sábado, 30 de junho de 2012

Um boneco

Santos Pereira
Se havia dúvidas sobre a personalidade do ministro a quem neste governo cabe a tutela da economia, do emprego, dos transportes e da energia, as peripécias à volta da eleição da nova administração da Metro do Porto são suficientemente esclarecedoras para as remover de vez. Dispenso-me de estar aqui a esmiuçar o lamentável episódio, porque o leitor, lendo esta notícia, tem à disposição matéria suficiente para julgar por si. Quanto a mim, atendendo ao que se passou, o ministro Álvaro não passa de um boneco que, pelos vistos, permite que o manipulem, desde que lhe permitam ficar em pé.
E também é verdade, sim, que há no governo alguém (falta saber quem) que não hesita em dar-lhe o tratamento de boneco.
 Fico, no entanto, sem saber o que é pior: se a permanência dum ministro "faz de conta" no governo; se a existência de alguém que no governo se entretém a mexer nos cordelinhos. No primeiro caso, bem se pode dizer este governo é uma casa de bonecos; no segundo, que o governo é uma loja de brincar. E francamente não sei qual das duas possíveis alternativas é a melhor.
(Imagem daqui)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vaias e pedras

É verdade, as vaias regressaram em força e já nem sequer poupam Cavaco, situação impensável em mandatos de anteriores Presidentes da República que sempre foram respeitados pelas populações visitadas que mais não fosse pela dignidade das funções por eles desempenhadas. Em relação a Cavaco, pelos vistos,  já nem a dignidade formal da função o livra de apupos, porque, definitivamente, ao que parece, perdeu, por culpa própria, o respeito das populações.
Se não sabia, a ministra da Justiça também ficou a saber o que são vaias, violentas, segundo a notícia, e mais graves ainda se se atender ao facto de nelas terem participado autarcas contestantes do mapa judiciário que, no entanto, podem invocar a atenuante de a ministra se ter recusado a receber dos autarcas um documento contestando a revisão do novo mapa judiciário.
Mais preocupante, a meu ver, porque sinal de que as vaias se estão a tornar uma moda e vieram para ficar é o facto de até um ministro insignificante, como o "Álvaro", ter sido alvo de vaias, durante uma visita à Covilhã.
Diga-se que alguns dos vaiados estão agora a receber de volta as vaias que promoveram, incentivaram ou aplaudiram durante a vigência dos governos de Sócrates, provando-se assim, uma vez mais, que com vaias e pedras todo o cuidado é pouco: uma vez lançadas ao ar, nunca se sabe em que cabeças é que irão parar.

Pior era difícil

Graças à austeridade do tipo "custe o que custar", o governo de Passos/Coelho conseguiu fechar os três primeiros meses do ano com um défice de 7,9% do PIB, acima do registado no período homólogo de 2011, muito longe, portanto, da meta dos 4,5% previstos para este ano. São números que os últimos dados conhecidos da execução orçamental já permitiam antecipar, com as receitas fiscais a cair 3,5%, até maio, quando no Orçamento do Estado rectificativo, o Executivo de Coelho, Gaspar, Portas & Cª previa um crescimento de 2,6% para o conjunto do ano. E a verdade é que estes números nem sequer são verdadeiros, pois são bem piores. De facto, os números da execução orçamental, pelo menos pelo lado da receita,  estão mascarados através da "habilidade" de os reembolsos do IRS não estarem a ser feitos atempadamente e através do expediente traduzido no agravamento das tabelas de retenção do IRS, agravamento que se traduz na retenção do imposto muito para lá do devido, a manterem-se as regras em vigor. Não quero jurar, porque a minha memória já não é o que era, mas, se bem me lembro, o agravamento da retenção, no caso dos pensionistas abrangidos pelo corte dos subsídios de férias e de Natal vai ao ponto de considerar como recebidos tais subsídios para cálculo da retenção. Mais uma enormidade, convenhamos.
Sendo assim, fazer pior que este governo era difícil. Tudo indica, na verdade, que caminhamos para um desastre de proporções tais que nem os mais pessimistas imaginavam. E tanto assim é que até aos fervorosos apoiantes governamentais já restam poucas dúvidas de que o governo não vai conseguir atingir a meta do défice previsto para este ano, o que, a verificar-se (e estou certo que assim será) significa que este governo de fundamentalistas austeritários  nem sequer vai conseguir a sua principal aposta que era a consolidação orçamental.
Por alguma razão, de Coelho, não rezam  as crónicas sobre a reunião dos líderes da UE. De facto, ao fiel lacaio da senhora Merkel, numa altura em que, por pressão da Itália, da França e da Espanha,se tomam decisões em contrário ás opiniões da dita senhora, só resta ficar calado e "meter o rabinho entre as pernas", à espera que, em devido tempo, lhe "passem a mão pelo pêlo". Tempo que já não vem longe, pois no final do ano se confirmará que a política de austeridade "para além da troika" vai traduzir-se num completo desastre, não restando a Coelho outra alternativa que não seja a de vestir a pele de pedinte de novas ajudas. Falta saber se a senhora Merkel, apesar do servilismo do pedinte, estará pelos ajustes.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Não vai a bem, vai a mal !

