sexta-feira, 30 de abril de 2010

Os insondáveis critérios jornalísticos

Estará em visita oficial a Portugal o Presidente de Moçambique ?
Faço a pergunta, porque não consegui confirmar, em nenhum órgão de informação, a referência incidental  ouvida em comentário na SIC Notícias à saída apressada do primeiro-ministro, após o debate parlamentar,  para um encontro com aquela personalidade. Por certo que a dúvida fica a dever-se a desatenção minha, mas também, seguramente, à pouca relevância dada à visita pela comunicação social, incluindo as televisões. Até admito que que possam ter mencionado o facto, mas as referências devem ter sido de tal forma circunstanciais que delas não apercebi, apesar de ter passado os olhos pelos jornais on line e pelos telejornais das principais estações de televisão. Estas, no entanto, ainda ontem deram largo tempo de antena a duas telhas caídas numa escola de Baltar, causando dois feridos ligeiros entre os alunos.
Esta notícia, para a nossa comunicação social é, pelos vistos, de muito maior relevância noticiosa do que a visita do Presidente dum país amigo, ex-colónia portuguesa, que até faz parte da CPLP. Tal mostra bem os critérios por que se rege a comunicação social portuguesa.
Critérios, no mínimo, insondáveis, diria eu.

Cabeça fria

É verdade que o país, por razões estruturais da economia portuguesa, sem dúvida, mas também e sobretudo por efeito de arrastamento da crise financeira grega, vive momentos difíceis, mas não é menos verdade que as mudanças de rumo propostas pelos partidos da oposição e a contínua reponderação dos investimentos públicos  (que Cavaco Silva veio agora, inoportunamente, defender)  não contribuem em nada para credibilizar a política económica portuguesa, perante os mercados financeiros internacionais. Muito pelo contrário, como é bom de ver. As declarações de José Sócrates durante o debate parlamentar “Eu sigo o meu plano e sou fiel ao meu plano” e “o pior seria não manter a confiança no nosso plano”,  fazem, pois, todo o sentido.
De facto, se o Governo não acreditar no seu plano e desistir de o concretizar, como se pode esperar que os mercados estrangeiros confiem ?
Nesta perspectiva, as declarações de Cavaco Silva, para além de inoportunas, constituem  mais "um tiro no próprio pé" e, no mesmo enquadramento, agradece-se que haja alguém capaz de manter a cabeça fria. Por duas razões: à uma, é óbvio que os alarmismos não só nada resolvem, como,  pelo contrário, contribuem para diminuir a capacidade de discernimento; e depois, porque há sinais de que boa parte das dificuldades que o país enfrenta, tenderão a atenuar-se, logo que fique resolvida, com a intervenção dos países do Euro e do FMI, a actual crise das finanças públicas da Grécia.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Arquitectozito e aldrabãozito ?

Por deliberação de 28-04-2010, o Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) foi arquivado o processo instaurado na sequência das "denúncias públicas feitas pelo Director do jornal Sol relativas a tentativas de “chantagem” sobre a sua Direcção editorial e a tentativa de “estrangulamento” económico-financeiro, com o objectivo de condicionar a sua linha editorial ou, no limite, conduzir à extinção do jornal", considerando como não provadas as referidas denúncias.
Deliberação fundamentada que me leva a interrogar sobre se José António Saraiva (JAS) além de um arquitectozito não é também um aldrabãozito. E a mais esta: será que JAS, com a linha editorial que imprimiu ao "Sol" (de tipo tablóide sensacionalista e desrespeitadora quer de decisões judiciais, quer das regras deontológicas do jornalismo) vai conseguir salvar o seu jornalzito?
(A deliberação, de que tive conhecimento por esta via, é acessível através do link indicado aqui.)

"Os tipos do Governo"

Transcrevo no título a expressão que o deputado João Semedo utilizou para designar, por mais de uma vez, o Governo legítimo de Portugal, durante o seu interrogatório ao presidente executivo da PT, Zeinal Bava, na comissão de inquérito ao negócio PT/TVI.
Só mesmo um "tipo" como João Semedo que, por acaso, é deputado do BE, é que teria a "lata" de se referir por tal  forma deselegante ao Governo do país.
O "tipo" deve julgar que está nalguma tasca.

Nepotismo

Da audição de José Eduardo Moniz na comissão de inquérito ao negócio PT/TVI, retenho, para além das suas profissões de fé, ainda assim menos afirmativas do que as de Manuela Ferreira Leite (esta tem certezas absolutas, Moniz limita-se a crer) a conclusão de que Manuela Moura Guedes só continuou a apresentar noticiários, (noticiários, quanto a mim, é favor, mas a expressão é dele) graças à sua protecção.  A isto chama-se nepotismo. Ou será "maritismo"? 

Acredito !

É a derrota mais bonita da minha vida” - José Mourinho, após o encontro entre o Barcelona e o Inter (1-0) que ditou a passagem do Inter à final da Liga dos Campeões.
Não custa acreditar, direi eu. Pudera!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cuidado com o fogo!

A Alemanha e a senhora Merkel, perante a crise financeira da Grécia e o ataque dos especuladores a outros países do Euro, como Portugal e Espanha,  comportam-se como o outro que diz "deixa andar que o fogo é na casa do vizinho"
Cuidado que o fogo tende a alastrar!

Barcelona: 1 - Inter: 0 - Inter na final da Liga dos Campeões (Video - Golo)

Apesar da superioridade numérica de que gozou, durante a maior da partida, o Barcelona mostrou-se incapaz de anular a vantagem de 2 golos que o Inter trazia do jogo da primeira mão da meia-final. Perante um Inter remetido à defesa, nem Messi fez a diferença, perante a muralha que lhe vedava o caminho para a baliza do Inter onde só introduziu a bola por uma vez, já quase no final, em jogada de legalidade duvidosa por hipotético "fora de jogo" do marcador Piqué.
Segue o Inter em frente para a final da Liga dos Campeões, onde vai defrontar o Bayern de Munique, final que contará assim com dois protagonistas improváveis, porque não eram certamente os favoritos no início da prova. Tal estatuto era, sim, atribuído ao Barcelona, hoje afastado, e a outros, como o Manchester United. Mais um justificado motivo para Mourinho festejar.
Para rever:
O golo de Piqué 

O país que se segue...

Depois da Grécia, Portugal. Depois de Portugal é a Espanha a ficar na mira das agências de notação financeira, com a Standard & Poor's a  baixar o rating de Espanha para AA-.
Enquanto a senhora Merkel continua a fazer de conta que o Euro não é para aqui chamado, nem está em causa, aceitam-se apostas sobre qual será  o país que se segue.

