quarta-feira, 27 de julho de 2016

Para além do final feliz

Não há dúvida que o psicodrama iniciado com a instauração contra Portugal de um processo visando sancionar o país pelo défice excessivo verificado nos anos de 2013 a 2015 (Passos Coelho e Paulo Portas chamados à cabina de som!) teve um final feliz, visto que a Comissão Europeia acabou por tomar a decisão de não propor qualquer multa contra Portugal, reconhecendo assim que, tal como defendia o Governo português, a aplicação de qualquer sanção não só era um contrassenso, como "não tinha justificação, nem base legal".
Tal não significa, porém que, neste caso também se aplique o dito "Tudo está bem quando acaba bem", porque, de facto, nem tudo esteve bem e nem tudo continua a estar bem. Deixando para outra oportunidade uma apreciação da actuação, durante todo o processo, dos partidos da direita e muito em particular de Passos Coelho e de Maria Luísa Albuquerque, os principais responsáveis pela situação de incumprimento do défice durante o período considerado, há que reconhecer que  a Comissão Europeia esteve muito longe de ter actuado com o sentido de responsabilidade que lhe é exigível. Os avanços e recuos verificados durante o andamento do processo, as declarações, em regra, dissonantes, emitidas por vários comissários foram de molde a criar alguma incerteza sobre a evolução da economia portuguesa, com consequências negativas para o país, designadamente, no que respeita à dinamização do investimento de que Portugal bem carecido anda de há uns anos a esta parte.
Bem andou, ao invés de Comissão, o Governo português. Não só soube contrariar, com argumentos irrebatíveis, que as sanções eram de todo injustificadas, como teve a coragem de anunciar com toda a clareza e de forma a não deixar dúvidas a ninguém, que o Governo português se bateria contra as eventuais sanções em todas as instâncias comunitárias, dispondo-se, inclusive, a recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia para fazer valer os seus argumentos na defesa dos interesses do país,
Isto, há que dizê-lo, apesar de os líderes dos partidos da direita (PSD e CDS) se terem manifestado contra o recurso ao Tribunal de Justiça por entenderem que era ousadia a mais que poderia vir a ficar cara ao país. Seria, de facto, ousadia a mais, se o actual Governo seguisse as pisadas do executivo liderado por Passos Coelho o qual, enquanto governou, foi incapaz de abandonar a posição de cócoras perante as instituições europeias e a senhora Merkel. Os tempos, porém, são outros. Felizmente.
Até Passos Coelho e Assunção Cristas terão de o reconhecer. Mais tarde ou mais cedo.
(Imagem daqui)

4 comentários:

ginginha disse...

De momento é mesmo e sem "mas"um final feliz. Esperado.Não poderia ser de outro modo.

ginginha disse...

De momento é mesmo e sem "mas"um final feliz. Esperado.Não poderia ser de outro modo.

Majo Dutra disse...

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Foi uma vitória esclarecida de António Costa,
que veio dar razão à sua campanha eleitoral,
à coragem política que demonstrou ao formar
este governo de esquerda para poder defender
os seus propósitos e na sagacidade com que
selecionou o seu ministro de economia.

Sem eufemismos, sabemos bem que as políticas
de subserviencia ficaram derrotadas e que os
seus agentes deveriam estar envergonhados...

É, sim, um grande dia
para o PS, para o governo e para nós...
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ginginha disse...

Concordo, plenamente,Majo Dutra(nome giro!) que foi uma vitória pessoal de António Costa e do seu governo e um sinal(de momento) de que com convicções e multidões(é isso que falta) se fazem revoluções!Pelo menos as coisas podem ser diferente e calar _quem sabe_ o Passos , para sempre!!!A ver vamos!