quinta-feira, 26 de abril de 2012

A distracção e os esquecimentos do "artista"

Com efeito, certamente por distracção e inadvertência, como salienta Filipe Santos Costa, num texto citado e parcialmente reproduzido aqui, Cavaco no discurso proferido ontem durante a sessão solene comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República, ao chamar a atenção dos portugueses para a necessidade  "de mostrar ao mundo o valor do seu País"  socorreu-se em grande medida de realizações que foram "bandeiras" dos anteriores executivos liderados por José Sócrates, como, por exemplo e cito novamente Filipe Santos Costa: "o salto que o país deu na ciência, na investigação e desenvolvimento, na cultura, nas artes plásticas, nas indústrias criativas, na inovação em setores tradicionais, no investimento em infraestruturas e em energias alternativas. Até no plano político-diplomático Cavaco se recorreu da herança dos governos socialistas, ao louvar o Tratado de Lisboa e a eleição de Portugal para o Conselho de Segurança da ONU".


O descuido, convenhamos, pregou-lhe uma bela partida!

Os esquecimentos de Cavaco, porém, não ficaram por aqui. De facto, como escreve Helena Garrido, hoje, em editorial, no Jornal de Negócios: "O Presidente esqueceu-se de alertar que o desenvolvimento económico não chegará se a agenda estrutural se limitar a alterar a legislação laboral nos sectores privado e público. Como já alguns políticos e economistas têm alertado, as leis do trabalho são a única e exclusiva preocupação do Executivo. Porque não disse o Presidente uma palavra sobre a urgente necessidade de reduzir as rendas no sector da energia ou limitar as rendas que os contribuintes pagam às Parcerias Público-Privadas, para dar apenas dois exemplos? Ou porque nada disse o Presidente sobre a necessidade de o Governo ser menos arrogante com a oposição e os sindicatos? Se alguém está a ameaçar o nosso principal activo no exterior, a coesão política e social, esse alguém é Pedro Passos Coelho. A coesão não é um dado adquirido, precisa da atenção contínua de quem tem o poder e de medidas que mantenham o sentimento de justiça na austeridade."

Até para Cavaco, de quem já nada de bom se espera, é esquecimento a mais.

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