Uma parábola

Com a nau sob o fogo cerrado da actual pirataria, o que faz a tripulação? Em vez de cerrar fileiras e virar-se contra o inimigo comum para repelir os ataques, envolve-se em discussões bizantinas e afadiga-se em disputas entre si,  mesmo correndo o risco de fornecer munições ao adversário. E a restante população ? Com a mesma falta de bom senso da tripulação, cada um cuida de si, como se o naufrágio não fosse comum e não estivesse em perigo a pele de todos e não apenas a de cada um.
Não está à vista, que nestas condições e com tanto rombo no casco, a nau dificilmente chega a bom porto?
Adenda, no seguimento da parábola:
Após um encontro em S. Bento, o primeiro-ministro e o líder do PSD afirmam-se dispostos a “trabalhar em conjunto” para tentar debelar a crise económica e financeira.
Diria que é caso para saudar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Toque a rebate ?

Ao que parece, sim, por parte do líder do PSD,  que considera que Portugal está sob um "ataque especulativo" que fere a soberania nacional.
Temos, finalmente, na oposição, alguém que dá conta que as dificuldades que enfrentamos dizem respeito a todos e não apenas ao Governo e que só juntando esforços será possível libertar o país da ditadura das agências de rating e da ganância dos especuladores?
A bem do país, esperemos que sim, porque está na altura de nos deixarmos de questiúnculas.

Nossa Senhora das Certezas

Manuela Ferreira Leite confirmou na Comissão de Inquérito que não tem factos que o comprovem, mas tem a "certeza absoluta" que primeiro-ministro “não estava a falar a verdade” no Parlamento, quando disse desconhecer o negócio PT/TVI.
Tanta certeza sem provas, só por revelação ou milagre. De Nossa Senhora das Certezas.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O que querem é uma democracia "faz de conta" ?

No Diário Correio da Manhã de hoje, um tal Manuel Catarino assina mais uma diatribe contra a deputada Inês Medeiros, tudo indicando que a polémica à volta das suas viagens está para lavar e durar. Daí o sentir-me tentado a retomar o assunto para me interrogar sobre a motivação de tantos opinantes sobre o tema. Estaremos perante um caso de populismo, de mesquinhez, ou tais posições serão antes reflexo dum fraco conceito de democracia ? Acabo por optar por esta alternativa, atendendo a que já vi defensores da ideia de que deveria ser o PS a pagar os custos da viagens da deputada, porque lhe cabe a responsabilidade de a ter escolhido. De facto, pergunto, se um partido não pode livremente escolher quem o represente, que raio de democracia é esta?
Mas, dir-se-á: as viagens são caras. Pois são. Só que um tal argumento só se compreende do ponto de vista de quem tem um conceito de democracia do género "faz de conta". Para uma democracia assim, o "quanto mais barato, tanto melhor" faz, na verdade, todo o sentido. Doutro modo, não. Só que, assim sendo, justificar-se-ia também que quem questiona os custos das viagens da deputada já se tivesse lembrado de propor como condição de elegibilidade para a Assembleia da República que os candidatos tenham residência nas proximidades de S.Bento, de forma a possibilitar as deslocações a pé. Realmente, ainda não se lembraram ? Aqui fica a sugestão.
Já agora, além da sugestão, uma pergunta:
Se o apreço que tanta gente manifesta pelo órgão de soberania que dá pelo nome de Assembleia da República (formado exclusivamente por deputados eleitos)  é assim tão escasso, ao ponto de se questionarem os custos das viagens duma deputada, por que não questionar, por idêntico motivo, as viagens do Presidente da República e das respectivas comitivas? Sirva de exemplo a realizada recentemente a Praga, viagem que, à primeira vista, para pouco mais serviu do que para o PR ouvir, de bico calado, da boca do seu homólogo checo, uns tantos enxovalhos, dando provas de que, pelo menos na República Checa, a boa educação e arte de bem receber convidados não constituem requisitos de elegibilidade para a Presidência da República.
Estou só a perguntar. Resposta não é precisa.

domingo, 25 de abril de 2010

O campeonato ainda mexe: Naval: 0 - Braga:4 (Videos - golos)

Numa jornada em que não faltaram os golos (Vitória de Setúbal 2-5 Porto; Benfica: 5-0 Olhanense) o Braga não quis deixar os seus créditos por mãos alheias e foi ao campo da Naval marcar presença impondo aos donos da casa uma goleada (0-4) significando que a luta pelo título é para ir até ao fim. As esperanças benfiquisttas mantêm-se intactas, mas o Benfica terá ainda que esperar para se proclamar campeão. No entretanto, o "meu" Sporting continua a fazer má figura, pois não foi além de um empate (1-1) no jogo com a União de Leiria, continuando sem ter assegurado o 4º lugar.
Para animar, só mesmo os golos do Braga!

Golo de Luís Aguiar



Golo de Mateus



Golo de Paulão



Golo de Luís Aguiar

25 de Abril !

Ontem, hoje e SEMPRE...  a comemorar o 25 de ABRIL!



Via: A Carta a Garcia

sábado, 24 de abril de 2010

Uma vitória fácil: Benfica:5 - Olhanense: 0 (Vídeos - Golos)

Uma vitória fácil e muito facilitada por dois erros do mesmo jogador do Olhanense, Delson: uma grande penalidade cometida nos primeiros minutos, dando origem ao primeiro golo do Benfica, punida também com cartão amarelo e, minutos depois, uma falta merecedora de idêntico cartão que dita a sua expulsão.
Ao Benfica, depois de mais esta vitória, resta-lhe esperar por amanhã para saber se já é campeão.O resto não tem história, a não ser os golos.
Vamos a eles.

Golo de Cardozo:



Golo de Di Maria



Golos de Cardozo



Golo de Aimar

Entretanto, na Madeira ...

... a tradição ainda é o que era: "PSD-Madeira recusa comemorar 25 de Abril".
O que não deixa de ser motivo para meu grande espanto, pois que se não fosse o 25 de Abril nem o PSD-Madeira existia, nem a Madeira teria alguma vez sabido o que era a autonomia. Mas, enfim, como vivemos em democracia,  respeitemos as idiossincracias do PSD-Madeira.
Será esta mais uma forma de comemorar o 25 de Abril.

António Martins a "engolir" o que disse ...

António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes, a "engolir" o que disse sobre a extinção da Ordem dos Advogados
Via: Machina Speculatrix

O eng. Ângelo Correia é que sabe ?

