sábado, 30 de outubro de 2010

Procuram-se 500 milhões

O acordo firmado entre o ministro das Finanças e a delegação do PSD, chefiada pelo independente (?) Eduardo Catroga, só o é nominalmente, pois continua sem se saber onde é que se vão buscar 500 milhões de euros para, em 2011, se poder reduzir o défice público para 4, 6 % do PIB, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado. É o que resulta, com meridiana clareza, das declarações do ministro Teixeira dos Santos.
Depois de ver e ouvir Eduardo Catroga, durante uma "eternidade", a meter os pés pelas mãos, sem possibilidade de se chegar a uma conclusão, coube também ao ministro esclarecer que a preocupação do PSD, durante as negociações, foi a de "dourar a pílula" e que foi o PSD quem, no final, se recusou a ficar  na fotografia. Compreende-se.
Mas também se compreende que, graças ao PSD, alguém vai pagar a factura destinada, na proposta de Orçamento, aos contribuintes englobados no 4º, 5º e 6º escalões do IRS (agora excluídos dos limites às deduções em matéria de despesas de saúde e de educação).
Sairá a "fava" aos reformados ?
Pelo menos para o PSD, são estes os que estão na calha.

Gato escondido com o rabo de fora

Com toda franqueza, Mário Soares ficaria bem melhor na fotografia, se assumisse, às claras, o apoio (e o patrocínio?) à candidatura de Fernando Nobre.
Qualquer fotógrafo sabe que, em fotografia, a falta de luz é um grande problema.

Futebol da 1ª Liga: Benfica 2 - Paços de Ferreira 0 (Golos - Vídeos)

Quinta vitória consecutiva do Benfica, desta feita, frente ao Paços de Ferreira, por 2-0. O regresso do campeão? Ainda não estou convencido que o Benfica desta época tenha argumentos para incomodar o Futebol Clube do Porto que, para já, segue confortável na frente.
A ver vamos já na próxima jornada.
Entretanto, vejamos os golos:
(Aimar)


(Kardec - g.p.)


A factura

Ao que dizem as últimas sondagens, os eleitores preparam-se para entregar o poder à direita. Convém também que se preparem para pagar a factura.
Fica o primeiro aviso.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Estratégias

Ao que se anuncia, o Governo e o PSD chegaram a acordo para viabilizar o Orçamento de Estado para 2011. Como se esperava, digo eu, porque o que tem de ser tem muita força.
Dispensável teria sido, no entanto, toda a encenação que o precedeu, a começar nos "pressupostos" de Passos Coelho (que vai seguramente deixar cair) e a acabar no forcing de Cavaco Silva, ao convocar, inutilmente, o Conselho de Estado, pois, ao que tudo indica, o acordo já tinha sido alcançado. Como tinha que ser, repito, pois a  verdade é que não havia alternativa: o Plano B de Passos Coelho não passava de conversa da treta, pois não estava ao seu alcance concretizá-lo.
A encenação, à conta de Passos Coelho, saiu-nos cara, em termos de juros da dívida pública, mas que importa se Cavaco Silva e Passos Coelho fizeram um figurão ?
Não era isso, aliás, o que interessava à estratégia eleitoral dum e doutro ?

Disse insensibilidade social ?

Numa das suas arremetidas contra o Orçamento de Estado, o secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, saiu-se com a afirmação de que a proposta  apresentada pelo Governo é de “grande insensibilidade social, que vai trazer maior disparidade social, que vai trazer maiores problemas sociais, mais fome e mais miséria ao nosso país”, retomando, assim, uma das críticas mais virulentas dirigidas pelo PSD contra o Orçamento.
Ora, tanto quanto se sabe, pelo que tem vindo a ser publicitado, as divergências entre o PSD e o Governo,  no momento em que as negociações entre ambos foram abortadas, resumiam-se, no que respeita ao aumento de impostos ao número de escalões que ficariam isentos da limitação das deduções fiscais em matéria de saúde e de educação, em sede de IRS: na proposta do Governo ficariam isentos os 3 primeiros escalões onde cabem os 3.800.000 agregados com rendimentos mais baixos (ver o quadro infra retirado daqui) enquanto para o PSD a limitação deveria abranger apenas os dois últimos escalões (40.000 agregados, em números redondos).
Não discuto aqui se a divergência era ou não ultrapassável: o PSD entendeu que a perda de receita fiscal resultante da sua proposta podia ser compensada pelo lado da despesa com cortes de igual montante nos consumos intermédios (fosse lá onde fosse) e o Governo garantiu que, tendo já cortado a despesa em cerca de 25%, não tinha margem para efectuar mais cortes, tanto mais que esses cortes, mesmo que inscritos no Orçamento, não teriam credibilidade, por não serem exequíveis.
O que me interessa aqui destacar, face à posição assumida no desenrolar das negociações, é que o discurso da "fome e da miséria" ensaiado pelo PSD não passa de conversa fiada (ou de uma farsa, se quiserem) porque é evidente que, se tal discurso fosse para levar a sério, o PSD não poderia aceitar, como aceitou, aparentemente sem pestanejar, ao aumento do IVA de 21% para 23%. É que o IVA é, ele sim, o imposto mais socialmente  injusto, pois atinge todos os consumidores, mesmo os de menores rendimentos.
A recusa  por parte do PSD em aceitar que a limitação das deduções em matéria de IRS abrangesse também os agregados incluídos no 4º e no 5º escalão (que não são ricos, é certo, mas em relação aos também não se pode falar em fome e miséria)  e a sua incapacidade em indicar em concreto onde é que se poderiam fazer cortes na despesa que compensassem a quebra de receita, mostram, isso sim, que o que move o PSD não são os "pobrezinhos", mas os votos de uns largos milhares de eleitores, os correspondentes a mais de 500.000 agregados, incluídos nos referidos escalões.
Mesmo admitindo que a consideração antecedente é forçada,  cabe no mínimo, perguntar: o que é que a posição assumida pelo PSD, durante as negociações, tem a ver com justiça social ?
Nada.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Remédios

