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A direita está preocupada, isso sim, porque o governo grego é o primeiro a confrontar directamente os mecanismos de subjugação a que tem vindo a ser sujeito o seu povo e porque o seu exemplo tem um enorme potencial de alastramento. Não é por acaso que a maior hostilidade em relação às propostas europeias do governo grego provém precisamente das elites e governos servis de Portugal e Espanha, que estão precisamente na linha da frente desse potencial de alastramento. O novo governo grego tem de fracassar, custe o que custar, não vá dar-se o caso de mostrar às pessoas que é possível governar com elas e para elas em vez de contra elas.
É isto que está neste momento em causa na Grécia e na Europa - e é por isto que espero que o governo grego não tenha ilusões ingénuas sobre nobres ideais europeus que transcendam os interesses de classe. Pelo contrário: espero que o optimismo da disponibilidade para soluções cooperativas que os governantes gregos têm manifestado nos últimos dias se faça acompanhar, pelo menos em privado, pelo pessimismo racional da preparação dos cenários de confronto.Varoufakis é, entre outras coisas, especialista em teoria dos jogos : saberá por isso com certeza que não deve esperar que as elites europeias contribuam voluntariamente para minar as bases da sua própria dominação.»
(Alexande Abreu; "O Syriza e o luto da direita". Na íntegra: aqui. Destaque meu)
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