segunda-feira, 2 de junho de 2014

Farinha do mesmo saco

Os factos parecem dar razão a João Galamba quando escreve:

"Para além de garantir os nossos direitos e assegurar que Portugal se mantém um Estado de direito democrático, o Tribunal Constitucional ainda consegue a proeza de dar uma ajudinha à economia. Como não percebeu a razão que levou o PIB dos 2º, 3º e 4º trimestres de 2013 a ter um comportamento melhor do que se previa, e como indicam todas as intervenções de Passos Coelho, é natural que o governo reincida na austeridade e, portanto, que estrague o serviço que o TC prestou à economia portuguesa.(...)
Em 2013, depois de ter sido obrigado a recuar nos corte dos subsídios de férias e natal, o governo não substitui a austeridade considerada inconstitucional por nova austeridade, apresentando um orçamento retificativo que pode ser considerado um orçamento expansionista ou keynesiano (face ao orçamento original). Perante um orçamento retificativo que se limitou a repor rendimentos, era previsível que o consumo aumentasse (face ao cenário inicialmente previsto, repito). 
Foi o que os keynesianos sempre disseram que aconteceria, e, como se constata, foi o que acabou por acontecer.
Infelizmente, o governo não percebeu o que se passou e, portanto, não aprendeu nada com o ano de 2013 (...). Ao invés de reconhecer que a melhoria da atividade económica se devia ao recuo na austeridade prevista, o governo (...) achou que apresentar um orçamento para 2014 que reincidia no corte dos rendimentos dos pensionistas e dos funcionários públicos não ia travar a retoma; aliás, considerou que aconteceria exatamente o contrário e que o orçamento para 2014 ia consolidar os bons resultados dos últimos três trimestres de 2013.
Imediatamente após a apresentação do orçamento do Estado, em Outubro de 2013, os indicadores económicos começaram a degradar-se. O crescimento (em cadeia) continuou positivo até ao final do ano, mas desacelerou fortemente. E, no 1º trimestre de 2014, aconteceu o óbvio: 
o PIB caiu -0.7%. A retoma foi possível quando a austeridade foi travada; a retoma desapareceu quando se voltou a insistir no caminho da austeridade." (Na íntegra aqui)

E tem seguramente toda a razão quando afirma que "O TC pode proteger-nos de alguns excessos deste governo, mas não nos salva dele." (loc. cit.)
De facto, livrar-nos deste governo só está ao alcance de Cacavo Silva. Só ele tem, na verdade, os meios para erradicar uma tal praga. No entanto, esperar uma tal actuação por parte de Cavaco seria  o mesmo que esperar por sapatos de defunto, pois está mais que visto que Cavaco, Passos e Portas é tudo farinha do mesmo saco. E, embora não seja perito no que respeita a farinhas, parece-me que aquela está muito longe de ser farinha da boa.

2 comentários:

Majo disse...

~
~ ~ Muito bem observado e sublinhado.

~ ~ Obrigada pela partilha, Francisco.

Anónimo disse...

A forma como estão a reagir à decisão do TC deixa antever que vêm aí medidas cegas. À bruta, como eles gostam.