sexta-feira, 7 de junho de 2024

A ver passar navios...


O ministro Leitão não faz a coisa por menos e a tirada que proferiu por certo que vai ficar nos anais da estória. Diz ele: “Estamos a governar com muita intensidade? Esperem que vem aí mais nas próximas semanas”.(Cito o Expresso)

Confesso que, até hoje, certamente devido à rapidez da execução, ainda não tinha vislumbrado o mínimo sinal da sobredita intensidade e cheguei a temer o pior. Se com a intensidade actual eu já não via coisa nenhuma, com o anunciado aumento nas próximas semanas, que seria de mim? Teria de me contentar e limitar a ver navios desde que, claro, passassem com a necessária lentidão para olhos pouco lestos?

Confesso que me custou a acreditar nas palavras do ministro e disso me penitencio, mas tenho que lhe dar razão depois de tomar conhecimento dos métodos de governação seguidos pela ministra da Saúde que, suponho, estarão de acordo com os do regimento do governo Montenegro.

Dizem, com efeito, os jornais que "A Ministra da Saúde [a tal que se intitula a ela própria de "Rainha de Inglaterra") remete responsabilidade pelo Plano de Verão aos administradores hospitalares". (Fonte)

Diz o texto que a ministra da Saúde remeteu. Vale por dizer que, com a remessa de responsabilidade, o que da parte do governo havia a fazer está feito. E sem mexer uma palha. Bastou, ou uma caneta ou um teclado. Maravilha! Isto não é apenas "muita intensidade". Isto é uma autêntica "revolução"! E com enormes consequências.

Dou um exemplo:

Portugal precisou de um novo aeroporto em Lisboa? Precisou, mas, pela lógica deste governo, já não precisa. O governo Montenegro decidiu, há dias, em conselho de ministros, contruir o novo aeroporto de Lisboa (NAL) na zona de Alcochete, aceitando a solução proposta pela Comissão Técnica Independente nomeada durante um dos Governos António Costa.
Quem tem a obrigação contratual de construir o novo aeroporto é, sabe-se, a concessionária ANA - Aeroportos de Portugal. Supondo que o governo Montenegro, dada a intensidade a que labora, já remeteu à Ana a indicação do local da construção, é evidente que para este governo, seguindo o sobredito procedimento, a construção do aeroporto é um assunto arrumado e conta como mais uma obra feita.
Não garanto, no entanto, que os aviões já lá consigam aterrar, levantar voo e parquear. Mas também que importância tem isso ? Não se vêm aviões no ar? Virem-se os olhos para o Tejo. Sempre (espera-se) há-de haver um ou outro navio a passar. Nem que seja um cacilheiro...

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