É o mínimo dos mínimos. O escrutínio, pela Assembleia da República, da actuação do ministro "Escalracho"*, no caso Relvas/Público, é agora, depois da deliberação "faz de conta" da ERC, mais justificado do que nunca.
(Explicação do termo:  aqui)

Lição demasiado exigente para deputado bronco

Apesar da excelente e espontânea lição (de política e até de educação) dada pelo deputado do PS, Pedro Silva Pereira, de que este vídeo é prova, estou em crer que o deputado do PSD, Adão e Silva, a quem, em primeira linha, era dirigida a lição, dificilmente terá aprendido alguma coisa. Manifestamente, é demasiado bronco para aprender seja o que for. Não é caso único na bancada do PSD, mas este, pela frequência das suas intervenções, dá demasiado nas vistas. E a propósito devo dizer que ao ver o deputado Adão e Silva a falar, durante a sua idiota intervenção, ao lado do líder parlamentar do PSD, surgiu-me a dúvida sobre se este não será tão bronco quanto aquele. Será que não é?
(via)

Mais do mesmo

E ainda dizem que os idiotas que nos (des)governam não têm ideias! Olá se têm: em matéria de cortes em tudo o que cheire a prestações sociais, eles até são uns "barras"!
Como, uma vez mais, se comprova.

sábado, 23 de junho de 2012

O Escalracho

 Gramínea nociva às searasGramínea, vivaz, infestante; e  Relva muito resistente; é como os dicionários definem o escalracho, pondo em relevo duas características da espécie: a nocividade e a resistência, características que assentam que nem uma luva ao ministro Relvas. Que ele é resistente já o tínhamos ficado  a saber quando Passos/Coelho,  em pleno hemiciclo de São Bento, se apresentou a defender a sua actuação no caso Relvas/"Público". Que ele é nocivo, di-lo esta sondagem, segundo a qual 48,9% dos inquiridos se pronunciam a favor da sua saída do governo, contra a opinião de 24,7% que entendem que se deve manter no lugar.
Apesar de tudo e contra a opinião da maioria dos inquiridos, Passos/Coelho não "arranca" Relvas do governo. Porquê? Entre muitas outras possíveis explicações, satisfaço-me com esta:  é que o "escalracho", não obstante ser considerada como relva daninha também tem propriedades que a tornam indicada para (...) ou zonas públicas
O que é que acham?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Fumou, mas não inalou"

Por três votos a favor e dois contra, conclui a ERC que o ministro Relvas não exerceu “pressões ilícitas” sobre o "Público" nem sobre a jornalista Maria José Oliveira.
Nem comento a seriedade da deliberação da ERC, nem a probidade de quem a votou. Basta-me, para infirmar uma e outra, a  declaração de voto de Alberto Arons de Carvalho que o leitor interessado pode ler aqui
Permito-me, no entanto, acrescentar uma nota sobre a magna "jurisprudência" implícita nas declarações prestadas ao "Público" (acessíveis na edição impressa do jornal) por Carlos, o Magno, segundo o qual "houve uma pressão inadmissível mas não uma pressão ilícita", expressão que me faz lembrar a do outro que dizia que "fumou, mas não inalou" e que demonstra a "grandeza" de quem, sendo presidente da ERC, a formulou.

sábado, 16 de junho de 2012

O cúmplice


Se Passos/Coelho é o cangalheiro, António José Seguro, ao considerar "que a moção de censura anunciada pelo PCP é inoportuna", dando a entender que o PS não votará a favor da moção assume definitivamente o papel de cúmplice da política de desastre prosseguida por este governo. É que a sua alegação de que o país não pode enfrentar uma crise política não é séria. De facto, dispondo o governo de apoio parlamentar maioritário, o risco de a moção desencadear uma crise política é absolutamente inexistente.
Para justificar o voto contra ou a "abstenção violenta", desta vez, Seguro terá que se esforçar um pouco mais. Isto, se quiser que o PS seja considerado como um partido de oposição a sério.
(imagem daqui 
(Reeditada)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O cangalheiro