A generalidade das pessoas (políticos, comentadores et al.)  que se têm pronunciado sobre a proposta de Orçamento apresentada pelo Governo tende a considerar que a proposta é "má", mas ao mesmo tempo toda a gente (com as previsíveis excepções) se esfalfa a defender a aprovação do Orçamento, custe o que custar.
Há aqui uma óbvia contradição que importa desfazer: um Orçamento de rigor e que impõe sacrifícios pode não ser agradável, mas não deixa, só por isso, de ser "bom", tal como um remédio pode ser  desagradável e difícil de tomar, mas nem por isso deixa de ser recomendável se trouxer benefícios à saúde.
E é mesmo de saúde (da economia e das contas públicas) que se trata. Não há, com as naturais excepções, quem não reconheça que há, na economia portuguesa, um desequilíbrio nas contas com o exterior (consumimos mais do que aquilo que produzimos e importamos mais do que exportamos) e  um défice nas contas públicas (o Estado gasta mais do que as receitas que tem).
 A situação não é de agora, nem de há meia dúzia de anos e por isso não me venham com a lengalenga de que Sócrates é o culpado, pois o "pai do monstro" é outro (Cavaco, segundo Cadilhe) e as derrapagens dos  últimos anos ficaram a dever-se à crise económica mundial que afectou todos os países, incluindo muitos com um desenvolvimento superior ao nosso. Como é, por exemplo, o caso da Inglaterra, da Espanha, da Irlanda, da França e por aí adiante, a maior parte com um défice bem superior ao de Portugal.
Alertados pela crise grega, os credores externos entenderam agora (bem ou mal, não discuto) que também chegou a nossa vez de tomar medidas para pôr cobro à situação. E estamos neste ponto: sem medidas de contenção das despesas por parte do Estado e dos agentes económicos em geral e sem a recuperação dos equilíbrios, ou não há financiamento externo, ou este irá custar-nos os olhos da cara. Aqui chegados, há que encontrar o remédio e terá que ser cá dentro, pois sem financiamento externo é o funcionamento de toda a economia que é posto em causa e não está ao nosso alcance forçar a mão dos credores. É lamentável, mas é assim. 
O remédio traduzido na proposta de Orçamento para atalhar a doença que afecta a economia portuguesa é amargo? É.  A discussão sobre se é bom ou mau tem, porém, de centrar-se em saber se o remédio cura, ou não cura. Se não cura, é "mau". Se cura, é "bom". As autoridades monetárias internacionais e os credores externos acham que sim, que cura. Eu não sei, mas ainda não vi melhor receita. E credível, muito menos.

É barata e dá milhões...

A intenção de Cavaco Silva de limitar a despesa da sua campanha eleitoral a metade do valor que é permitido por lei e de não recorrer à colocação de cartazes (outdoors) seria de louvar, se não tivesse sido anunciada com a pompa e a circunstância do seu discurso de recandidatura à Presidência da República. Feito o anúncio, nos termos em que o foi, a intenção anunciada pode, legitimamente, ser entendida como um acto de propaganda que, ainda por cima, é simples, barata e eficaz pois dá milhões...de votos.
E mais: sabendo-se que os outros candidatos à Presidência não estão em pé de igualdade com ele, em termos de visibilidade na comunicação social (e não só) por força das funções que desempenha, sem dúvida, mas também devido à multiplicação das visitas que ultimamente tem realizado e às iniciativas em que tem participado, com um afã nunca visto, o anúncio também pode ser entendido como uma forma de condicionar os outros candidatos a seguirem-lhe o exemplo quando ele sabe, de antemão, que eles não estão em condições de segui-lo, se quiserem realizar uma campanha minimamente eficaz. Ou seja, à luz deste entendimento, o anúncio também pode ser visto como um excelente exercício de hipocrisia política.
Ou não ?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

E que tal fechar a loja...

