quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Respigando em seara alheia (II)

"Sem diques

(...)Será que o Governo português está a pensar e a proceder com cautela maquiaveliana, antecipando a possibilidade do desastre e construindo os diques que poderão minimizar os estragos? É óbvio que não e isso é o mais assustador para nós. Na sua recente entrevista televisiva, o primeiro-ministro declarou explicitamente que não tem planos de contingência e que toda a sua acção se pauta pelo pressuposto da continuidade de Portugal no euro e no projecto europeu. Mas nem era necessário que Passos Coelho confessasse a sua imprevidência porque tudo na acção do Governo a demonstra.

Ao contrário do que a oposição por vezes diz, o problema principal da excessiva austeridade nem são os sacrifícios que ela agora impõe aos portugueses - que terão de estar preparados para ela, no presente e no futuro -, mas os efeitos perversos que acarreta. A decisão do Governo de, à margem do acordo com a ‘troika', acentuar a austeridade e encurtar o período de ajustamento da economia está a agravar a recessão, a precipitar falências, a gerar empobrecimento estrutural e, em última instância, a diminuir as receitas do Estado e impossibilitar o pagamento da sua dívida. Isso significa que os diques que nos poderiam proteger de um eventual colapso europeu não só não estão a ser construídos, como estão a ser destruídos. Corremos o risco de ficar sós, sem mais crédito e, pior ainda, com uma economia em ruínas."
(João Cardoso Rosas. Na íntegra: aqui)

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