sexta-feira, 30 de março de 2012

Que alívio !

Dez dias sem ouvir o Passos/Coelho, o Gaspar, o Portas e o Álvaro e sem ouvir falar de...
Que alívio!
É que estou farto de tanta pulhice e depois do último congresso do psd, nem queiram saber. De forma que,  para aliviar, lembrei-me de ir ver se o Vesúvio continua adormecido e se, pelo contrário, o Etna ainda está acordado. 
Valete!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Não está mal visto

Segundo o "Público", a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Aiveca considerou que se as novas regras do despedimento por inadaptação já estivessem em vigor o primeiro a ser despedido seria Álvaro Santos Pereira.
Não está mal visto, não senhora.

Banha da cobra

Entre o número de pessoas que beneficiariam de isenção de taxas moderadoras na área da saúde, segundo o que foi inicialmente anunciado (entre 5,2 e 7 milhões de portugueses) e a realidade (que aponta para um número de beneficiários não superior a 1 milhão de pessoas) vai uma distância tal (no mínimo, como se revela aqui, de 4 milhões de pessoas) que, percorrê-la, só foi possível graças à colaboração duma multidão de vendedores da banha da cobra.
Já tinha dado conta que estes profissionais tinham desaparecido dos mercados e feiras, mas só agora compreendi onde tinham ido parar. Ao governo de Passos/Coelho, nem mais.

Orquídeas #3

Ophrys tenthredinifera Willd.
(Local e data: Serra da Arrábida: 27 - março - 2012)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Imagem quase perfeita...


Quase perfeita, digo eu, porque para atingir a perfeição bastaria substituir as cenouras por "nabos".
Não há nabos cor de laranja ? Pintem-se!
(Imagem via Alda Magalhães Teles, no facebook)

domingo, 25 de março de 2012

Um imenso bocejo

Ouvi-lo, nem pensar. Vê-lo, só de raspão, antes de mudar de canal. Não é por nada, só que ouvi-lo e vê-lo  provoca-me náuseas. Mas para me manter informado, estou atento às "pérolas", como esta do "sai-nos do lombo" (melhor dito: "sai-vos do lombo"), "pérolas" que vai debitando e que a imprensa faz o favor de reproduzir.
Se o que li aqui, aqui, aqui e  aqui, traduzem com algum rigor o discurso proferido por Passos/Coelho no encerramento do congresso do PSD, então posso garantir que a sua narrativa não justifica mais que um imenso bocejo. A única resposta possível a um discurso que mais não foi que um imenso vazio.

Hipocrisia em dose dupla

Se não me faltam motivos para maldizer a acção dos actuais governantes, a começar na insensibilidade perante o sofrimento dos mais pobres e a acabar no servilismo perante os ricos e economicamente poderosos, a verdade é que o que neles mais abomino é  a hipocrisia de que dão provas. Sirva de exemplo o ministro topa-a-tudo que dá pelo nome de Miguel Relvas, ministro que é aqui chamado tão só porque é exemplo mais recente. Com efeito, a  Relvas é atribuída a afirmação de que os desempregados "Estão todos os dias nas nossas preocupações e nós não arranjamos desculpas, ao contrário de outros. Se há circunstância que nos tira o sono verdadeiramente, são os números alarmantes do desemprego".
Relvas,  num só fôlego, consegue a proeza de fazer um duplo exercício de hipocrisia.
É hipócrita quando diz que o desemprego lhes tira o sono, porque, se fosse esse o caso, é evidente que o governo não teria seguido a política de austeridade do tipo "custe o que custar", porque era (e é) sabido que tal política não podia ter como resultado outro que não fosse o do aumento galopante do desemprego. Como está provado. Relvas por sinal, não tem cara de mal dormido. Bem pelo contrário.
E não é menos hipócrita quando afirma que "nós não arranjamos desculpas, ao contrário de outros", porque se há aspecto em que este governo se distingue dos anteriores é precisamente porque não assume as próprias responsabilidades e gasta boa parte das suas (fracas) energias em arranjar e alimentar o bode expiatório. 
Têm, aliás, reconheço, boas razões para isso, porque o bode expiatório é sua única tábua de salvação. No dia em que os portugueses conseguirem abrir os olhos, por entre a  poeira lançada na e pela comunicação social, muito cuidado devem ter com a própria pele.

sábado, 24 de março de 2012

Só vilões

Passos/Coelho recusou-se a comentar o "romance" à volta da eventual nomeação de Teixeira dos Santos para administrador não executivo  da Portugal Telecom, por indicação da accionista Caixa Geral de Depósitos, sob proposta do ministro Gaspar, este certamente alinhado com o próprio Passos/Coelho, como não podia deixar de ser. 
Andou mal Passos/Coelho, porque o romance, ainda que a nomeação tenha sido ou venha a ser abortada, por oposição de Portas e travessas, tinha (e tem) todos os ingredientes para ser um sucesso. Trata-se, com efeito, dum "romance" bem original, desde logo, porque não tem heróis. Só vilões. 
A começar em Passos/Coelho e em Gaspar que, com a sua proposta, acabam, eles próprios, por "reabilitar" a gestão do anterior ministro das Finanças, confirmando assim que o discurso governamental sobre a "bancarrota" não passa dum exercício de retórica para enganar eleitor.
(Não que ainda houvesse alguma dúvida sobre isso, mas a confirmação, vinda de quem vem, sempre dá mais consistência à tese.)
Teixeira dos Santos que, supostamente, aceitou o convite, também encarna bem o papel de vilão, facto que confesso, me desagrada particularmente. É que não o supunha capaz de se vender por um prato de lentilhas.
Mas, como diz o outro, muito se engana quem cuida. Neste caso, é o meu caso.

