"Cristina Dias ou Alexandra Reis, qual é o caso mais grave?", pergunta em artigo aqui publicado, o jornalista António Costa que é também o autor do extrato publicado supra, integrante do mesmo artigo.
Independentemente de um caso ser mais grave do que o outro (ponto muito questionável, onde é possível aduzir argumentos num sentido e noutro, usque ad infinitum), os dois casos são considerados graves, pelo menos do ponto de vista ético, a merecer, consequentemente, tratamento idêntico ou semelhante. Dissemelhante é que nunca!
Alexandra Reis, como se sabe, no seguimento das notícias sobre o seu caso, não só cessou funções como secretária de Estado do Tesouro, como devolveu a indemnização que lhe tinha sido atribuída pela administração da TAP.
Ao invés, Cristina Dias, não parece disposta a demitir-se e, estranhamente, também não parece haver da parte do actual governo qualquer manifestação no sentido de a pressionar a tomar tal decisão. O que é estranho visto que o PSD que lidera o actual governo esforçou-se, à outrance, por tirar dividendos do caso Alexandra Reis. É verdade que, em política, para algumas gentes, a noção de moralidade é muito elástica. O que era imoral ontem, deixou de o ser hoje, se tal for "conveniente". Mesmo assim há limites e não parece que este governo e o PSD os respeitem.
É claro que Cristina Dias tem todo o direito de se defender e apresentar os seus pontos de vista, mas não venha dizer que, querendo sair da CP para ir assumir outras funções muito melhor remuneradas, é moral ir pedir à empresa donde se quer sair um prémio de cerca de 80 mil euros. Moral não é, senhora secretária de Estado e a verdade é que o vulgar cidadão não compreende o duplo critério para situações que, não sendo completamente iguais, são, no essencial, idênticas. Trata-se, em ambos os casos, do recebimento de, como já alguém disse, "bónus indecentes". Logo, imorais.
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Já agora, seja-me permitida uma pitada de humor (certamente não conseguido, como é hábito, pelo que, do facto, peço imediata desculpa), mas não resisti: A secretaria de Estado que Cristina Dias tutela é, curiosamente, designada por Secretaria de Estado da Mobilidade, uma designação um tanto estranha quando liderada por alguém tão agarrada ao lugar como uma lapa. Não tenho dúvidas de que, para uma "lapa", a designação de Secretaria de Estado da Imobilidade, seria a opção certa.
(Imagem daqui)