terça-feira, 29 de novembro de 2011

Querem lá ver que o Álvaro tinha razão!

Já ontem dei aqui conta dos festejos em São Bento ao serem conhecidas as previsões da OCDE que apontam para um recuo da economia portuguesa, em 2012, da ordem dos 3,2% e para um aumento do desemprego,  com este a atingir, segundo a previsão, os 13,8%. 
Devo, no entanto, confessar que não me tinha ainda apercebido que os festejos em São Bento são agora uma rotina quase diária, senão mesmo diária. É que todos os dias, ou quase, estão a surgir "boas" notícias. Hoje, por exemplo, ficámos a saber  que "para os consumidores, as perspectivas sobre a evolução da economia e da situação financeira do seu agregado familiar nunca foram tão más" e em relação "às empresas, o pessimismo é transversal a todos os sectores". (extracto da notícia:"Confiança das famílias e das empresas bate mínimo histórico")
A percepção dos consumidores e das empresas vai, pois, no sentido de que a economia portuguesa está a acelerar, e bem mais do que o previsto, em direcção ao empobrecimento que é, como o próprio Passos Coelho proclamou, a meta do seu governo. 
Cá temos, sendo assim, mais um bom motivo para o governo celebrar. Ou antes, dois motivos. É que, a manter-se este ritmo, é muito provável que a economia portuguesa  bata no fundo ainda antes do fim de 2012. E depois de bater no fundo, não havendo possibilidade de recuo, só restam duas hipóteses: ou permanece no fundo, ou cresce. Não sei qual das duas hipóteses é a mais provável. Seja como for, certo é que segunda hipótese  (a do crescimento) não é inteiramente de descartar. A verificar-se esta hipótese há que reconhecer que o ministro Álvaro tinha razão quando, aqui há dias, anunciou  para o final de 2012 o início do fim da crise. O que me leva a acreditar que o ministro Álvaro, ao contrário do que se tem dito dele, é um homem lúcido. O seu anúncio, revela, com efeito que ele, pelo menos, já tem plena consciência de que caminhamos para a pobreza a um ritmo imparável.
Será que tanta lucidez não merece também ser festejada? 

À bon entendeur...

... un demi mot suffit.
"O dilema que as autoridades europeias - governos e BCE - têm hoje pela frente é um dilema moral (...). Se persistirem na recusa do risco de inflação - actualmente desprezível, mais distante no tempo, de consequências mais controláveis, e, por tudo isso, o mal menor - estarão a escolher o caminho de uma generalizada crise bancária, de uma provável depressão económica e da desintegração europeia - com consequências mais iminentes, próximas, profundas e irreversíveis, ou seja, portanto, o mal maior. Não haverá meio termo. Este é um dos raros momentos históricos em que os protagonistas não conseguirão passar sem registo. Seja qual for a escolha que façam - activa ou passiva - a História não os isentará da responsabilidade moral e inscreverá os seus nomes na memória futura."
Quem deixa o aviso é Vítor Bento, nas páginas do "Económico". Do que duvido é que o destinatário (Passos Coelho) seja un bon entendeur. Melhor dizendo, sei que não é, pois limita-se a ter na cabeça umas quantas ideias fixas metidas a martelo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Festejos em São Bento

Logo que Passos Coelho tomou conhecimento de que, segundo as previsões da OCDE, em 2012, a economia portuguesa deverá recuar 3,2%  e o número de pessoas desempregadas atingirá, no próximo ano, 13,8% da população activa, convocou de imediato uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, onde a  notícia deu azo a largos festejos regados com champanhe.
Um ministro retardatário, ao deparar com a libação em curso, perguntou a Passos Coelho o que é o Conselho de Ministros estava a festejar, tendo Coelho retorquido de pronto: como sabe e é público, pois já o anunciei ao país, a política deste governo tem como primeiro e único objectivo empobrecer o país. Ora, as previsões da OCDE indicam que Portugal vai empobrecer ainda mais rápido do que o previsto. Não acha o meu amigo  que há boas razões para comemorar?
Bom, sendo assim, disse o ministro retardatário, venha daí mais uma rodada!

(imagem daqui)

Farsantes

Passada a farsa inicial da contenção de gastos por parte do actual governo, a pompa e circunstância regressaram aos ministérios. Fica assim explicada a razão por que, no Orçamento para 2012, os famosos "consumos intermédios" em vez de terem diminuído, aumentaram. E fica também explicada, pelo menos em parte, a razão de ser dos cortes nos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas: o dinheiro não dá para tudo e há que fazer opções: o governo passista optou pelas "bombas".
A propósito: não era este o artista  que dizia que com este governo ninguém fica para trás? Pois agora com esta "bomba" ao seu serviço, o ministro da Solidariedade (!)  deixa para trás todos os que andam a pé, de bicicleta, de mota e até os antigos companheiros de vespa.
Farsantes é o que eles são!

