segunda-feira, 19 de abril de 2010

Justiça expedita

Extractos de declarações de João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda e relator indigitado da Comissão de inquérito ao negócio PT/TVI, ao "Público" :(*)

1. "A minha convicção perante esses sinais é que essa intervenção existiu e que toda a gente sabia, ou seja, sabiam todos os que se interessam por estas coisas".

2. "Toda a operação de tentativa de compra da TVI pela PT decorreu num contexto político claro".

3. "O Governo sente-se com legitimidade para acabar com a operação, eu também me sinto na legitimidade de pensar que, se calhar, foi por influência do Governo que ela começou".

4. "O que tem de se procurar saber é se o Governo procurou de alguma forma influenciar a aquisição da TVI. Não me parece que essa influência seja formal, mas, como sabemos, a gestão política faz-se de mecanismos formais e informais".
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 Estas declarações, não obstante indiciarem uma clara falta de isenção exigível, como é óbvio, a todos os membros da comissão de inquérito, mas muito especialmente ao relator, não incomodaram, pelos vistos, os deputados da oposição que integram a comissão, como se depreende do facto de terem rejeitado, liminarmente, um incidente de suspeição sobre João Semedo suscitado pelo PS tendo precisamente em conta as citadas declarações.
Temos assim que concluir que o "tribunal" ainda não abriu e já temos "sentença" lida. "Justiça" mais expedita não há. A antecipada conclusão torna legítima a dúvida sobre se o objectivo da  comissão é a descoberta da verdade. O comportamento das oposições indicia, para já, que não. No final, veremos.

(*) As declarações vêm na página 4 da edição impressa da "Público" de hoje, mas os extractos foram recolhidos aqui.

Adenda: As declarações do deputado João Semedo já estão também acessíveis no "Público" on line: aqui.

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