terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um criado às ordens? Não, obrigado !

Os partidos da oposição, pelas atitudes que têm tomado, quer a propósito do Programa do XVIII Governo Constitucional, ontem apresentado, quer a propósito da questão da avaliação dos professores, parecem não terem ainda compreendido que o actual Governo, embora sem apoio parlamentar maioritário assegurado à partida, não sofre de qualquer capitis diminutio.
Pelas queixas ouvidas a todos os partidos com assento parlamentar, lamentando o facto de o Governo ter transposto para o seu Programa as propostas e as medidas constantes do programa eleitoral do PS (como se tal não fosse a única solução politicamente aceitável) e pelas exigências dirigidas ao Governo no sentido de suspender a avaliação dos professores, considerando uns e outros, em vários tons, que a não aceitação das suas exigências constitui uma manifestação de "arrogância", fica-se com a ideia que as oposições entendem que o actual governo se deveria comportar como um "criado às suas ordens" disposto a concretizar, não o seu programa, mas os deles e a acatar as suas exigências.
Estas atitudes (no mínimo, caricatas) parecem indiciar que os partidos da oposição ainda não se adaptaram à situação decorrente da actual composição do Parlamento, onde passaram a ter maiores responsabilidades, decorrendo estas do facto de o número dos deputados da oposição, no seu conjunto, ser superior aos deputados do partido apoiante do Governo, responsabilidades, que, com tais comportamentos, parecem pouco dispostos a assumir. Não terão, porém, outra alternativa, pois está visto que o Governo (e bem) não prescinde de exercer as suas competências constitucionais próprias.
Aos deputados dos partidos da oposição (que até têm a faca e o queijo na mão) não se pede outra coisa que não seja também o exercício das suas competências: se não aprovam o Programa do Governo, rejeitem-no; se não querem a avaliação dos professores revoguem-na, suspendam-na, ou façam o que muito bem entenderem. Terão é que arcar com as consequentes responsabilidades, como é óbvio. Assumam-nas, pois, deixem-se de queixinhas e portem-se como gente grande. O país cá estará para julgar.

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