sexta-feira, 27 de junho de 2014

What else?

Com frequência se ouve dizer que Cavaco é um presidente da República irrelevante: se em Belém estivesse um boneco em vez de Cavaco não se notaria, diz-se, qualquer diferença.
Ora, se há afirmações sem sentido, esta é, seguramente, uma delas. Na verdade, é evidente, desde logo, que um boneco, fosse ele qual fosse, seria incapaz de agir com a parcialidade de que Cavaco tem dado abundantes provas, praticamente desde o princípio do seu primeiro mandato, parcialidade que, suponho, nem sequer é passível de contestação, tão clara ela é, sobretudo desde que os seus correligionários, com a sua preciosa ajuda, alcançaram o poder.
Há, por outro lado, provas de que, ao contrário de qualquer boneco que se preze, Cavaco não só não dorme, como tem capacidade de agir com rapidez. Senão veja-se: mal anteviu o prematuro afastamento da selecção portuguesa de futebol do respectivo campeonato mundial, Cavaco não perdeu tempo e convocou de imediato o Conselho de Estado. A agenda divulgada (debate sobre "a situação económica, social e política, face à conclusão do Programa de Ajustamento e ao Acordo de Parceria 2014-2020 entre Portugal e a União Europeia para os Fundos Estruturais") não deixa dúvidas sobre qual a magna questão em cima da mesa. Só pode ser o precoce abandono da competição futebolística mundial por parte das cores portuguesas. What else
Para além do citado desaire futebolístico, não corre tudo às mil maravilhas? 

Foi um ar que lhe deu

Ao ajustamento.

"O processo de "reequilíbrio externo" da economia portuguesa sofreu uma interrupção grave no início deste ano. O défice externo voltou a aparecer após vários trimestres, tendo atingido o valor de 1,4% do produto interno bruto (PIB), o pior registo desde meados de 2012, estava a crise no seu auge.

Depois de vários trimestres positivos, a economia como um todo (Estado, famílias, empresas e bancos) torna a ser dependente do exterior: o défice externo no primeiro trimestre foi de 1,4% indicou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE), no âmbito dos dados das contas nacionais por sector institucional.

O valor choca frontalmente com o discurso do Governo e da troika, que se congratulam com o sucesso do ajustamento em termos de contas externas." (Fonte)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Funambulismo

Sempre tive de António José Seguro a imagem de um político mole que só terá conseguido alcandorarar-se ao cargo de secretário-geral do PS recorrendo a muita manha e dissimulação e ao dispêndio de doses maciças de simpatia industrial de que foram vítimas, em primeira linha, os seus camaradas de partido. Não vejo que outra explicação possa haver, pois nem carisma, nem especiais dotes para o quer que seja lhe são conhecidos.
Entretanto, desde que António Costa tomou, por imperativo de consciência e perante os resultados pífios das últimas eleições europeias, a decisão de se apresentar como candidato ao lugar, Seguro, para responder ao desafio, não tem feito outra coisa que não seja recorrer a manobras, incluindo de natureza intimidatória a cargo de terceiros, e a expedientes para torpedear a patriótica iniciativa de António Costa que representa, ouso dizê-lo, uma das poucas hipóteses de dar um novo rumo a este país que caminha a Passos largos para a decadência. Já não digo para a pobreza, pois nesse domínio já estamos Portas adentro.
Este intróito serve apenas para comunicar que considero, pelas sobreditas razões, que António José Seguro, como político,  deixou de me merecer o mínimo de consideração e de respeito. Tal como Cavaco, Coelho ou Portas, Seguro, ainda que por razões que podem não ser coincidentes, é, para mim, um político morto. Não sei, por isso, se alguma vez voltarei aqui a referir o seu nome. Talvez sim, mas apenas para dar conta do nojo que as suas atitudes me provocam. Até ao dia em que seja varrido da cena. De vez.
Nesta altura perguntará o leitor, com toda a razão, a que propósito vem o título?
Tudo veio, porventura a despropósito, mas na sequência, respondo, da leitura de um artigo de opinião de Francisco Assis, vindo a lume hoje no "Público" com o título "Abriu-se uma grave crise política no interior do Partido Socialista", um excelente exemplo de funambulismo. Assis, que era um político por quem tinha alguma consideração, pois o via como um homem de cultura e com grande capacidade intelectual é também, fica-se agora a saber sem margem para dúvidas através do citado artigo, alguém incapaz de se decidir pelo sim ou pelo não. Em suma, um bom exemplo do equilibrismo que aborreço e me enoja. Assis, concluo, é,  infelizmente, mais uma desilusão a juntar a tantas outras vindas ultimamente das praias do PS.
Valha-nos António Costa!
(Imagem daqui)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Obviamente!

