Quem olha hoje para a Assembleia da República não pode deixar de reparar nas muitas mudanças operadas em poucos dias. Desde logo, a nova centralidade que o Parlamento assumiu na ausência de um governo de maioria absoluta. António Costa tem apoios parlamentares que faltaram a Passos Coelho, mas não se pode dizer que disponha de maioria absoluta. E isso faz toda a diferença.
A diferença de ser o primeiro governo socialista apoiado à sua esquerda. A diferença de ser o primeiro governo da responsabilidade do segundo partido saído das eleições. A diferença de, em três semanas, quem liderava a oposição ter passado a liderar o governo, e vice-versa. Tudo normal, democrático, constitucional e politicamente legítimo. Descontada a retórica e o discurso de conveniência, a realidade política é esta.
(António José Teixeira; "Isto anda tudo trocado". Na íntegra: aqui. Destaque meu.)
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