Se o PSD não é capaz de elaborar uma explicação para o abandono das conversações com o Governo tendentes à viabilização do Orçamento melhor fundamentada do que aquela que Miguel Relvas acaba de ler (mal*), o melhor mesmo é o PSD fechar a loja.
A posição do PSD de só anunciar qual será a sua intenção de voto em relação ao orçamento do Estado na véspera da votação na Assembleia vai no mesmo sentido. Dá, com efeito,  a impressão de que o PSD está entregue a um grupo de "jovens" incapazes de ver o quanto essa posição custa ao país, pois nada é mais prejudicial do que a incerteza. Esta não aproveita a ninguém, excepto aos especuladores, como já hoje deu para ver com a reacção da Bolsa e o imediato aumento das taxas de juro da dívida pública.
(* O secretário-geral do PSD estava claramente nervoso, o que se compreende, tendo em conta o "buraco" em que se meteram  e em que nos estão a meter.)
(Título e texto reeditados)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cavaco desmemoriado

Que se poderia esperar de um fraco Presidente da República que não fosse um fraco discurso de recandidatura ?
Que mais se pode dizer, com objectividade, dum discurso que mais não foi que um auto-elogio* de fio a pavio, sem uma ideia de futuro?
Talvez se possa ainda dizer que Cavaco Silva anda um tanto desmemoriado. Diz ele que não é intrigas, mas o verão de 2009 não está assim tão longe.
* Entre as muitas virtudes que apregoa, há uma que, salta à vista, ele não tem: a da modéstia.
(Reeditado)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Um tiro pela culatra

relatório da Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça (CEPEJ) do Conselho da Europa dá uma imagem nada favorável da justiça portuguesa, condizente, aliás, com a percepção que dela tem o vulgar cidadão. Ali se afirma, com efeito, que "Portugal tem o segundo pior "tempo de disposição" - o indicador da capacidade de encerramento de casos pendentes", ao mesmo tempo que se indica que "Portugal está entre os três Estados com rácio mais elevado de juízes e procuradores", o que é espantoso quando se sabe que, volta não volta, os sindicatos dos magistrados (judiciais e do Ministério Público) se queixam de que há falta de magistrados.
Deveras surpreendente é ainda a informação de que  "Portugal é um dos países europeus onde a remuneração dos juízes em fim de carreira tem um nível bastante superior à média salarial nacional. Os juízes em final de carreira (no Supremo Tribunal) ganham 4,2 vezes mais do que o salário médio bruto nacional. Um rácio confortável no cômputo geral, à frente de países como a Bélgica, França, Finlândia, Noruega, Suécia, Áustria, Holanda, Dinamarca ou Alemanha (com um rácio de apenas 2,1)", informação que constitui uma concludente resposta às insinuações do desembargador António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses de que já aqui demos conta.
Acrescente-se que quem diz juízes, diz procuradores, pois os níveis remuneratórios são os mesmos e idênticos os privilégios de que gozam.
Perante este relatório, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público reagiu do modo que lhe é habitual:  metendo a cabeça na areia, como a avestruz e alijando, como sempre, culpas próprias, não encontrou melhor forma de contornar as evidências do que alegar a existência de manipulação por parte do Governo que, todavia, não foi havido nem achado na elaboração do documento
Quem ainda se não se pronunciou, tanto quanto sei, foi o desembargador Martins, o que se compreende perfeitamente. A esta hora, o homem ainda não recuperou do tiro que, por interposto relatório, lhe saiu pela culatra.

domingo, 24 de outubro de 2010

Futebol: Portimonense 0 - Benfica 1 (Golo - Vídeo)

O Benfica também não fez muito melhor que o Sporting. Valeu o golo de Javi García, no princípio da 2ª parte, para arrecadar os 3 pontos frente ao Portimonense. É verdade que tem uma atenuante a mais que o rival da 2ª Circular: teve que se deslocar ao Algarve onde faz mais calor e é preciso suar um pouco mais a camisola. Mas lá que esta, este ano, vale bem menos que na época passada, também é verdade.
O golo: 

Futebol: Sporting 1 - Rio Ave 0 (Golo - Vídeo)

O Sporting regressou às vitórias no campeonato nacional de futebol, ao vencer o Rio Ave, último da tabela classificativa, por 1-0. Ainda assim foi preciso esperar até quase ao apito final para aparecer Abel a marcar o golo. A veia goleadora do Sporting continua confinada à Liga Europa. No campeonato nacional, pelos vistos, a pontaria dos jogadores do Sporting está mais direccionada para a madeira da baliza adversária. Infelizmente.
O golo:

sábado, 23 de outubro de 2010

Que mil floresçam !

