«O "relatório-explosivo", como lhe chamou o Expresso: "Bum!" ou "pfff..."? Sobre o assunto vou fazer um relatório mais seco, não acusarei ninguém, como o relatório original, de "ligeireza, quase imprudente", nem de "declarações arriscadas e de intenções duvidosas", nem de "arrogância cínica". Quando eu faço um relatório, relato, não relaxo. Guardo aquelas palavras para quando fizer um romance manhoso, ou talvez as substitua por palavras como "pernóstico, pancrácio e deliquescência", como sempre sonhei usar num romance manhoso. O que é um romance manhoso? É uma coisa com frases espevitadas, daí o pernóstico, que se colocam num editor simplório, daí o pancrácio, de ficção científica, daí a deliquescência. Esta sendo, como se sabe, a propriedade de alguns corpos de absorver a humidade do ar e nela se dissolverem - como foi o caso do relatório que agora relato. Derreteu-se. Num sábado, nas parangonas; horas depois, escafedeu-se. Ninguém para quem ele relatava o viu! Não deve haver drama maior para um relator - mais do que relatar em vão, relatar para ninguém. Claro, foi em julho, na estação em que tudo se evapora. Regressou a uma semana de eleições, na estação em que tudo surge. Teoria da conspiração? Não, conspiração mesmo. (...)»
(Ferreira Fernandes: "Tudo sobre o relatório de Tancos" Na íntegra: aqui)
Sem dúvida: pfff...!
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