(imagem daqui)

O governo de todos os recordes

Quanto mais raspam o Passos e  o Vitor GRaspar, pior a desgraça.

domingo, 27 de novembro de 2011

O Álvaro às aranhas

Ora veja:

Uma boa anedota

A serem verdadeiros estes números (cada feriado custa 37 milhões de euros à economia) encarar a abolição de 4 feriados como uma medida importante para aumentar a produtividade, quiçá, a competitividade da economia portuguesa, não passa duma boa anedota.

(Imagem daqui)

Se calhar, a culpa é do Fado !

FMI prepara empréstimo de até 600 mil milhões de euros  à Itália. Graças à cegueira da senhora Merkel, outros países se seguirão à Itália. A Espanha, ao que parece, já está na calha. Mais um passo (a Bélgica? a França?) e adeus euro e adeus União Europeia.
E, claro, a culpa é do Sócrates!
Portugueses, bem fostes burlados, por estes farsolas que estão no poder! Mas, ainda bem que andais tão contentinhos com Passos a empobrecer!
"Pobretes, mas alegretes". Tudo visto, se calhar, a culpa é do Fado. Não é?

(título reeditado. imagem daqui)

sábado, 26 de novembro de 2011

"Uma no cravo, outra na ferradura"



Acrescentar mais o quê? Está tudo dito. No título.

Canalhice

Não tenho qualquer simpatia, nem pela pessoa, nem pelo estilo do deputado João Semedo até porque já o vi assumir, durante a anterior legislatura, o papel pouco dignificante de "grande-inquisidor".
Tal não me impede de considerar que associação feita pelo "Expresso", na primeira página, entre o nome do dito deputado e o do BPN, com toda a carga negativa que uma tal associação tem nos dias de hoje, não passa duma canalhice, tanto mais quanto é certo que a notícia anunciada na 1ª página e desenvolvida numa página interior não revela a existência de qualquer comportamento menos próprio por parte do deputado.
Sabe-se, até pelos número de exemplares vendidos do Correio da Manha, o campeão da imundície, que a canalhice compensa, vistas as coisas pelo lado do vil metal, mas traduz-se numa perda, pelo lado da credibilidade.
Tratando-se do "Expresso", como seu leitor de há décadas, tenho pena.

Peão de brega

A confirmar-se a continuação de negociações entre o PS e o governo sobre o Orçamento será mais um erro do PS a somar ao que já cometeu ao decidir, unilateral e previamente, abster-se na  votação da Lei do Orçamento.
Isto, porque, ainda que venha a obter algumas pequenas concessões, se é que as alcança, tais concessões em nada vão alterar a iniquidade do Orçamento. O "ganho" por parte do PS, em tal eventualidade, será o de ficar ainda mais associado à injustiça intrínseca de que este Orçamento enferma.
Lamento dizê-lo, mas o PS, com estas manobras de última hora, está a prestar-se a fazer o papel do peão de brega. Ajuda na faena, mas ninguém vai ovacioná-lo. Assobios, sim, vai ouvi-los.

De candeias às avessas

A relação entre o Presidente da República e Passos Coelho já conheceu melhores dias.
Para documentar esta minha afirmação basta saber o que Passos Coelho já disse sobre a intervenção do BCE e atentar nestas palavras do Presidente da República: "Só quem revela algum desconhecimento é que receia que na situação actual possam resultar dessas intervenções [do BCE] perigos de inflação".

Quem te avisa, amigo é

"Austeridade é  receita para suicídio económico" (Joseph Stiglitz, Nobel da Economia  em 2001)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Portugal é uma mina

Visto isto (Portugal vai pagar 34.400 milhões de juros à troika) não me digam que Portugal não é uma mina.  


Toca a aprender grego

Pelo caminho que isto leva, (a propósito, ó Moedas, então, para quando a tal palavrinha aos "mercados" e  às agências de rating?) está na altura de não gastar mais o latim, visto que este já deu o que tinha a dar.
Não será boa altura para aprender grego? 
De facto, quem é que, vivendo apenas do seu trabalho ou da sua pensão, não está já a ver-se "grego"?

Greve geral: uma lição

Qualquer que seja a percentagem de adesão à greve geral (e aqui faço um parêntesis para deixar uma palavra de saudação à centrais sindicais que tiveram o bom senso de não avançar qualquer número, bom senso que de todo faltou do lado do governo que chegou a anunciar uma adesão na Administração Central de 3,6% para a corrigir mais tarde para 10,48%, número que, mesmo assim, não deixa de ser ridículo quando se afirma que no ministério da Educação - com centenas de escolas fechadas - apenas 1,55% dos trabalhadores fez greve) um facto parece incontestável: a greve geral teve maior expressão e impacto no sector público do que no sector privado. 
A explicação está à vista: com o desemprego a galopar, a correlação de forças dentro das empresas é hoje claramente favorável ao patronato. Com a ameaça e a chantagem do desemprego, o patronato, com o apoio do governo passista, está em vias de transformar a relação laboral muita próxima da que é definida como trabalho escravo. Que outra coisa se pode, com efeito, chamar ao sistema que a dupla governo/patronato quer instaurar e que se traduz em trabalhar durante as horas e com o salário que o patronato muito bem entender? 
É um facto que já estivemos mais longe de Portugal poder ser identificado como uma minúscula China do Ocidente, ou se preferirem, uma pequena Índia Ocidental. Em todo o caso é para lá que este governo nos quer encaminhar. E consegui-lo-à, a menos que os trabalhadores tomem consciência da situação e se unam em torno dos sindicatos e das suas centrais sindicais, para fazerem frente ao capital e a um governo que está claramente ao seu serviço. Com greve geral ou sem ela. 