No debate quinzenal, Francisco Louçã perguntou a Passos/Coelho: Como é que se sente como cangalheiro da melhor maternidade de Portugal?”
A pergunta tem toda a razão de ser, mas, em boa verdade, Louçã poderia ter ido bem mais longe, pois Passos/Coelho não é só o cangalheiro da "melhor maternidade de Portugal". Louçã, bem podia atribuir-lhe o título de cangalheiro do país. Os passos já dados por Passos/Coelho no caminho do (por ele) prometido empobrecimento bem justificariam o título.
(notícia e imagem daqui

terça-feira, 5 de junho de 2012

O supranumerário


Perante os persistentes silêncios de Cavaco - vai longe o tempo dos "famosos" avisos - já havia quem tivesse dúvidas sobre se ainda morava algum inquilino no Palácio de Belém. 
Dúvidas injustificadas, diga-se, porque, se Cavaco se tem mantido em silêncio, tal se deve, tão só e apenas, ao facto de ainda se encontrar a recuperar do recente e longo périplo por Timor, Indonésia, Austrália e Singapura, terras por onde não quis ficar, apesar de múltiplas sugestões nesse sentido. Incluindo a minha.
E, finalmente, dúvidas removidas com a fotografia supra, onde Cavaco aparece a receber em Belém uma camisola da selecção nacional de futebol, com o seu nome estampado e, muito justamente, sem número, como é adequado a um supranumerário. Cavaco, sem número na camisola, vai ter que ficar a jogar por fora. E muito bem, digo eu, porque isso é, precisamente, uma das suas muitas especialidades. 

Tudo conforme com as "expectativas"

A execução orçamental do primeiro quadrimestre deste ano correu mal, com a receitas a diminuírem  e as despesas a aumentarem, com um comportamento inverso ao previsto e orçamentado? Pode ser, mas    respondem, em coro, Passos/Coelho e Gaspar, nada disso está fora das expectativas do governo.
Em março, assistiu-se a um abrandamento nas exportações? Parece que sim, mas o responsável da AICEP, Pedro Reis, já tem resposta pronta: o abrandamento era "expectável".
Este gente, por contraditório que possa parecer, é capaz de ter razão. Apostando no pior, todos os resultados que fiquem aquém, são "expectáveis", quando não são mesmo dignos de celebração.
Até o desemprego que, no dizer de Relvas, o ministro morto-ressuscitado-até-ver, tirava o sono ao governo, está dentro das expectativas. Se as coisas, neste domínio (como noutros) correrem mal, como tem vindo a acontecer, sobem-se as expectativas. Foi aliás, o que o governo acabou de fazer ao estimar que o desemprego  possa vir a atingir 16%, em 2013. E fez bem, pois evita assim que a equipa da Comissão Liquidatária (vulgo, governo) ande por aí com olheiras de gente mal dormida.
Entretanto, valha-nos Zeus, apesar de Passos/Coelho andar por aí a apregoar que "Os portugueses já não estão perante o abismo com que nos defrontámos há praticamente um ano atrás". E volta a ter razão: "os portugueses já não estão perante o abismo". Graças a ele e à sua equipa, já lá caíram. E, como é bom de ver, não será graças a Zeus, a quem acabo de dirigir um apelo, que de lá sairão.

"Eppur si muove"

Devagar demais para o meu gosto, mas a popularidade dos partidos da Comissão Liquidatária (vulgo, governo) parece estar, finalmente e de acordo com esta sondagem, em queda.
A austeridade não tem feito grande mossa aos actuais governantes o que, de algum modo, pode ser explicado pelo facto de terem conseguido sacudir a água do capote em direcção a terceiros. Até agora. O que terá mudado, entretanto? No domínio das suposições, avanço com a hipótese de, finalmente, os portugueses terem compreendido, na sequência dos episódios Relvas/Secretas, Relvas/Público, que estão a ser governados por um relvo-dependente em tal grau que, nesta altura, estamos sem saber quem é o quê e quem manda em quem.

domingo, 3 de junho de 2012

No "bom" caminho...

Hoje em dia é praticamente impossível um país desenvolvido, como, apesar de tudo, nós somos, andar a competir com os países muito mais pobres do que nós, com níveis de rendimento e, portanto, de salários muitíssimo baixos”; 
 Se o nosso nível de competitividade quer ir para esse lado, isso significa que, então, nós nos estamos a candidatar a passar para o Terceiro Mundo, se não para o quarto.