"O Sindicato do Ministério Público é dirigido por um militante do PSD, latifundiário no Alentejo" (Ângelo Correia, em entrevista publicada na "Revista Única" - "Expresso" de 24 Abril 2010)
Pode lá ser verdade uma afirmação destas !
E, todavia, a ser verdade, a afirmação daria para explicar muita coisa, para além da agenda política do SMMP. Por exemplo: as informações, em primeira mão, da Drª Manuela sobre o caso Face Oculta, o encarniçamento do Sindicato contra Lopes da Mota, ou a sistemática confrontação com a Procuradoria-Geral da República.
Será  que o Eng. Ângelo Correia é que sabe ?

Notícias importantes

Morreu a segunda cria de Lince-Ibérico nascida em Silves . A primeira já tinha morrido em 11 de Abril. Uma e outra de causas desconhecidas. Ambas as ocorrências são de molde a suscitar dúvidas sobre o sucesso da reprodução em cativeiro da espécie e sobre a viabilidade do Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal.
Notícias importantes ? Sem dúvida. Pelo menos, para quem esteja atento aos problemas da biodiversidade, sabendo que "Terra há só uma". Por enquanto, diria eu, para ser optimista.
(Imagem daqui)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Espanto e vergonha

Ouvir o presidente da Associação Sindical dos Juízes (ASJ) António Martins, defender a extinção da Ordem dos Advogados, porque não gostou das declarações dum advogado a propósito da absolvição de Domingos Névoa ditada pela Relação de Lisboa, num caso de corrupção que o próprio advogado denunciara, é algo digno do maior espanto, pois atinge as raias do incrível. 
 A posição de António Martins prova que o senhor convive mal com as regras da democracia e é inegavelmente uma atitude que envergonha toda a magistratura judicial. Se os demais elementos da direcção da ASJ e a própria magistratura judicial, no seu todo, se não desmarcarem, de imediato, daquela posição, com todas as consequências, é sinal de que a justiça portuguesa está bem pior do que até agora se julgava.
E não vale a pena estar com paninhos quentes: o que António Martins defendeu, para mais pela boca de um juiz, é simplesmente inadmissível.

Liga Europa: Atlético de Madrid: 1 - Liverpool: 0 (Golo- vídeo)

Um golo de Forlán obtido na primeira parte do jogo da primeira mão das meias-finais da Liga Europa, hoje disputado, traduz a vantagem com que o Atlético Madrid se apresentará no campo do Liverpool no jogo da segunda mão. A diferença mínima no primeiro jogo não foi suficiente para o Benfica levar de vencida o Liverpool, na eliminatória dos quartos-de-final. Duvido que para o actual Atlético de Madrid um golo de vantagem seja suficiente para ir à final.
Mas, enfim, veremos. Para já, vejamos o golo (obtido com boa dose de sorte e um tanto trapalhão).

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele"

Face aos antecedentes, não surpreende a reacção dos deputados das oposições presentes na comissão de inquérito ao abortado negócio PT/TVI, perante a decisão de Rui Pedro Soares de se remeter ao silêncio, alegando a sua condição de arguido,  reacção traduzida no clamor de se estar perante um crime de desobediência qualificada e no imediato requerimento da participação ao Ministério Público dirigido ao presidente da Assembleia da República a que este deu pronto seguimento, invocando-se para o efeito, a  lei dos inquéritos parlamentares que serviu igualmente para concluir que não é aceitável o "direito ao silêncio", invocado por aquele.
Ora, não me parece que essa conclusão seja assim tão evidente, se é verdade que a referida lei também dispõe que "a falta de comparência ou a recusa de depoimento perante a comissão parlamentar de inquérito só se tem por justificada nos termos gerais da lei processual penal". Como é sabido, a lei processual penal reconhece aos arguidos o direito ao silêncio e Rui Pedro Soares é presentemente arguido no processo Taguspark. Tendo em conta que os deputados da comissão requereram ao tribunal o envio de documentação desse processo, tal circunstância torna legítima, a meu ver, a recusa daquele em prestar depoimento na comissão. Diz-se que a ânsia e a sofreguidão deitam muitas vezes tudo a perder e este terá sido mais um caso. Os indignados deputados deverão, pois, começar por bater em si próprios.
Diga-se que até este ponto, o procedimento dos deputados da comissão ainda pode ser levado à conta de uma interpretação admissível da lei dos inquéritos parlamentares. O que já não é aceitável é que se queira atribuir valor ao silêncio, como pretende, o deputado do PCP, João Oliveira, para quem "o silêncio de Rui Pedro Soares pode ser usado como falta de contraditório",  explicitando o seu entendimento com esta surpreendente conclusão: "Paulo Penedos disse ontem que tudo o que fez foi a mando de Rui Pedro Soares. Se o ex-administrador da PT não responde e por isso não desmente, vamos dar aquelas declarações e aqueles contactos como provados."  E "prontos", como diria o outro!
A proposição do deputado João Oliveira é admitida em processo cível, onde a falta de resposta por uma das partes tem o efeito de dar como provado o afirmado pela contra-parte. Todavia, em processo penal, por cujas normas se rege a comissão de inquérito, não é assim. Como bem sabe, ou deveria saber.
Pese embora o comportamento pouco isento de que, até agora, vários deputados da comissão  deram provas, quero crer que a orientação da comissão não venha ser a do deputado Oliveira, porque se tal vier a acontecer, então teremos de concluir que um tal entendimento nem no tempo da "outra senhora", com a possível excepção dos processos políticos. Teríamos de recuar, para encontrarmos, na nossa história, um paralelo para tal, aos tempos da Inquisição. Como teríamos de recuar a esses tempos para encontrar atitudes semelhantes às de alguns deputados que já ditam "sentenças", antes da conclusão do inquérito.
Ora, se bem julgo,  quanto maior for a isenção demonstrada pelos deputados, mais provável é a aceitação pública das conclusões a que a comissão vier a chegar e, ademais, suponho que é do seu próprio interesse que se abstenham de fazer julgamentos antes de tempo e de tomar atitudes que comprometam a sua isenção. É que, doutra forma, correm o risco de ser vistos (se é que o não são já) como inquisidores, e não como inquiridores. Pois, como diz o ditado, "quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele".

O Sol que nos alumia



As espantosas imagens do Sol captadas pelo Solar Dynamics Observatory da NASA, lançado para o espaço no passado dia 11 de Fevereiro.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma recusa incrível ?

