sábado, 31 de dezembro de 2011

Não há-de ser nada...

Não é preciso ser adivinho para saber que 2012 será um ano repleto, não de prosperidades, mas de dificuldades. Basta conhecer as medidas do Orçamento do Estado proposto pelo actual governo, aprovado pela maioria de direita na Assembleia da República e promulgado por Cavaco Silva, para não haver dúvidas sobre o que nos espera no próximo ano.
Porém, como podemos contar com os "avisos" de Cavaco (se bem que inúteis) e com a paradoxal  "sabedoria" do senhor Coelho e do seu governo, que acham que é pela via do empobrecimento que virá a redenção e a ultrapassagem da crise, há (haverá?)  boas razões para ter a esperança de que não há-de ser nada.
Salvo, é claro, para a anunciada multidão de novos desempregados, para a legião dos actuais desempregados que vão perder o subsídio de desemprego e para todas as vítimas do desmantelamento do Estado social que este governo prossegue sem desfalecimento, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde.
Para todos estes resta a consolação de acreditar, por ouvir dizer, que a austeridade que tem castigado e vai continuar castigar, cada vez mais duramente, os mais desprotegidos não é culpa deste governo. A culpa, dizem os partidos da direita no poder, nunca é da opção política ultra-liberal deste governo. Quando as medidas que o governo toma não são fruto do estado em que anteriores governos deixaram o país, alegação que é a mais frequente,  ou são o resultado da "bebedeira consumista" dos que ganham o salário mínimo ou pouco mais, ou resultam de imposições vindas da "troika". Sobre o governo de Coelho é que não paira "sombra de pecado".
Fraco consolo, dirão as vítimas e digo eu, tanto mais que as alegações da direita no poder são falsas. É verdade que crise tê-la-íamos sempre pois é generalizada e sistémica e sobre isso, hoje, ninguém tem dúvidas, a começar pela direita que antes  de chegar ao poder sempre negou tal realidade. O seu agravamento, no entanto, resulta da opção deste governo, sancionada  por Cavaco Silva, um contorcionista para quem, depois Junho, os sacrifícios impostos aos portugueses.deixaram de ter limites. 
Mas não há-de ser nada, repito, se os portugueses, finalmente, abrirem os olhos. É na esperança de que tal possa vir a acontecer que aqui deixo os meus votos de um Bom Ano para 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Melhor Trabalhador do Ano

Não é que eu considere injusta a atribuição do título de Melhor Trabalhador do Ano às figuras retratadas. Todavia, entendo que fazem falta, no painel supra, os retratos de Francisco Louçã e de Jerónimo de Sousa. Pelo trabalho desenvolvido, com todo o empenho e dedicação, nos primeiros meses do ano, para conseguirem levar, com o êxito que é conhecido, dois dos homenageados (Passos e Portas) ao poder.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Foi chão que deu uvas

Doutorandos aumentaram 134% nos últimos cinco anos;
O abandono escolar precoce entre os alunos do ensino básico e secundário em 2010 teve uma redução de 2,5 pontos percentuais relativamente a 2009, enquanto o número de alunos inscritos nas universidades aumentou  2,8 por cento face a 2009. (São dados do INE, tornados públicos aqui e aqui, respectivamente)
Tendo em conta a política de desinvestimento, ou, para  usar uma terminologia mais conforme ao "passismo", de empobrecimento, que é geral, mas que afecta fortemente todo o sector da educação, da formação e da ciência, não são de esperar notícias tão esperançosas como estas, nos tempos mais próximos. Foi chão que deu uvas, pelo menos enquanto este governo durar.
Tal perspectiva pode ser confrangedora, mas há que reconhecer que é consentânea com os apelos dos actuais governantes à emigração dos portugueses mais qualificados. De facto, se a política deste governo passa por incentivar a emigração faz todo o sentido que não se invista na formação dos que são incitados a emigrar.
Pode fazer todo o sentido do ponto de vista dos políticos que nos desgovernam, mas também não restam dúvidas de que quem adopta tais políticas desistiu, definitivamente, de um Portugal digno dos seus melhores.E maiores.

Cá se fazem, cá se pagam

Quem estava à espera que os "avisos" de Cavaco (sobre a iniquidade dalgumas medidas contidas no Orçamento do Estado violadoras de "princípios constitucionais básicos") tivessem alguma consequência prática, bem pode ir tirando o cavalinho da chuva. É que, segundo o Jornal de Negócios, Cavaco deixou passar o prazo para enviar o Orçamento ao Tribunal Constitucional.
O governo passista tem assim caminho livre para violar a Constituição, com total impunidade, as vezes que lhe der na gana, já que o presidente da República que a jurou defender e fazer cumprir, se não está disposto a defendê-la, muito menos está empenhado em fazê-la cumprir.
Os "avisos" de Cavaco não passam, pois, de "assobios" destinados a disfarçar a sua própria nulidade. Pelos vistos, com êxito, se atendermos aos resultados das últimas presidenciais. Mas, como diz o outro: Cá se fazem, cá se pagam!

Benditas almas!

Agora, até um tecnocrata como Mario Monti, já descobriu que, sozinha, a Itália não vai lá e reclama por "políticas europeias contra a crise".
No entanto, por cá não falta quem, perante a evidência de que a crise é sistémica, continue a afirmar que a crise é obra de um só homem: Sócrates.
A "inocência" desta gente é tanta que já tem lugar assegurado no paraíso.
Benditas almas!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Somos uma cambada de estúpidos

