No início do debate entre Rui Rio (PSD) e Catarina Martins (BE) que teve lugar na SIC, documentado na imagem supra, moderado pela jornalista Clara de Sousa, Rui Rio, perguntado sobre qual era, afinal, a sua posição sobre a pena de prisão perpétua, posição não não suficientemente esclarecida durante um anterior debate com André Ventura, líder do CHEGA e paladino da introdução da prisão perpétua no nosso ordenamento jurídico, gastou boa parte do tempo dedicado à resposta a tal questão a garantir que André Ventura, não era defensor da prisão perpétua "tout court", mas de uma forma mitigada de tal pena, acabando Rui Rio, mais uma vez, por não ser completamente claro sobre qual é a sua própria posição.
As afirmações de Rui Rio sobre sobre este tema são, no mínimo, surpreendentes.
Com efeito e desde logo, porque André Ventura, enquanto líder do CHEGA sempre defendeu com toda a veemência a pena de prisão perpétua e nunca se lhe ouviu a tal propósito a palavra "mitigação". Suspeito até, atendendo ao seu estilo arruaceiro de fazer política, que tal palavra lhe deve fazer comichão.
O mais supreendente, no entanto, é o facto de Rui Rio se assumir, sponte sua, como porta-voz de André Ventura para vir esclarecer, publicamente, o (pretenso) pensamento do líder do partido CHEGA sobre a matéria.
Surpreendente e estranho, permito-me acrescentar. De facto, o caso é tão insólito, que só pode ter uma explicação.
Esta: Rui Rio afirmou já mais que uma vez que não celebraria qualquer acordo com o partido CHEGA, a menos que este se moderasse. Como é evidente, em vésperas de eleições, para Rui Rio, enquanto suposto candidato a primeiro-ministro, é absolutamente indispensável que André Ventura e o CHEGA não surjam aos olhos do eleitores com a imagem de extremistas que os próprios até agora têm cultivado, É que, na verdade, Rui Rio, sem o concurso do partido de André Ventura, tudo indica que não chega a lado nenhum no pós-eleições. Urgia, pois, começar, sem tardança, uma campanha para colar a Ventura e ao CHEGA uma imagem de moderação. Rui Rio, como principal interessado, tomou a iniciativa. Tão simples, quanto isto.
Afigurando-se-me como segura esta conclusão, não duvido que, se os resultados das próximas eleições lhes vierem a ser favoráveis, ainda haveremos de ver Rio e Ventura como comparsas de um acordo parlamentar e porventura (longe vá o agouro!) de governo.
(imagem daqui)
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