quinta-feira, 6 de junho de 2013

Orgulhoso e sem medo

Apesar das muitas malfeitorias que diariamente lhe são creditadas, Passos Coelho está orgulhoso da obra feita como primeiro-ministro em (dis)funções. Com franqueza, não consigo descortinar uma só razão para tanto orgulho, mas Sérgio Lavos, muito mais arguto do que eu, encontrou nada mais, nada menos do que 19 motivos para justificar o "orgulho" do disfuncional primeiro-ministro, motivos que se deu ao trabalho de anotar neste texto, cuja leitura vivamente recomendo, pois, não tendo, porventura, esgotado o tema, é mais que suficiente para se poder formar uma opinião. O que eu poderia dizer sobre o tema não adianta nem atrasa, pelo que, quanto ao "orgulho" de Coelho, fico-me por aqui.
Não me dispenso, no entanto, de alinhar umas quantas palavras sobre os medos ou não medos do figurão.
E começo por dizer que compreendo perfeitamente que Coelho não tenha medo dos portugueses, embora a  sua afirmação pareça contrariar os factos, pois, se não tem medo, mal se compreende que ande rodeado de farta segurança, para qualquer sítio aonde vá. 
Em todo o caso, apesar das preocupações com a sua segurança, o facto é que Coelho não tem razões para ter medo dos portugueses. Estes, na verdade, já imenso tempo que não fazem mal a uma mosca e, logicamente, menos razões têm para fazer mal a um mosca-morta, pois não passa de um pau-mandado.
Pelo contrário, já me causa alguma perplexidade a afirmação de que não tem medo do julgamento dos portugueses. Na verdade, uma tal confiança, a meu ver, só pode ter duas possíveis explicações: ou Coelho é um perfeito inconsciente e como tal incapaz de se dar conta  de que a sua política só tem conduzido o país para uma situação de desastre, ou então, está convencido de  que lhe basta alegar que a sua acção se ficou a dever  ao fundamentalismo ideológico que o afecta (fundamentalismo que, como qualquer outro, causa  graves danos à lucidez de quem sofre de tal distúrbio) para garantir um veredicto de inimputabilidade.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

"Portugal não é a Grécia".

O FMI acaba por dar razão ao (des)governo de Passos, Gaspar, Portas & Cª quando este proclama que "Portugal não é a Grécia". Erros grosseiros cometidos pelo FMI  na forma como lidou com a crise da dívida, só na Grécia.
O desastre causado em Portugal pela política de austeridade, é apenas devido à sobredose aplicada pela troika formada por Passos, Gaspar & Portas, com a bênção de Cavaco.
(Des)honra lhes seja feita!

Haja circos!

Pois, segundo é voz corrente, palhaços sem emprego adequado é algo que, pelos vistos, cá não falta.

Valha-lhes a Letónia!

Um bom exemplo, considera Olli Rehn, comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros,  segundo o qual, "a experiência da Letónia mostra que um país pode ultrapassar de forma bem sucedida os desequilíbrios macroeconómicos, mesmo severos, e emergir mais forte".
Portugal, o bom aluno de outrora, ainda vai ser uma grande Letónia. Haja fé, quer dizer o Rehn. E é preciso mesmo muita, porque, por cá, com os números a desmentir a propaganda, se a fé é pouca, a esperança é  já nenhuma.

Megalomanias

Como se prova, com os resultados que, de resto, estão bem à vista: 
Com tais resultados, que mais será necessário para "desterrar" este napoleãozinho, com pretensões a passar por uma espécie de Thatcher com calças, levando consigo o resto da companhia?
É preciso topete e não ter noção do ridículo!
(reeditada)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Por montes e vales (12)

Literalmente, por montes e vales, ao longo das arribas entre o Cabo Espichel e as proximidades de Sesimbra, não só para apreciar a beleza da paisagem,...





... mas também para encontrar algumas raridades da flora portuguesa, como a Convolvulus fernandesii (v. infra), espécie que como planta espontânea se não encontra em nenhum outro lugar do mundo, nem sequer noutro local do território português. É pois um endemismo nacional confinado a estas arribas entre o Cabo Espichel e Sesimbra,...

ou esta Withania frutescens (imagem infra) que não sendo um endemismo português, também só se encontra, em Portugal, por estas paragens,

Além de outras, como este Cardo-coroado  (Atractylis cancellata subsp. cancellata) (imagens infra) que não sendo uma raridade, também não é muito fácil encontrar.


***
Andar por montes e vales tem ainda uma outra vantagem não despicienda: dispensa-me de ouvir as lérias dum Passos ou dum Portas e os "avisos" de Cavaco, pois já não suporto, nem lérias nem avisos. Felizmente, Cavaco há já uns tempos que não abre a boca.
(Clicando nas imagens, amplia)

domingo, 2 de junho de 2013

Por montes e vales (11)

Passando por Arronches...

(Vista panorâmica)

Frontaria da igreja matriz (monumento nacional)

(Vista lateral)

(Igreja matriz - pórtico principal - estilo renascentista)

(Igreja matriz - pórtico lateral - estilo manuelino)

(Fontanário)

Com o Caia a banhar-lhe os pés...

Uma voz no deserto?