Novas sobre os abutres

Não serei eu, um declarado amante da natureza, a negar a importância da construção de 12 ninhos para facilitar o regresso do Abutre-preto (Aegypius monachus) ao Alentejo, dada a relevância ecológica da presença da ave de rapina em questão.
No entanto, como cidadão, tenho pena que a notícia não traga também dados sobre o número de ninhos construídos pelo governo de Passos/Coelho para albergar os abutres do género Catroga. Até porque, ao que parece, as espécies deste género são muito mais eficientes, quer na ocupação dos ninhos, quer como predadores. Quanto a este particular, julgo não haver dúvidas e dúvidas também não subsistem quanto  à ocupação dos ninhos. Enquanto os  preparados para o Abutre-preto continuam por utilizar, os ninhos construídos por Passos/Coelho têm, de antemão, ocupação garantida.

Felizmente, o ridículo não mata...




Se matasse, era uma razia. Com tanto governante e tanto autarca (da direita) a partir desta para melhor, o país nunca mais se endireitava.
Que sorte, hein!

Violência em grande estilo...

 
...Como se pode confirmar pela fotografia supra que documenta uma das agressões policiais ocorridas durante uma manifestação, na quinta feira. 
Estilo, de facto, é o que não falta ao agente em acção.
Do que também não há dúvida é de que as forças policiais, depois da entrada em funções do actual governo, ganharam toda uma outra desenvoltura, a ponto de já não pouparem jornalistas, no exercício da sua profissão,   quando elas se exercitam na arte de bem malhar em manifestantes.  
É uma vergonha? É, mas as forças policiais sabem muito bem à ordem de quem actuam. Olá se sabem. A prova é que, já em anterior manifestação, com o ministro Miguel Macedo em funções,  tinham começado os ensaios, sem que até agora, que se saiba, alguém tenha sido responsabilizado. 

Com um ministro tão compreensivo e condescendente era (é) de esperar o quê?
(imagem daqui)

Segredos de Estado

Para este (des)governo até os dados sobre a adesão à greve, constituem autênticos segredos de Estado. Sobre tal assunto, nem as empresas públicas de transporte podem abrir o bico.
É o que se pode chamar um governo transparente(mente) opaco. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

O AVOAR

 "Arrumado" por Passos/Coelho o projecto do TGV, este já tem um sucessor que dá pelo nome de  AVOAR. Este projecto que já está em execução não é, certamente, o mais vantajoso para o país,  porque ficámos sem a ligação à rede europeia de alta velocidade, mas é, seguramente, muito mais rápido na delapidação dos dinheiros públicos.
Logo à partida foram AVOAR 1200 milhões euros de fundos comunitários (pelas contas de Ana Paula Vitorino que ainda não vi contestadas) e AVOAR irão mais cerca de 300 de milhões de euros a que a concessionária  se julga com direito para ser ressarcida das despesas e gastos  já efectuados.
É muito milhão AVOAR, em troca de nada.
Isto digo eu, embora admita que o ponto de vista do governo possa ser muito diferente. Quem sabe, na verdade, se nas contas de Passos/Coelho, que tão apostado está no empobrecimento do país, não entraram também as centenas de trabalhadores que, na sequência da paragem das obras, correm o risco de ser despedidos? Se faço a pergunta é porque o desemprego é a forma mais eficaz de empobrecer rapidamente. Alguma dúvida?  
Para quem se escandalize com as interrogações que antecedem, devo dizer que até admito que Passos/Coelho, como pessoa,  pode não se sentir muito confortável com o aumento galopante do número de desempregados, mas certo é que tal resultado é fruto das suas políticas e, também neste caso, da suas decisões. Alguma dúvida?

Mais uma razão para "comemorar"

Não faltam motivos, além dos enunciados por Pedro Silva Pereira no artigo transcrito no "post" anterior, para "comemorar" o nefasto dia 23 de Março de 2011. Cá temos mais uma boa razão para assinalar a data: "o número de casais com ambos os cônjuges desempregados disparou 73,2% em Fevereiro face a igual mês de 2011". 

Um dia para "comemorar"

"Faz hoje precisamente um ano que uma estranha coligação PSD/CDS e PCP/BE se uniu no Parlamento para rejeitar o PEC IV (apoiado formalmente pela Comissão Europeia e pelo BCE), mesmo sabendo que isso iria arrastar o País para uma perigosa crise política em plena crise das dívidas soberanas. 

Afirmei então, na Assembleia da República: "O Governo quer deixar registado um facto para memória futura dos portugueses: até esta data, o dia 23 de Março de 2011, dia em que a oposição decide precipitar uma crise política, Portugal foi sempre capaz - com maior ou menos dificuldade, mas foi sempre capaz - de assegurar o financiamento da sua economia e de evitar o recurso a uma ajuda externa. Mas, daqui para a frente, um agravamento da situação do País em resultado da decisão que hoje aqui será votada, será da inteira responsabilidade de quem, no pior dos momentos, decidiu, de livre e espontânea vontade, acrescentar à crise financeira esta evitável e irresponsável crise política". E disse ainda: "a extrema-esquerda parlamentar (...) não pode ignorar que quando a direita precipita esta crise e vem falar de uma "coligação alargada", do que está a falar, realmente, é de uma coligação alargada ao FMI, porque é para aí que esta irresponsável crise ameaça levar o País! E se os senhores acham que é já o FMI que governa, então desenganem-se, porque é caso para dizer que ainda não viram nada!". O tempo, infelizmente, veio dar-me razão.

