Este parece ser o lema de Rui Rio, líder do PSD, que, pelos vistos, se esforça por "pescar" em todas as àguas: limpas ou turvas, profundas ou rasas, doces ou salgadas, sem excluir as salobras.
Tão depressa se afirma como social-democrata para seduzir políticamente o centro e o centro-esquerda, águas em que é suposto navegar o Partido Socialista, como rapidamente lança mão de "iscos" que são do agrado da extrema direita, facto que não passou despercebido ao líder do CHEGA, que, em comentário ao discurso de Rui Rio no encerramento do Congresso do PSD não se ensaiou para dizer: "Gostei de ver Rui Rio tocar em pontos que são importantes para a direita, como é o caso da subsidiodependência, da fiscalização dos apoios sociais e de percebermos que não podemos ter um país em que andam uns a trabalhar e outros a viver à conta desses".
De facto, deve ter gostado porque, Rui Rio quase lhe tirava as palavras da boca, em tiradas como esta: "(...) não é racional manter apoios sociais a quem os usa para se furtar ao trabalho e, dessa forma, condicionar a própria expansão empresarial que, cada vez mais, se lamenta da falta de mão de obra disponível".
Não admira, por isso, que André Ventura tenha visto em tais declarações um "primeiro passo para conseguirmos um governo de direita em Portugal". Eu não diria um "primeiro passo", porque o primeiro já foi dado com o acordo entre o PSD e o CHEGA, acordo que permitiu a formação do actual governo regional dos Açores. E se, como sói dizer-se, o que mais custa é o primeiro passo, outros com grande probabilidade chegarão. Convém não ter ilusões quanto a essa possibilidade, até porque quem se propõe pescar em tantas águas não é merecedor de grande confiança. A minha, pelo menos, Rui Rio, não tem.
(Na imagem: recolha da rede - pesca artesanal - Costa da Caparica)
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