O pré-acordo laboral assinado entre o conselho de gerência da Autoeuropa e a respectiva comissão de trabalhadores, com validade para os próximos dois anos, acordo onde se prevêem, além do mais, aumentos de salários de 3,9 por cento para o período considerado e, não menos importante,  a conversão de contratos temporários em permanentes e a não realização de qualquer despedimento colectivo até ao final de 2012, é nos tempos que correm, quase um milagre que, no entanto, tem explicação. É que nem a Autoeuropa é gerida por empresários tacanhos, nem os trabalhadores se regem pela cartilha do senhor Carvalho da Silva, ou, o que vem a dar no mesmo, pela do PCP.

Arte urbana com assinatura (IV)

Título: Pássaros ?
Autoria: LUCY;
Local. Rua Martens Ferrão - Lisboa
(Clicando na imagem, amplia)

Arte urbana com assinatura (III)

Título : A fisga ?
Autoria: OS GEMEOS ( Otávio e Paulo Pandolfo)
Local: Rua Andrade Corvo - Lisboa
(Clicando na imagem, amplia)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Branco mais branco não há.

Eu acrescentaria até: o processo mais branco. Quem duvida, tratando-se do deputado Branquinho ?

Arte urbana com assinatura (II)

Tìtulo: A sugar o mundo ?
Autoria: BLU;
Local: Avenida Fontes Pereira de Melo - Lisboa;
(Clicando na imagem, amplia)

Arte urbana com assinatura (I)

Título: Jacaré;
Autoria: Erica Elcane;
Local: Avenida Fontes Pereira de Melo - Lisboa
(Clicando na imagem, amplia)

Liga Europa: Sporting 5 - Gent 1 (Golos - vídeo)

Não há dúvida de que, nesta época, há um Sporting na Liga nacional, competição onde não soma mais que duas vitórias e que só não é medíocre, porque é mau de mais para merecer o medíocre qualificativo; e outro na Liga Europa, onde, na fase de grupos, conta por vitórias os jogos já disputados (3). Hoje saíu a fava ao Gent que saíu de Alvalade com uma pesada derrota (5-1).
Na Liga nacional é que não há maneira de aparecer este Sporting vitorioso. Como hoje até o Liedson apareceu e bisou, pergunta-se: será desta ?

Os golos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

E se metesse a viola no saco ?

Esta afirmação de António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, e outras afirmações de igual ou pior quilate (a conferir no local citado) vindas de quem vêm, já não me causam qualquer admiração, pois são fruto do ódio que ele espirra por tudo quanto é poro.
O que a mim me admira é que a Associação Sindical dos Juízes consinta que um indivíduo destes continue à frente dos destinos da Associação, quando cada vez que ele abre a boca só contribui para o desprestígio de toda a classe, quando a imagem da magistratura judicial, por esta e por outras, já anda pelas ruas da amargura. (Se tiverem dúvidas dêem-se ao trabalho de ler os comentários à notícia que transcreve as afirmações).
É que o cavalheiro nem vê que, com estas afirmações faz perpassar a ideia (intolerável numa democracia) de que os juízes são cidadãos mais iguais que os outros e que, por isso, têm o direito de se eximir aos sacrifícios que a todos os outros são exigidos.
E sim, também me admira que ele se sinta confortável com o facto de os subsídios de residência que os juízes recebem (e não é tão pouco quanto isso, pois fala-se em mais de 700,00€ mensais, valor muito superior ao salário que milhares de portugueses auferem mensalmente) não esteja sujeito a IRS, por decisão judicial baseada em argumentação tão esdrúxula que até fez chorar as pedras.
E não menos digno de admiração é que os juízes, mesmo depois de reformados (perdão, jubilados, que até, neste particular, suas altezas não admitem ser tratados pela mesma forma que a plebe) continuem a receber o dito subsídio, mantendo também outras regalias, como os transportes públicos gratuitos, como se continuassem no exercício de funções. Isto é de bradar aos céus, mas vejam lá se isso incomoda o senhor Martins!
Sabe que mais, senhor Martins ? Meta a viola no saco, ou então desampare a loja.

domingo, 17 de outubro de 2010

É também por aqui que "o gato vai às filhoses"