É sabido o que se passou a seguir ao chumbo do PEC IV: descida abrupta dos ‘ratings' da República, dos bancos e das principais empresas (com custos financeiros elevadíssimos); subida inusitada dos juros da dívida pública; fechamento total dos mercados de financiamento do Estado e da economia. Por consequência, em menos de quinze dias, a 6 de Abril, Portugal foi forçado a pedir ajuda externa. A luta do Governo socialista de conquistar o apoio do BCE para que Portugal se mantivesse fora dos constrangimentos de um programa de assistência financeira, no grupo da Espanha e da Itália, foi derrotada por uma coligação partidária que não se importou de atirar Portugal para a companhia da Grécia e da Irlanda na ânsia de satisfazer, de uma assentada, o protesto da extrema-esquerda parlamentar e a impaciência pelo poder dos partidos da direita.

Não deixa de ser irónico recordar, à distância de apenas um ano, que a opção de rejeitar o PEC IV foi feita em nome da recusa do aumento dos impostos, bandeira que depois deu lugar à fabulosa promessa de uma austeridade contra "as gorduras do Estado" e não mais "contra as pessoas". A verdade é que foi com este engodo fraudulento que o País trocou um programa exigente, mas moderado, de rigor orçamental por um muito mais penoso programa de austeridade, depois agravado pela absurda opção governamental de ir "além da ‘troika'". Um ano depois, os factos são estes: os impostos - os tais que não podiam aumentar - afinal, subiram todos e muito; as famílias sofreram cortes violentos nos salários, nos subsídios e nas prestações sociais; a recessão na economia agravou-se muito seriamente e o desemprego disparou, de 12,1 para 14,8%. Perante isto, o anunciado ponto final na ajuda externa, com o regresso aos mercados em 2013, parece cada vez mais uma miragem. Uma coisa é certa: desde as eleições que não se vê nenhum membro deste Governo voltar a repetir a promessa eleitoral de que acabou a austeridade "contra as pessoas".

Pedro Silva Pereira; Um ano depois

(Sem dúvida um dia para "comemorar", hoje e no futuro, porque lições a tirar não faltam.) 

quarta-feira, 21 de março de 2012

Orquídeas #2

Salepeira-grande [Himantoglossum robertianum (Loisel.) P. Delforge; sin.:Orchis robertiana Loisel. (basónimo); Barlia robertiana (Loisel.) Greuter]
(Local e data: Serra da Arrábida; 29 - fevereiro - 2012)

terça-feira, 20 de março de 2012

Orquídeas #1

Ophrys incubacea Bianca
(Local e data: Serra da Arrábida; 18 - março - 2012)
(Clicando, amplia)

segunda-feira, 19 de março de 2012

Falhas: por cá, é coisa que não há

Falhas é coisa que não faltou no primeiro plano de resgate da Grécia, reconhecem agora Jean-Claude Juncker presidente do Eurogrupo e o nosso bem conhecido Poul Thomsen, presentemente, chefe de missão do FMI, em Atenas.
Mas, vendo bem, falhas continuam a não faltar no segundo plano de resgate, pois o FMI alerta, à partida, para o perigo de  o resultado mais provável [vir a ser] uma recessão mais profunda e uma dívida muito mais elevada”, "se a implementação do programa não decorrer como o previsto ou se a economia demorar mais tempo do que o estimado a responder às reformas estruturais".
É muito "se" junto. 
Entretanto, por cá, vítimas da mesma receita que tão nefastos resultados produziu na Grécia, continuamos a suportar um grupo de fanáticos da austeridade que acham que o futuro do país está no empobrecer e que não recuam perante os custos do "custe o que custar",  mesmo quando estes estão já bem à vista. O país já não está só a empobrecer. Está a transformar-se, como diz o António Correia de Campos, na crónica citada no "post" anterior, num país de "zombies". E não sei se o mais grave é sermos um país pobre, se um pais de gente sem vontade.

Um país de "zombies"

"(...) Conquistado o poder, a racionalidade alterou-se. Já não seria necessário elaborar qualquer estudo [custo-benefício] porque tudo iria pelo cano de esgoto. Suspendeu-se o novo aeroporto, anulou-se a alta velocidade, encravou-se o túnel do Marão, as estradas ficaram nos toscos, cancelou-se o apoio às renováveis, suspendeu-se a renovação do parque escolar, congelou-se o hospital de Todos os Santos (Lisboa), suspendeu-se o regadio do Alqueva, congelou-se a construção de unidades para cuidados continuados, anulou-se a formação profissional das Novas Oportunidades: toda a energia governativa se concentrou no furor destrutivo, cada ministro ou secretário a desafiar os outros em capacidade punitiva. A sanha destruidora ainda não terminou, com a ajuda simpática de alguma imprensa tablóide orquestrada pelos comunicacionais da nova coligação.
O simplismo argumentativo do "não há dinheiro" substitui-se à anterior exigência de racionalidade na decisão; em vão se perguntará pelos estudos que levam à destruição de projectos, ao auto-de-fé de ideias, à negação da esperança. A resposta é sempre a mesma: "Não há dinheiro". E todos sabemos que ela é não só falsa como errada. Falsa porque há fundos externos por utilizar e já em pousio perigoso. Errada porque a negação representa perdas: em parte directamente monetarizáveis, como as indemnizações compensatórias por danos emergentes, as perdas de receita esperada como lucros cessantes, o desemprego, o tempo perdido, a retracção do investimento, a redução do crescimento das exportações, a redução da receita fiscal; bem como alguns intangíveis: a perda de iniciativa, a credibilidade atingida, a depressão dos agentes, a doença e a morte prematuras. Onde estão, então, esses estudos, os que levaram à anulação de projectos? Se não existem, quais os argumentos pelos quais forma dispensados? Quem responde, daqui a anos, pelo País de sombras e de zombies que se está a promover?
(...)"
António Correia de Campos; O custo-benefício (extracto) (in  "Público", edição impressa  de hoje)