Em editorial do "Expresso" do passado sábado qualifica-se como "recusa incrível" o facto de o PS não aceitar a criminalização do enriquecimento ilícito, sustentando-se no mesmo local que a fundamentação dessa posição assenta numa ideia errada: a de que essa criminalização conduziria à inversão do ónus da prova, bastando-se, para afirmação tão peremptória, com a opinião de "vários especialistas" que não cita.
 Como não são citados, continuaremos, lamentavelmente, sem possibilidade de os conhecer e de ter acesso à sua argumentação para ser possível confrontá-la com a posição conhecida de algumas personalidades com especial autoridade e competência que defendem precisamente o contrário.
Mas já lá iremos. 
Recordo, antes de mais, que todas as entidades com responsabilidades no combate à corrupção (e é disso que se trata), incluindo o Provedor de Justiça, ouvidas na comissão parlamentar presidida por Vera Jardim se mostraram contrárias à instituição do "enriquecimento ilícito" como novo tipo legal de crime.
E não é difícil compreender porquê. O enriquecimento, quando ilícito do ponto de vista criminal, já é sancionado através dos vários tipos legais de crime previstos na lei (cito, sem preocupação de exaustão: furto, roubo, abuso de confiança, usurpação, burla, extorsão, infidelidade, usura, apropriação ilegítima, administração danosa, falsificação, corrupção e peculato)  não havendo, por isso, pelo menos aparentemente, justificação para a criação do "enriquecimento ilícito" como crime autónomo. De facto, justificação, propriamente, não há, mas conhece-se a razão por que tem defensores. E a razão é esta: a prova  dos crimes acima citados, nem sempre é fácil. O crime de "enriquecimento ilícito" surge precisamente para ultrapassar a dificuldade. E como? Se a acusação não consegue provar a ilicitude criminal ou a culpa com os meios que tem à sua disposição, a maneira mais simples e eficaz de obter uma condenação é inverter o ónus da prova, ou, o que vem a dar no mesmo, presumir, verificados determinados pressupostos, que o arguido ou réu é culpado, se ele próprio não fizer prova de que o seu enriquecimento é lícito. O que significa que, se se quiser ser intelectualmente honesto, não se poderá falar dum crime de "enriquecimento ilícito" mas sim dum crime "enriquecimento ilícito presumido" .
Que assim é, provam-no as formulações já conhecidas apresentadas pelo PSD, pelo PCP e pelo BE, que o leitor e o editorialista do "Expresso" podem consultar em dois notáveis escritos do juiz Pedro Soares de Albergaria (aqui e aqui) complementados por dois outros, não menos claros e contundentes, do juiz conselheiro, Eduardo Maia Costa (aqui e aqui).
Para encurtar razões, diria pois que a posição que o PS tem tomado nesta matéria não só não é uma "recusa incrível" como é a única consentânea com a Constituição da República que consagra formalmente (art. 32º) o princípio  da presunção da inocência, impondo, pois, à acusação a prova dos factos imputados, da sua ilicitude e da culpa do réu .
Diria ainda que a inversão do ónus da prova, não é menos eficaz, na obtenção duma condenação, do que a confissão obtida sob tortura, método que não repugna a qualquer regime totalitário. E tão eficazes são uma e outro que podem levar, têm levado e levam à condenação de inocentes.
Está na tradição do PS ser um baluarte contra todos os totalitarismos. Admirar-me-ia, por isso, que não honrasse essa tradição nesta matéria, porque a liberdade também passa por aqui. 

terça-feira, 20 de abril de 2010

Liga dos Campeões: Inter 3- Barcelona 1 (Videos - golos)

No jogo para a Liga dos Campeões, entre o Inter e o Barcelona, o resultado saldou-se por uma vitória, que eu diria inesperada do Inter, por 3-1, inesperada até porque começou a perder,face a um Barcelona de Messi que estiveram, a equipa e o jogador, muito longe dos seus melhores dias. O Inter revelou sobretudo uma surpreendente eficácia, aproveitando, quase a cem por cento, as oportunidades, demonstrando-se assim, mais uma vez, que "no aproveitar é que está o ganho".
Mesmo assim, tendo ainda que disputar-se o segundo jogo, no campo do Barcelona, a passagem à final não se pode dizer que esteja assegurada. Longe disso, porque, embora a diferença de dois golos não seja fácil de anular, o Barcelona é, no entanto, uma equipa com capacidade para poder dar a volta à eliminatória. Não é novidade para ninguém. Isto acho eu, que também acho que o melhor é ver os golos:

Golo de Pedro (Barcelona)



Golo de Sneijder (Inter)



Golo de Maicon (Inter)



Golo de Milito (Inter)

Avifauna portuguesa # 88: Rola-brava (Streptopelia turtur)

Rola-brava, ou Rola-comum (Streptopelia turtur L.)
(Clicando na imagem, amplia)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sporting: 2 - Vitória de Setúbal: 1 - (Golos - Videos)

Depois de mais um susto inicial motivado pelo golo madrugador do Vitória de Setúbal, o Sporting lá conseguiu vencer o adversário desta noite, com dois golos alcançados na segunda parte, fixando o resultado final em 2-1. Haja fé quanto à manutenção do 4º lugar. Para mais, esta equipa não dá. 
Vamos aos golos:
Golo de Collin (Setúbal)



Golo de João Moutinho (Sporting)



Golo de Helder Postiga (Sporting)

Justiça expedita

Extractos de declarações de João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda e relator indigitado da Comissão de inquérito ao negócio PT/TVI, ao "Público" :(*)

1. "A minha convicção perante esses sinais é que essa intervenção existiu e que toda a gente sabia, ou seja, sabiam todos os que se interessam por estas coisas".

2. "Toda a operação de tentativa de compra da TVI pela PT decorreu num contexto político claro".

3. "O Governo sente-se com legitimidade para acabar com a operação, eu também me sinto na legitimidade de pensar que, se calhar, foi por influência do Governo que ela começou".

4. "O que tem de se procurar saber é se o Governo procurou de alguma forma influenciar a aquisição da TVI. Não me parece que essa influência seja formal, mas, como sabemos, a gestão política faz-se de mecanismos formais e informais".
____

 Estas declarações, não obstante indiciarem uma clara falta de isenção exigível, como é óbvio, a todos os membros da comissão de inquérito, mas muito especialmente ao relator, não incomodaram, pelos vistos, os deputados da oposição que integram a comissão, como se depreende do facto de terem rejeitado, liminarmente, um incidente de suspeição sobre João Semedo suscitado pelo PS tendo precisamente em conta as citadas declarações.
Temos assim que concluir que o "tribunal" ainda não abriu e já temos "sentença" lida. "Justiça" mais expedita não há. A antecipada conclusão torna legítima a dúvida sobre se o objectivo da  comissão é a descoberta da verdade. O comportamento das oposições indicia, para já, que não. No final, veremos.