Desde que, aqui há tempos, o primeiro-ministro Coelho resolveu falar na "democratização da economia" que ando a matutar no assunto. Que raio de coisa será esta da "democratização da economia"?
Quando o governo resolveu vender a EDP à China ainda conjecturei que a explicação estava mesmo à vista. Pois não é verdade que a China é uma República Popular? Ora, Popular quer dizer do Povo. Se é do Povo, o Povo é quem manda. Se o Povo é quem lá manda é porque a China é uma "democracia". Se se vende a EDP a uma "democracia" como não encarar esta venda como o abrir do caminho para chegar ao tal "democratizar"?
Esta hipótese de explicação revelou-se, porém e a breve trecho, inconsistente. De facto, pelo que leio por aí, o primeiro-ministro regressou ao tema na sua mensagem de Natal, o que revela que a "democratização da economia" ainda está por concretizar. E sendo assim,o mistério permanece e a dúvida persiste. 
Constato, porém, com natural regozijo, que o que por aí não falta é muito boa gente que partilha da mesma perplexidade. Pois se até há pessoas como Vítor Malheiros, por quem tenho a maior das considerações, que se interroga sobre o que é que aquela expressão significa e vai ao ponto (hoje no "Público") de instar os jornalistas a deixarem de "servir de pés de microfone" e a interpelar 'os políticos quando eles prometem coisas como "democratizar a economia"'!
E mais, pelo que tenho visto, não andarei longe da verdade se disser que, afora o próprio primeiro-ministro (que é, sem dúvida, muito "esperto", pois enganou uma boa parte do eleitorado) o Relvas, o Gaspar e mais uns quantos auxiliares, todos também muito "espertos", a grande maioria dos portugueses não faz a mínima ideia do que seja a "democratização da economia" com que o primeiro-ministro Coelho nos anda, novamente, a dar cabo da cabeça.
Não se admirem pois se se disser que somos todos, com as referidas e notáveis excepções, uma cambada de estúpidos. E o pior é que é verdade. Tão estúpidos que até os aturamos. Aos "espertos"!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Assim como assim...

... antes assim, já que, quanto à decisão de vender a participação do Estado na EDP, não havia nada a fazer.
Pelo que tem sido divulgado, a proposta da chinesa Three Gorges parece, de facto, a melhor.
Até para o governo de Passos foi a melhor solução. Livrou-se da fama de fazer um "frete" à senhora Merkl, o que não é despiciendo, tendo em conta a popularidade de que a senhora goza, actualmente, por estas bandas.
(imagem fanada aqui)

Conselho escusado

"Calem-se.Calem-se.Calem-se. Calem-se."
"Para um governante, hoje, só soletrar a palavra "emigração" é tolice. Sobre o assunto, calem-se. E não me culpem da estreiteza do facto, não fui eu que escolhi ser político, não fui eu que escolhi uma profissão onde o parecer quase vale o ser. Eu posso escrever aqui: "Portugueses, suicidem-se!", só me comprometo a mim, permitindo que me despeçam porque uma coluna de jornal não é para parvos. Mas os governantes são mais do que eles. As suas palavras não podem ser entendidas como uma ofensa àqueles a quem eles devem o que são. Ora esta questão foi tratada (ou assim legitimamente entendida) como um convite à emigração. Já o disse aqui duas vezes e vou repetir a obviedade: os portugueses não precisam que lhes indiquem quando e se devem emigrar - tal como respirar está-lhes no ADN. Os portugueses estão acabrunhados e com medo do amanhã, a última coisa que precisam é que os empurrem para fora do seu país. Eles irão ou não, como entenderem. Eles. Os governantes que se candidataram, ainda há pouco, a governá-los a todos, não podem, agora, querer descartar parte deles. O número e a qualidade dos governantes que caíram na tolice revelam uma estratégia de comunicação: pois despeçam os estrategas. E, sobre a emigração, calem-se. Também já aqui o disse, até há o que fazer para ajudar os portugueses que queiram emigrar. O que fazer, há; de conversa, nada. Calem-se. Digo-o tão repetidamente porque preciso que governem."
Ferreira Fernandes, in DN

(Conselho escusado, digo eu. Para se calarem, era preciso que soubessem o que dizem . E não é, claramente, o caso.)

Tem a quem sair


Neste caso, ao pai, que a mãe,  uma excelente senhora, presumo, não a conheço.
Onde é que o filho de Luís Filipe Menezes descobriu uma única medida tomada pelo Governo anterior que seja mais gravosa do que as tomadas pelo governo passista?
Por tal afirmação e por outras proferidas na mesma ocasião, não é difícil tirar a ilação de que o leviano é ele. Isto para não lhe chamar outra coisa.

Quando a realidade nega a teoria...

...manda o simples bom senso que se abandone a teoria.
Se, como afirma a OCDE, "ao longo de 2011, o custo do trabalho sofreu sucessivas quedas, mas a produtividade caiu ainda mais, fazendo de Portugal o país da OCDE onde mais se deteriorou um dos indicadores-chave da competitividade", então parece óbvio que a receita que o governo passista se propõe aplicar, com mais reduções no valor dos salários, não vai contribuir para aumentar a produtividade. Logo, o melhor seria não seguir essa via.
Não será assim, Álvaro?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Desistir é palavra de ordem

 "Um primeiro-ministro de um país que aconselha uma parte dos seus profissionais mais qualificados - os professores - a emigrar e a encontrarem oportunidades fora de Portugal, é um primeiro-ministro que não acredita no seu país, é um primeiro-ministro que está de braços caídos, que desistiu de lutar. E o mais interessante de tudo isto é que depois, na ânsia de teorizar sobre o assunto, veio o PSD propor a criação de uma agência para regular essa emigração” (António José Seguro)
Concordo.

"A mentira e o desprezo"


"Parece que há excesso de portugueses em Portugal. Para remediar tão desgraçada contrariedade, o Governo decidiu minguar-nos tomando decisões definitivas. Há semanas, um secretário de Estado estimulou a emigração de estudantes. Há dias, o primeiro-ministro alvitrou que os professores desempregados ou com dificuldade em empregar-se deviam encaminhar-se para os países lusófonos, nos quais encontrariam a felicidade que lhes era negada na pátria. O dr. Telmo Correia, sempre inteligente e talentoso, elogiou, na SIC-Notícias, a sabedoria cristã de tão arguta ideia.
Acontece um porém: e os velhos? Que fazer dos velhos que enchem os jardins e a paciência de quem governa? Os velhos não servem para nada, nem sequer para mandar embora, não produzem a não ser chatices, e apenas valem para compor o poema do O'Neill, e só no poema do O'Neill eles saltam para o colo das pessoas. Os velhos arrastam-se pelas ruas, melancólicos, incómodos e inúteis, sentam--se a apanhar o sol; que fazer deles?
Talvez não fosse má ideia o Governo, este Governo embaraçado com a existência de tantos portugueses, e estorvado com a persistência dos velhos em continuar vivos, resolver oferecer-lhes uns comprimidos infalíveis, exactos e letais. Nada que a História não tivesse já feito. Os celtas atiravam os velhos dos penhascos e seguiam em frente, sem remorsos nem pesares.
Mas há outro problema. A fome. A fome que alastra como endemia, toca a quase todos, abate-se nos velhos e, agora, nos miúdos. Os miúdos das escolas chegam às aulas com as barrigas vazias: pais desempregados, famílias desgarradas, "a infância, ah!, a infância é um lugar de sofrimento, o mais secreto sítio para a solidão", disse-o Ruy Belo; e as escolas já não têm o que lhes dar. As cantinas reabrem, mesmo durante as férias, e sempre se arranja uma carcaça, um leite morno, nada mais, oferecidos por quem dá o pouco que não tem.
Vêm aí mais fome, mais miséria, mais desespero, mais assaltos, mais violência, mais velhos desamparados, mais miúdos espantados com tudo o que lhes acontece e não devia acontecer. Mais desemprego, num movimento cumulativo, mecânico a automático, como nos querem fazer crer. Diz o Governo. Como se esta realidade fosse natural; como se a semântica moderna da sociedade explicasse a amoralidade da eliminação da justiça e a inevitabilidade do que sucede."
Baptista Bastos in DN

