Francisco Louçã, ao anunciar, hoje, durante o debate quinzenal na Assembleia da República, que o Bloco de Esquerda irá apresentar uma moção de censura, daqui a um mês, quando ainda há dias afirmava que uma tal moção não fazia sentido e que o Bloco não faria o jogo da direita, fez um "número" digno duma bailarina em bicos de pés.
Uma "irresponsabilidade colossal" foi como o primeiro-ministro qualificou o anúncio e com inteira razão. De facto, trata-se de pura irresponsabilidade, uma vez que é patente que o "número" de Louçã, fica apenas a dever-se ao desejo de se antecipar à bancada do PCP que já tinha avançado com essa possibilidade, na ocasião desvalorizada por Louçã. E irresponsabilidade grave, porque o mero anúncio da moção, independentemente do sucesso ou insucesso desta, vai contribuir, por certo, para o agravamento da taxa de juro a pagar pela República em futuros financiamentos a que terá de recorrer, como toda a gente sabe. Provavelmente já amanhã, senão ainda hoje, vai ser possível confirmar se esse agravamento vem ou não a caminho, através da evolução das taxas de juro no mercado secundário da dívida soberana. A confirmar-se a hipótese, lamentavelmente quem irá pagar a conta não será o irresponsável Louçã, mas os portugueses. Espero que estes, ao menos, lhe venham a apresentar a factura.
1 comentário:
Excelente!
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