(*) As declarações vêm na página 4 da edição impressa da "Público" de hoje, mas os extractos foram recolhidos aqui.

Adenda: As declarações do deputado João Semedo já estão também acessíveis no "Público" on line: aqui.

domingo, 18 de abril de 2010

Futebol Clube do Porto: 3 - Vitória de Guimarães: 0 (Golos - Vídeos)

Não obstante a vitória concludente sobre o Vitória de Guimarães, a verdade é que o FCPorto acordou tarde, pois já não pode aspirar a mais do que ao segundo lugar do campeonato e mesmo assim não será fácil, porque o Braga não desarma. Do ponto de vista pessoal, este resultado deixa-me satisfeito, porque o Sporting fica mais confortável no 4º lugar. Fraco consolo, é verdade, mas o Sporting também já não pode aspirar a mais.
Mas deixemo-nos de lamentações e vamos aos golos.

Golo de Hulk:



Golo de Guarin



Golo de Falcao

Académica: 2 - Benfica: 3 (Golos - videos)

Com a vitória, embora pela diferença mínima, sobre a Académica, o Benfica continua imparável e nesta altura está a um passo do título de campeão nacional. Essa é que essa!
Mas vejamos, entretanto, os golos:
Golo de Weldon (Benfica)

Golo de Diogo Gomes (Académica)

Golo de Weldon (Benfica)

Golo de Rúben Amorim (Benfica)

Golo de Tiero (Académica)

Primeira cavadela, minhoca

Especialistas em direito constitucional ouvidos pelo "Público" consideram que a revisão constitucional, cuja iniciativa foi anunciada por Passos Coelho, no último congresso do PSD, não é indispensável para viabilizar as reformas que aquele tenciona realizar no âmbito da educação, da saúde e do sistema eleitoral, já que todas elas são compatíveis com o actual texto constitucional.
Pondo de lado o facto de a revisão não depender apenas da vontade do PSD, carecendo pelo menos do acordo do PS para alcançar a maioria de dois terços exigível pela revisão e sendo manifesto que o PS se mostra, à semelhança do BE e do PCP, pouco entusiasmado com a proposta, torna-se cada vez mais claro, tendo em conta a opinião daqueles especialistas e de outros que também já se pronunciaram sobre o tema, que o anúncio de Passos Coelho não passou do lançamento de uma cortina de fumo tendente a encobrir a própria incapacidade para apresentar propostas capazes de dinamizar a economia, dar saída à crise económica e resolver o problema do desemprego que lhe está associado.
Ao atribuir à revisão da Constituição a centralidade da sua proposta política, ter-se-á de concluir, face à opinião dos especialistas e ao desinteresse da generalidade dos cidadãos que também não se revêm em tanta premência, que Passos Coelho não iniciou o seu mandato da forma mais auspiciosa. Indo mais longe, dir-se-ia até, glosando o ditado popular, que à primeira cavadela, minhoca.
Adenda:
O entendimento dos especialistas ouvidos pelo "Público" (Jorge Reis Novais e Tiago Duarte) é partilhado também por Jorge Miranda, Paulo Otero, Pedro Bacelar de Vasconcelos e Rui Medeiros: aqui.

Ora sim, ora não

Se as remunerações de alguns gestores de empresas participadas pelo Estado podem ser consideradas obscenas (e, nesta época de crise, são-no justamente) o mesmo se pode dizer da maior parte das intervenções dos políticos sobre esta matéria, a começar pelos partidos à esquerda (o que não surpreende) e a acabar nos partidos da direita, com particular destaque para Paulo Portas que é aqui chamado porque a ele pertence a última intervenção conhecida sobre o assunto, na qual afirmou que “Se o primeiro-ministro pode nomear o presidente da EDP, se quiser também sabe persuadir os accionistas da EDP a um regime de remunerações e prémios contido, humilde e coerente”.
Paulo Portas revela, com esta afirmação, que, para levar a água ao seu moinho, a sua incoerência não tem limites. Na verdade, deixando de parte o facto de, enquanto governante, nunca se ter pronunciado quanto a tal assunto, Paulo Portas sabe que o Governo e o primeiro-ministro não só fizeram saber às empresas participadas pelo Estado, (EDP e PT, designadamente) que estavam em desacordo com a situação, como sabe que a Parpública e a CGD, enquanto representantes dos interesses do Estado nessas empresas se opuseram nas assembleias gerais em que essas remunerações vieram a ser votadas e aprovadas pela maioria do capital não detido pelo Estado. E, finalmente, também sabe que, num Estado de  direito, há regras e que de acordo com elas, cabe aos accionistas decidir sobre a matéria, como agora fizeram, indo contra as orientações governamentais, como é seu direito. 
Todavia, a maior incoerência de Paulo Portas (mas não só) nem neside neste ponto. Na verdade, o que mais espanta é que os vários partidos da oposição reclamem a intervenção do Governo nas referidas empresas, muito para além do que a lei lhe consente, quando tanta censura têm dirigido ao Governo por este estar alegadamente envolvido no frustado negócio da compra da TVI pela PT, ao ponto de continuarem a não poupar a esforços (na Comissão de Ética e agora também numa comissão de inquérito ad hoc) e também dinheiro dos contribuintes, para provar, até agora sem sucesso, esse envolvimento.
Com estas posições que se contradizem (intervenção considerada ilegítima num caso e intervenção reclamada noutro) por certo que a bota não bate com a perdigota, mas está visto que a coerência não é o forte das oposições, às quais tudo serve de pretexto, não para fazer Política (com maiúsculas), como seria desejável e louvável, mas apenas para angariar uns votos, desgastando o Governo.
E não passamos disto e, não passando, também dificilmente passaremos da cepa torta.

sábado, 17 de abril de 2010

Pedir contas também é um acto de cidadania

Cheguei a esta notícia, via Porfírio Silva e tal como ele aplaudo a decisão de Rui Pedro Soares (RPS) (que também não conheço de lado nenhum) de propor uma acção de indemnização contra O "Sol", o seu director José António Saraiva e as jornalistas Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita, autoras das notícias que o visaram, porque num tempo em que os jornalistas se têm na conta de "vacas sagradas" e a comunicação social tende interesseiramente a perpetuar essa noção, é necessária alguma coragem para demandar judicialmente os media, ainda que tal não constitua senão o exercício de um direito ao alcance de qualquer cidadão que se sinta lesado nos seus direitos de personalidade ou patrimoniais.
Sabe-se que o "Sol" desrespeitou uma decisão judicial e foi pública a forma caricata como a direcção do jornal tentou evitar a notificação judicial da providência cautelar interposta por RPS. Ainda assim não se pode, obviamente, antecipar se virá a obter ou não ganho de causa, nem esse é o ponto que interessa destacar. O que interessa salientar, no caso, é a importância da atitude que pode vir a contribuir para pôr termo ao sentimento de impunidade que tem alastrado pelas redacções que se julgam no direito de violar direitos alheios, sem olhar a meios, situação que é intolerável num estado de direito, em que a lei a todos obriga, jornalistas incluídos. A acção de RPS constitui, por isso, não só o exercício de um direito individual, mas também um acto de cidadania que a todos interessa. 

