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Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as alterações registadas na Balança Alimentar Portuguesa no período 2008-2012 roçam o drama. O estudo, feito de cinco em cinco anos, assinala uma queda a pique nas disponibilidades alimentares e calóricas. O que quer isto dizer? Quer dizer que os portugueses estão a poupar fortemente na comida e, salvo raras exceções, estão a alimentar--se bastante pior. Não é porque queiram. É porque tem de ser. Em 2012, por exemplo, a fruta disponível no mercado recuou para níveis de há 20 anos! As carnes de bovino e suíno baixaram, por seu turno, para níveis de há 10 e 13 anos, respetivamente. Passamos a comer mais aves, mais carne branca, melhor para a alimentação, muito melhor para a parte do orçamento gasto no cabaz de compras.
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Este afundanço nas condições de vida dos portugueses é, claro, tributária da desesperança. É por isso que o tempo é de exigência máxima para quem decide. Chegamos ao ponto em que à fadiga tributária (expressão feliz de Adriano Moreira) se somam todas as outras fadigas, tudo suscetível de nos encaminhar para um estado de anomia e anemia social - e com bilhete só de ida. Até que ponto suportarão os portugueses aquilo que no recato do Conselho de Ministros foi metido no famigerado Documento de Estratégia Orçamental, cuja primeira versão terá já sido apresentada aos nossos vigilantes? Os napolitanos dizem que o seu ouro é a paciência, tamanho é o caos em que vivem. A deles não é maior que a nossa. Dir-nos-ão, outra vez: é a vida. Sim, mas não é vida."
3 comentários:
Cheio de razão. Subscrevo.
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~ ~ A crónica está interessante e oportuna, com algumas falhas do ponto de vista nutricional.
~ Nem sempre a carne branca é a mais saudável, depende da confeção. A carme vermelha é indispensável, duas vezes por semana, pelo ferro, a falta de fruta fresca prejudica a absorsão do ferro, por falta de vitamina C, o que provoca as anemias e diminuição da imunidade.
~ Estão a consumir-se demasiadas leguminosas enlatadas, de baixo custo, que não sendo associadas a uma salada ou fruta, perdem todo o valor alimentar, além do problema dos aditivos químicos.
~ Portanto, não se trata apenas de uma "amemia social", como o autor sublinhou metaforicamente, mas um país de autênticos anémicos, imunologicamente débeis, que estão´a passar fome, ainda que não se apercebam, porque enganam o estômago...
Sobre nutrição (como, aliás, sobre a generalidade dos assuntos) só sei que nada sei. Obrigado, Majo, pelos esclarecimentos.
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