"(...) Não se pode pedir às pessoas que acreditem no nosso combate às desigualdades e ao empobrecimento quando o único acordo que firmámos com o governo PSD/CDS nos últimos três anos foi para reduzir o imposto sobre os rendimentos de capital. Num contexto de pesada austeridade, de cortes nos salários e nas pensões e de aumentos de IRS fortemente penalizadores para a classe média, não podíamos ter permitido que o único acordo fosse para baixar impostos sobre os rendimentos de capital - são momentos como este que nos afastam dos cidadãos e dificultam a distinção do PS face ao PSD. Mas se o discurso tem de ser compatível com a prática, o programa que o sustenta tem de ser consistente e credível. É difícil pedir aos portugueses que acreditem num programa que promete acabar com a austeridade, repor salários e pensões e não aumentar a carga fiscal mas simultaneamente cumpre escrupulosamente, e sem contestação, o Tratado Orçamental e apenas de forma envergonhada defende uma renegociação da dívida pública. Fazer política também é fazer escolhas, também é arriscar. (...) isso só será conseguido com um governo forte e com apoio popular, mas para isso precisamos primeiro de um PS com uma liderança forte, em quem os portugueses consigam confiar.
(Pedro Nuno Santos; "É preciso fazer escolhas". Na íntegra: aqui. Realces meus.)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Tó Zé ...

...tem alguma semelhança com este juvenil de Pega-azul (Cyanopica cyanus) saído extemporaneamente do ninho. Tal como ele, Seguro não  tinha asas para voar e, porventura, tal como ele não sabia. 
As semelhanças, no entanto, terminam aqui. O juvenil de Pega-azul com o tempo transformará os "canudos" em penas e lançar-se-á, veloz, nos ares. António José Seguro perdeu definitivamente qualquer hipótese de algum dia voar, porque os portugueses sabem hoje a massa de que é feito. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

De regresso a Pasárgada

Um regresso que, de vez em quando, acontece. Lá, ao contrário do que canta o poema de Manuel Bandeira, não sou amigo do rei, porque nem rei há. Mas ainda há  ar puro para respirar e água límpida para nadar. 
Como não há bela sem senão, por regra, também não haverá forma de comunicar pela net. Tal não impedirá, espero, que possa deixar por aqui, uma que outra vez, alguns sinais do caminho percorrido.
Não como ponto de partida, mas como ponto intermédio, ficam aqui já hoje "sinais" das Fragas de S. Simão, facilmente acessíveis a partir do IC 8, por alturas de Figueiró dos Vinhos.
E com estes sinais me despeço. Até já!...




quinta-feira, 5 de junho de 2014

O drama

António José Seguro sai literalmente esmagado de "Uma sondagem realizada pela Aximage para o Jornal de Negócios e Correio da Manhã [que] revela que quase 63% dos portugueses prefere António Costa para primeiro-ministro. António José Seguro consegue menos de 20%."
O drama, porém, não se fica por aqueles números. É que no confronto com o actual titular do cargo, Seguro não consegue, segundo a sondagem, distanciar-se de Passos Coelho a não ser marginalmente (43% das opiniões favoráveis a Seguro contra 39,5% favoráveis a Passos Coelho) diferença que permite encarar como possíveis todas as hipóteses em futuras eleições legislativas, incluindo, naturalmente, a hipótese de Seguro acabar por ser desfeiteado por um Passos Coelho que não passa de uma figura menor e que só se alcandorou ao poder, porque é um aldrabão.  Hábil, tenho de convir.
Só o equacionar de uma tal hipótese já dá uma ideia da pequenez (política) do actual secretário-geral do PS, pequenez que ele e os seus amigos se têm encarregado de tornar cada vez mais evidente à medida que passam os dias.
Não haverá em Seguro e nos seus amigos uma réstia de clarividência que lhes permita ver que a resolução da crise em que o PS está mergulhado requer uma solução para breve e não consente o seu prolongamento por meses e meses?

A explicação?

Terá sido encontrada a razão por que António José Seguro nos parece agora tão pequenino? A pequenez será só de agora, ou já vem de longe ? Vou antes por aqui.

terça-feira, 3 de junho de 2014

O líder que faz falta...