sábado, 17 de março de 2012

Quanto mais retoca, mais borra

‘(…) Todos já vimos demasiado Cavaco para poder ignorar a sua biografia. Este é o homem que não é “político profissional” e que nada mais faz do que política há trinta anos, mas apenas a pensar em si próprio. Este é o homem que teve sempre a arte de aparecer nos momentos fáceis (dinheiros europeus ou vitória eleitoral garantida) e desaparecer nos momentos difíceis (a morte de Sá Carneiro, o primeiro resgate do FMI). O homem que nunca enfrenta os adversários em terreno aberto, mas só quando os sente enfraquecidos ou derrotados. O homem capaz de patrocinar, tolerar ou calar uma conspiração montada no seu palácio contra o primeiro-ministro em funções e depois vir queixa-se de deslealdade deste. O homem que protege os seus aliados, mas só enquanto eles não se lhe tornem inconvenientes. Um homem que, de facto, Sócrates não respeitava. Como Soares não respeitou, como não respeitam Passos Coelho ou Paulo Portas.
Miguel Sousa TavaresDiga ‘Sócrates’ e tudo se explica (Fonte)  

Quanto mais Cavaco se esforça por retocar o seu próprio retrato, mais borrada fica a pintura. O "celebrado" prefácio aí está para o comprovar.Literalmente, é uma "borrada".

segunda-feira, 12 de março de 2012

Que Zeus nos acuda!

É verdade que  o vírus da gripe tem andado por aí e também é verdade que acabou por chegar a estas bandas. À conta dele, já ninguém me tira seis dias de cama, com febre.
Devem ser efeitos ainda da febre, mas fazendo uma leitura em diagonal do que se tem passado nos últimos dias, no mundo da política, fico com a sensação de que estamos definitivamente entregues nas mãos de gente sem o menor sentido de responsabilidade. Ultrapassaram-se, quer ao nível da Presidência, que ao nível do governo, todos os limites do pensável, do admissível, em suma, do decente, pelo que começo a não ver como saímos desta situação. A ter continuação, isto ainda vai acabar mal. Muito mal.
Entretanto, que Zeus vos livre e guarde do vírus A (H3N2) que não é para brincadeiras!
Valete!

terça-feira, 6 de março de 2012

Uma nova e estranha espécie

Afinal, o ministro Álvaro dos Santos Pereira não concretizou a ameaça de se demitir, contrariando assim a hipótese avançada por alguma imprensa. Ficou a saber-se, depois do encontro entre Passos/Coelho e o ministro da Economia e do Emprego, que o "Álvaro" vai continuar "a agir para tornar a economia mais competitiva". Ao que é de supor, com os "excelentes" resultados que são conhecidos.
Contra a opinião do Prof. Marcelo que considerou  que  “seria mau para o Governo” se o ministro da Economia saísse do cargo e que “uma remodelação tão cedo seria um enfraquecimento” do executivo PSD/CDS-PP, parece-me a mim que a permanência do "Álvaro" no ministério da Economia e do Emprego não traz vantagens para ninguém. Nem para o ministro, salvo se ele já não tinha, ou ainda não tinha, lugar para onde ir, porque sai da provação ainda mais menorizado. Nem para o Governo, pois o mal estava feito, e continua a estar, depois de conhecidas as dissensões, que o fragilizam, sopradas para a comunicação social por alguém com assento no Conselho de Ministros, o que revela que a solidariedade no interior do governo é ainda menor do que a suposta pela existência de divergências. E, finalmente, nem para o país que viu confirmada a ideia de que à frente da Economia está alguém que não só não tem perfil para o exercício do cargo, como não passa dum ministro-faz-de-conta, satisfeito por sê-lo, o que é ainda pior. 
Diga-se, entretanto e neste interim, que nem toda a gente tem razão de queixa. Os humoristas continuarão a ter matéria em abundância para continuar a desenvolver a sua actividade e o mesmo se pode dizer em relação  aos biólogos. Com efeito, estes acabam de descobrir uma nova espécie que os deixou muito intrigados e que, por isso mesmo, vai ser objecto de um estudo amplo e aturado. É que a estranha criatura não possui esqueleto interno, nem exosqueleto e todavia caminha como um bípede.

