Com frequência se ouve dizer que Cavaco é um presidente da República irrelevante: se em Belém estivesse um boneco em vez de Cavaco não se notaria, diz-se, qualquer diferença.
Ora, se há afirmações sem sentido, esta é, seguramente, uma delas. Na verdade, é evidente, desde logo, que um boneco, fosse ele qual fosse, seria incapaz de agir com a parcialidade de que Cavaco tem dado abundantes provas, praticamente desde o princípio do seu primeiro mandato, parcialidade que, suponho, nem sequer é passível de contestação, tão clara ela é, sobretudo desde que os seus correligionários, com a sua preciosa ajuda, alcançaram o poder.
Há, por outro lado, provas de que, ao contrário de qualquer boneco que se preze, Cavaco não só não dorme, como tem capacidade de agir com rapidez. Senão veja-se: mal anteviu o prematuro afastamento da selecção portuguesa de futebol do respectivo campeonato mundial, Cavaco não perdeu tempo e convocou de imediato o Conselho de Estado. A agenda divulgada (debate sobre "a situação económica, social e política, face à conclusão do Programa de Ajustamento e ao Acordo de Parceria 2014-2020 entre Portugal e a União Europeia para os Fundos Estruturais") não deixa dúvidas sobre qual a magna questão em cima da mesa. Só pode ser o precoce abandono da competição futebolística mundial por parte das cores portuguesas. What else?
Para além do citado desaire futebolístico, não corre tudo às mil maravilhas?