A solução adoptada pelo governo de Passos, Portas & Cª para resolver os problemas decorrentes da derrocada do BES já foi qualificada como engenhosa, qualificativo que não custa aceitar, visto que a operação levada a cabo é, essencialmente, um exercício de engenharia financeira. O ser ou não "engenhosa" nada nos diz, porém, sobre a bondade da solução. Sobre este aspecto da questão já as dúvidas são mais que muitas.
Para começar, não há forma de garantir antecipadamente se o "Novo Banco", entretanto criado com os despojos não tóxicos do BES, acabará, ou não, por ter êxito no mercado.
Por outro lado, também não se sabe de que forma irão reagir os accionistas do BES que, com a operação desencadeada pelo governo, viram os seus activos reduzidos a zero ou próximo disso. Considerarão eles que a solução adoptada os trata justamente ou, pelo contrário, julgar-se-ão vítimas de um confisco que a Constituição não permite? Se o entendimento dos accionistas do BES for este, hipótese que não me parece ser de descartar liminarmente, é evidente que não faltarão processos instaurados contra o Estado. Teremos, em tal caso, um enorme sarilho em vez de uma engenhosa solução.
Voltando às dúvidas, cumpre notar que o próprio governo, ainda que oficialmente tenha vindo a afirmar e a reafirmar a bondade da solução, partilha das muitas dúvidas que por aí circulam. Só assim se explica que o governo se tenha vindo a distanciar do caso, desde a primeira hora. De facto, por alguma razão, o anúncio da operação foi feito, não pelo primeiro-ministro ou por alguém que as suas vezes fizesse, como seria curial, visto tratar-se de uma operação da responsabilidade do governo, mas sim pelo governador do Banco de Portugal que, pelos vistos, não rejeitou desempenhar o papel de pau mandado.
Haverá, além da acima explicitada, outra justificação para o distanciamento demonstrado pelo primeiro-ministro (que estava em férias e em férias continuou), em relação à resolução do problema, distanciamento que, face à gravidade do caso, chega a ser obsceno?
Como diria o outro; poderá haver, mas não estou a ver.
2 comentários:
Vou pela segunda hipótese.
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~ ~ Só há uma expicação para PPC continuar a banhos na Manta Rota--já estava tudo planificado-- combinado, engendrado.
~ ~ Aos accionistas que perderam, devem ter prometido uma série de duvidosas indemnizações, caso contrário, já tinham invadido o Algarve e a Manta ficaria mais rota e quem a pintou também...
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