Governar às cegas

E no entanto, estranhamente, o ministro Vítor Raspar (mais uma vénia ao Rogério) que não sabe avaliar o efeito das medidas, trata  os portugueses, ele e o (des)governo de que faz parte, como burros de carga.
Ora, se isto não é governar às cegas, não sei que outro nome lhe dar.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os "mercados" não são estúpidos

Os mercados podem ser gananciosos, especuladores sem escrúpulos e tudo o mais que se lhes quiser chamar. Mas estúpidos, não são. Esta notícia (O Tesouro alemão foi nesta quarta-feira ao mercado levantar fundos numa emissão de dívida a dez anos e na qual ficou longe do objectivo de vender 6000 milhões de euros, apenas conseguindo arrecadar 60% do montante máximo colocado a leilão, ou seja, cerca de 3600 milhões de euros) parece indiciar que os "mercados" já chegaram à conclusão de que a Alemanha, a persistirem as dificuldades de financiamento de cada vez maior número de países da zona Euro e a manter-se a política de fustigar os povos desses países com medidas austeridade cada vez vez mais duras, também vai deixar de vender os seus Mercedes  e dificilmente escapará à recessão.
Pena é que ainda não tenham avisado a senhora Merkel.

Traficantes...

...mas não uns traficantes quaisquer. Traficantes de "carne humana", de gente qualificada que faz falta ao país. Ora leia esta notícia. E, por Zeus, não perca este magnífico comentário.

Amanhã...

Embusteiro: não há como o primeiro

"Seria um embuste" dizer que a economia vai crescer (afirmação atribuída pelo "Público" a Passos Coelho)
A este propósito convém lembrar que o primeiro membro do actual (des)governo a anunciar o fim da crise em 2012, não foi o ministro Álvaro. Foi precisamente um indivíduo que dá pelo nome de Pedro Passos Coelho. E cito, para não haver dúvidas: 

Está bem, abelha!

É fácil compreender onde é que o Vítor Raspar quer chegar. Na minha terra, a recomendações deste tipo é costume responder: "está bem, abelha!".

Por favor não insultem a Guiné Equatorial

É com este título que o "Público" (edição impressa e on line) nos dá a notícia de que a 'Assembleia Regional da Madeira, por proposta do PSD ontem aprovada com votos contra de toda a oposição, decidiu que nos plenários “os votos de cada partido presente são contados como representando o universo de votos do respectivo partido ou grupo parlamentar”'.
Em comentário, na coluna "Sobe e desce", na edição impressa do mesmo jornal, escreve-se: "Era uma vez uma assembleia onde um partido aprovou uma proposta sui generis que vale para todos os partidos mas beneficia mais o seu, que tem a maioria: se só estiver um deputado seu no plenário, o voto vale por todos os votos do partido. Assim garante que a oposição não consegue aprovar propostas caso existam ausências na sua bancada. Será a Guiné Equatorial? Não. É a Madeira."
Calma aí, que é preciso ter cuidado com as comparações, digo eu. É que não sei se a Guiné Equatorial é capaz de ir tão longe quanto o PSD da Madeira. Além do mais, não conheço nenhum outro partido cujos deputados se consideram a si próprios como bonecos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Estado-perdulário/Estado-mesquinho

O Estado português não se comporta apenas como mau pagador e ladrão. Também pode ser apelidado de Estado-perdulário.
De facto, que nome dar a um Estado que, por opção deste (des)governo e da maioria que o apoia, se esfalfa à procura de migalhas (que é no que se traduz o agravamento da tributação do subsídio de refeição) quando, através de um imposto, ainda que modesto, lançado sobre as grandes fortunas, poderia arrecadar milhões?
Em boa verdade, atendendo à alternativa escolhida (a das migalhas) também se pode dizer, com toda propriedade, que estamos perante um Estado-mesquinho.

