sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cabeça fria

É verdade que o país, por razões estruturais da economia portuguesa, sem dúvida, mas também e sobretudo por efeito de arrastamento da crise financeira grega, vive momentos difíceis, mas não é menos verdade que as mudanças de rumo propostas pelos partidos da oposição e a contínua reponderação dos investimentos públicos  (que Cavaco Silva veio agora, inoportunamente, defender)  não contribuem em nada para credibilizar a política económica portuguesa, perante os mercados financeiros internacionais. Muito pelo contrário, como é bom de ver. As declarações de José Sócrates durante o debate parlamentar “Eu sigo o meu plano e sou fiel ao meu plano” e “o pior seria não manter a confiança no nosso plano”,  fazem, pois, todo o sentido.
De facto, se o Governo não acreditar no seu plano e desistir de o concretizar, como se pode esperar que os mercados estrangeiros confiem ?
Nesta perspectiva, as declarações de Cavaco Silva, para além de inoportunas, constituem  mais "um tiro no próprio pé" e, no mesmo enquadramento, agradece-se que haja alguém capaz de manter a cabeça fria. Por duas razões: à uma, é óbvio que os alarmismos não só nada resolvem, como,  pelo contrário, contribuem para diminuir a capacidade de discernimento; e depois, porque há sinais de que boa parte das dificuldades que o país enfrenta, tenderão a atenuar-se, logo que fique resolvida, com a intervenção dos países do Euro e do FMI, a actual crise das finanças públicas da Grécia.

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