terça-feira, 30 de junho de 2015

Foi v. quem pediu uma "almofada"?

Desde que as negociações entre o Governo grego e as instituições (UE, BCE e FMI) começaram a descarrilar, o governo português garantiu, desde a primeira hora, que do eventual falhanço das negociações não decorria qualquer risco para Portugal, graças à já famosíssima "almofada" de mais de uma dezena de milhares de milhões de euros (de dívida entretanto contraída a pensar no pior). O país, com a dita "almofada", estaria preparado para durante uns quantos meses (até ao final do ano?) fazer face a eventuais reacções adversas por parte dos mercados financeiros.
Parece não haver razão para duvidar da existência da "almofada". Sobra, no entanto, a pergunta sobre a razão da sua existência, pergunta que não vejo devidamente esclarecida, nem pelo governo, nem pela comunicação social. Compreende-se porquê. É que a constituição da dita "almofada" é a prova mais provada de que a actuação deste governo  ao longo de toda a actual legislatura não se traduziu, ao invés do proclamado, num sucesso, mas sim num rotundo e inconfessado fracasso. Como é óbvio, só precisa de "almofada" quem se sente desconfortável com a situação em que se encontra. Se este governo se deu ao trabalho de constituir a dita "almofada" é porque ele próprio se não sente confortável com a situação em que se encontra o país, o que vale por dizer que nem o próprio governo acredita nas reformas cujo êxito vem reclamando, nem nos benefícios do "ajustamento" por via da  "austeridade" dita expansionista. 
Não acredita e com razão: o país, de facto, está mais pobre, a economia não passa da cepa torta e, surpreendentemente, até a dívida pública aumentou assustadoramente nos últimos quatro anos, passando de 96% do PIB, no final de 2010, para mais de 130%, actualmente. 
Digo surpreendentemente, porque é mesmo uma surpresa verificar que a dívida pública aumentou exponencialmente, em vez de diminuir, como seria de esperar, tendo em conta os cortes (de salários e de pensões) os aumentos de impostos nunca antes vistos e a venda dos últimos anéis, venda esta tão acelerada que está mais que justificada a atribuição a este governo do título de  Comissão Liquidatária. 
Com uma dívida pública muito superior à existente no final de 2010, é evidente que se, entretanto, surgir algum incidente de percurso que, na óptica dos "mercados", ponha em causa a viabilidade e o futuro do Euro, não haverá "almofada" que nos valha. Diga o que disser o governo ou o eminente "matemático" Cavaco.

2 comentários:

Majo disse...

~ ~ ~
~~ A existir, será uma magérrima almofada...

~~ Será que alguém, com dois dedos de testa,
sente-se confortável com tal ''bluff''?!
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Anónimo disse...

Chicamigo

Almofod, ops, almofada quem a tem chama-lhe sua, em nem com uma almofada consigo pôr estes gajos na rua...

E se as coisas ferem para o torto? Ora, não faz mal, estamos em Portugal; ainda ficam 18 Cavaco dixit...

Abç