O Estado-ladrão

O Estado português já gozava da fama (e do proveito) de ser um mau pagador. Depois do roubo dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários e pensionistas nos próximos dois anos* merece também ser considerado, a justo título, como um Estado-ladrão. E é como um perfeito ladrão que ele comporta, pois até se lhe pode aplicar com inteira justiça o ditado popular que diz que "a ocasião faz o ladrão". Na verdade, não há qualquer outra explicação para o facto de os funcionários públicos e os pensionistas terem um tratamento diferenciado em relação aos demais cidadãos, ao serem chamados a suportar a maior parte do esforço de consolidação orçamental, a não ser o facto de o Estado ter a faca e o queijo na mão.
E se havia dúvidas a tal respeito, elas são removidas com mais esta novidade: os pensionistas com pensões superiores a 5000 euros vão suportar, além da perda  dos dois subsídios, mais uma sobretaxa de 25% sobre o excedente àquele montante até 7545 euros e de 50% sobre o que exceder este valor.
Se esta sobretaxa fosse universal, ou seja, se incidisse sobre todos os rendimentos que ultrapassassem aqueles montantes, qualquer que fosse a sua proveniência, poderia ter alguma justificação técnica e, tendo-a, poderia aceitar-se. Não sendo o caso, pois a sobretaxa deixa de fora todos e quaisquer outros rendimentos, por mais elevados que sejam, incluindo os que se contam por milhões, estamos perante mais uma prova de que o Orçamento de Estado acumula iniquidade sobre iniquidade. De facto, é caso para perguntar: ressalvados os casos de pensões atribuídas por algum regime especial e, eventualmente, injustificável (que as há) que crime cometeram os restantes pensionistas que descontaram religiosamente para a Segurança Social durante toda uma vida de trabalho (alguns mais de 40 anos) para serem esbulhados desta maneira?
Note-se que entre as vítimas de mais este esbulho se contam os beneficiários de fundos de pensões integrados compulsivamente na CGA e cujas pensões estavam integralmente provisionadas. Nestes casos, o roubo é duplo: primeiro foram os fundos, agora as pensões.
As entidades e, designadamente, os sindicatos que, nesta altura, andam a negociar a transferência para o Estado dos fundos de pensões dos bancários têm nestes casos bons motivos para reflexão, pois estão a negociar com quem não honra os seus compromissos. Ladrão, não é de fiar.

(*) Dois anos dizem "eles", que eu nessa conversa não vou. E dizem-no apenas por duas razões: para dourar a pílula, sem dúvida, mas, sobretudo, para que o confisco tenha mais hipóteses de passar incólume pelo crivo do Tribunal Constitucional, se alguém se lembrar de levantar a questão da constitucionalidade. Por alguma razão, os actuais (des)governantes depois terem admitido que os cortes poderiam manter-se para lá de 2013, começaram a arrepiar caminho.

"Quem te avisa, amigo é"

"Espanha paga mais que a Grécia para emitir dívida"

"Hoje, (...) Espanha testou o mercado obrigacionista pela primeira vez após a conquista da maioria absoluta por Rajoy, com a realização de dois leilões de dívida de curto prazo a três e seis meses que tiveram como resultado uma subida explosiva do preço conseguido.

No leilão a três meses, o Tesouro espanhol pagou 5,11% pela emissão de 2.012 milhões de euros, quando há um mês, numa emissão com características semelhantes, tinha pago 2,292%.

Mas não só: foi também um preço superior ao pago pela Grécia (4,63%) a 15 de Novembro numa emissão a 13 semanas, e acima do valor pago pelo Tesouro português numa emissão de bilhetes do Tesouro realizada a 16 de Novembro, que resultou numa taxa média ponderada de 4,895%."

Os "mercados" avisam: não é com Governos de direita, nem com mais medidas austeridade em cima de mais austeridade que se resolve a crise das dívidas soberanas. A lição tanto é válida para o lado de lá da fronteira luso-espanhola, como para o lado de cá.
"Quem te avisa, teu amigo é".

Os contribuintes que paguem a factura

O argumento de Relvas (“A ausência de publicidade é condição de uma exigência superior tanto nos conteúdos como na grelha do canal que se manterá na órbita pública”) é simplesmente ridículo, pois não faz o menor sentido.
Todavia, a decisão, que é uma clara cedência aos interesses dos operadores privados do audiovisual, não me surpreende, vindo de quem vem. Aliás, em boa verdade, até já era esperada. Não dizia eu, há dias, que o relatório do Grupo de Trabalho (GT) coordenado por Duque era um relatório à medida daqueles interesses? 
Como se comprova. De facto, o relatório não vale um chavo, como tem sido afirmado por múltiplas vozes, mas nele era feita a defesa da extinção da publicidade no canal público, ideia que o ministro Relvas, obviamente, aproveitou. Desconfio, aliás, que tenha sido com a finalidade de obter apoio para tomar essa medida que Relvas se deu à maçada de constituir o GT, desconfiança que tem suporte no facto de Relvas ter mandado para o lixo as restantes conclusões do relatório.
A inexistência de publicidade no serviço público significa que o peso da factura com o serviço público de televisão vai recair por inteiro sobre os contribuintes, em claro benefício dos operadores privados, como o companheiro Balsemão, que ficou, naturalmente, agradado com a decisão, mas que, mesmo assim, não agradece, pois quer mais: Nas actuais condições do mercado publicitário, se aparecer mais um canal privado, as empresas privadas já existentes não aguentarão".  
Relvas só não lhe faz a vontade, porque andam por aí outros interesses que Relvas não pode deixar de salvaguardar. Alguém tem dúvidas?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um erro providencial

