quarta-feira, 2 de julho de 2014

" A direita do PS"*

"A direita do PS, apesar da reduzida expressão nas bases do partido, sempre teve alguns representantes com destaque nos seus órgãos dirigentes. Não concordando com muitas das suas posições, entendo que dão um contributo importante para o debate interno, mas lamento que não tenham compreendido o que os portugueses disseram nas últimas eleições europeias e o que tem acontecido à social--democracia por toda a Europa.
(...)
Defender abstenções nos orçamentos de estado de um governo “extremista, radical e liberal”, que “destrói valores civilizacionais” – expressões usadas pelo Partido Socialista nas últimas eleições europeias –, não sendo cinismo só pode ser expressão da assimilação da tese da direita sobre a crise e das suas soluções para a mesma. Privilegiar acordos com o PSD e o CDS é ignorar a derrota histórica que o povo português quis infligir a esses dois partidos, levando-os de novo para o governo pela mão do PS; por outro lado é desistir de construir uma verdadeira alternativa política. Têm razão os que lembram que não houve no passado, no que respeita à construção europeia, grandes divergências com o centro-direita, só que é precisamente nesse tema que a social--democracia se tem de distanciar desse campo ideológico. Na actual configuração, a zona euro é uma construção liberal e monetarista que torna impossível e inviável o projecto social--democrata. Se pretendermos defender o Estado social, proteger os rendimentos dos cidadãos, promover a igualdade e industrializar a Europa teremos de romper com a direita precisamente onde houve consenso durante demasiado tempo – o projecto europeu."
(* Pedro Nuno Santos. Na íntegra: aqui. Destaque meu.)

2 comentários:

Anónimo disse...

Chicamigo

Uma outra vez venho dar-te muitos parabéns pela escolha deste artigo. Com ele concordo, como militante do PS que já veio da JASP e da ASP.

É preciso discutir ideias democraticamente. Mas jogar apenas pelo poder, isso não. Votar é segredo? Para mim, neste caso não: vou votar António Costa

Abç

Majo disse...

~
~ ~ Não me parece forçoso abandonar o projeto europeu para garantir o Estado Social e o progresso-- por oposição à direita, esta é uma opinião da esquerda socialista.

~ ~ Projeto europeu, sim, mas sem servilismo-- em condições dignas de paridade.