Uma democracia com falhas

Pela primeira vez, Portugal, que desceu do 26.º para o 27.º lugar na lista, surge este ano no grupo das democracias com falhas .
(Na íntegra, aqui)
(Repetindo: este governo envergonha-nos.)

"O Relvas não caiu do céu"

É  Rui Tavares quem no-lo recorda na sua coluna habitual no "Público" (edição impressa de hoje). E de facto nem o Relvas, nem o Passos Coelho, nem o Portas, nem o Gaspar, caíram do céu.
Já se sabia, mas convém lembrá-lo em especial a Louçã, que se andou a entreter com moções de censura, e a Jerónimo de Sousa que, pela mesma altura, disputava com Louçã a primazia no "bota abaixo" ao Governo PS, que, com a ajuda de ambos, foi mesmo derrubado.
Será que um e outro, uma vez recordados do papel desempenhado no advento do governo de direita, já fizeram o "me poenitet"? Não fizeram, nem é de supor que o venham a fazer tão cedo. Como sublinha o Rui Tavares, em relação ao PCP, este "é o partido que deu condolências aos norte-coreanos pela morte de Kim Jong-Il, apenas um homem que deixou três milhões de compatriotas morrerem à fome enquanto era o melhor cliente de marcas de vinhos e conhaque de luxo".
Enquanto a esquerda da esquerda (ou, reportando-me neste caso, a apenas uma parte dela) andar por tais caminhos, a esquerda não vai a lado nenhum.
Sobretudo agora que já todos sabemos para onde o governo de direita nos leva, não seria possível a toda a esquerda concertar-se e elaborar uma plataforma, por mínima que fosse, que tivesse a virtualidade de impedir a destruição do Estado social?
Meus senhores, acordem!

Frete é frete. Ponto final.

Este pessoal do "Jornal de Negócios" faz cá cada frete! Presentes de Natal da Troika?
Qual troika qual carapuça! Só se for da troika Gaspar, Passos & Portas. Será que no "Jornal de Negócios" anda toda agente a dormir e não sabe que o governo Gaspar, Passos, Portas & Cª tem todo o gosto em ir para além das exigências da troika propriamente dita. 
Branquear as responsabilidades do actual governo nas medidas de austeridade que toma e que vai tomar, pode agradar ao poder instalado, mas não é jornalismo sério.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Apanhado em contramão


"O comissário europeu dos assuntos sociais, Laszlo Andor, mostrou-se hoje muito preocupado com a emigração de jovens europeus para outras paragens, nomeando "Brasil, Angola e Moçambique", numa mensagem que parece desenhada para chocar com o apelo à emigração feito pelo primeiro-ministro português, Passos Coelho. Andor não apenas critica a perda de uma "geração inteira" como também recorda o "custo financeiro" que isso acarreta.

"Alguns jovens já estão a sair da Europa para encontrar emprego em países como os EUA, o Canadá, Austrália ou o Brasil, Angola e mesmo Moçambique dependendo da sua língua de origem", lamentou o comissário. "Esta tendência não pode continuar: não apenas arriscamos perder uma geração inteira mas também há um custo financeiro. Há, aliás, um recente estudo europeu concluiu que o fardo dos actuais níveis de desemprego para a sociedade é de cerca de dois mil milhões euros por semana ou um pouco mais de 1% do PIB da UE". E por isso, a comissão de Durão Barroso "apela de forma urgente à acção europeia mas também nacional e local" para travar esta sangria geracional."
(Notícia na íntegra, aqui. Negrito meu) 
(Conclusão: até em Bruxelas já se sabe que Passos Coelho não está apto a "conduzir".)

É só mais uma. Né?

Como se costuma dizer "mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo". Neste caso, não é apenas um, pois, na verdade, são dois os mentirosos apanhados e duma só vez: Passos Coelho e Paulo Portas. Um e outro quiseram fazer-nos crer que a sobretaxa que levou metade do subsídio de Natal aos portugueses foi uma condição para a ‘troika' aceitar a receita extraordinária da transferência dos fundos de pensões da banca.
A "troika" já tinha desmentido a versão, mas agora é o próprio ministro das Finanças* quem afiança que o corte no subsídio de Natal deste ano "foi uma opção do Governo".
Que o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro Portas nos tenham pregado uma tal peta, já não incomoda ninguém, tantas elas são. Pelos vistos. É só mais uma. Né ?
As "ovelhinas" continuam a "comer e calar". Mé!
(*Que, já se sabia, é quem manda)

De mal a pior

Já alguém devia ter dito à ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que não é com ela a dispensar os funcionários masculinos do seu ministério do uso de gravatas, nem com ela a desenvolver campanhas apelando à plantação de uma árvore por cada português que se aumenta a produção nacional. Só quem não percebe nada do assunto é que se entretém com medidas para inglês ver e apelos tolos que, por o serem, estão destinados a cair em saco roto.
É o caso dela.


