quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O que tem de ser tem muita força!

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Terminaram os 51 dias de uma crise motivada pela mesquinhez institucional e pela irritação com os resultados das eleições. Terminou o jogo de Cavaco Silva e vamos chegando ao fim do seu mandato, já só basta esperar pela consoada. Como era evidente que não havia nenhuma alternativa, a pura perda de tempo só pode ser entendida pelas pessoas como um fracasso institucional. O alívio é e vai ser evidente.


Entretanto, alguns comentadores, diversos como são, parecem perdidos no nevoeiro em que preferiram mergulhar. João Miguel Tavares exigia ontem ao Presidente que se leve a sério, que fosse duro e constuitisse mesmo o seu governo. E qual seria esse governo tão garboso?

Rui Ramos e a invencível armada do Observador, perplexa e indignada, apelam a que o país se levante contra o golpe. E onde está essa turba que vai esmagar o parlamento?

Manuel Villaverde Cabral, elegantemente, invectiva Costa por causa dos “papeluchos” que assinou com a esquerda, concluindo que “o Presidente tem motivos de sobra para não reconhecer os «papeluchos» assinados por cada um dos partidos de «esquerda» como base de um governo credível e estável na presente conjuntura nacional e internacional”. E Cavaco porque é que não o ouviu?

A conclusão desta revolta é a indignação transformada em boicote. Explica Paulo Rangel: fogo contra o quartel general, será uma “oposição de princípio”. Terra queimada, votamos contra tudo.

Excelente notícia para António Costa. Não podia ser melhor, pois ao fazer um acordo com a esquerda, fora da tradição do PS, arriscou-se a alienar uma parte do eleitorado de centro, que é o lugar que o PS disputa. Mas que dirão essas pessoas se virem o PSD e o CDS perdidos numa política destrambelhada a oporem-se mesmo a decisões com as quais concordam? Jogatana política, desprezo pelo país, partidarite excessiva, uma prenda para o novo primeiro-ministro.
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(Francisco Louçã: "E se de repente lhe oferecerem um governo?". Na íntegra: aqui.)

(Não há que duvidar: a crispação da direita vai levá-la por "bom" caminho. Ao extremar posições, ao mostrar-se incapaz de reconhecer que não tem, como não teve, maioria no Parlamento que lhe permitisse viabilizar o seu governo e ao não reconhecer que, após o derrube do governo da PàF, era inevitável a formação de um novo Governo liderado por António Costa, Governo que é não só legal como inteiramente legítimo de acordo com todas as regras democráticas e constitucionais, a direita acaba por favorecer António Costa e por contribuir para consolidar os acordos celebrados com o PCP, BE e PEV. António Costa, por certo, agradece. E o país também.)

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