sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O inferno está cheio de boas intenções, não é, Baldaia?

O DN publica na sua edição on line uma peça intitulada " Moedas avisa Costa: corte de fundos comunitários depende do governo". 
Lê-se o texto e onde o jornalista viu um "aviso"( pelos vistos, ameaçador, visto que, no desenvolvimento da notícia, o plumitivo fala em "pressão sobre Costa na questão dos fundos")  não se encontra mais que a enunciação do que é doutrina da Comissão Europeia sobre os fundos europeus, doutrina que é mais que conhecida pelo Governo português. O comissário europeu Carlos Moedas limitou-se, com efeito, a dizer  que "Se Portugal continuar a cumprir em termos de orçamento, em termos de números, isso [corte de fundos] não será uma questão". 
Só uma imaginação muito fértil ou uma mente mal intencionada é que pode ter visto um "aviso" ou uma "pressão" sobre o primeiro- ministro de Portugal numa afirmação onde não existe o menor tom de ameaça. Não existe, nem seria expectável que existisse, pois a verdade é que Carlos Moedas, enquanto comissário europeu, tem tido um comportamento onde não encontro falhas no relacionamento com o Governo português.

A notícia é, pois, no mínimo, especulativa, pois falha completamente no teste da objectividade.

Dá-se a coincidência de no mesmo dia, o DN publicar um texto do seu novo director, Paulo Baldaia, onde este assume, em nome do jornal "o compromisso de fazer jornalismo com rigor, livres para fazer escolhas, com total transparência e ao serviço dos leitores".

Um texto, já se vê, pleno de boas intenções, mas que, por um azar dos diabos, sofre logo no mesmo dia um completo desmentido.

1 comentário:

Majo Dutra disse...

Excelente ironia, Francisco.

MUITO BEM!
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