O angariador de seguros


"Se não fosse o desgraçado convite à emigração dos professores qualificados, o que teria sobrado de mais relevante da entrevista do primeiro-ministro (PM) neste fim-de-semana seria a declaração infundada de que as pensões daqui a 20 anos serão metade das anteriores à reforma da Segurança Social.
Uma declaração tão pouco rigorosa seria normal em algum comentador político pouco informado. Seria ainda expectável nalgum gestor de fundos de pensões, com interesse económico evidente na matéria. Já é incompreensível, e grave, tanta falta de rigor e verdade num PM.
Senão vejamos o relatório independente, mais recente e rigoroso sobre a reforma dos sistemas de Segurança Social é o Joint Report on Pensions, da Comissão Europeia, de Dezembro de 2010. No que respeita ao valor das pensões, o indicador mais utilizado é a taxa de substituição líquida, que corresponde à relação entre último salário líquido e primeira pensão. No caso português, aquele relatório indica que a evolução será de 90% para cerca de 70% ao longo de 40 anos. Este valor de cerca de 70% é também confirmado pela OCDE, no seu relatório Pensions at a Glance 2011, colocando-nos ligeiramente acima da média da OCDE (69,2%, contra 68,8%).
Trata-se, portanto, de uma redução de menos de metade do valor referido pelo primeiro-ministro, e isto para uma pessoa que se reforme daqui a quase 40 anos, quando o PM dava o seu exemplo pessoal, de alguém que se reformará daqui a apenas 20 anos, caso em que os valores são muito mais favoráveis.
E ignorando também totalmente que os trabalhadores podem anular estes efeitos, prolongando a sua carreira, com um benefício de 1% por cada mês de trabalho depois dos 65 anos (o melhor incentivo no quadro europeu), ou descontando um pouco mais, para sistemas públicos ou privados de poupança individual.
A reforma portuguesa da Segurança Social retirou Portugal do grupo de alto risco nos sistemas de pensões europeus, dando segurança as portugueses quanto às suas pensões e garantindo o seu aumento real sustentável, em função da evolução das carreiras contributivas e dos salários.
No Pacto para o Euro Mais foram mesmo definidas para os Estados membros da União Europeia reformas que adeqúem os sistemas de pensões à situação demográfica, nomeadamente em termos de evolução da esperança de vida, na senda da reforma portuguesa. Países como a Alemanha e a Finlândia, tantas vezes referidos como exemplo, inclusive pelo PM, já têm estes mesmos mecanismos implementados. Como, igualmente, a Espanha e a Itália os estão a preparar.
Para quê, então, este ataque ao maior consenso social das últimas décadas em Portugal, para quê mais insegurança num tempo em que os portugueses já sentem tantas dúvidas sobre o seu futuro? Não é compreensível, a menos que Passos Coelho o tenha feito, para justificar uma agenda privatizadora na Segurança Social, através da velha proposta de libertar os salários mais altos de parte dos seus descontos. Fica-se, portanto, a perceber que a estratégia é entregar parte das pensões dos portugueses aos fundos de pensões, sabendo-se de toda a literatura científica, e até das palavras de responsáveis políticos de direita, que tal não resolve qualquer problema da Segurança Social. Agrava, aliás, e muito, os riscos para as finanças públicas, pois acarreta um aumento de milhares de milhões de euros nos défices e dívida pública, ao longo de décadas, no período de transição, em que se desconta menos, mas o valor das pensões das gerações anteriores ainda não foi reduzido.
Neste tempo em que se pedem tantos sacrifícios aos portugueses, para reduzir défice e dívida pública, é incompreensível que se anuncie agora uma reforma que contrariará o efeito de todos esses sacrifícios, aumentando ainda os riscos nas pensões, jogando uma boa parte dos descontos nas bolsas (já esquecemos todos a crise de 2008?).
Mas o mais inaceitável é que Passos Coelho recorra ao medo e à falsidade para insinuar a sua agenda. Não é digno de um primeiro-ministro."
J. A. VIEIRA DA SILVAPEDRO MARQUES, DEPUTADOS DO PS in DN

(Via: CCO título é da minha responsabilidade)

Este governo envergonha-nos

"Estão já a tornar-se alvo da chacota pública, mas as declarações de vários membros do Governo (a começar pelo primeiro-ministro) sugerindo aos portugueses a emigração como forma de fazer face à crise merecem ser levadas a sério. Menos pela sugestão, que muitos tomaram por insulto, e mais pelo facto de serem governantes a fazê-la. Não um mas vários, com a agravante de ainda ontem o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, ter vindo a público mostrar o seu "orgulho" nos portugueses que em "dificuldades" foram para Moçambique e "agora estão a ter sucesso na construção do país". O que os governantes portugueses aplaudem, sem titubear, é a saída para o estrangeiro de mão-de-obra qualificada, o que deixará Portugal ainda mais miserável. Governos de países pobres costumam lamentar que trabalhadores e jovens mais qualificados os abandonem, porque precisam deles para superar o seu estatuto de pobreza. Portugal, talvez porque seja um pobre-rico, ou um rico-pobre, parece ter orgulho nesse abandono. Que o lamentasse, embora reconhecendo-se impotente para o travar, era uma coisa mas incentivá-lo só pode deixar no ar esta incrível mensagem: Portugal não vale a pena. Pelos vistos, governar assim também não."(negrito meu)
(Editorial do "Público" edição impressa de hoje)

E concluiria eu: este governo é uma vergonha que nos envergonha. Se é incapaz de governar e se tem consciência de que não sabe resolver os problemas do país, como o demonstram os incitamentos à emigração, só tem um caminho: pedir a demissão. Ou então que haja alguém que o demita. Antes que seja tarde.

11 horas a espremer as meninges...

...para NADA.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carta Aberta ao Primeiro-Ministro



"CARTA ABERTA AO SENHOR PRIMEIRO MINISTRO
por Myriam Zaluar a Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011 às 12:35"


"Exmo Senhor Primeiro Ministro


Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.

Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.

Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.

Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.

Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...

Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.

Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.

Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...

Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.

Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.

Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro

e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus

Myriam Zaluar, 19/12/2011"

Rei morto, rei posto


Respigando em seara alheia:"Finalmente alguém sensato"

"O que disse o vice-presidente da bancada do PS e tanta celeuma levantou é o óbvio: um Governo que se preocupasse exclusivamente com os interesses dos portugueses e não fosse um mero núncio local dos interesses dos "mercados" deveria ter como absoluta prioridade a renegociação da dívida.
É hoje claro para quem observa, sem palas ideológicas, a situação portuguesa que nunca conseguiremos pagar a dívida nas condições usurárias que nos foram impostas, as quais, gerando recessão e bloqueando o crescimento da economia, constituem o principal obstáculo a esse pagamento, forçando sempre a novas e sucessivas "ajudas", numa espiral de endividamento cujos resultados estão à vista na Grécia.
Assim, a reestruturação da dívida será, mais tarde ou mais cedo, uma inevitabilidade. Aos credores interessa que seja o mais tarde possível, quando o país estiver já completamente exaurido e sem património que vender ao desbarato. Nessa altura, tudo o que puderem ainda sacar será bem vindo. Aos portugueses interessa que seja já, enquanto ainda dispomos de uns restos de soberania.
A desassombrada afirmação de Pedro Nuno Santos, de que devemos "marimbar-nos para os credores" e usar todas as armas para obter condições que nos permitam pagar o que devemos e sobreviver como país independente, seria o desiderato patriótico de qualquer Governo que não agisse apenas como submissa correia de transmissão dos interesses da Sra. Merkel.
(Negrito meu)
Manuel António Pina in JN

Pela sua saúde...

...não adoeça!

Não são graves...São gravíssimas

Não são só graves, professor, as afirmações de Passos Coelho. São gravíssimas.
O mais grave, porém, nem são as afirmações. O mais grave, de facto, é que essa é a política da Comissão Liquidatária (vulgo, governo) a que preside. Pelo menos é o que se pode deduzir da insistência nesse tipo de afirmações. Tal política evidencia, por seu turno, que Passos Coelho não tem a mínima ideia de como resolver os problemas do país. A prova está aqui.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Relvas: meu nome é "Modesto Relvas"

Durou 11 horas a reunião da Comissão Liquidatária presidida por Passos Coelho que hoje decorreu no Forte de S. Julião da Barra. No final da reunião, não foi prestada qualquer informação sobre os temas abordados, mas, entretanto, no intervalo para o almoço, o ministro Relvas deu-se à maçada de esclarecer, como se ainda alguém tivesse dúvidas sobre isso,  que o ano de 2012 será um ano extraordinariamente difícil e que  Portugal irá cumprir todos os compromissos financeiros assinados com o Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional”.
Esta declaração prova que o ministro Relvas é a  modéstia em pessoa. Sabe-se, com efeito, que a Comissão Liquidatária de que faz parte não só cumpriu todos os compromissos com troika, como sempre declarou que queria ir mais além. E, neste particular, não há dúvida de que cumpriu. Os portugueses, as vítimas, que o digam.
(Título reeditado)

Desistir é palavra de ordem

Depois do secretário de Estado da Juventude ter incentivado os jovens "a abandonarem a sua zona de conforto" e a emigrarem, vem Passos Coelho que ultimamente se tem desdobrado em entrevistas a tudo quanto é órgão de comunicação social, a aconselhar a emigração dos portugueses habilitados nas áreas das "tecnologias de informação e do conhecimento, da saúde, da educação, do ambiente e das comunicações”.
É lícito, pois, concluir que a emigração dos portugueses mais jovens e mais habilitados não é apenas uma ideia parva dum secretário de Estado parvo, mas é, afinal, a política deste governo.
Passos Coelho, pelos vistos, já desistiu dos portugueses e do país. Não se lhe ouve uma palavra de confiança. Pelo contrário, insiste em proferir afirmações como esta (O valor das reformas deverá cair cerca de 50% nos próximos vinte anos relativamente àquilo que era atribuído antes de 2007) que só contribuem para deprimir o país e os portugueses. Não percebo, pois, o que está a fazer à frente do governo de Portugal.
Se desistir do país e dos seus melhores valores é a palavra de ordem deste governo, a sobrevivência do país  e dos portugueses passa, sem dúvida, pela queda deste governo. E quanto antes, melhor.
(imagem daqui)

"Ridendo castigat mores"

sábado, 17 de dezembro de 2011

"Pesetero"


Pesetero lhe chamaram em Barcelona, quando se transferiu para o Real Madrid. Pesetero lhe poderiam ter chamado quando abandonou o Sporting. Depois de ler esta entrevista, também eu acho que o qualificativo de pesetero lhe assenta como uma luva.
(a imagem ilustra a entrevista)

Condenados a mentir...

Sim, é isso mesmo. Os partidos da direita (PSD e CDS)  mentiram para chegar ao poder e estão condenados a continuar a mentir para nele se manterem. Para conseguirem o seu objectivo inventaram um bode expiatório (José Sócrates) e não podem prescindir dele. Esta é a conclusão que se pode tirar da crónica de Miguel Sousa Tavares publicada na edição de hoje do "Expresso" que, a seguir, transcrevo parcialmente. A transcrição é longa, mas vale a pena ler, para refrescar a memória:

