quinta-feira, 15 de maio de 2008

Argueiros - Só nos olhos dos outros?


Já depois de publicado o comentário antecedente, apercebi-me tardiamente (e disso me penitencio) de dois factos insólitos que não vou deixar passar em claro, pois merecem que deles aqui fique o competente registo.
Primeiro facto: Foi, afinal, o "Público" o órgão de comunicação social que teve a iniciativa de dar a notícia que pôs em alvoroço tudo quanto é comunicação, comentadores e até constitucionalistas, a propósito das fumaças do Primeiro Ministro e acompanhantes na viagem aérea para a Venezuela.
Segundo facto: A jornalista Constança Cunha e Sá revela hoje, na sua coluna, no mesmíssimo "Público", que há anos que os jornalistas (incluindo os do "Público") sabiam que se fumava nos aviões fretados para as viagens oficiais do Presidente da República e do Primeiro Ministro e que este costumava fumar durante os voos "quase sempre na parte de trás do avião, junto dos jornalistas que, em muitos casos, partilham o mesmo vício".
Sendo estes os factos, cabe perguntar (à semelhança da citada colunista que também se interroga sobre a oportunidade da "descoberta"): Porquê só agora a denúncia da situação? E mais: Porque se optou por fazê-lo em termos tão aparatosos que acabam por ser ridículos?
É sabido que o "Público", de há tempos a esta parte, vem dedicando uma atenção especial a tudo quanto é acto do Primeiro Ministro, atitude que tem levado muitos comentadores (mais ou menos imparciais, concedo) a questionar-se sobre os motivos que estarão na base de tal atenção e a questionar igualmente a objectividade e independência do seu director.
Os factos aqui apontados parecem dar razão a tais comentadores, sendo certo que, neste caso, os demais jornalistas envolvidos também não ficam muito bem na fotografia. É que não se livram da suspeita de que se sujeitaram a fazer um favor a alguém, pois é razoável admitir que, se tinham conhecimento dos factos, como é afirmado, e se entendiam que se justificava dar público conhecimento dos mesmos, já há muito o deveriam ter feito. Em qualquer caso, agora ou antes, a notícia deveria ser editada com objectividade e sem os alarmismos com que agora foi apresentada.
É, pois, caso para perguntar: que moralidade é a desta gente ? Será que só os olhos dos outros é que têm argueiros ?

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