As críticas às escolhas das listas dos candidatos do PSD às próximas legislativas, por parte de Manuela Ferreira Leite (MFL), vindas do interior do próprio partido, continuam a ouvir-se. O "Expresso" de ontem dá conta das tomadas de posição de antigos dirigentes do PSD, como Ângelo Correia e Ribau Esteves, ou como Azevedo Soares (ex-secretário-geral de Marques Mendes) que chega ao ponto de afirmar que MFL "não tem estatura para ser líder do PSD (e para primeira-ministra, muito menos, acho eu), pois "tinha a obrigação de unir e mobilizar e fez exactamente o contrário".
Face a estas críticas internas e a outras ainda mais virulentas não deixa de ser surpreendente que os órgãos de comunicação social, embora teçam aqui e além algumas críticas às opções de MFL, em particular no que respeita à real contradição entre o discurso sobre a prometida renovação e a realidade traduzida na inclusão de nomes como António Preto ("o homem da mala", também conhecido como "o homem do braço engessado"), Couto dos Santos, Pacheco Pereira e Deus Pinheiro (todos homens do passado) se mostrem, em geral, dispostos a compreender e a aceitar a posição da líder do PSD. Quando muito afirmam que MFL assumiu a inteira responsabilidade pela sua decisão e só ela responderá pelo resultado. Monsieur de la Palice diria o mesmo.
Passam assim, a meu ver, ao lado do mais importante, que é o facto de ela ter silenciado todas as vozes não inteiramente sintonizadas com a dela. O que é grave, em democracia.
Com esta atitude de "quero, posso e mando", MFL mostra de que massa é feita e leva-me a concluir que a sua alusão à "suspensão da democracia" era mesmo para ser levada a sério.
No país ela não vai conseguir tal objectivo, porque não vai ter nem meios nem oportunidade, mas no partido, a suspensão da democracia é já uma realidade.
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