"(...) José Sócrates começou a governar em 2004, recebendo um país com um défice de 6,2%, após dois governos PSD/CDS, numa altura em que não havia crise alguma nem problema algum na economia e nos mercados. Para mascarar um défice inexplicável, os ministros da Finanças desses governos, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, foram pioneiros na descoberta de truques de engenharia orçamental para encobrir a verdadeira dimensão das coisas: despesas para o ano seguinte e receitas antecipadas, e nacionalização de fundos de pensões particulares, como agora.
Em 2008, quando terminou o seu primeiro mandato e se reapresentou a eleições, o governo de José Sócrates tinha baixado o défice para 2,8%, sendo o primeiro em muitos anos a cumprir as regras da moeda única. O consenso em roda da política orçamental prosseguida e do desempenho do ministro Teixeira dos Santos era tal que as únicas propostas e discordâncias, de direita e de esquerda, consistiam sistematicamente em propor mais despesa pública. E quando se chegou às eleições, o défice nem foi tema de campanha, substituído pelo da "ameaça às liberdades" (...)
Logo depois, rebentou a crise do subprime nos Estados Unidos e Sócrates e todos os primeiro-ministros da Europa receberam de Bruxelas ordens exactamente opostas às que dá agora a srª Merkel: era preciso e urgente acorrer à banca, retomar em força o investimento público e pôr fim à contenção de despesa, sob pena de se arrastar toda a União para uma recessão pior do que a de 1929. E assim ele fez, como fizeram todos os outros, até que, menos dum ano decorrido, os mercados e as agências se lembraram de questionar subitamente a capacidade de endividamento dos países: assim nasceu a crise das dívidas soberanas. Porém não me lembro de alguém ter questionado, nesse ano de 2009, a política despesista que Sócrates adoptou a conselho de Bruxelas. Pelo contrário, quando Teixeira dos Santos (...) começou a avançar com PEC, todo o país - partidário, autárquico, empresarial, corporativo e civil - se levantou, indignado, a protestar contra os  "sacrifícios" e a suave subida de impostos. Passos Coelho quase chorou, a pedir desculpa aos portugueses por viabilizar o PEC 3 que subia as taxas máximas de IRS de 45 para 46,5% (que saudades!)
(...) O erro de Sócrates foi exactamente o de não ter tido a coragem de governar contra o facilitismo geral e a antiquíssima maldição de permitir que tudo em Portugal gire à volta do Estado(...). Quando ele, na senda dos seus antecessores desde Cavaco Silva (que foi o pai do sistema) se lançou na política de grandes empreitadas e obras públicas (...) o que  me lembro de ter visto, então, foi toda a gente (...) explicar veementemente que não se podia parar com o "investimento público", e vi todas as corporações do país (...) baterem-se com unhas e dentes e apoiados pelos partidos de direita e de esquerda contra qualquer tentativa de reforma que pusesse em causa os seus privilégios sustentados pelos dinheiros públicos.  O erro de Sócrates foi ter desistido e cedido a essa unanimidade de interesses instalados, que confunde o crescimento económico com a habitual tratação entre o Estado e os seus protegidos. Mas ainda me lembro de um Governo presidido por Santana Lopes apresentar um projecto de TGV que propunha não uma linha Lisboa-Madrid, mas cinco linhas, incluindo a fantástica ligação Faro-Huelva em alta velocidade. E o país, embasbacado, a aplaudir!
Diferente disso é a crença actual de que a dívida virtuosa - a que é aplicada no crescimento sustentado da economia e assegura retorno - não é essencial e que a única coisa que agora interessa é poupar dinheiro seja como for, sufocando o país de impostos e abdicando de qualquer investimento público que garanta algum futuro. Doentia é esta crença de que governar bem é empobrecer o país. Doente é um governante que aconselha os jovens a largarem a "zona de conforto do desemprego" e emigrarem. Doente é um governo que, confrontado com mais de 700.000 desempregados e 16.000 novos cada mês, acha que o que importa  é reduzir o montante, a duração e a cobertura do subsídio de desemprego. Doente é um governo que, tendo desistido do projecto de transformar Portugal num país pioneiro dos automóveis eléctricos, vê a Nissan abandonar, consequentemente, o projecto de fábrica de baterias de Aveiro, e encolhe os ombros, dizendo que era mais um dos "projectos no papel do engº Sócrates". Doente é um governo que acredita poder salvar as finanças públicas matando a economia.
O fantasma do engº Sócrates pode servir para o prof. Freitas do Amaral mostrar mais uma vez de que massa é feito, pode servir para uns pobres secretários de Estado se armarem em estadistas ou para os jornais populistas instigarem a execução sumária do homem. Pode servir para reescrever a história de acordo com a urgência actual, pode servir para apagar o cadastro e as memórias inconvenientes e serve, certamente, para desresponsabilizar todos e cada um: somos uns coitadinhos, que subitamente nos achámos devedores de 160.000 milhões de euros que ninguém, excepto o engº Sócrates, sabe em que foram gastos. Ninguém sabe?"
(Sublinhados meus)

Ora digam lá, se, perante isto, os farsantes que nos governam, não têm mesmo de continuar a mentir.  É que têm mesmo, porque  no dia em que o povo se dê conta do logro em que caiu, arriscam-se a que o povo "lhes vá às ventas"*.
(*Expressão usada frequentemente pelo António Leal Salvado, expressão de que gosto muito particularmente.)

Oh que giro!





Destaques:


Governo lança pacote
de reformas mas espera
forte contestaçã
Em seis meses,  este governo já bateu o recorde dos "pacotes". E não gostavam eles de pacotes. Olha se gostassem!


“Magalhães”
entra no México
A JP Sá Couto ganhou três
concursos para vender o computador “Magalhães” no Mé-
xico. Contactos mantidos pelo primeiro-ministro português com o Presidente do Mé-
xico, na recente Cimeira Ibero-Americana, foram determinantes para o negócio.
A propósito, não foi este senhor quem andou por aí a "gozar" com o "Magalhães" ?


RANGEL EMPURRADO
PARA TRAVAR MENEZES
NA CÂMARA DO PORTO
Rui Rio não quer Menezes
a suceder-lhe nas
próximas autárquicas
PSD: uma família muito unida!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nem para jovens, nem para idosos...nem para ninguém

"Este país não é para jovens" é o título da crónica ontem publicada no JN pelo Manuel António Pina que se interroga no final: "Como sobreviver porém, física e moralmente, à guerra que se abate hoje sobre os jovens, condenados sem fim à vista à precariedade, à humilhação e à desesperança, impedidos de constituir família ou de ter vida própria?"
Tem toda a razão o brilhante escritor que é Manuel António Pina. Só que, no ponto em que as coisas estão, este país também não é, nem para idosos, nem  para desempregados, nem para trabalhadores, todos eles, duma maneira ou de outra, fustigados pelas medidas deste (des)governo. E, pelo caminho para o qual a direita nos empurra, não tarda nada que este país não seja bom para ninguém. 

E as promessas eleitorais?

"As dívidas são para pagar, os acordos são para cumprir”, diz muito bem, senhor Passos, mas, pelos vistos, os compromissos assumidos pelo Estado português para com os funcionários públicos e os pensionistas podem ir, pela sua mão, para o caixote do lixo!
Para já não falar nas promessas eleitorais. Não é assim, senhor Coelho?