Aparentemente, ninguém gosta da proposta de Orçamento de Estado apresentada pelo Governo. Nem eu, nem, pelos vistos, o próprio Governo, que já o disse. Parece, no entanto, que face à pressão dos credores internacionais  não há alternativa. Ou antes, não há, nem alternativas melhores, nem alternativas exequíveis. A direita advoga mais cortes pelo lado da despesa, o que tornaria o Orçamento bem pior e mais injusto e as "propostas" da "esquerda da esquerda", tendo em conta o contexto internacional, teriam como consequência o isolamento do país e transformariam Portugal na Albânia do Século XXI. Ou antes, uma Cuba dos nossos dias ?  Não aprecio, nenhuma das soluções: nem aquela, nem estas.
Todavia, quando observo que dois terços das empresas apresentam, anos a fio, prejuízos, em vez de lucros, e que a economia paralela anda pelos 30% do PIB, forçoso é concluir que há muito boa gente que continua a rir-se dos sacrifícios que, uma vez mais, são exigidos aos mesmos de  sempre (os assalariados).
Ora, já vai sendo tempo de se acabar com uma tal situação socialmente injusta.
 A responsabilidade de acabar com ela cabe ao Governo certamente e reconhece-se que alguma coisa se tem feito em matéria de evasão fiscal. Mesmo na actual proposta de Orçamento são apresentadas algumas medidas nesse sentido, embora duvide da eficácia de muitas delas. Não, porque não sejam correctas, mas porque a evasão fiscal não é fácil de combater, sobretudo quando a falta de sentido cívico da generalidade da população não ajuda.
De facto, pergunto: quem é que pede, no restaurante, a factura ? Quem é que exige factura pelos trabalhos realizados lá em casa, logo que o prestador do serviço chama a atenção para o facto de que o serviço custa X, mas com factura custa X+Y (o valor do IVA) ?
Enquanto a maioria da população não assumir que também é responsável pela fuga ao fisco, não restem dúvidas de que a evasão fiscal vai continuar a assumir números que nos envergonham e que nos penalizam a todos. 
Será, por isso, caso para dizer que os culpados não são sempre, nem só, os outros. Também nesta matéria, vale o ditado: "quem boa cama fizer, nela se há-de deitar", ou vice-versa.

Não é por aí que "o gato vai às filhoses"

Quanta indignação vai por aí pelo facto de a proposta de Orçamento apresentada na Assembleia da República (tarde e a más horas, convenhamos) ir desacompanhada do respectivo relatório !
Seguramente, não é por aí que "o gato vai às filhoses"
Mas para quem "brinca" à política parece que é.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um aprendiz de feiticeiro ?

É evidente, até para um leigo, que a redução do défice público para os números a que Portugal se obrigou, para o próximo ano, é inalcançável sem aumento de impostos, a menos que se aceitem cortes brutais nos vencimentos dos funcionários públicos e nos apoios sociais, cortes que suponho nenhum governo teria nesta altura a ousadia de fazer e muito menos um hipotético governo presidido por Pedro Passos Coelho, porque, muito simplesmente, não resistiria à contestação social que é fácil antever. Isto, porque é também claro que a diminuição da despesa por efeito da tão reclamada reorganização dos serviços e dos institutos públicos e do sector empresarial do Estado não só não é possível ser concretizada em meia dúzia de dias (porque implica estudos que não podem ser feitos do pé para a mão) como nem sequer é desejável  que o seja para não se cometerem erros inevitáveis quando se actua sem estudar todas as consequências. Diria mais: a redução do défice sem recurso ao aumento dos impostos, para além de não ser alcançável, também não seria justa, porque faria incidir sobre os funcionários públicos e sobre os mais desfavorecidos todos os custos, isentando deles precisamente as classes com maiores rendimentos.
Por tudo isto, apresenta-se como completamente incompreensível a posição de Pedro Passos Coelho, sucessivamente reafirmada, com mais ou menos ênfase, de que o PSD não viabilizará um Orçamento de Estado para o próximo ano que preveja aumento de impostos.
Esta posição maximalista é tanto mais incompreensível quanto é certo que coloca  Passos Coelho na situação desconfortável de um qualquer aprendiz de feiticeiro, da qual já não vai sair airosamente, qualquer que venha a ser a decisão final: se o PSD vier a viabilizar o Orçamento, ainda que pela via da abstenção, Passos Coelho terá de dar o dito pelo não dito, revelando falta de firmeza de convicções, pois, não havendo alteração das circunstâncias, sempre se poderá dizer que cedeu a pressões; se optar pela  inviabilização, Passos Coelho será o primeiro a arcar com as consequências que estão à vista: agravamento das  dificuldades de financiamento do Estado, das famílias e das empresas e aumento exponencial do desemprego.
O que, em boa verdade,  isto demonstra é que a inexperiência sai cara e que a escolha de conselheiros como Marcos António ou Leite de Campos também não ajuda. 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ai a irreverência desta juventude !

Depois dos sucessivos apelos vindos dos seniores do seu partido para que viabilize o próximo Orçamento, Pedro Passos Coelho (PPC), o homem mais "pressionado" do planeta, recebeu ontem a visita dos presidentes dos quatro maiores bancos do país, os quais,  tendo em conta as posições por eles manifestadas publicamente, por certo lhe chamaram a atenção para as dificuldades de financiamento da economia portuguesa, em caso de rejeição do diploma orçamental.
Eis, porém, que na mesma data, surge a JSD a defender que o PSD deve reprovar a proposta de Orçamento para 2011.
Agora, que as coisas estavam tão bem encaminhadas (com os apelos em catadupa e com as recentes romagens à São Caetano) para PPC poder dar o dito por não dito, tinham  logo de vir os putos estragar tudo!
(Imagem daqui)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Exageros !?