Um erro entretanto detectado no Orçamento de Estado vai permitir que, por decisão da maioria parlamentar e do governo, as transferências do Estado para Madeira sejam aumentadas em detrimento dos Açores. Se o erro existia, justa é a correcção, mas nem por isso deixa de poder ser considerado um erro providencial que vai dar mais uma ajuda ao senhor Jardim para este espatifar mais uns milhões em iluminações de Natal e em fogo de artifício e num  "programa de animação que (...) terá início a 9 de Dezembro e se prolonga até 6 de Janeiro". E, assim, lá vão borda fora mais 5 milhões de euros que é, mais ou menos, o mesmo valor gasto nos últimos dois anos.
Tudo isso é verdade, mas a mesma alma não só não quer saber que os municípios de todo o país estão a conter as despesas com iluminações e afins, como parece ignorar que mesmo cidades como Lisboa e Porto,  onde a indústria do turismo também tem grande relevância económica, vão reduzir as despesas de 850 mil euros para 150 mil, no caso de Lisboa, e para metade do gasto nos anos anteriores, no caso do Porto.
Isto, para além de, com aquele discurso, estar a passar em branco todo o escândalo que rodeou a adjudicação: por ajuste directo a uma empresa liderada por um ex-deputado do PSD e que vai receber mais meio milhão de euros em relação ao valor anual da sua própria proposta apresentada num concurso, entretanto, anulado. Muito edificante, como se vê.
O que tudo isto quer dizer muito simplesmente é que o senhor Jardim pode continuar a fazer o que muito bem entender e a gastar à tripa forra, quando toda gente é obrigada a conter despesas, situação que é tanto mais acintosa quando se sabe que a Madeira tem uma dívida pública acumulada (e durante anos dolosamente escamoteada) de milhares de milhões de euros que o senhor Jardim, por este andar, não pensa pagar. 
E, pelos vistos, haverá sempre uma alma que ache bem. 
Eu, por acaso, não acho, mas, à conta do senhor Jardim, cá vai mais um foguete.

Lá como cá: festejos breves

É o primeiro balde de água fria nas esperanças dos espanhóis. O "cambio" à direita é no que dá. Lá como cá.
Será que os Moedas lá do sítio também se esqueceram de falar com os "mercados"?

Alvíssaras!

Dão-se alvíssaras a quem encontrar, nesta entrevista da ministra Assunção Cristas, uma ideia que se aproveite. Uma só que seja. Eu fartei-me de procurar e não encontrei.
As vacuidades  da ministra da Agricultura, do Mar etc.( ela fala, fala, para não dizer nada) já são tantas que já é mais que tempo para entrar directamente para o quadro das "nulidades" deste governo, sem passar pelo das "quase-nulidades". E fica lá muito bem, pois não lhe falta companhia.

domingo, 20 de novembro de 2011

Taça de Portugal: Sporting 2 - 0 Braga (Golos - vídeos)

Com uma vitória por 2-0, o Sporting ultrapassou o obstáculo que dá pelo nome de Sporting de Braga e segue em frente para os oitavos-de-final da Taça de Portugal, com o Benfica ainda em prova, mas com o Porto já afastado pela surpreendente Académica, por um contundente 3-0.

Os golos:
Capel


Insúa

Eleições em Espanha

 "Olha, coitado, o corno da direita* cresceu imenso"
(Imagem e texto de Ana Vidigal publicados aqui, a merecerem, a meu ver, o prémio de melhor comentário sobre as eleições em Espanha)

Ninguém fica para trás? (III)

Cinco meses volvidos sobre a posse do actual governo, vejamos o que dizem as notícias num só dia (hoje):

Pobreza ("Mais sem-abrigo nas ruas - alguns com cursos superiores - centros de acolhimento esgotados e o aumento de pedidos às equipas que distribuem alimentos e agasalhos são um desafio cada vez maior para as instituições, algumas já sem capacidade de resposta."):

Pobreza ("Muitos adultos estão a abandonar os estudos pela segunda vez na vida porque já não conseguem suportar as despesas. No ensino superior privado é neste segmento que mais se notam os efeitos da crise.")

Desemprego ("Desemprego de professores sobe 56% num ano".)

Desemprego ("A crise das famílias está a atingir as empregadas domésticas. Segundo o sindicado que as representa, os casos de funcionárias despedidas, com horários reduzidos ou salários cortados aumentaram dez por cento nos últimos seis meses.")

Para quem prometeu que, com ele no governo, ninguém ficava para trás, são já muitos os milhares de pessoas postos de lado. Não é verdade, senhor Passos Coelho?

Tão asnos quanto nós!

Segundo anunciam as sondagens, também a Espanha vai virar à direita, antecipando-se a chegada dum Governo liderado por um "apagado" Rajoy, cujo "cambio" não vai traduzir-se por algo muito diferente da receita aplicada em Portugal pela direita que nos desgoverna, a começar pela reforma das leis laborais e a acabar em mais austeridade para quem trabalha.  
Em certo sentido e tendo em conta que a desoladora experiência portuguesa não lhes vai servir de lição, até se poderia dizer, indo além do enunciado no título, que os espanhóis são mais asnos do que nós.

