quinta-feira, 21 de abril de 2016

Atenção aos alertas da Comissão Europeia !

«Estava-se mesmo a ver que esta história de aumentar o salário mínimo para os 530 euros ia acabar mal.
(...)
Porque é sabido que aumentar os rendimentos aos desqualificados do calçado, têxtil, supermercados, lojas, ou da construção civil tem um efeito dominó. A seguir, os patrões têm de aumentar os salários aos que ganham um bocadinho mais. Ora, num país em que 42% dos trabalhadores ganham menos de 600 euros, é muita gente a reclamar aumentos. Mais, o efeito dominó vai por aí acima, até chegar aos CEO. E é assim que chegamos à EDP e a António Mexia, que, este ano, vai ganhar mais 600 mil euros do que no ano passado, ou seja, qualquer coisa como 2,6 milhões de euros. O equivalente ao salário mínimo de 4905 operárias do calçado analfabetas e meninas do shopping com cursos de Psicologia ou Gestão.

Não se prendam, no entanto, com contas simplórias. Atentem antes na justificação da comissão de vencimentos da EDP para justificar o justo aumento de Mexia: é necessário alinhar o salário com o mercado. Ora aí está, a confirmação do efeito dominó e a prova de que os alertas da Comissão foram certeiros. Aumentam o salário mínimo aos tipos do fundo da pirâmide e a coisa vai por aí acima, acompanhando a evolução macroeconómica. Concluindo, quando, por estes dias, se indignarem no Facebook com o salário milionário de Mexia, tenham pelo menos a decência de acrescentar que a culpa é do António Costa e da "geringonça" que o acompanha.»
(Rafael Barbosa: "O salário de Mexia". Na íntegra: aqui)


quarta-feira, 13 de abril de 2016

Trabalhos de campo # 28


Cartaxo-comum (Saxicola rubicola L.) (Macho)
(Local e data: Trigais - Bendada - Sabugal; 9 - Abril - 2016)
(Clicando nas imagens, amplia)

segunda-feira, 4 de abril de 2016

"Uma gigantesca mentira"

«Há uma contradição insanável por resolver no PSD e o congresso de Espinho manteve tudo na mesma: o líder do partido apresentou-se apoiado numa moção que promete "social-democracia, sempre" mas o líder do partido é na verdade, estruturalmente, apenas um liberal à portuguesa (ou seja, um liberal num país pobre que por isso é obrigado a fazer coisas não muito liberais como "enormes" aumentos de impostos). Um liberal que governou de 2011 a 2015 com políticas muito "além da troika" não porque precisasse delas mas sim porque acreditava nas vantagens de uma "austeridade virtuosa" para formatar o Estado à medida das suas ideias, à boleia de uma ideia de "situação de emergência". Se pudesse - e isso viu-se na proposta de revisão constitucional por si apresentada em tempos -, Pedro Passos Coelho faria um Serviço Nacional de Saúde só para pobres e muito pobres (e seguros de saúde para os outros) ou um sistema público de ensino só para pobres e muito pobres (e escolas privadas para os outros) ou uma assistência social só para pobres e muito pobres (e PPR para os outros), acabando com a natureza universal do Estado social. Ora isto, não é "social-democracia, sempre" - é "social-democracia, nunca". Da duas uma: ou o PSD continua liberal à portuguesa como foi de 2011 a 2015 - e aí justifica-se a manutenção de Passos na liderança; ou então volta a ser da "social-democracia, sempre" - e aí afasta Passos da liderança. O que não pode é ter as duas coisas, Passos e social-democracia, porque isso, falando curto e grosso, não passa de uma gigantesca mentira. (...)»
(João Pedro Henriques; "Uma contradição insanável". Na íntegra: aqui)