"(...) são todos [os líderes do PSD] tão nabos que parecem ter sido escolhidos na prateleira da mercearia e não nas directas do partido"
(Rui Tavares, in ´"Público" de hoje, edição impressa)

Oxalá !


Não sei o que é mais digno de admiração: se a coragem e a resistência física e psicológica dos mineiros chilenos soterrados na mina San José, a 700 metros de profundidade, se a maravilha da técnica que, a esta hora, já permitiu a libertação de mais de uma dezena dos 33 que permaneciam encarcerados no interior da terra, há mais de dois meses.
Perante a coragem duns (os que estão a ser libertados) e o engenho e o esforço doutros (os que tornaram possível a sua libertação), só posso comover-me e fazer votos por um final feliz. Oxalá!

Danados para a brincadeira !

Quando as sondagens eram favoráveis ao PSD, Pedro  Passos Coelho desperdiçou a oportunidade de derrubar o Governo, quer através da apresentação, por iniciativa própria, de uma moção de censura, quer através do aproveitamento da moção de censura apresentada pelo PCP. Vem agora afirmar, armando-se em valente, que se não fossem as eleições presidenciais (e, suponho eu, devido à impossibilidade constitucional de dissolução da Assembleia da República, nos próximos meses) teríamos, nesta altura, em cima da mesa, não a discussão do Orçamento de Estado, mas a discussão de uma moção de censura.
Ora, sabe-se [quer face ao  desperdiçar das oportunidades que teve para derrubar o Governo quando as sondagens lhe eram bem mais favoráveis do que actualmente, quer face à rejeição ("nem pensar", diz o secretário-geral, Miguel Relvas)  da hipótese de se responsabilizar por uma solução governativa, no caso de o Orçamento não ser aprovado e de o Governo, em consequência, se demitir] que o PSD, perante as dificuldades que o país enfrenta, foge da responsabilidade de assumir funções governativas como o diabo da cruz.
Mas sendo assim, cabe perguntar: a moção de censura, tipo "faz de conta" que PPC agora brande, serviria para quê?
Para nada, obviamente. Prova, no entanto, que os "miúdos" são danados para a brincadeira !  

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Europeu de Futebol 2012: Islândia 1 - 3 Portugal (Golos - vídeos)

Com mais uma vitória em jogo de apuramento para o Europeu 2012, frente à Islândia, Portugal, depois de ter levado de vencida a Dinamarca por resultado idêntico, parece ter afastado por ora (e  esperemos que definitivamente)  os maus resultados do início desta fase. O resultado parece-me inteiramente justo:
 Ronaldo voltou a marcar, desta vez, de livre directo e Postiga também fez o gosto ao pé. O destaque, porém, vai para Raul Meireles, autor de um golo espectacular, numa altura em que o jogo estava empatado (1-1). O ataque da selecção portuguesa recomenda-se, a defesa é que me parece que precisa de melhorar.
Os golos:

(De Portugal)

Cristiano Ronaldo:


Raul Meireles:


Postiga:

(Da Islândia)

Helguson:

A estupidez paga imposto ?

A resposta é sim. Pelo menos, IVA.
Isto, a crer nas palavras de Carlos Aguiar, empresário produtor de telemóveis que, hoje, no JN (edição impressa) nos garante que "Em tempo de crise, há pessoas que deixam por vezes de comprar bens essenciais só para dispor de dinheiro para adquirir um telemóvel moderno (...)"  

Um "miúdo" ?

Os apelos por parte de ex-líderes do PSD, como Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes (para não falar dos apelos indirectos de Cavaco Silva) dirigidos a Pedro Passos Coelho (PPC) no sentido de viabilizar o próximo Orçamento de Estado, dão a ideia, pela insistência, que estes seniores consideram o actual líder do PSD um "miúdo" a quem é preciso estar a dar conselhos a toda a hora para o pôr no bom caminho. 
E eu inclinado a concordar, tendo em conta as declarações que tenho ouvido a PPC, de há uns meses para cá.