"(...)
Num tempo em que o País desespera por uma ideologia alternativa à austeridade cega e violenta, por um compromisso que nos devolva ao crescimento e à criação de emprego, por um programa que nos retire da espiral de empobrecimento, por um ideal que preserve o Estado social e a dignidade de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira, os partidos da esquerda persistem teimosamente na luta de coutada.
E foi também contra esta forma de intervenção política, hesitante e oportunista, que António Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, se insurgiu na derradeira intervenção do encontro promovido por Mário Soares. O apelo à renovação dos partidos e da política, o imperativo de criação de uma alternativa à austeridade que, "de ciência certa" não o é, a indignação contra a precariedade laboral, "cancro para o desenvolvimento económico", ou o combate ao desemprego jovem que é "a morte a prazo da sociedade", fazem parte de um manifesto de cidadania obrigatório.
Do que se trata, como bem disse Sampaio da Nóvoa, é de um novo combate pela liberdade, mas também pela soberania. Um combate que não é compatível com a prática da mão estendida perante uma Europa de que fazemos parte de pleno direito. Porque "não podemos perder a pátria nem por silêncio nem por renúncia". Porque, de facto, e como canta o Sérgio Godinho, "só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação". Tudo aquilo que, em nome da troika, está ameaçado.
António Sampaio da Nóvoa foi, na Aula Magna, pela lucidez e pela coragem, pela proposta e pela convicção, pelo desafio mas também pelo posicionamento ideológico face ao Estado, o denominador comum de tanta gente que não se resigna, que não baixa os braços, que está muito para além dos muros partidários. Basta, aliás, ouvir Pacheco Pereira e tantos outros que não se conformam com este talibanismo financeiro.
O que Sampaio da Nóvoa nos mostrou foi que ainda há esperança. Ao que Sampaio da Nóvoa nos desafiou foi a não desistir. O que Sampaio da Nóvoa nos impôs foi a obrigatoriedade de abrir caminhos que deem sentido ao cansaço de um povo exaurido pelo discurso obcecado e pela prática fanática dos que dizem que não há alternativa. Em democracia existe sempre alternativa. E foi isso, e é isso que o reitor da Universidade de Lisboa está a afirmar.
Não sei se a noite de quinta-feira dará algum fruto maior do que o mero propósito de dizer mal do Governo, da troika e da austeridade. Se for só isto, é só mais uma perda de tempo. Não sei sequer se a Aula Magna pode ter sido o embrião de um qualquer MANP (Movimento de Apoio Nóvoa à Presidência). De uma coisa, no entanto, estou absolutamente seguro. António Sampaio da Nóvoa tem perfil e categoria para ser mais do que o magnífico reitor da Universidade de Lisboa, mandato que, aliás, está prestes a concluir. E cumpre todos os requisitos para devolver credibilidade, confiança e prestígio à Presidência da República.
É certo que as eleições presidenciais ainda estão longe. Mas tenho confiança que, daqui até 2016, António Sampaio da Nóvoa nos continue a dar razões para acreditar e ter esperança no futuro."
(Nuno Saraiva; Manifesto da Esperança. Na íntegra: aqui)
Neste deserto de ideias e de soluções, será António Sampaio da Nóvoa a voz que falta?

Sacrifícios para quê?

Parabéns, Cavaco. Parabéns, Passos. Parabéns, Gaspar. Parabéns, Portas.

Pasmados...

...como "bois [neste caso, vacas] a olhar para um palácio".
Se não é, parece.
E como, em política, com frequência, o que parece, é, fica-se com a impressão de que o (des)governo tem caminho livre para continuar a destruir o país.
Conta, pelos vistos, não só com a cobertura de Cavaco, mas também com a indiferença da população. Cada vez se torna mais verdade que cada povo tem o que merece.  

sábado, 1 de junho de 2013

Negócios de amendoins

Na coluna "Altos e Baixos" na 2º página do caderno de Economia do "Expresso" de hoje um tal Vítor Andrade eleva Paulo Portas às alturas só porque, em resultado da concessão de vistos "gold" a quem se disponha a aplicar capitais em Portugal, (uma medida que o próprio "colunista" afirma ter sido encarada como "uma coisa com piada") já deram entrada 20 milhões de euros.
Estranha-se um tal entusiasmo, quando as necessidades de financiamento da economia portuguesa se cifram em muitos milhares de milhões de euros. Num tal universo, é óbvio que a referida quantia de 20 milhões de euros não passa de uma migalha que está longe de merecer qualquer destaque. A medida pode ser, de facto "uma coisa com piada", mas não mais do que isso. Nem é preciso sequer forçar a nota para se poder afirmar que se trata de um negócio de amendoins.
Ainda assim, ficamos sem saber se o "negócio" não é o equivalente àquele em que alguém oferece um chouriço,  em troca de um presunto.
Por falar nesta "coisa com piada", veio-me à lembrança um outro muito elogiado "negócio" patrocinado pelo mesmo Portas, aquando da sua visita ao Japão. Atribuiu-se, na altura, ao "ministro dos Negócios no Estrangeiro" o mérito de ter conseguido uma encomenda de carne de porco, tendo o feito merecido amplo destaque na comunicação social.
Suponho que tal "negócio" deve ir de vento em popa, embora  nunca mais se tenha falado no assunto e, pelo que se sabe, a  celebrada encomenda ainda não tenha tido reflexos no aumento das exportações.
Perante "estórias" como estas, não pode deixar de surgir a dúvida sobre se não estaremos perante casos de publicidade enganosa, com factura endossada aos contribuintes que, seguramente, não será paga com com sacos de amendoins.

Verdade e fábulas

"(...)
Uma parte crescente do declínio económico prende-se com a desconfiança generalizada entre os empresários face a um Governo - que confunde estratégia com improviso e coragem com imprudente submissão às fábulas da troika - transformado no principal obstáculo à possibilidade de uma recuperação nacional futura."
( VIRIATO SOROMENHO-MARQUES: "Fábula orçamental")
(Na íntegra, com as fábulas e o restante, aqui)