domingo, 20 de abril de 2014

"Dar palha ao burro"

Não é exactamente a expressão em título a desencantada na linguagem popular por Manuel Carvalho para caracterizar, em artigo de opinião (Trapalhada, uma receita para o pós-troika) publicado na edição de hoje do Público, a acção deste governo ("calamitoso" e "extremista do ponto de vista ideológico", no dizer de Francisco Assis, em entrevista publicada na mesma edição, opinião que, obviamente, partilho).
Manuel Carvalho prefere antes a expressão "dar palha ao animal" que, embora mais "soft", não me parece ser a genuína. No entanto, seja qual for a verdadeira expressão popular, qualquer das versões serve para traduzir a desorientação que impera neste governo "viciado a reagir por pressão da troika e pouco treinado a pensar pela própria cabeça". 
Tê-la-á?
Justifica-se a pergunta, porque, cabendo ao primeiro-ministro desempenhar a função de pensar e de definir um rumo para a governação,  ele acaba de fazer a cabal demonstração da sua impreparação com a pretensa entrevista dada à SIC, em que ficou claro que não tinha nada para dizer, porque também não sabe o que fazer.
A capacidade de Passos Coelho e, consequentemente, a deste governo esgotou-se na aplicação de medidas de austeridade, seja sob a forma de cortes nos salários dos funcionários públicos e nas pensões, seja pela via do aumento generalizado de impostos, matérias em que, verdade seja dita, até são peritos e em que até são perfeitamente capazes de dar lições à troika
Os últimos desenvolvimentos desta (des)governação estão aliás bem presentes para demonstrar que, para além da capacidade e da insensibilidade para "cortar", o governo é incapaz de definir um rumo, tão evidentes são os sinais de desorientação e as contradições. 
Nestas circunstâncias, resta ao governo "dar palha ao burro", expressão aqui usada no duplo sentido, que ela, a meu ver, comporta e que se traduzem em "enganar tolos", enquanto se vai "encanando a perna à rã". É o que faz quem não sabe o que fazer.E é, claramente, o caso deste (des)governo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na mouche, Francisco