Portugal no Conselho de Segurança da ONU


Suplantando o Canadá, Portugal foi eleito membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU
Trata-se, indicutivelmente, de uma grande vitória diplomática que demonstra que  Portugal goza de prestígio mundial suficiente para bater uma potência económica de primeira linha como é o Canadá, membro do G-8.
Aditamento:
A forma como esta eleição tem sido noticiada nos media, mostra que há por cá muito jornalista que ou é mal informado, ou digere mal os sucessos do país.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

De vez em quando cai-lhe a máscara

Pelos vistos, de vez em quando, o PCP deixa cair a máscara de defensor "das mais amplas liberdades" e revela o verdadeiro rosto dum apoiante de ditaduras desde que elas se intitulem de comunistas.
(Imagem daqui)

Prova do contrário

Nunca fui um santo”, afirma Nelson Mandela (na foto) em livro, "Conversas comigo mesmo", com lançamento mundial marcado para amanhã (3ª feira).
A afirmação é mais uma prova do contrário. Pois não é verdade que a modéstia também é uma virtude ?
(Imagem daqui)

Depois de tanto dislate...

... uma atitude sensata ?
Passos Coelho recusa falar sobre OE.

sábado, 9 de outubro de 2010

Era mesmo só pose !

Avolumam-se os indícios de que o PSD de Pedro Passos Coelho (PPC) se prepara para "chumbar" o Orçamento de Estado para 2011, não obstante as vozes em sentido contrário vindas da bancada parlamentar (Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira et al.) e de várias outras personalidades do partido, incluindo ex-líderes (como Durão Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes) para já não falar do actual inquilino de Belém, uns e outros fazendo apelo ao "superior interesse nacional". A confirmar-se a hipótese de "chumbo", PPC terá preferido dar ouvidos às vozes dos que no interior do partido (e seus mais próximos) anseiam, acima de tudo, por uma "vingança" contra um Sócrates que lhes infligiu duas derrotas eleitorais sucessivas. 
A tomar essa posição, o pais vai ficar, por certo, em palpos de aranha e com os credores agarrados às canelas, mas o PSD e o PPC não vão ficar em melhores condições, a menos que provem, com contas e especificação das medidas, que é possível elaborar um orçamento de Estado que ponha em ordem as contas públicas, apenas com medidas tomadas pelo lado da despesa, sem o  recurso ao aumento de impostos, argumento que têm invocado para recusarem a solução do Governo.
Tal não é impossível, diga-se. Só que para se atingir o objectivo da consolidação das contas públicas, os cortes teriam de ser de tal magnitude que não se vê como concretizá-los senão através duma forte redução das despesas sociais. Ou seja, um orçamento de Estado, à moda do PSD, sem aumento de impostos, significaria que a consolidação orçamental se faria, essencialmente, à custa dos mais desfavorecidos. Tal solução, para além de injusta, é inaceitável para quem tenha alguma preocupação social.
É verdade que no actual PSD as preocupações sociais não abundam, mas se o PSD rejeitar o orçamento proposto pelo Governo, não restarão mais dúvidas sobre isso.
Como não restarão dúvidas de que a pose de estadista exibida por PPC, no Palácio de S. Bento, aquando da negociação do PEC II era mesmo só pose.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tretas

Se o Carrilho (Manuel Maria) tivesse dois dedos de testa e uns pozinhos de bom senso,  deixava-se destas tretas do debater. Escusava de ouvir (ler) esta. Ou bem pior.
Mas cada um é como é. E está visto que Carrilho (Manuel Maria) não é grande prenda.

Portugal 3 - Dinamarca 1 (Golos - vídeos)

Depois do empate com Chipre e da derrota frente à Noruega, Portugal, agora sob a liderança de Paulo Bento, lá conseguiu levar de vencida a Dinamarca por 3-1, averbando assim a primeira vitória na fase de apuramento para o Europeu. Vitória justa, embora sem deslumbrar. Esperemos que, depois dos desastres anteriores, ainda venha a tempo para a selecção portuguesa poder passar à fase final.
Destaque para Nani, com dois golos e com intervenção de muito mérito no golo marcado por Ronaldo.
Golos de Portugal:

(Nani)




(Ronaldo)



Golo da Dinamarca (Ricardo Carvalho p.b.)

Olha a novidade !

Fenprof vai aderir à greve geral.
Nem isto é notícia, nem o bigode do Mário Nogueira é novidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quando a bota não bate com a perdigota

A frase atribuída a António José Seguro tem tanto de belo efeito, quanto de pouco rigor. De facto, se alguns portugueses estão fartos de fazer sacrifícios, muitos há que nem por isso. Basta atentar na circunstância de, em Portugal, o consumo exceder largamente o produto, facto que o deputado António José Seguro não ignora, pois, na mesma ocasião, considerou inaceitável  “a trajectória das últimas décadas [que] vem endividando o país”, sobrecarregando as gerações futuras “com os encargos do estilo de vida das gerações actuais”.
Fartos de fazer sacrifícios, mas com um estilo de vida insustentável ?
Em que ficamos ?
Decida-se, António José Seguro, porque, salvo sempre o devido respeito, "a bota não bate com a perdigota".
(Título reeditado)

Avifauna portuguesa # 92: Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata)

Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata Pallas)

(Local e data). Parque da Paz - Almada; 05-Outubro-2010)
(Clicando sobre a imagem, amplia)

31 da Macacada



Se esta "malta" é monárquica, mal vai o "ideal" monárquico!
Tal "rei", tais súbditos?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

República, pois claro !