"i" foi-se

O director do "i"nviável, Martim Avillez Figueiredo, demitiu-se, alegando sentir-se defraudado.
Por que razão Martim Avillez Figueiredo imputa à administração da empresa as culpas pelo insucesso do projecto a que se abalançou? Não serão os directores dos jornais os primeiros responsáveis pela qualidade do produto e, logo, pela sua viabilidade?
O exemplo do arquitecto Saraiva parece estar a fazer escola.

Belo golo de Cristiano Ronaldo (vídeo) - Almeria 1- Real Madrid 2

Para a história do campeonato espanhol fica o resultado, mas também este golo de Cristiano Ronaldo (no vídeo).

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Inter 2- Juventus 0 (Video)

Iniciada a vitória do Inter sobre a Juventus para o campeonato italiano, por 2-0, com um espectacular golo de Maicon (no vídeo)

Sempre a surpreender-nos

Ficamos a saber pelas palavras de Fernando Negrão (ex-director da Polícia Judiciária, actual vice-presidente da bancada parlamentar do PSD e autor da figura do "crime pré-crime" do enriquecimento ilícito, conceito que já lhe granjeou a perpetuação do seu nome na história do direito criminal) que o PSD vai já no quarto requerimento, continuando a Procuradoria Geral da República a não dar acesso a esses documentos.
Sabe-se qual a razão para a insistência do PSD na obtenção desses despachos, na sua integralidade e também são conhecidas as razões da recusa da Procuradoria assentes no facto de os despachos conterem escutas telefónicas julgadas nulas.
O que já não se compreende é o interesse do PSD em conhecer os despachos depois expurgados das escutas nulas. Eliminadas as partes onde se encontram as transcrições das escutas, o que resta para analisar nos despachos? A sintaxe?
Sempre a surpreender-nos: o PSD e Fernando Negrão.

BPP: ponto final

O Banco de Portugal (BdP) retirou a autorização para o exercício da actividade ao Banco Privado Português. Acautelados os interesses dos depositantes através do accionamento do fundo de Garantia de Depósitos e resolvido, finalmente, o caso dos clientes de produtos de retorno absoluto, com a criação do Fundo Especial de Investimento para estes clientes que a ele aderiram na sua grande maioria e concluindo pela  “inviabilidade dos esforços de  recapitalização e recuperação” do banco, não restava ao BdP outra solução que, diga-se, ainda assim tardou, dando ocasião a movimentações várias, incluindo algumas por parte de responsáveis pela derrocada.
Com o encerramento do banco, haverá certamente contas a prestar, mas é aos seus ex-administradores que cumpre dá-las e é aos accionistas que cumpre arcar com as consequências. Não aos contribuintes, que, pela conversa, era o que uns e outros  pretendiam. 

Quem vos avisa amigo é

Nos "D" do slogan do novo líder do PSD inclui-se o de "Desgovernamentalizar", propondo-se nesse âmbito alterar a forma de nomeação do procurador-geral da República, das entidades reguladoras e dos gestores públicos, fazendo depender uma e outras da aprovação da Assembleia da República. Tendo em conta tudo o que se passou com a substituição do anterior provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, talvez não seja despropositado chamar a atenção para os obstáculos que uma tal forma de nomeação vai ter que ultrapassar, obstáculos aliás facilmente previsíveis, mesmo sem exemplos antecedentes, tendo em conta a forma de funcionamento da Assembleia que, pela natureza das coisas, está muito longe de ser o mais linear e expedito e logo o menos recomendável em matérias que exigem alguma celeridade na decisão.
Como diz o outro: quem vos avisa amigo é.

No melhor pano cai a nódoa

Ao que é noticiado, todas as escutas do processo Face Oculta em que intervinha o primeiro-ministro  foram já destruídas, na sequência do indeferimento pelo presidente do STJ, Noronha do Nascimento, do requerimento entregue pelo advogado de defesa do arguido Paulo Penedos, Ricardo Sá Fernandes.
Não se conhece, por ora, a fundamentação do indeferimento, mas parece não haver dúvidas de que a defesa de Paulo Penedos carecia, em absoluto, de legitimidade para arguir a nulidade dos despachos que tinham ordenado a destruição das escutas. De facto, não sendo Paulo Penedos interveniente nas conversas escutadas, não se percebe a que título é que teria de ser notificado. Considerar-se com legitimidade para tal só pelo facto de as escutas terem sido efectuadas no âmbito do processo em que ele é arguido, mesmo não lhe dizendo respeito, seria seguir por um caminho que nos levaria longe. Talvez à noção de uma legitimidade ilimitada e, por essa via, à perpetuação processual que é a melhor forma de não se fazer justiça.

A estreia

No primeiro debate após a sua eleição como líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo não sobressaiu no frente-a-frente com José Sócrates.

Sondagem SIC/Expresso/RR


Sondagem realizada pela Eurosondagem, S.A. para o Expresso, SIC e Rádio Renascença, de 08 a 13 de Abril de 2010.
Fonte

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mais um passo em falso ?

