quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

"Entre a irrelevância e a palhaçada"

1. A campanha presidencial arrasta-se sem novidade. Demasiadas vezes não vai além do fait divers quotidiano. Uma ida de Marcelo Rebelo de Sousa à farmácia, com um batalhão de jornalistas atrás, para comprar toalhetes de álcool, é um dos pontos altos desta paródia. É assim em muitas campanhas. É assim para televisão mostrar. É assim porque se querem esconder arestas. É assim porque se quer matar a política. 

A campanha tornou-se uma espécie de Big Brother em que dez vaidosos (uns mais do que outros) cumprem diariamente um enredo que suscite um sorriso, mesmo que amarelo. A campanha tornou-se uma espécie de Big Brother em que dez vaidosos (uns mais do que outros) cumprem diariamente um enredo que suscite um sorriso, mesmo que amarelo

Goste-se, ou não, uns mais pobres do que outros, os debates e entrevistas (nunca foram tantos e tantas) constituíram a única montra aceitável para os 10 candidatos dizerem ao que vêm. De resto, esta campanha ficará para a história como uma das mais confrangedoras e apalhaçadas de sempre. Marcelo deu um grande contributo para que assim seja. Apostou numa corrida de popularidade e em cativar o eleitorado de esquerda. Tornou-se, imaginem, o maior aliado do Governo de António Costa. Distribui simpatia "à esquerda da direita", metida no bolso que julga estar a sua direita. Não se sabe, e essa é a grande incógnita, se a direita quererá ficar no bolso de Marcelo, se não se sente desprezada, ela que se viu apeada pelos que agora Marcelo tenta seduzir. Com tanto cheque em branco ao Governo, com tanta palhaçada diária, muitos poderão ficar em casa. Se Marcelo não quis saber deles porque é que eles quererão apoiar Marcelo?

A possibilidade de uma segunda volta depende da tolerância da direita e do empenho do eleitorado de esquerda. Apesar das sondagens, talvez a notícia prematura da vitória de Marcelo à primeira volta tenha sido exagerada. Marcelo precisa de fazer mais por isso. Se ficar pela poncha e pelas artes marciais enquanto se afirma árbitro com enfado porá em causa a corrida de popularidade.

Os debates com Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém correram-lhe mal. Foi sobranceiro e irritadiço. Deu alento a um e a outro, sobretudo a Nóvoa, que ainda o pode surpreender. 
(...)

(António José Teixeira, in Expresso Diário, 14/01/2016. Via)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

"Porque é que Paulo de Morais se cala sobre a corrupção?"

É inquestionável a pertinência da pergunta da autoria de Francisco Louçã, dirigida ao agora candidato à PR, Paulo Morais, um pretenso paladino da luta contra a corrupção.
A finalizar a sua crónica, escreve Francisco Louçã:
«No BES como na Câmara do Porto ou no PSD, a corrupção é um estado de espírito que indigna Morais, que sabe tudo mas que se mantém calado sobre tudo – no partido durante 35 anos, depois no mandato de quatro anos na Câmara do Porto e por outros dez anos depois de ter saído da Câmara. O silêncio é a sua profissão. Sempre que podia acusar um corrupto concreto não disse nada sobre corrupção . Sabe tudo e esconde tudo.
Portugal precisa da energia da democracia para combater a corrupção. Mas para isso precisa de seriedade, rigor e verdade, não precisa de silêncios.»
(Na íntegra: aqui)
(Imagem do Público)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

"Não me lembrem o que eu disse"

Dirá Marcelo Rebelo de Sousa, candidato à Presidência da República. Dirá e dirá bem, porque, como hoje ficou claro, durante o debate entre Marcelo e Sampaio da Nóvoa, na SIC,  Marcelo já disse tudo e o seu contrário.
A escolha entre o candidato Marcelo (que mais depressa muda de opinião do que de camisa e que hoje deu provas de um inesperado nervosismo) e o candidato Sampaio da Nóvoa, exemplo de serenidade e competência, não me parece particularmente difícil: Quem quiser um catavento na Presidência da República, votará Marcelo, quem quiser um Presidente da República votará Sampaio da Nóvoa. Pelo menos, na segunda volta.
Tão simples quanto isto.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O candidato que "muda de opinião como quem muda de camisa"

Ainda não compreendi, e com grande probabilidade nunca chegarei a compreender, o motivo que leva tantos sectores da sociedade portuguesa que muito prezam a estabilidade na vida política a apoiar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República. 
É que, de facto, não dá para compreender sabendo-se que o dito candidato não é apenas um catavento, como o caracterizou, adequadamente, o próprio presidente do PSD que é (convém, por estes dias, lembrar o facto) o partido onde Marcelo milita. Mais do que isso, Marcelo é a instabilidade em figura de gente e, como tal, não precisa de vento para mudar de opinião. 
Garoto em ponto grande, basta que tal lhe dê na veneta. Como bem diz António Correia de Campos, em entrevista dada ao i,  "Todos o conhecemos, sabemos que ele [Marcelo] muda de opinião como quem muda de camisa". Nem mais!
É um indivíduo com este perfil o mais desejável para ocupar o mais alto cargo do Estado português?
Não, seguramente!

domingo, 3 de janeiro de 2016

Novo ano, vida nova?

Atentando na capa do Público de hoje, a resposta à pergunta em título não pode deixar de ser negativa, pelo menos no que respeita à falta de isenção dos órgãos de informação nacionais. Pelos vistos, a manipulação da informação e, em particular, o condicionamento do eleitorado por parte dos media é para continuar. Lamentavelmente.