Ministério Público: patrocínios, imagem e conjecturas

Por muito "altos" que tenham sido os patrocínios, exigidos, pedidos, ou oferecidos ao Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) para a realização do seu Congresso, eles não pagam, seguramente, a factura que esses patrocínios representam em termos de perda de credibilidade da própria magistratura do Ministério Público (Mº Pº). Mesmo que tais patrocínios não venham a pôr em causa, em concreto, a independência dos magistrados, ou de um só que seja, não é essa a mensagem que passa para a opinião pública. E se a imagem da magistratura do Mº Pº já não era boa, a atitude do SMMP não contribuiu em nada para a melhorar. Muito pelo contrário, o que aliás, vem na linha da actuação do SMMP que, sob a direcção do senhor Palma, tudo tem feito para a degradar, através, designadamente, dos constantes ataques de natureza política, dirigidos, quer à hierarquia do Mº Pº (que se mantêm) quer contra o Governo legítimo do país (que cessaram subitamente após a entrada em funções do actual governo).
A este propósito não deixa de ser estranho verificar que a sintonia actualmente existente entre o governo e a direcção do senhor Palma atingiu uma dimensão nunca vista, a ponto de se poder dizer que o SMMP passou a ser uma espécie de secção do partido da ministra da Justiça, precisamente numa altura em que os magistrados do Mº Pº sofrem às mãos deste governo, tal como os demais funcionários públicos, a par dos pensionistas, a imposição de sacrifícios também nunca vistos.
Como reparo que o senhor Palma se prepara para abandonar a presidência do SMMP, tendo já escolhido um "digno" sucessor, receio bem, até porque o seu discurso no Congresso permite essa leitura, que ele se esteja a preparar para mais altos voos, uma vez que se aproxima o final do mandato do actual Procurador-Geral da República. Isto tendo em conta a espécie de conúbio vigente entre SMMP e a ministra da Justiça. Esta hipótese já me assusta enquanto tal. Se ela viesse a concretizar-se estaríamos perante um verdadeiro escândalo e um autêntico ultraje infligido às instituições da República, porque, para não ir mais longe, a personagem não tem estatura para tão alto cargo. Espero que tal hipótese não venha a concretizar-se, mas lá que tenho medo, tenho.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A propósito de coragem

Entusiasmado ao ler esta crónica de Viriato Soromenho Marques, leitura que também se recomenda, em que o autor põe em relevo a coragem de Mariano Rajoy ao falar verdade e ao recusar "guerrear o seu povo para agradar aos seus homólogos, ou à burocracia de Bruxelas", estive quase a cometer a injustiça de considerar que a coragem que não falta em Madrid é coisa que não abunda em Lisboa.
E digo que estaria a cometer uma injustiça, porque, na verdade, coragem também não falta a Passos/Coelho que ainda hoje deu provas dela ao declarar que Portugal não vai seguir o exemplo de Espanha, no sentido de rever as metas do défice, recusando, do mesmo passo, ensaiar qualquer tentativa de renegociar taxas de juro mais baixas, porque "os empréstimos portugueses já têm uma boa taxa de juros".
Boa só será para os credores, acho eu, mas a frase revela que no caso de Passos/Coelho estamos a falar doutra espécie de coragem, ou seja, da coragem própria de quem é servil perante os poderosos, mas forte perante os fracos. Que, neste caso, constituem o povo por ele condenado a empobrecer, "custe o que custar".
Como os custos são já hoje mais do que evidentes para toda a gente e insuportáveis para muitos, forçoso é reconhecer que há, não só em Lisboa, mas em todo o país, um défice de coragem: a de correr com ele, antes que seja tarde.

Não se fique pela ameaça

Ó Álvaro, não se fique pela ameaça. Demita-se mesmo, se não quer ser visto como um capacho a que qualquer Gaspar pode limpar os pés. Gaspar ou Coelho.

Bons ventos de Espanha

A história ensina e o ditado confirma que "de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento". Os tempos, porém mudam e no caso da "decisão  soberana"  de Rajoy, que o PSOE apoiou (e bem) e de que já aqui falei,  não se pode dizer que sirva para confirmar o ditado. Muito pelo contrário. De facto, a recusa corajosa de Rajoy em aceitar a austeridade excessiva decorrente da observância rigorosa dos ditames do pacto  de estabilidade pode, na verdade, redundar em duplo benefício para Portugal: se, por um lado, a firmeza de Rajoy pode vir a ter a virtualidade de amenizar a rigidez da dupla Merkel - Sarkosy, donde colheríamos também algum proveito, por outro, a "decisão soberana", ao evitar que a economia espanhola enfrente uma recessão mais pronunciada, vai contribuir certamente para que o sector exportador nacional, que tem em Espanha o seu principal mercado, não encontre mais dificuldades logo do outro lado da fronteira.

domingo, 4 de março de 2012

Independência? Está bem, abelha!


Já se sabia que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público tinha, de há muito, activos parceiros na comunicação social. Agora, com a publicação desta lista de patrocinadores e de Media Partners, não só tal informação se confirma, como ficámos a saber que não só não recusa patrocínios, como, seguramente os procura e solicita. Pelo menos. Em nome de quê, não sabemos, mas ficou a conhecer-se qual é o conceito que tal sindicato tem de "independência". De ora em diante estão legitimados todos os patrocínios concedidos, seja por quem for, a qualquer outra classe profissional.  Não é assim, senhor Palma?
(Imagem daqui)

Também não está mal visto

"no Ministério da Economia talvez fique um guichet para registar as falências das empresas"
Digamos, na sequência do post anterior, que a expressão acima citada, atribuída a Francisco Louçã, não é mal vista, não senhor.

"Teimoso que nem um burro" ou "burro que nem uma porta"?