Ao decidir-se pela acusação de Rui Pedro Soares, João Carlos Silva e Américo Thomati, como autores de um crime de corrupção passiva com base na celebração, enquanto administradores da Taguspark, de um contrato de cedência de direitos de imagem com a Lunarstart, sociedade de Luís Figo, com base na consideração de que o referido contrato "constituiu um expediente para através de uma remuneração anual pelo período convencionado de três anos, alcançarem da parte de Luis Figo, um apoio politico/partidário determinado”, o Ministério público terá seguido o caminho mais fácil, mas terá também dado, a meu ver, mais um passo em falso. E por duas razões: à uma, não se vê como configurar tal actuação como um crime de corrupção, sendo que este pressupõe, como é evidente, a existência de um (ou mais) corruptos e de um (ou mais) corruptores e Luís Figo, mesmo que tivesse sido acusado, não estava em situação de assumir esta posição; depois, a acusação não parece, face aos elementos disponíveis, ter provas que a sustentem, mesmo que os factos possam vir a ser considerados como integrantes de outro tipo legal de crime que não o de corrupção, sendo certo que tais provas estão ainda mais longe de ser suficientes para levarem a uma condenação. De facto, existe um contrato e, pelos dados tornados públicos, até terão existido actos integrantes da realização da contra-prestação por parte de Luís Figo. 
A acusação supõe uma intenção diversa da consignada no escrito (com ou sem razoabilidade, não discuto, porque não disponho de elementos para tal) mas uma condenação não se contenta com suposições e, por isso, não me espantaria se esta acusação, a ser recebida, vier, à semelhança de tantas outras, a redundar em mais uma absolvição, em nome do princípio in dubio pro reo.
A factualidade descrita (aqui, com mais pormenor) a ser verdadeira, mais parece enquadrar-se no conceito de simulação, sancionável, no plano cível (art. 240º do C. Civil), com a nulidade do contrato. Porventura outro galo cantaria se se tivesse seguido esse caminho, porque, embora carecendo de prova, nunca fácil em casos deste género, pois haveria que provar a intenção fraudulenta de ambas as partes, sempre seria mais fácil em processo cível do que em processo penal, como se salienta aqui. Só que esta via tem o inconveniente de não atribuir ao Ministério Público legitimidade para a arguição da simulação, se bem compreendo o disposto no art. 242º do C.C.
Talvez tenha sido este pormenor e o facto de não querer perder mais uma oportunidade para se pôr em bicos de pés (para não ir mais longe) que tenha levado o Mº Pº  a enveredar pelo caminho que seguiu, mas o mais o certo, quanto a mim, é que o caminho acabe num beco sem saída.

Um presente do deserto (III)


Embora nidifique entre nós uma das subespécies de Alvéola-amarela (Motacilla flava L.) - a Motacilla flava iberiae Hartert - não é o caso da que figura na imagem, que pertence à subespécie Motacilla flava flava L. e que, tal como as restantes subespécies de alvéola-amarela migra para África, onde  todas as alvéolas europeias desta espécie passam a invernada. Trata-se, pois, de um presente não avistável no nosso país e que é do deserto, vê-se pela areia.
(Imagem captada na Tunísia, algures no deserto,  a umas dezenas de quilómetros do Oásis Ksar Ghislane, único ponto que tenho como referência, em 05-Abr.-2010.) 
(Clicando na imagem, amplia)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Cá se fazem, cá se pagam" ?




Pelo que se tem visto ultimamente (aqui e aqui, por exemplo) a eventual candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República enfrenta inesperadas (?) dificuldades entre militantes e simpatizantes do PS.
Fruto do apressado e interessado apoio de Louçã e do Bloco, ou mais simplesmente tradução do ditado "Cá se fazem, cá se pagam" ? Ou simultaneamente consequência duma coisa e doutra, como me parece mais provável ?
Seja assim, ou seja assado, certo é que me cheira a esturro e confesso que tal não me agrada. Porque alternativa não vejo e mais Cavaco, não, por favor.

Vejam bem ...

Uma tromba de água, onde não fazia falta nenhuma. No Tejo, vejam bem!

Taça de Portugal: Porto 4 - Rio Ave 0 (Golos - Vídeos)

Está encontrado o adversário do Desportivo de Chaves na final da Taça de Portugal. Diga-se que sem surpresa, uma vez que o Futebol Clube do Porto trazia já de Vila do Conde a vantagem de 3 golos marcados contra um sofrido. Vantagem hoje dilatada com mais 4 golos sem resposta.
O FCPorto vai ter assim a possibilidade de alcançar um título, esta época, afastada que está a hipótese do campeonato, cujo título já tem dono praticamente assegurado. A menos que o Desportivo de Chaves consiga a proeza de derrotar o Porto, o que, sendo possível, é altamente improvável. Dias de sorte não acontecem todos os dias e embora a bola seja redonda, não é tão redonda assim.
E siga a ronda com os vídeos dos golos:
Golo de Belluschi:

Golo de Guarin:

Golo de Rúben Micael:

Golo de Falcao:

Entusiasmos de "criador" ?

Sabe-se que, durante a recente disputa para a eleição do presidente do PSD, a concorrência, para o apoucar, tentou colar ao candidato Passos Coelho a etiqueta de "criatura" do Eng. Ângelo Correia, acusando-o ao mesmo tempo de ter uma pose de "plástico" e um discurso fabricado.
É também notório que, após a vitória de Passos Coelho,  Ângelo Correia se tem desdobrado em declarações encomiásticas sobre o vencedor das "directas". Uma tal atitude, vinda de quem vem e nas concretas circunstâncias em que surge, em nada contribui para favorecer a imagem do novo líder do PSD, antes serve para confirmar as imputações dos adversários. De facto, uma campanha de "marketing", nestas condições, por boa que seja e por muito elogiosas que sejam as referências, é contraproducente para o "produto", seja ou não de "plástico". Ângelo Correia, com a experiência que tem, devia sabê-lo. Como explicar, pois, a insistência?
Entusiasmos de "criador" ?
(Imagem daqui)

Um presente do deserto (II)

Papa-moscas-de-colar (Ficedula albicollis Temminck)
Porquê presente? Porque é uma espécie bem interessante (e bem melhor ao vivo, como é óbvio) e que não se deixa avistar por cá. Nidificante no Sudeste da Europa e no Sudoeste da Ásia, migra para o Norte de África, onde passa o Inverno e onde ainda o fui encontrar.
(Imagem colhida na Tunísia, nos arredores de Chenini, em 04-Abr-2010)
(Clicando na imagem, amplia)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Campeões !

Eu não percebo nada destes campeonatos organizados pela empresa norte-americana Institutional Investor, mas seja como for, tratando-se de dois campeões, merecem um prémio que, aliás, já arrecadaram. E não lhes ficaria nada mal, se tivesse sido menos chorudo. Ou antes, só lhes ficaria bem. Em  qualquer circunstância, mas sobretudo em época de crise. É, pelo menos, o que acha muito boa gente.E eu também.