(Comemoração do 1º centenário da República Portuguesa)
  República, hoje e sempre!

Os empatas: Beira Mar 1 - Sporting 1; Vitória de Guimarães 1 . Porto 1 (Golos -Vídeos)

O Sporting, depois do brilharete frente ao  Levski Sófia (5-0) no jogo da Liga Europa, regressou ao habitual empate no campeonato nacional  no jogo com o Beira Mar. Em foco, neste jogo, os guarda-redes: pela negativa Rui Patrício, mal batido e pela positiva, Rui Rego, guarda-redes do Beira Mar, a creditar-se com algumas excelentes defesas.
O Porto tropeçou, pela primeira vez, em Guimarães. Alguma vez tinha de ser.
Os golos:
Jogo Beira Mar - Sporting
Golo de Renan (Beira Mar)




Golo de João Pereira (Sporting)



Jogo Vitória de Guimarães - Porto

Golo de Hulk (Porto)



Golo de Faouzi (Guimarães)

domingo, 3 de outubro de 2010

Liga de futebol: Benfica 1 - Sporting de Braga 0 (Golo - Vídeo)

No jogo mais importante da jornada que juntava o campeão e o vice-campeão da época passada, o Benfica acabou por vencer o Sporting de Braga, com um golo solitário de Carlos Martins. Depois de um começo desastroso, tudo parece indicar que o Benfica das vitórias está de volta, embora sem o brilhantismo da época anterior. O Braga não facilitou, mas está longe de ser a equipa com os argumentos que apresentou no anterior campeonato.
Vejamos o golo

A confissão

PSD pede aos portugueses sugestões para cortar despesa.
Ou esta iniciativa é para ser considerada como a anedota política do ano e não tem outra intenção que não seja a de desanuviar o ambiente, ou, se é para levar a sério, o PSD não podia ter escolhido melhor forma para confessar sua própria incapacidade e impreparação para ser alternativa de governo.
E logo, nesta altura ! 

sábado, 2 de outubro de 2010

De vez em quando ...

... uma flor. Ou duas.

Campainhas-da-primavera [Acis trichophylla (Schousb.) Sweet]
(Clicando, amplia)

Duríssimo, insuportável ...

... é como tenho visto qualificar o conjunto de medidas anunciadas pelo Governo para consolidar as contas públicas.
Duríssimo e insuportável será, sem dúvida, para os trabalhadores por conta de outrém se o salário mínimo não for actualizado para os 500 €, tal como foi acordado em sede de concertação social (o que espero não venha a acontecer, em conformidade, aliás, com as palavras da ministra do Trabalho e Emprego). Já quanto à generalidade da população, ainda que as medidas anunciadas sejam dolorosas (ninguém gosta de ver diminuir os seus rendimentos, nem prejudicada a sua qualidade de vida) aqueles qualificativos só podem ser tidos à conta de manifesto exagero.
As medidas podem, porém, ser encaradas de um outro ponto de vista que é o de saber se elas são ou não necessárias. Ora, sabendo-se que o valor do que consumimos é superior em 10% ao valor do que produzimos, tal significa que temos vivido (muitos de nós) acima das possibilidades, recorrendo sistematicamente ao endividamento externo para satisfazer as exigências do nosso nível de consumismo. Os credores, porém, mostram, designadamente através do agravamento das taxas de juro, que não estão dispostos a financiar o país, indefinidamente, a menos que demos sinais de moderação nos gastos, por forma a poder honrar anteriores compromissos. E aqui, não há volta dar, pois não está na nossa mão abrir os cordões à bolsa alheia. De forma que, por dolorosas que sejam as medidas, elas são antes de mais, necessárias. Ou, para ser mais preciso, inevitáveis.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um governo masoquista ?

Lendo o que se escreve por aí, face às medidas anunciadas para consolidação das contas públicas, fica-se com a sensação de que o Governo é, por certo, masoquista.
Lamentavelmente, nem o PCP, nem o Bloco de Esquerda têm a amabilidade de nos elucidar sobre o modo como se resiste ao crescente aperto dos mercados financeiros (leia-se: contínuo aumento dos juros) nem a direita se mostra capaz de apresentar outra solução. O PSD, por exemplo, limita-se a balbuciar, pelos vistos, indefinidamente, a mesma pergunta: o que é correu mal na execução orçamental ?  É curto, para um partido que se pretende apresentar como alternativa. Até porque, provavelmente, nada correu mal, a não ser o forte ataque à dívida soberana do país. Que ninguém previu. Nem a luminária que dá pelo nome de António Nogueira Leite.
(Título reeditado)