Duvido que ainda haja aí alguém, com dois dedos de testa, incluindo os muitos que aplaudiram a constituição do governo "mínimo" que Passos/Coelho andou a congeminar durante uns meses, que continue a considerar como uma boa solução a concentração no ministério da Economia e do Emprego,  entregue à responsabilidade de Álvaro dos Santos Pereira, sectores tão diferentes como a economia, o emprego, os transportes e a energia e de juntar num mesmo ministério,  entregue  a Assunção Cristas, a gestão da agricultura, do mar, do ambiente e do ordenamento do território, pois para tal concentração não se encontra nem lógica, nem justificação. E também não creio que alguém considere ainda que as individualidades escolhidas seriam as pessoas indicadas para arcar com tamanha responsabilidade, pois é óbvio que Santos Pereira, sendo um académico, não tinha, no entanto, qualquer experiência de gestão compatível com as exigências requeridas pelo super-ministério, nem, expatriado que era, tinha grande contacto com a realidade do país e que Assunção Cristas, para além de não ter experiência de gestão, também não tinha, nem tem, qualquer preparação em relação às áreas que tutela. 
Que tenhamos, em consequência, vindo a assistir à transformação dos dois super-ministros em alvos fáceis de risota, não espanta ninguém: Álvaro dos Santos Pereira, em termos de imagem, passa por ser o ministro da bandeirinhas e dos pastéis de nata e Assunção Cristas é a ministra das gravatas, ou antes, da ausência delas. Culpa de um e doutra, sem dúvida, já que a imagem que se lhes colou é fruto de iniciativas de um e de outra,  mas a responsabilidade maior é, sem dúvida, de quem concebeu uma estrutura de governo não funcional e de quem escolheu aquelas pessoas: Passos/Coelho, obviamente. Este, que não é tão burro quanto o título pode indiciar, já se apercebeu que meteu o pé na argola e que o governo por ele engendrado não tem modos de funcionar. Todavia, como tem mais de teimoso do que de burro, não dá a mão a torcer e em vez de proceder a uma reestruturação da orgânica do governo e, em consequência, a uma remodelação, anda, por caminhos ínvios, a levar a cabo uma remodelação encapotada traduzida, para já, na constituição de equipas ou grupos de trabalho a quem é entregue a responsabilidade por sectores integrados no âmbito da competência do ministro Álvaro dos Santos Pereira. É o que se passa com o acompanhamento das privatizações, as renegociações da parcerias público-privadas, a reestruturação do sector empresarial do Estado e a coordenação do programa de emprego jovem atribuída a Relvas (este sim um super-ministro que toca em tudo) e o mais que adiante se verá. O ministro da Economia e do Emprego, por este andar, qualquer dia mais não faz do que passear-se pelos corredores. O ministério de Assunção Cristas, até agora, ainda não sofreu qualquer esvaziamento, mas não é, seguramente, porque esteja a funcionar. Não é preciso ter grande  imaginação para supor que tal se deve apenas e só ao facto de  Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros em parte incerta e líder  do CDS, não estar pelos ajustes.
Não se vê que linha de pensamento ou que estratégica está na base desta remodelação encoberta, tão avulsas e descoordenadas são as medidas tomadas. O que mais parece é que é tão só fruto da teimosia e da burrice e como tal é de esperar que venha a dar maus resultados. Aliás, já está a dar: a última reunião do Conselho de Ministros, ao que conta a comunicação social, transformou-se numa barafunda, com o ministro Álvaro dos Santos Pereira a contestar, com o apoio de vários ministros, a transferência da gestão dos fundos do QREN para a tutela do ministro Gaspar. Para já e por aqui fazem-se votos para que a próxima reunião não termine à batatada.
No meio de toda esta confusão só não compreendo como é que Álvaro dos Santos Pereira, perante tantas e reiteradas desautorizações e provas de falta de confiança, ainda não tomou ele a iniciativa de bater com a porta. Não imaginava, depois de assistir às suas aguerridas intervenções no Parlamento, que tivesse tão "boa boca". Porventura é só mais um que é forte com quem está na mó de baixo e fraco em relação a quem está na mó de cima. Há por cá muita gente dessa estirpe.

sábado, 3 de março de 2012

A gripe P

Enquanto especialistas em saúde pública e os serviços oficiais se digladiam com argumentos sobre as causas que estão na origem do anormal (por elevado) número de mortes, nas últimas semanas, defendendo aqueles que entre elas figuram a "perda de rendimento das famílias e o aumento brutal das taxas moderadoras", ao passo que os serviços oficiais entendem que não senhor, que a culpa é do  vírus A (H3N2), que entretanto sofreu umas pequenas alterações, certo é que a gripe P (de pobreza*) está em franca expansão. Quem o afirma é a Caritas: os pedidos de ajuda aumentaram 40% desde novembro, a um tal ritmo que que já existem "listas de espera" no atendimento.
(*Desculpa, Carlos, mais esta apropriação.) 

Um político medíocre

Se Mariano Rajoy, chefe do Governo espanhol, geralmente considerado como um político medíocre, é, no entanto, capaz de bater o pé à União Europeia e tomar a "decisão soberana" de reduzir o défice em 2012 para 5,8%, mandando às urtigas os 4,4%, impostos pelo pacto de estabilidade, que dizer do individuo que anda por cá a fazer de primeiro-ministro e que se mostra  incapaz de largar as saias (ou as calças) da senhora Merkel?
Verdade se diga que, se calhar, o facto do povo espanhol não falar português também explica muita coisa. Inclusive a "decisão soberana" de Rajoy, em Espanha e o "custe o que custar" levado à prática por Passos/Coelho, por cá. Porventura, digo eu.

