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Por altura da campanha das últimas legislativas, o PSD, no seu programa eleitoral, definia como objetivo de "longo alcance" tornar Portugal numa das dez mais competitivas economias mundiais. (...)
Olhando para outro parágrafo do programa desse mesmo partido político, era definido outro objetivo que nos dava uma clarificação de parte da ideia: "que, no espaço da próxima legislatura, nos situemos no top 25 do WEF". Ora, considerando então o World Economic Forum (WEF) como o referencial para medir a competitividade e "longo alcance" como um período superior ao da atual legislatura, na altura em que a promessa foi feita, estaríamos a falar de uma subida de 26 posições no ranking da competitividade do WEF num prazo desconhecido, uma vez que a nossa posição era a 36.ª num contexto global.
Pois bem, uns dias antes das eleições de 2015, saíam os resultados da nova edição do ranking da competitividade do WEF. Portugal caía duas posições, situando-se na 38.ª posição. Mais recentemente, em setembro de 2016, saíram os mais atuais resultados desse mesmo ranking. Portugal registou nova queda, desta feita de oito posições. Estamos agora na 46.ª posição!
Claro que Passos Coelho e alguns acólitos, mesmo no contexto da Comunicação Social, vieram já a terreiro culpar a atual governação pelos resultados desta nova edição do ranking do WEF, o que não deixa de ser caricato e ridículo. Isto porque ambas as quedas refletem, precisamente, o período de governação que Passos liderou, bastando, para verificar isso mesmo, uma análise simples à metodologia utilizada na construção do ranking e aos principais indicadores utilizados.
Estes resultados mostram, portanto, que para que Portugal pudesse ter esperança em atingir melhorias na sua competitividade, tinha mesmo que abandonar o modelo de desenvolvimento que Passos implementou. Ideia reforçada por outro ranking de competitividade, World Competitiveness Yearbook, publicado em maio de 2016 pelo Institute for Management Development (IMD), onde caímos em 2016 da 36.ª para a 39.ª posição. Já para não falar do Innovation Union ScoreBoard da Comissão Europeia, publicado em julho de 2016, onde caímos de 17.º para 18.º. Ou no Networked Readiness Index, também do WEF, onde, na edição publicada em junho de 2016, caímos da 28.ª posição para a 30.ª. Todos estes rankings reportam indicadores referentes a 2015 ou anteriores, anos em que Passos governou.
Em campanha eleitoral, usar ideias vagas e fazer promessas pouco transparentes, é um exercício frequente. No entanto, o tempo acaba por testar muitas delas. As que Passos Coelho e o PSD fizeram mostram bem que os portugueses, ao quererem mudar de rumo, tinham razão! Por aquele caminho, nunca chegaríamos a ser "uma das dez mais competitivas economias mundiais". Passos já percebeu isso e, portanto, anda de cabeça perdida!»
(
Luís Miguel Ferreira; "
De cabeça perdida!". Na íntegra:
aqui . Destaques meus.)