segunda-feira, 22 de março de 2010

"The big problem"

Uma das questões que mais tem preocupado, ultimamente, alguma pretensa elite nacional, (sendo de destacar, neste particular, Clara Ferreira Alves com as suas intervenções no "Eixo do Mal") centra-se no pagamento ou não pagamento pela Assembleia da República do custo das viagens da deputada Inês Medeiros, de e para o seu local de residência.
Não há qualquer dúvida de que a deputada tem a sua residência estabelecida  em França e mais propriamente, em Paris, se não estou em erro. Assim sendo, uma vez que, à data da candidatura, já essa situação era conhecida e sabendo-se que o pagamento aos deputados do custo das viagens entre a sede da Assembleia da República e a sua residência, faz parte das regras estabelecidas, pergunto-me onde está o problema.
Suponho que "the big problem" reside no facto de o custo das viagens, ser, no caso da deputada Inês Medeiros, superior ao dos restantes deputados e, pagando-se à deputada Inês Medeiros, estaria a abrir-se um precedente. Confesso que não sei se o custo das viagens entre Lisboa e Paris será muito superior ao das viagens entre Lisboa e os Açores ou a Madeira, p.e, mas admito que a diferença não seja assim por aí além. Seja, porém, assim ou seja assado, a meu ver e salvo o devido respeito, só existe problema, porque vivemos num país onde se cultiva a mesquinhice. E da qual nem sequer nos apercebemos: a ter-se em conta o custo das viagens dos deputados, só poderiam candidatar-se os/as cidadãos/cidadãs residentes na Rua de S. Bento.
E, ainda que mal pergunte: onde está a novidade? Não pagamos já as viagens dos deputados ao Parlamento Europeu?
Dir-se-á que, neste caso, não é a Assembleia da República o pagador, porque quem paga é o Parlamento Europeu. Mas será que o pagador não é, afinal, sempre o mesmo ? O contribuinte.
(Imagem daqui)

8 comentários:

mdsol disse...

À primeira "leitura" da questão, pareceu-me mal. Sem pensar muito está-se a ver. Depois de ler o seu texto, que acrescenta dados para se pensar melhor no assunto, ficou-me esta pergunta: a deputada Inês de Medeiros não concorreu pelo círculo de Lisboa? É que isso fará alguma diferença, na comparação com os outros casos que apresenta. OU não?

:)))

Francisco Clamote disse...

MDSOL:
Sim, de facto, candidatou-se pelo círculo de Lisboa, mas,a meu ver, tal não faz qualquer diferença. Só o faria se os deputados fossem obrigados a candidatar-se pelo círculo da residência, o que não é o caso.É frequentíssimo e normalíssimo candidatarem-se por círculo diferente. Como também é habitual que sejam residentes no país a candidatarem-se pelos círculos no estrangeiro.

Anónimo disse...

OH! Doutor Francisco, Valha-nos ZEUS...

Então se a senhora se candidatou pelo círculo de Lisboa, se o PS a colocou no C´´irculo de LISboa, quer ficcioná-la, AGORA, como residente na ilha do Corvo ou das Flores?

Para estas coisinhas... é tudo pouco dinheiro, umas minudências, não é?
Na Madeira tb era uma percentagem insignificante do PIB, na ADSE foram só uns Eurozitos acima dos mil milhões, nas Empresas públicas é só "um cheirinho", e, nas Câmaras Municipais é um forobodó, na aSSEMBLEIA DA rEPÚBLICA FOI UM MAR DE NOTAS A PÔR O ALTAR DA DEMOCRACIA ENFEITADO DO QUE há de mais moderno NO MUNDO em matéria de informática, os portugas e os estranjas turistas de pé descalço, em vez de viajarem de Sud -express para Paris, vão ter que na passagem prestar vassalagem a Castela e abordar Madrid AO VIAJAR NO TGV e no regresso a Lisboa vão encontrar os pedintes e os tesos a tentar pagar o que pediram emprestado para "armar AOS CUCOS..."

É POR ISSO, POR ESTAS MENTALIDADES QUE NÓS ESTAMOS COMO ESTAMOS!:
endividados até às pontinhas dos cabelos.

Olhe, SE querem pagar à senhora, então, os COFRES do PS que paguem a conta! e com todo o respeito pela senhora, que tb devia ter algum comedimento nas suas pretensões.
Mas, se calhar isto acaba por ficar " à grande e à francesa"...

Agora desiludiu-me, caro semi camarada!
Cumprimentos
Abílio Ferreira

Francisco Clamote disse...

Caro Abílio Ferreira:
Como facilmente compreenderá, pelas razões aduzidas no texto, não me comovo com a sua argumentação.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Digo de outro modo: Isso é desonestidade intelectual. Náo é possível justificar o injustificável..Valha-o o Zeus que tanta reclama....

Anónimo disse...

Um pouco mais de isenção e de bom senso não ficaria mal a quem apregoa tão frequentemente comportamentos éticos!...Ou há mesmo dois campos?

Francisco Clamote disse...

Aos senhores anónimos:
A minha tese pode estar errda, mas apresento argumentos.
O que defendo no caso de Inês Medeiros, defendo-o em relação a qualquer deputado de qualquer outro partido. Não faz, por isso, nenhum sentido, falar em dois campos. Neste caso e do meu ponto de vista só há um: pagar a todos os deputados o custo das viagens entre a sede da AR e a residência dos deputados. É muito simples, acho eu.
O senhor anónimo (22:40) acusa-me de desonstidade intelectual. Se eu defendo uma tese com argumentos cumpria-lhe, para ser convincente, demonstrar a falsidade e desonestidade da argumentação por mim aduzida. Não será assim ? Ou será que imputar a alguém uma tão grave acusação, sem mais nem menos, é sinónimo de grande honestidade intelectual ?

Porfirio Silva disse...

Francisco, muito bem!

Aos "senhores anónimos" só diria o seguinte: tomara o país que metade dos anónimos que andam para aí, cobardemente, armados em justiceiros de meia tijela, tomara o país que metade deles tivessem metade do valor que tem a Inês de Medeiros. É por causa de mesquinhos desse tipo que o país está como está. E digo mais: a maior parte dos anónimos que para aí andam não trabalham metade do que trabalha a Inês de Medeiros e muitos muitos deputados. Lá por este país estar cheio de parolos que têm inveja de quem vive em Paris, isso não faz desses parolos gente mais produtiva nem mais útil ao país. (Não chamo parolos a todos os que nunca puderam ir a Paris: chamo parolos aos que fazem disso tema de comentário público.)

O que está na base de tanta conta de merceeiro com "as despesas" dos órgãos de soberania é um salazarismo recalcado, que acha sempre que a democracia custa muito dinheiro. E talvez também um pouco de falta de informação, para comparar com outros países civilizados, razão pela qual estão sempre a abrir a boca de espanto com tanta coisa normal.