Nem sei que te diga, "Álvaro"

De verdade que não sei, "Álvaro", mas os parceiros sociais estão a dizer-te que o programa de combate ao desemprego jovem não passa dum paliativo que não resolve o problema.
E também não sei dizer-te o quanto lamento que a Comissão Europeia não esteja disposta a alargar os cordões à bolsa para avançar com quaisquer outras verbas para o programa, além das já atribuídas no âmbito QREN e que terás reafectar, se, para tanto, tiveres engenho e arte. Do que duvido e, com esta deixa, passo a outro ponto para dizer que não sei dizer-te o quanto, como português, me sinto envergonhado por ter sido preciso ter vindo de Bruxelas uma equipa para ajudar o governo do meu país a desenhar o tal programa.
Como é possível, "Álvaro", sujeitar-se o governo do meu pais a uma tal vergonha? Eu não respondo, que não sei dizer. Pergunto.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Não há dinheiro?

Olá se há. Para o que eles querem, há.
Ora veja se não há: 
"O Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva Monteiro, autorizou o pagamento de 4,4 milhões de euros à Lusoponte para compensar a empresa pela não cobrança de portagens na Ponte 25 de Abril. Isto, apesar de saber que a isenção em Agosto neste trajecto acabou o ano passado e que a Lusoponte ficou com o dinheiro das portagens - as receitas de todas concessões rodoviárias são das Estradas de Portugal. Assim, a empresa recebeu duas vezes."

(imagem e transcrição daqui)

Esperança têm eles muita

É muita esperança junta, mas Cavaco, nesta matéria, bate Passos, claramente, aos pontos. De facto, Cavaco consegue mesmo ter alguma esperança que os resultados  no ano de 2012 sejam melhores do que as previsões avançadas”, quando estas já foram ultrapassadas pelos dados conhecidos referentes a janeiro. 
Manter tanta esperança em carteira, nestas condições, não está ao alcance de qualquer um.
Perante isto, não se pode dizer que as coisas estão a correr a mal por haver falta de esperança nos corredores do poder. O que se passa é exactamente o contrário: o produto esperança que, como se sabe, é um produto escasso foi objecto de uma tal procura e açambarcamento por parte dos inquilinos dos palácios de S. Bento e de Belém que já não sobrou esperança para mais ninguém.

O preço da palha

O preço da palha está pela hora da morte, pois aumentou 20% em menos de um fósforo.
Uma dúvida, no entanto, andar no ar: a causa será a falta de chuva ou o aumento exponencial do número de burros?
Certo, certo é que os fardos de palha estão a ter muito mais saída do que os pastéis do "Álvaro". Conto que este, que já tem muito pouco com que se entreter, tome a devida nota. Quem sabe se o negócio de franchising deste produto não tem condições para vir a obter muito maior sucesso do que o dos pastéis? Este já se sabe que foi mais um fiasco do "Álvaro". O dos fardos de palha, quem sabe?

Esta gente não tem nada a ver com isso

Disse ontem o "Álvaro" que o desemprego dos jovens, que já vai na casa dos 35%,  é uma epidemia europeia. ("Epidémico", disse ele e não "epidérmico" como, inicialmente, se escreveu no Jornal de Negócios. O homem anda perdido lá pelos corredores, sem saber o que fazer e, daqui a pouco, sem nada que fazer, mas ainda não chegou a ponto de fazer tamanha confusão entre palavras quase homófonas.) 
O desemprego dos menos jovens, se não é fruto da mesma ou de outra epidemia, é forçosamente culpa da herança deixada por Sócrates, sendo que  no tempo deste não havia "epidemias", como bem se sabe, pois a crise nasceu precisamente no dia em que o actual governo agarrou o "pote". A acção deste governo, a austeridade do tipo "custe o que custar" é que não têm nada a ver com isso. 
Ontem mesmo tive a oportunidade de obter nova confirmação ao ouvir o excelentíssimo ministro Relvas em animada cavaqueira com o não menos excelentíssimo jornalista Crespo, com este a puxar à corda e aquele a não se fazer rogado, fazendo uma parelha a todos os títulos excelentíssima.
E, claro que  a desconfiança dos mercados também não é culpa deles. Neste caso, seguramente, a culpa é de avarias nas comunicações. 
A falta de confiança dos consumidores e a dos empresários que não investem é culpa dos próprios que não vêm a vela ao fundo do túnel.
A austeridade decretada por eles também não é culpa deles. Ou é da troika, mesmo quando decidem ultrapassar as medidas resultantes do memorando, ou é, uma vez mais, do Sócrates, que assinou o acordo, pouco importando que eles próprios tenham participado nas negociações; que Sócrates o tenha feito na situação de demissionário, coagido por eles e por Cavaco, que tudo fizeram para não lhe deixar outra saída que não fosse a que há muito reclamavam.
Deles é que nunca é a culpa. Inventam sempre um bode expiatório.
Pergunto: quem não é capaz de assumir as suas próprias responsabilidades, é o quê? Irresponsável ? Não me digam!

Com este "examinador" o governo tinha grandes probabilidades de "chumbar"

Dizem por aí  os actuais governantes, todo ufanos, que, na avaliação ora feita pela troika, o governo obteve nota positiva. Sorte a deles em terem tido como examinadores os co-autores do programa e, ao mesmo tempo, os responsáveis pela elaboração da prova. Se Abebe Selassie, o novo chefe da missão do FMI para Portugal , mantiver a opinião de que "Se a solução for cortes e mais cortes não vai funcionar", não perdem pela demora.
O mais certo, porém, é que o provável "chumbo" já não venha a tempo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ora meta lá a mão na consciência!


