respeito às vendas de concessões previstas no OE2011. Em concreto, concessões de espectro de comunicações de 4G, e na área das energias. Trata-se de receita que esteve sempre prevista para execução ao longo do ano, não é portanto nenhum desvio, desde que este Governo faça o seu trabalho. Invocam ainda um desvio na despesa com pessoal, mas optam por ignorar que a evolução do número de funcionários públicos em 2011 esteve sempre em grande medida dependente do 2º semestre, assim foi acordado com a Troika, dada a função temporal das contratações a termo no Estado. E não têm disponível a Dotação Provisional de mais de 0,2 pp do PIB precisamente para fazer face a tais necessidades? Como lhe podem chamar assim um desvio?

Contas simples, é isto o desvio do Governo?

As noticiadas divisões dentro do Governo quanto à brutalidade dos cortes anunciados para 2012, mostram bem que a dúvida está instalada mesmo dentro da coligação - entre os que advogam que a situação do país se resolve, trabalhando, apostando no crescimento, e os obcecados numa espiral de austeridade e recessão. Sobre esta matéria, no PS não temos dúvidas, somos pela via do crescimento.

Uma nota final: depois de tudo o que se passou quinta e sexta-feira da semana passada, toda a procura incessante de bodes expiatórios no Governo anterior, aquilo que designei a Politica do Desvio, eis que falou o Porta-voz da Comissão Europeia sobre o OE2011. Referiu, e bem, a dificuldade adicional da sua execução, atribuindo-a unicamente a dois factores: consequências em Portugal do abrandamento da economia europeia e desvio na Madeira. Sobre bodes expiatórios e a Política do Desvio, estamos conversados!"

(Pedro Marques in Diário Económico)

(imagem roubada aqui)

"Um homem do lixo"

"(...) Se nos dermos ao trabalho de ler o curriculum profissional de Pedro Passos Coelho, constatamos, para além da vida política, estar lá alguma experiência empresarial com cargos sucessivos de director, administrador e presidente, fundamentalmente em empresas de tratamento de resíduos.
Tratamento de resíduos é um nome modernaço, embrulhado com a fita garrida da defesa do ambiente, para identificar a prosaica recolha de lixo. Ou seja, o primeiro-ministro é um homem do lixo.
Poderíamos dizer, depois do anúncio do saque ao contribuinte que o próprio fez na televisão para explicar o próximo Orçamento do Estado, que só quem está habituado a fazer um trabalho sujo estaria disposto àquele difícil papel.
(...)
Olhemos, porém, os factos. Passos Coelho deitou para o lixo a promessa de que não cortaria subsídios de Natal e 13.º mês. Deitou para o lixo a garantia de que não haveria aumento de impostos. Deitou para o lixo a insensata redução da taxa social única. Deitou para o lixo (ou, pelo menos, pôs na reciclagem) os cortes nas gorduras do Estado que beneficiam os poderosos (empresas de capitais públicos de gestão e utilidade suspeita, fundações com objectivos ridículos, autoridades que fingem que regulam, organismos e observatórios inócuos, etc., etc.). A caminho do lixo, aposto, está também a prometida redução de assessores dos ministérios em 20%. Tudo o que foi sufragado favoravelmente pelo eleitorado há apenas quatro meses está, já, no lixo.
Diz este gestor de resíduos que encontrou mais porcaria debaixo do tapete, uns três mil milhões de euros em despesas, o que justifica programar a ida de mais meio milhão de pessoas para o desemprego, a ruína de milhares de empresas e a humilhação dos funcionários públicos. Vão para o lixo.
Diz ainda que não há alternativa... Há e nada tem de revolucionária. Basta perceber o que se está a passar na Europa (...). Mas, é verdade, esse não é trabalho de tratamento de resíduos, é trabalho político complexo. Isso, o nosso homem do lixo parece não saber ou querer fazer."
(Pedro Tadeu, no DN) 
(Na íntegra aqui)

O Monstro (Se for muito sensível, não leia, não veja)

Veja o monstro do Orçamento do Estado aqui. Se tiver coragem, porque é mais horroroso do que este nado-morto. 

(Imagem daqui)