Benfica: 2 - Sporting: 0 (Golos - Vídeos)

O Sporting melhor na primeira parte, a desperdiçar. Melhor o Benfica na segunda parte, a aproveitar. E por duas vezes.  Com mais este resultado, o Benfica demonstra que é a melhor equipa do campeonato nacional e fica naturalmente mais próximo do título. Que merece, sem dúvida, e que só por muito azar lhe pode já escapar até porque "candeia que vai à frente alumia duas vezes".
Assina: Sportinguista conformado.
Vídeos:
Golo de Cardozo:


Golo de Aimar:

Desportivo de Chaves na Final da Taça de Portugal (Golos -Vídeos)

Se não é inédito, não deverá andar longe disso: o Desportivo de Chaves, do segundo escalão do futebol nacional, tem lugar assegurado na final da Taça de Portugal, ao vencer, no prolongamento, a Naval, por 1-2, depois de já ter batido a equipa adversária no seu terreno por 1-0. A Naval até começou bem ao marcar primeiro, anulando a vantagem que o Desportivo havia trazido de Chaves, mas depois, pelos vistos, deixou-se levar na onda.
Vídeos
Golo de Fábio Júnior (Naval)

Golos de Eduardo (Chaves)


Os 3 em 1

Segundo o resumo do JN da entrevista dada à SIC, "Despartidarizar, desgovernamentizar e desestatizar" são os três “D” de Passos Coelho.
Para quê gastar tanta tinta ? Um "D" chega: o de "Desmantelar". O Estado social, naturalmente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um presente do deserto

Escrevedeira-do-sara, ou Escrevedeira-doméstica (Emberiza sahari Levaillant)
Esta ave distribui-se pelas zonas áridas do Norte de África e também da Ásia, desde o Médio Oriente até à Índia. Em Portugal não há registo da sua presença.
(Designação noutros idiomas: Escribano sahariano (Espanhol); House Bunting (Inglês); Bruant striolé (Francês)
(Local e data: Chenini - Tunísia; 04-04-2010)
(Clicando na imagem, amplia)

Por que regiões inóspitas ?

Após uma pausa prolongada nunca é fácil o retomar do ofício. E, todavia, matéria não falta, a começar pelo Congresso do PSD, neste último fim de semana, que já só apanhei de raspão.
Que dizer, de facto, do discurso do novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que toma como um dos seus temas centrais a revisão constitucional? Onde a razão para o anúncio quando é certo que o consenso indispensável para a sua concretização nem sequer está assegurado e que a sua necessidade e premência é, pelo menos, imperceptível para o comum dos cidadãos?
Ou que dizer da medida proposta por Miguel Frasquilho de reduzir salários e pensões, medida que alguns dos seus pares classificaram, de imediato, como "discussão académica" ?
E, para não ir mais longe, onde terá visto José Pedro Aguiar Branco,  "a matriz social-democrata", no discurso do novo líder? Eu sei que Aguiar Branco concorreu nas "directas" sob o lema da unidade, mas para alcançar tal objectivo, fechar os olhos não é o procedimento mais recomendável.
Com tudo isto, até parece que não fui o único a andar por zonas desérticas. Por que regiões inóspitas terá andado esta gente ?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O apelo do deserto

(Deserto de Nazca - vista aérea)
"Blogar" também cansa. Daí o apelo do deserto.
Nazca ?
Não. Para onde vou, fica mais perto.
A bem dizer, nem seria preciso sair de casa, pois não é verdade que, segundo Mário Lino, a "Margem Sul" é um deserto? Onde não faltam "camelos".
Em todo o caso, pensando bem, vai valer a pena comparar. Acho eu. E tanto acho que lá vou.
(Clicando, amplia)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Liga Europa: Benfica: 2 - Liverpool: 1( Golos- vídeos)

Dois golos marcados através da conversão de duas grandes penalidades (outras duas terão ficado por marcar) deram a vitória ao Benfica sobre o Liverpool, no jogo da primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europa, Benfica que conseguiu assim dar a volta ao resultado, pois o Liverpool foi o primeiro a marcar. Não será tarefa fácil a que espera o Benfica no jogo da segunda mão em casa do adversário, pois a vantagem que leva da Luz é escassa. Vejamos, entretanto, os golos, (ou goles ?):

Vídeos:
Golo de Agger (Liverpool)


Golo de Cardozo (Benfica)


Golo de Cardozo (Benfica)

O súbito pudor

Avança hoje o Correio da Manhã com a notícia de que quatro políticos ligados ao governo PSD/CDS-PP terão recebido cada um 1,6 milhões de euros no negócio da compra dos dois submarinos aos alemães do German Submarin Consortium em 2004. Segundo o Correio da Manhã, ao todo, os quatro políticos terão recebido 6,4 milhões de euros.
Não fora o facto de a notícia ter sido acolhida em vários órgãos de comunicação social (pelo menos aqui, aqui, aqui e aqui) e estaria inclinado a considerar que se trata de uma peta própria do dia das mentiras, hipótese que mesmo assim não descarto, pois a notícia, contra o procedimento habitual seguido pelo jornal noutros casos bem conhecidos, não avança com os nomes dos alegados subornados.
A que se deve, pois, ó Dâmaso, este súbito pudor ? Trata-se de gente da direita, amiga lá da casa? Ou é mesmo mentira ?

Uns ingratos!

Vai por aí um grande escândalo com as remunerações auferidas pelos gestores portugueses, surgindo à cabeça António Mexia (EDP), por ter embolsado 1,9 milhões de euros (e ainda assim não deve estar muito satisfeito ao olhar para os réditos do presidente executivo da congénere espanhola, Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán, que não se contentou com menos de 5,4 milhões).
Deixemos a Espanha e concentremos no ranking português (dados daqui) onde aparece a seguir Manuel Ferreira de Oliveira (GALP) com um total de 1,573 milhões de euros; Zeinal Bava (PT) com 1,505 milhões de euros; e Ricardo Salgado (BES) com 1,053 milhões de euros.
É muito dinheiro? Pois é. Mas haverá razão para o escândalo? Neste particular, tenho de divergir da indignação generalizada. Explico porquê:
Propõe-se o Governo, segundo o PEC, fazer incidir sobre os rendimentos sujeitos a IRS, superiores a 150 mil euros, como é o caso, a taxa de 45%. Ora, em vez de reter os lucros nas empresas, onde seriam tributados a uma taxa inferior, ou em  vez de os distribuir através de dividendos aos accionistas, sujeitos à taxa liberatória de 20%, estes senhores acharam por bem sujeitar-se eles próprios a uma taxa muito superior - os tais 45%.
São, no fundo, no fundo... uns beneméritos. E nós todos ? Uns ingratos!