Nada que nos sirva de consolo, porque a "desgraça" que, a estas horas, os espanhóis estão a cozinhar vai ter graves reflexos neste canto da Península. Nem sempre os ditados populares traduzem a realidade: neste caso, o mal dos outros, não é conforto. Muito pelo contrário.


Actualização
Confirmadas as previsões: O líder do Partido Popular, Mariano Rajoy, será o próximo presidente do Governo de Espanha e governará com uma maioria absoluta no Congresso.

sábado, 19 de novembro de 2011

"Beijos impossíveis"

Tu quoque ?

Quer isto dizer que acabou o namoro entre a Igreja e a direita que nos desgoverna ?

Adenda.
Como diz o Porfírio Silva, num comentário a este "post"  " a Comissão Nacional Justiça e Paz nunca por nunca teve qualquer coisa a ver com a direita, esta ou outra qualquer, mesmo nos tempos mais negros".
Não há dúvida, pois, que este "post" foi  "um tiro ao lado". Aqui ficam, como se impõe, o esclarecimento e os meus agradecimentos ao Porfírio pela chamada de atenção.

"Abrir portas"


"Abrir portas" é, ao que evidenciam ambas as notícias, uma actividade que Miguel Relvas exercita com mestria. Não sei como é que Relvas "abre portas". Provavelmente, nada há de censurável na forma como tem desenvolvido a sua actividade de "porteiro", mas lá que há gente a ser julgada por "abrir portas", lá isso há.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Perdigão perdeu a pena/Não há mal que lhe não venha"(*)




(*) O seu a seu dono. No caso: Luís Vaz de Camões)
(publicado também aqui)
(imagem daqui)

Os vegetarianos agradecem

A ministra Cristas chamada de novo ao palco:
Como é bom de ver, o novo modelo de financiamento, em estudo, vai fazer imensa diferença. Para os vegetarianos. Não sei mesmo se a esta hora não estarão já à porta do ministério a agradecer.
É o que eu digo: com esta ministra, " a cada cavadela, minhoca"!

O governo de todos os recordes

Pela negativa, entenda-se.
A começar por estes dados:
Continuando pela taxa de desemprego, a atingir o máximo registado no país, quando já se sabe que não vai ficar por aqui.
E a acabar no Orçamento de Estado mais iníquo de que há memória.
Não dizem "eles", que este governo vai ficar na história ?
Ah, pois vai, mas não é por boas razões. É pelas piores.

Tudo "boa gente"

Em entrevista, um dos representantes da troika disse, há dias, que, em Portugal, não se vai repetir o caso da Grécia (medidas de austeridade, mais recessão, mais austeridade... em círculo infernal), porque em Portugal é tudo boa gente.
Provavelmente, o homenzinho julgava estar a fazer-nos um elogio, mas, a mim, soube-me a insulto, pois a expressão, no contexto em que vivemos, com este governo a ultrapassar todos os limites em matéria de iniquidade na distribuição dos sacrifícios, mais me pareceu estar a falar de gente sem capacidade de reacção. De uma "carneirada", se quiserem.
Insulto que, a crer nesta peça (Estudo mostra portugueses conformados com austeridade), pelos vistos, merecemos. Hélas

É cada cabecinha !

"As alturas de crise são também alturas para os pais reflectirem sobre o que dão às crianças e voltar a dar fruta em estado natural, que não tem IVA" (Tirada da ministra Assunção Cristas, em debate sobre o Orçamento do Estado para 2012 na especialidade.
Com que então "a fruta em estado natural" não tem IVA?!
Só na cabeça da ministra das gravatas.
Como ministra  da Agricultura, que também é, Assunção Cristas não deixa os seus créditos por mãos alheias: "A cada cavadela, minhoca"

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Qual é, afinal, "o elo mais fraco"?

Saraiva, porém, está manifestamente equivocado, pois se ele desculpa o Álvaro por ter "nas mãos um super-ministério, “um verdadeiro mastodonte”, então o "elo mais fraco" só pode ser o responsável pela orgânica do actual governo: Passos Coelho. Este sim é que é "o elo mais fraco", dum governo, todo ele, fraquíssimo.

Ninguém fica para trás? (II)

Em dois meses mais de seis mil estudantes já desistiram do ensino superior.
(via)

Ninguém fica para trás?

Ouve-se para aí dizer que "com este governo ninguém fica para trás", mas este caso (O Ministério da Educação vai gastar menos 30 milhões de euros com os alunos com necessidades especiais de aprendizagem e menos 5,7 milhões na acção social escolar em 2012) vem, uma vez mais, demonstrar que até os mais desprotegidos e mais carenciados são postos de lado.