Seguro ainda tem muito que aprender

António José Seguro mostrou-se hoje incomodado com o facto de Passos Coelho, durante o debate na Assembleia da República ter revelado que  o PS , durante uma audiência em São Bento, admitiu rever a sua oposição em matéria de constitucionalização do défice, considerando que Coelho, ao proceder de tal forma, foi "indelicado".
António José Seguro que, diz-se por aí, é amigo pessoal de Passos Coelho, já tinha obrigação de o conhecer e de saber que Passos Coelho não só é capaz de revelar uma confidência, como não lhe custa nada faltar à verdade, se tal lhe convier. 
Hoje mesmo,  Pedro Silva Pereira prova, por A+B, que Passos Coelho usou uma vez mais do expediente da mentira quando veio afirmar que o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal serviu de moeda de troca para obter autorização da troika para utilizar os fundos de pensões da banca para cumprir o défice acordado.
Diz Silva Pereira:
"Sucede que esta história, novinha em folha, não bate certo. A verdade é que o primeiro-ministro anunciou o corte no 13º mês logo no dia em que apresentou no Parlamento o Programa do Governo, a 30 de Junho. Nessa altura, garantiu até que tinha tomado a decisão de véspera, depois de conhecer os números do INE do 1º trimestre. E não fez nenhuma referência a ter consultado de urgência a troika, nem sobre essa medida, nem sobre quaisquer alternativas. O que disse foi outra coisa: "Tomamos hoje essa medida para que o País não seja sujeito, como foi em anos anteriores, à necessidade de chegar ao fim do ano adoptando medidas extraordinárias (...), e é isso que não acontecerá este ano". Ou seja: o corte no 13º mês não foi uma contrapartida para o recurso aos fundos de pensões, foi, isso sim, a escolha de um Governo que em Junho nem sequer queria recorrer aos fundos de pensões (medida que só foi decidida no final de Agosto, no Documento de Estratégia Orçamental). Por aqui se vê que as duas medidas nunca andaram ligadas." 

Esperemos que o caso sirva de aviso e de lição a António José Seguro. Até porque como diz a sabedoria popular: "quem muito se abaixa..."

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Uma forma de resistir...

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi esta tarde vaiado e insultado por dezenas de pessoas, à entrada e saída do Centro de Arte Moderna (CAM) Gerardo Rueda, que inaugurou em Matosinhos.

... e legítima, se tal me é lícito deduzir da praxis. Pois não é verdade que actos desta natureza ocorreram, com frequência e impunemente, durante a anterior legislatura?
(Notícia e imagem, daqui)
(Reeditada)

"Direito de resistência"

"Recentemente, o presidente da Associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço, declarou que "o poder foi tomado por um 'bando de mentirosos'" e "apelou aos militares para estarem ao lado da população caso se verifique repressão policial nas ruas". Depois clarificou: "Se houver anarquia, situações de distúrbios de ordem pública, como aconteceu noutros países, a repressão é desejável. O que temo por alguns sinais, é que haja a tentação do poder de, às primeiras convulsões na rua, mesmo que sejam relativamente pacíficas, aparecer com mangueiradas à moda antiga e outro tipo de atitudes. Se nós tivermos, por exemplo as forças de segurança a atirar sobre a população, como é?". Logo vieram os "grandes defensores da democracia" insurgir-se contra as declarações, na sua perspectiva inaceitáveis num tal regime, pois sugeriam uma sublevação do poder militar. Curioso foi verificar a mudez de tais "paladinos" perante a grosseira violação de compromissos eleitorais (numa extensão, profundidade e gravidade nunca vistas) pelo Governo: bem como o seu silêncio sobre as ofensas ao Estado de direito e à Constituição (CRP) que representam muitas das medidas extraordinárias recentemente aprovadas, e que como tal têm sido reconhecidas por constitucionalistas de diversos quadrantes. Pelo contrário, creio que, perante as graves violações de princípios democráticos e as ofensas à CRP e ao Estado de direito, nomeadamente com as medidas extraordinárias, fica justificada a resistência pacífica: "Direito de Resistência: Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública (artº 21 da CRP)."

Em A Era dos Direitos, Norberto Bobbio explica: "O processo que deu lugar ao estado liberal e democrático pode ser correctamente chamado processo de 'constitucionalização' do direito de resistência e de revolução. Os institutos através dos quais se obteve esse resultado podem ser diferenciados como base nos dois modos tradicionais mediante os quais se supunha que ocorresse a degeneração do poder: o abuso no exercício do poder (o tyrannus quoad exercitium) e o défice de legitimação (o tyrannus absque titulo)." Por um lado, muitas das medidas extraordinárias do Governo, designadamente as mais gravosas (cortes de salários e de subsídios; congelamento de carreiras e de efeitos de da avaliação de desempenho; de aumento do horário de trabalho, etc.), extravasam os programas dos vencedores nas legislativas de 2011, o programa de Governo e o memorando da troika. Carecem de legitimidade política. Por outro lado, ao pretenderem fazer pagar pelas derrapagens nas contas sobretudo os funcionários públicos e os pensionistas, ofendem a CRP e o Estado de direito. São abusos de poder. Logo, será legítimo accionar-se o "direito de resistência" pacífica.
A resistência contra a usurpação do poder legítimo, em democracia, pode ser protagonizada pela oposição. Porém, o PS abdicou de o ser e traiu grosseiramente os seus eleitores: disse que não acompanharia as derivas radicais da direita para além do memorando de entendimento, mas, ao abster-se no orçamento, sufragou todas essas derivas. Abdicou de ser oposição responsável. Por seu lado, a esquerda radical ainda não parece ter percebido que perdeu as eleições, que há um programa de assistência internacional que, concorde-se ou não, o Estado português deve tentar cumprir. Aliás, tal programa parece hoje soft perante o radicalismo do Governo. Portanto, a existir, a resistência terá de vir dos cidadãos, dos movimentos cívicos e dos sindicatos. Para serem eficazes, uns e outros terão de agir de forma concertada no sentido de exigirem que se cumpra o prometido e que tudo o que eventualmente seja necessário para além disso seja negociado com a oposição e a sociedade civil, e seja equitativo. Os cidadãos e os seus representantes organizados teriam de exigir aos partidos da oposição uma oposição responsável, não uma capitulação irresponsável. Mais, os cidadãos, sobretudo os de esquerda, deveriam exigir  responsabilidade e pragmatismo das várias esquerdas para que se entendessem e acabassem com a situação de um PS sempre enfeudado à direita.
Se quisessem ser eficazes, também os sindicatos deveriam participar activamente na resistência pacífica. Mas não basta fazerem greves gerais, mesmo que bem sucedidas, seria preciso uma luta frentista e continuada até o poder ceder em objectivos essenciais. Deveriam porventura avançar com fundos de greve, para impedir que os mais necessitados não fossem impedidos de exercer os seus direitos, e deveriam ponderar greves continuadas como as que os médicos estão a propor às horas extraordinárias. E todos os funcionários públicos, nomeadamente os professores universitários, deveriam ponderar uma greve sistemática ao embuste meritocrático (i.e., sem consequências) chamado avaliação de desempenho. Mais, deveriam também ponderar greves de zelo como a proposta por João Caupers em Os funcionários públicos não são lixo: sem se prejudicarem os utentes dos serviços, os profissionais da saúde, da educação, etc., deveriam ponderar recusar-se a preencher a maioria dos (inúteis e inconsequentes) relatórios burocráticos. A resistência pacífica dos cidadãos às medidas ilegítimas e abusivas de um Governo é essencial para a defesa de uma democracia de qualidade e do Estado de direito constitucional"
(André Freire, in "Público", edição impressa de hoje. Na integra) 

Andam a brincar connosco!