Cavaco Silva tem esperança em que os resultados de 2012 sejam melhores do que as previsões

Cavaco Silva, a crer nas suas palavras, está assustado com as previsões sobre o desemprego, embora, ao que parece, não tanto com os dados já conhecidos, que ultrapassam aquelas, pois que a estes se não refere.
No entanto, se ele metesse a mão na consciência, mais que assustado deveria estar arrependido. É que tem mais do que razões para isso. Pode ser que, com o tempo, ainda venha a ser forçado a chegar a tal conclusão. Isto espero eu, que ele, por enquanto, tem “alguma esperança que os resultados no ano de 2012 sejam melhores do que as previsões avançadas”. Os resultados futuros, suponho, porque os já conhecidos não só não são de molde a alimentar tal esperança, como nem sequer a consentem.

Golpes e pantominices

O número dos desempregados em Janeiro (14,8%, segundo o Eurostat) é só por si assustador, para lá de ser, em primeira mão, uma desgraça sem nome para os portugueses que se encontram nessa mais que infeliz situação. Porém, o que mais assusta é a progressão a que se assiste, em relação ao número de pessoas desempregadas bem visível no facto de, num só mês, a percentagem ter subido de 14% para 14,8% e de este número suplantar já em três décimas a previsão do governo passista para o final do ano (14,5%). 
De facto, estes números apontam precisamente em sentido contrário: com o desemprego a galopar desta forma, tendo como dupla e brutal consequência a diminuição da receita do Estado, por queda da cobrança do IRS e do IVA e o aumento da despesa, por via do aumento do montante global dos subsídios de desemprego, é difícil não antever que a espiral da recessão está mesmo ao virar da esquina.
Enquanto isto, os autores do golpe dos idos de março (do ano passado) na fracção "abençoada" pelos eleitores em junho (do mesmo ano)  deslumbrados com a nota "positiva" da "troika", continuam apostados na política de austeridade "custe o que custar". E, para fazer face ao desemprego, entretêm-se a anunciar umas quantas pantominices cujo resultado, com a economia a decrescer, só pode ser o de aumentar a despesa sem nenhum outro benefício que não seja o de proporcionar aos seus promotores mais umas tantas oportunidades para fazerem propaganda.
Alguém falou já em golpistas e pantomineiros?

Mais dois mil milhões de razões

Tendo em conta toda a encenação feita por Alberto João Jardim, no seguimento da descoberta do "buraco"  nas contas públicas da Região Autónoma da Madeira,  o convite endereçado ao dito cujo para ser um dos mandatários da recandidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, só pode ser encarado como altamente surpreendente. 
Soube-se hoje, no entanto, que há, pelo menos, mais dois mil milhões de razões para a surpresa ser maior ainda. Com efeito, sabe-se agora que a dívida global da região da Madeira que, segundo o antes anunciado pelos governos da Madeira e da República andaria pelos 6328 milhões de euros no final de Junho passado, vai ultrapassar a barreira dos 8000 milhões.
Mas tudo tem, afinal, a sua explicação e, neste caso, é o próprio Alberto João quem se prontificou a apresentá-la: “É uma altura de unidade partidária e foi por essa razão que eu aceitei ser o mandatário do líder nacional do partido”. 
Perante isto e se nos recordarmos que Alberto João não vai ter que pagar, até ao final do seu actual mandato, nem um tostão do empréstimo concedido pelo governo presidido por Passos para cobrir as loucuras do líder da Madeira, será ainda preciso explicar como funciona uma pandilha?

QI

QI, na versão de Ferreira Fernandes, hoje, no DN:
"Há dias, Eduardo Catroga disse uma coisa extraordinária. Tendo sido escolhido para presidente da EDP, explicou a decisão, assim: "Eu era um candidato natural". Na mesma altura, estando eu em Angola, li num jornal local a entrevista também extraordinária de um empresário. Perguntado sobre qual a refeição mais cara que teve, o empresário respondeu: "Ainda há dias, num almoço em Amesterdão, uma garrafa de vinho custou-me 1500 dólares." Qualquer candidata a Miss Mundo saberia dizer que se tivesse esse maço de notas dá-lo-ia a um hospital pediátrico... O despudor do empresário angolano era de quem ignora tudo da política (isto é, da relação de cada um com a gente à volta) a ponto de acirrar os que têm muito pouco e justamente se ofendem com a arrogância dos poderosos. O caso de Catroga é politicamente parecido. Em Portugal há escândalos recorrentes com o termo "boys". Daí as nomeações, que deveriam ser sempre na base da competência (o que é o caso Catroga/EDP), exigirem também discrição política. Ora alguém achar-se "candidato natural para a presidência da EDP" é um estardalhaço desnecessário e arrogante que não pode senão excitar indignações. Recorro ao imaginativo falar luandense para mostrar que ninguém se deixa enganar. Por lá se explica o que leva alguém a conseguir um alto cargo: "Esse tem um grande QI!" E não, não se referem a Quociente de Inteligência, mas sim a ter um grande e poderoso Quem Indicou."
(Bold meu)

"Ajustar"

A economia portuguesa, diz o Moedas, está a "ajustar rapidamente". Mal sabia (ou sabia bem demais) quão rapidamente está a "ajustar", com o desemprego a atingir, em Janeiro, os 14,8%, ultrapassando o número previsto pelo governo para o final do ano (14,5%). A esta velocidade já não sei onde é que isto vai parar, mas finalmente compreendi o discurso do Moedas e do governo. "Ajustar" é bater no fundo.
PQP. (Leia-se: Pois que partam!)