Está cada vez mais difícil decifrar os oráculos

(Poul Thompson, representante do FMI na Troika, em entrevista na RTP)
Se a Troika está satisfeita com a actuação do governo; se a Troika defende que a falta de competitividade da economia portuguesa deve ser ultrapassada através de reformas estruturais, eu só pergunto: onde é que estão as reformas estruturais? No corte dos subsídios, soi disant, temporários?
Os  deuses devem estar loucos!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tirar a pobres para dar a pobres

Depois de causticar a classe média, este (des)governo não encontra outra forma de aumentar (ainda que miseravelmente) as pensões mínimas que não seja sacar o pouco que é dado a pobres. Tocar nos rendimentos dos ricos é que de forma nenhuma. Para estes, só mimos!
Uma vergonha, digo eu.

"Pois é, pois é..."

"(...) Continuação de noticiário, com mudança de cenário: Portugal, antes de 5 de Junho de 2011. O CDS critica as relações económicas de Portugal com a Venezuela de Hugo Chávez. O PSD critica o Governo português por ser caixeiro-viajante dos computadores Magalhães. Continuação de noticiário, depois do 5 de Junho. O ministro Paulo Portas vai negociar com Chávez. O primeiro-ministro, Passos Coelho, vende Magalhães ao México... Para analisar estes noticiários (de tempos e países diferentes e de partidos de esquerda e de direita chegando ao poder), pedi o depoimento do velho Samuel Samahonga, pastor de cabras quioco, no Leste de Angola. Ele disse-me: "Os águia voa 'arto' mas tem de baixar pra comer." Não liguem à gramática, fiquem com a inteligência."

Mas, afinal, onde é que está o desvio ?

Mas, sendo assim, onde é que está o "desvio colossal", justificativo do colossal "roubo"?

Um relatório à medida

Apesar de surpreendido com a «aprovação do plano de sustentabilidade económica e financeira da RTP», o  Grupo de Trabalho para a definição do conceito de serviço público de comunicação social (GT) [reduzido após a saída de Felisbela Lopes, Francisco Sarsfield Cabral e João Vasco de Lara Everard do Amaral (que, pelos vistos, não são de tão boa boca quanto os restantes) a João Luís Correia Duque (o coordenador que, de comunicação social deve perceber mais ou menos o mesmo que eu) e a António Ribeiro Cristóvão; Eduardo Cintra Torres; José Manuel Fernandes; Manuel José Damásio; Manuel Villaverde Cabral e Manuela Franco) acabou por engolir aquela desconsideração, bastando-se com uma espécie de explicação do ministro Relvas e lá apresentou o seu relatório*. Não sendo entendido na matéria, não vou apreciá-lo em profundidade. Deixo essa tarefa a especialistas como Arons de Carvalho, por exemplo, que já se pronunciou sobre o assunto. Tal facto não impede que deixe aqui um breve comentário  sobre algumas das propostas mais discutíveis.
A começar pela proposta de extinção, pura e simples, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), como se não fossem já bem conhecidos os  resultados da, pelos vistos, por eles bem-amada auto-regulação, noutros sectores, como o sector financeiro internacional, por exemplo.
Passando depois ao conceito de serviço público de comunicação social defendido no relatório constata-se que o GT: propõe a extinção da RTP Informação e da RTP Memória e a fusão da RTP Internacional e da RTP África; defende quanto "aos conteúdos noticiosos do operador de serviço público de rádio e televisão"  que  "sejam concentrados em noticiários curtos, (...)  limitados ao essencial e [que] recuperem o carácter verdadeiramente informativo, libertos da crescente dimensão subjectiva e opinativa no jornalismo", com a notável particularidade de conceber o serviço internacional como "um instrumento da política externa, devendo depender a definição do contrato-programa e seu financiamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros", conceito que já levou a que se rotulasse o relatório de "albanês" (Eduardo Pitta) e que, a tal propósito, já se tenha falado em "saudades da Albânia (Porfírio Silva).
Quanto a financiamento do serviço público, nada de publicidade, diz o relatório, pois não se pode cortar no bolo, destinado, por inteiro, segundo o GT, aos operadores privados do audiovisual. Esta malta, com destaque para sua alteza, o Duque, o famigerado Zé Manuel e Villaverde Cabral (os outros não conheço) não deixa os seus créditos de defensores do estado liberal, por mãos alheias. O Estado pode ser mínimo, mas, sem publicidade, lá terá que engordar, à custa do contribuintes, os operadores privados.
Neste sentido, bem se pode dizer que até parece que o relatório foi encomendado pelo sector sector privado da comunicação social, pois não há dúvida que é feito à medida dos seus interesses.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

(Portugal 6 - 2 Bósnia) Portugal apuradíssimo para o Europeu de Futebol

Portugal 6 - 2 Bósnia, foi o resultado do jogo do play off disputado no Estádio da Luz. Com este resultado, depois do 0-0 em Zenika, na Bósnia, Portugal está apuradíssimo para o Campeonato Europeu de Futebol em 2012, que vai ter lugar na Polónia e na Ucrânia.
Os golos:

Cristiano Ronaldo (Portugal)


Nani (Portugal)


Misimovic (Bósnia)(gp)


Cristiano Ronaldo


Spahic (Bósnia)


Helder Postiga (Portugal)


Miguel Veloso (Portugal)


Helder Postiga

AhAhAh!