(Fanado aqui. Agradecimentos ao Luís.)

Que tal um regresso aos bancos da escola?

Construir uma frase com o verbo no passado referindo-se a um acontecimento futuro não é propriamente o que se espera de um primeiro-ministro em funções. O melhor mesmo é Passos Coelho regressar aos bancos da escola para aprender a falar português.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Concurso de Natal 2011 - Camelos de Presépio

A barbearia do senhor Luís, leva a efeito, à semelhança de anos anteriores, o já tradicional concurso de Natal, desta feita dedicado aos "Camelos do Presépio". O "Terra dos Espantos", apesar de não ter, à data do lançamento do concurso, nenhum camelo disponível,  não se poupou a esforços para conseguir participar. O exemplar a concurso (em baixo) acaba agora mesmo de chegar, vindo da Tunísia, onde tive que me deslocar para o efeito.
Espero que o Luís recompense devidamente tão grande empenho. E não é favor nenhum, porque o camelo apresentado bem merece uma boa classificação.Acho eu.

[Camelo-árabe ou Dromedário (Camelus dromedarius L.)]

Para lá dos malefícios da crise

A persistência da crise, para lá do cortejo de malefícios dela resultantes, teve, pelo menos, a par, o mérito de demonstrar que os farsantes que acusavam Sócrates de ser o responsável por todos os males do país (e porque não de toda a humanidade, visto que a crise é geral) são isso mesmo: FARSANTES. E o agravamento das consequências, a que todos os dias estamos a assistir, prova outrossim que além de farsantes, também são INCOMPETENTES.

Pergunta retórica: bom aluno ou farsante?

O mesmo indivíduo (Passos Coelho) que nos garantiu ter encontrado um desvio colossal na execução orçamental, da responsabilidade do anterior Governo, vem agora afiançar que o défice público, este ano, não vai ser superior a 4,5% do PIB, muito abaixo do limite acordado com a troika (5,9%). Isto, apesar dos "buraco" descoberto nas contas públicas da Madeira e do rombo causado pelo BPN. 
Desculpem lá, mas, perante estes números, forçoso é concluir que este indivíduo que, com falsos pretextos, não se cansa de impor cada vez mais sacrifícios aos portugueses, não é, como pretende, um "bom aluno". O que ele é, sem margem para dúvidas, é um bom farsante.
(notícia e imagem daqui)
(Título reeditado)

Chama-se a isto rigor


"O Orçamento do Estado para 2012 tem um erro na contabilização dos juros a pagar pela dívida pública. A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) descobriu que foram registados mais 390 milhões de euros a pagar em juros da dívida pública do que o devido - uma falha que não tem impacto no défice, mas que penaliza um dos indicadores mais importantes para os mercados e as agências de ‘rating'."

A falha foi detectada pelos peritos do Parlamento e foi comunicada aos deputados através de uma nota de informação adicional sobre o OE/12. Este já é o segundo erro identificado no OE. O primeiro foi detectado pelo economista Paulo Trigo Pereira, e noticiado pelo Público, e dizia respeito a uma incorrecção de cerca de 300 milhões de euros na contabilização das receitas."

(Imagem e texto daqui)
(Grandes cabeças de abóbora!)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A nova diplomacia económica Passos/Portas averba um primeiro grande êxito*

Nissan cancela investimento de 156 milhões de euros em Aveiro


Como diz, e bem, Carlos Zorrinho, é uma "Péssima noticia a decisão da Nissan de cancelar o investimento na fábrica de baterias eléctricas em Cacia. O Governo abandonou a aposta na mobilidade eléctrica e desvalorizou o Mobi.e. Poupou tostões e perdeu 150 milhões de investimento e 200 postos de trabalho. Uma tristeza."
Que grandes cabeças de abóbora! Digo eu.
(*Êxito no sentido de "saída" de divisas, ou de "não entrada" que vem a dar no mesmo.)

Será que, para o ministro Mota Soares, os mortos andam?

O ministro da vespa, digo, do carrão, oficialmente da Segurança Social, anunciou que as  regras de acesso ao rendimento social de inserção (RSI) vão mudar em 2012.
Para Pedro Mota Soares "Só faz sentido atribuir esta prestação a partir do momento em que todo o processo esteja instruído. Queremos que a atribuição seja feita, [quando] é assinado um contrato de inserção e os beneficiários se comprometem, perante o Estado, a cumprir um conjunto de obrigações."
Com tais regras,  "Vai-se protelar o deferimento dos processos" "pôr os mais pobres em lay-off", afirma um professor da Universidade do Porto e um outro, da Universidade dos Açores, garante que "Muita gente vai precisar de RSI e vai ficar quatro, cinco, seis meses ou mais à espera".
Ora, convém recordar, por um lado, que estamos a falar de pessoas extremamente carenciadas que precisam do subsídio para sobreviver e, por outro, que não há entre as  Instituições Particulares de Solidariedade Social uma entidade que não afirme que já não dispõe de meios para atender a todos necessitados que todos os dias vão surgindo, cada vez mais e mais.
Nestas circunstâncias, estando em causa a sobrevivência das pessoas, é óbvio que não faz sentido falar em lay off . De facto, em relação às pessoas que não têm recursos próprios, nem têm ninguém que lhes possa valer, esperar meses e meses pelo subsídio, o mais apropriado é falar em morrer à mingua. Não digo morrer à fome, para não ferir a sensibilidade do senhor ministro.
Estranho é que um ministro que faz parte dum governo que tem por lema "connosco, ninguém fica para trás" revele uma tal insensibilidade social. Será que Mota Soares julga que os mortos andam?
(reeditada)