...digo eu que, não sendo militante socialista, gostaria de poder continuar a votar PS. Com Seguro, nem pensar.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Farinha do mesmo saco

Os factos parecem dar razão a João Galamba quando escreve:

"Para além de garantir os nossos direitos e assegurar que Portugal se mantém um Estado de direito democrático, o Tribunal Constitucional ainda consegue a proeza de dar uma ajudinha à economia. Como não percebeu a razão que levou o PIB dos 2º, 3º e 4º trimestres de 2013 a ter um comportamento melhor do que se previa, e como indicam todas as intervenções de Passos Coelho, é natural que o governo reincida na austeridade e, portanto, que estrague o serviço que o TC prestou à economia portuguesa.(...)
Em 2013, depois de ter sido obrigado a recuar nos corte dos subsídios de férias e natal, o governo não substitui a austeridade considerada inconstitucional por nova austeridade, apresentando um orçamento retificativo que pode ser considerado um orçamento expansionista ou keynesiano (face ao orçamento original). Perante um orçamento retificativo que se limitou a repor rendimentos, era previsível que o consumo aumentasse (face ao cenário inicialmente previsto, repito). 
Foi o que os keynesianos sempre disseram que aconteceria, e, como se constata, foi o que acabou por acontecer.
Infelizmente, o governo não percebeu o que se passou e, portanto, não aprendeu nada com o ano de 2013 (...). Ao invés de reconhecer que a melhoria da atividade económica se devia ao recuo na austeridade prevista, o governo (...) achou que apresentar um orçamento para 2014 que reincidia no corte dos rendimentos dos pensionistas e dos funcionários públicos não ia travar a retoma; aliás, considerou que aconteceria exatamente o contrário e que o orçamento para 2014 ia consolidar os bons resultados dos últimos três trimestres de 2013.
Imediatamente após a apresentação do orçamento do Estado, em Outubro de 2013, os indicadores económicos começaram a degradar-se. O crescimento (em cadeia) continuou positivo até ao final do ano, mas desacelerou fortemente. E, no 1º trimestre de 2014, aconteceu o óbvio: 
o PIB caiu -0.7%. A retoma foi possível quando a austeridade foi travada; a retoma desapareceu quando se voltou a insistir no caminho da austeridade." (Na íntegra aqui)

E tem seguramente toda a razão quando afirma que "O TC pode proteger-nos de alguns excessos deste governo, mas não nos salva dele." (loc. cit.)
De facto, livrar-nos deste governo só está ao alcance de Cacavo Silva. Só ele tem, na verdade, os meios para erradicar uma tal praga. No entanto, esperar uma tal actuação por parte de Cavaco seria  o mesmo que esperar por sapatos de defunto, pois está mais que visto que Cavaco, Passos e Portas é tudo farinha do mesmo saco. E, embora não seja perito no que respeita a farinhas, parece-me que aquela está muito longe de ser farinha da boa.

António José Seguro tem razões de queixa de Seguro

António José Seguro queixou-se, ontem, perante Judite de Sousa, que o entrevistava na TVI, de estar a ser vítima da  comunicação social e da generalidade dos comentadores, porque dão dele uma imagem falsa.
A mágoa de Seguro tem alguma razão de ser, porque é verdade que a imagem que nos é transmitida é a de alguém sem garra e incapaz de grandes voos e que, politicamente, nem é carne, nem é peixe. Tem razão, digo eu, mas, se de alguém se pode queixar, é dele próprio.
De facto, Seguro lembrou-se um dia de usar a expressão "abstenção violenta" para caracterizar a posição que o PS, por ele então já liderado, iria tomar em relação ao primeiro Orçamento de Estado elaborado pela praga que é a actual maioria. A expressão é tonta, como é evidente. O seu uso e os inúmeros comentários desfavoráveis que ela suscitou contribuiram decisivamente para criar uma imagem de António José Seguro como político indeciso, imagem que se lhe colou à pele e da qual já não consegue livrar-se, até porque toda a sua actuação política posterior só tem servido para a acentuar. 
Por isso digo : António José Seguro tem, realmente,  razões de queixa.  De Seguro.

domingo, 1 de junho de 2014

Para que servem os amigos?

A proposta apresentada ontem por António José Seguro na Comissão Nacional é completamente absurda e nas actuais circunstâncias não faz mesmo nenhum sentido. 
O dia, porém, acabaria por mostrar que o pior estava para vir. De facto, durante o dia, António José Seguro teve oportunidade de fazer variadas intervenções junto da comunicação social qual delas a mais infeliz. Digo infeliz, porque a imagem que resulta de tais intervenções é a de um homem agarrado ao poder, mas perfeitamente desnorteado e incapaz de definir um rumo que faça sentido.
Não creio que, a partir do dia de ontem, ainda haja por esse país fora muita gente que o leve a sério.
Se pergunto, no título, para que servem os amigos, é porque me parece que os seus amigos tinham a estrita obrigação de lhe chamar a atenção para a triste figura que tem andado a fazer, desde que António Costa anunciou querer disputar a liderança do PS.
O ridículo da situação criada por Seguro leva-me a crer que, mais dia, menos dia, com maior ou menor dificuldade, António José Seguro vai ser desalojado da liderança do PS. Por culpa própria, a saída de cena já será sempre penosa e sem um mínimo de dignidade.
Lamento e lamento-o.