A escolha é dele; o voto é nosso


A escolha é dele, António José Seguro. Será ele a decidir se o PS vota a favor da proposta de Orçamento do Estado, ou se opta por votar contra, ou pela abstenção. 
Não vejo, no entanto, como é que, depois do anúncio da iniquidade e de todas as brutalidades contidas neste Orçamento, pode o PS votar a favor, ou abster-se. Na verdade, mesmo que se entenda que o PS está vinculado ao disposto no memorando da "troika" (e, por acaso, não é o que eu penso, pois suponho que o PS, enquanto tal, nunca assinou o memorando) certo é que o conteúdo da proposta de Orçamento pouco ou  nada tem a ver com as medidas acordadas pelo Governo de gestão com "troika" e  aplaudidas, na altura, pelos partidos hoje no poder. Quero eu com isto dizer que o PS não tem nenhum motivo para, com base no memorando, sujeitar-se a servir de capacho aos dois partidos da direita. Se optar, por qualquer destas soluções (voto favorável, ou abstenção) tal terá o inequívoco significado de que o PS dirigido por Seguro não é diferente do PSD ou do CDS.
Tenho esperança, até porque já o ouvi reconhecer que "As medidas que [Passos] anunciou não são as medidas constantes no memorando da troika, nem representam o caminho que o PS escolheria para Portugal" e acrescentar que “Quando se soma austeridade à austeridade é o caminho errado, é o caminho que a Grécia escolheu" que Seguro tome a decisão certa que é a de votar contra o Orçamento que nos condena à pobreza, por muitos anos. E sem a mais pequena hesitação, a menos que o Governo volte com muitas palavras atrás e remova a iniquidade e  a brutalidade das medidas. 
Qualquer outra atitude significará que Seguro está disposto a seguir o caminho que, por palavras, condena, ou seja, o caminho da Grécia.
A escolha, de facto, é dele, mas o voto, em futuras eleições, é nosso.
(Imagem daqui)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A mosca e o "mosca-morta"


Estive a ver até agora a entrevista do Gaspar. Às tantas, apareceu por lá uma mosca, das verdadeiras, que teve, quanto a mim, a única intervenção com algum interesse. Infelizmente, não lhe deram a oportunidade de levar a  sua exibição até fim para se poder dizer que "ou entra mosca, ou sai asneira". Tive que me contentar com o "sai asneira". 
Farto do "sai asneira",  achei que também era boa altura para deixar o "mosca-morta" sozinho a falar para as "moscas".  Pode bem ser que elas entendam!
Eu não!
(Título reeditado)

" Os Incumpridores de Promessas"*

Haverá, por certo, muita gente que já não se recorda, mas, aqui há uns anos, passou por cá um filme brasileiro que dava pelo nome de "O Pagador de Promessas". 
É sabido que os portugueses não gostam de se ficar para trás em matéria de promessas. Sabendo eu disso, é também com todo o gosto que anuncio que, embora não se trate de uma sequela daquele filme, está em rodagem em Portugal, de há uns tempos para cá, um outro relativo a promessas que tem como título provisório  "Os Incumpridores de Promessas"*. 
As filmagens têm, geralmente, como cenários, ora o Palácio de Belém, ora o Palácio de São Bento. Contudo, a rodagem propriamente dita foi antecedida da filmagem, a título experimental, de algumas cenas rodadas, com grande sucesso, no cenário da Rua de São Caetano à Lapa. Foi, aliás, na sequência do êxito obtido com as cenas experimentais que as filmagens foram retomadas com vista à conclusão do filme.
Não digo a totalidade, mas a maior parte das cenas já filmadas têm, entretanto, sido mostradas nos ecrãs televisivos e, ainda que editadas por quem é mestre no ofício da propaganda, são mesmo assim suficientes para se poder antecipar, sem grande margem de erro, que o filme se enquadra perfeitamente  na categoria do filme trágico-cómico. Cómico porque, salvo alguma excepção de que agora não me recordo, os actores se revelam como comediantes de alta estirpe. Trágico porque está mesmo a ver-se que o filme vai acabar em tragédia.

Ficha técnica:
Produtor e encenador:
Aníbal Cavaco Silva













Actores:
Pedro Passos Coelho (acumula a realização)
Paulo Portas
Vítor Gaspar
Aguiar Branco
Miguel Macedo
Paula Teixeira da Cruz
Miguel Relvas
Álvaro Santos Pereira, mais conhecido por "O Álvaro"
Assunção Cristas
Paulo Macedo
Nuno Crato
Pedro Mota Soares
(por esta ordem no cartaz)











Actores secundários (fora do cartaz): 
36, se bem os contei e recontei aqui.

Figurantes

*Nota: Como disse, o título do filme ainda não está definitivamente escolhido. Título alternativo submetido a consulta pública: "Os Embusteiros". 
(Imagens daqui e  daqui

Será que tem vergonha na cara ?


"É preciso cortar, mas cortar de forma estrutural, e não conjuntural. Cortar nos salários e nas pensões ajuda a reduzir o défice, mas é uma ajuda conjuntural, porque estruturalmente nada muda — nem o tamanho, nem a dimensão, nem a estrutura gigantesca do Estado."

"É preciso cortar, mas cortar com sensibilidade social."

(Extractos da intervenção de Miguel Macedo no debate parlamentar sobre o PEC IV. Miguel Macedo era, na altura, líder da bancada parlamentar do PSD e é ministro do actual Governo)


Qualquer pessoa que tivesse proferido, com convicção, as afirmações supra,  depois do anúncio por Passos Coelho dos cortes brutais e sem paralelo (roubos autênticos) nos salários dos funcionários públicos e nas pensões, sendo membro deste Governo já se teria demitido, se fosse minimamente coerente.
Miguel Macedo já se demitiu?
Que eu saiba, não.

(O extractos aqui reproduzidos foram copiados de O Jumento, onde poderá ser lido o texto integral.  O "negrito" é meu)
(Imagem daqui) (reeditada)