Com este panorama, não me espantaria muito se o triplo A, se transformasse, num dia destes, em AhAhAh!
É claro que Portugal não tem razões para rir, com os CDS a atingirem 1.105,39 pontos (mais 30 pontos), mas é evidente que isto só acontece, porque o Moedas ainda não teve tempo de falar com os "mercados". 
(Já que não temos razões para rir com esta situação, deixem-me, ao menos, rir com as fanfarronadas/parvoíces do Moedas!)

Não há quem não queira afastar a chuva para bem longe da eira

"Devia haver um desagravamento da carga fiscal e, mais do que isso, devia até haver incentivos ao consumo, [no sector automóvel em Portugal."]
Ora nem mais. Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto?
Está mesmo a ver-se que não há quem não queira  afastar a chuva para bem longe da eira.



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A grande cabazada

Desde que o actual "árbitro" tomou conta do apito, o factor trabalho ainda não averbou um único ponto sequer no confronto com o factor capital.
Na sobretaxa extraordinária inventada, sob o pretexto do "desvio colossal" = colossal embuste, a cobrar este ano, com o corte de 50% do subsídio de Natal, toda a factura incide sobre os rendimentos do trabalho (Capital: 1- Trabalho: 0);
Para aumentar a "produtividade" da economia:
- aumenta-se o horário de trabalho em meia hora por dia, sem qualquer contrapartida por parte dos empregadores (Capital: 2 - Trabalho: 0 );
- eliminam-se quatro feriados, aumentando em igual número os dias de trabalho à borla (Capital: 3 - Trabalho: 0);
- diminui-se o montante e o período de duração do subsídio de desemprego (Capital: 4 - Trabalho 0);
A inflação aumenta (já é superior a 3%), mas o salário mínimo não senhor, porque, diz este "tipinho" que   "em temos relativos e em relação ao salário médio, o salário mínimo [€485]  não é baixo". Se não é, ele que experimente viver com ele (Capital: 5 - Trabalho: 0);


São só alguns exemplos, mas como o "árbitro" nem sequer tem a preocupação de disfarçar a sua parcialidade, como se pode ver por este despacho "do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (SEAF), Paulo Núncio, sobre a tributação dos dividendos dos grupos económicos [que] deu mais vantagens às empresas do que apontava o parecer sobre o mesmo assunto do Centro de Estudos Fiscais (CEF) do Ministério das Finanças", é evidente que a cabazada não vai ficar por aqui.

A (pouca) lógica da Associação Sindical dos Juízes Portugueses

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) emitiu um parecer onde defende (e bem) que são  "ilegais e inconstitucionais" a redução de remunerações e a suspensão do pagamento dos subsídios de férias e de Natal previstas na proposta na Lei do Orçamento do Estado  para 2012, alegando (bem, novamente) que aquelas reduções de remunerações constituem um verdadeiro confisco que só pode ser feito pela via do imposto, da expropriação ou da nacionalização, para além de se tratar de medidas violadoras do princípio da igualdade. 
Mas, por outro lado, manifesta "frontal oposição a uma alteração ao estatuto da jubilação, actualmente consagrado, que é no sentido de a pensão do juiz jubilado dever ser calculada em função de todas as remunerações sobre que incidiu o desconto, devendo tal pensão ser igual à remuneração do juiz no activo de categoria idêntica, descontadas as quotas para a Caixa Geral de Aposentações", tomando, nesta passagem, uma posição que claramente contradiz o alegado princípio da igualdade. De facto, como justificar, em termos de justiça e de equidade, o direito de um juiz jubilado receber uma pensão igual à do juiz no activo, quando todos os demais funcionários e agentes do Estado recebem a pensão fixada no momento da aposentação?
É caso para dizer que, para a ASJP, o princípio da igualdade não sofre qualquer entorse, se os juízes forem mais iguais do que os outros, posição que, evidentemente, só enfraquece o parecer no ponto em que lhe assiste razão.
Estranho é que a ASJP não se dê conta disso.

A palavra aos "artistas"

"2012 irá certamente marcar o ano de fim da crise" (o "Álvaro" no Parlamento, no mesmo dia em que ficámos a saber que "economia portuguesa se contraiu mais 0,4% no terceiro trimestre face ao segundo, o que levou a uma contracção em 1,7% do PIB face ao mesmo período de 2010", sendo já conhecidas as  previsões do Governo que apontam para uma contracção do PIB, 2012, da ordem dos 2,8%, mesmo assim inferior à prevista pela Comissão Europeia que adianta uma quebra de 3%.)
"Portugal, como os EUA, é uma terra de oportunidades" (Cavaco Silva durante a sua digressão por terras do Tio SAM, onde não deve ter chegado o eco das palavras de Passos Coelho a garantir que com o actual governo que ele ajudou a entronizar, a nossa única "chance" é empobrecer.)
E ninguém se ri?