quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Uma besta, com todas as letras!

O ministro da Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, tendo em conta a completa irresponsabilidade das afirmações que faz, porque, além do mais, não são minimamente conformes com a realidade, só pode ser uma besta. Com todas as letras!
Não se arranja ninguém capaz de lhe substituir a língua de trapos por uma língua de gente?

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Orçamento do Estado: um problema para a direita

«A direita está um pouco perdida, e não é para menos. Depois de todo o barulho pré-Orçamento, com uma mexida de impostos noticiada quase todos os dias, o argumentário estava preparado.

Dando de barato a legitimidade para o PSD e o CDS reclamarem contra o aumento de impostos, o problema foi outro. É que, mais uma vez, o Governo trocou as voltas a quase todos. E também à direita. 

É um exercício que consolida com pouca ou nenhuma "austeridade", que prevê um crescimento naturalmente incerto mas não extraordinariamente fantasioso, devolve rendimentos e faz um ajustamento estrutural. (...)

Tal como Centeno "escreveu direito por linhas tortas" - no feliz título de um trabalho publicado ontem pelo Negócios - ou seja, vai conseguir cumprir o défice por caminhos muito diferentes dos anunciados, em 2017 há também essa ausência de linearidade simplista. Resultado: a direita manteve os argumentos já preparados antes de conhecer os números, mesmo que o aumento da receita seja limitado. 

(...)

Surgem agora, naturalmente, os paladinos do crescimento. Que estiveram escondidos durante anos, vestidos de paladinos da consolidação e que agora criticam a rigidez de Mário Centeno no que toca às contas públicas, com efeitos nefastos sobre a economia. (...)

Agora, no Orçamento para 2017, mais de metade da consolidação prevista vem do crescimento da economia (PIB maior, logo menor défice em função do PIB). A provar que, quando se está a subir, todos os santos ajudam. 

Há alguns truques (o BPP e os dividendos do Banco de Portugal como ajuste estrutural, por exemplo) e muitas incógnitas no documento, que está dependente de factores externos que podem obrigar novamente a um maior aperto na despesa. Mas ninguém se atreveu a dizer que não existe uma possibilidade razoável de o exercício dar certo. E só esta possibilidade é uma enorme diferença face aos últimos anos, e um problema para a direita resolver

(Tiago Freire; "A subir todos os santos ajudam". Na íntegra: aqui)

Um não que é garantia de qualidade

Dizem as notícias que Pedro Passos Coelho, o (graças a Zeus) ainda lider do PSD, garantiu, em entrevista dada recentemente ao Público, que "o Orçamento do Estado para 2017 é mau".
Passos Coelho não será a pessoa mais indicada para se pronunciar sobre a qualidade do Orçamento do Estado, ou sobre qualquer  outra matéria relacionada com finanças públicas, sabendo-se que, enquanto primeiro-ministro, foi incapaz de elaborar um único Orçamento que não carecesse de ser objecto de um ou mais rectificativos. 
Não será, dizia eu e não é mesmo. Ainda assim, porque a credibidade que atribuo à palavra dele é tanta que um não pronunciado por ele tem para mim o valor de um sim, tomo a afirmação dele como garantia de qualidade do Orçamento do Estado para 2017. Se, para Passos Coelho, o Orçamento é mau, para mim é bom. Forçosamente, ainda que, por força dos muitos constrangimentos, alguns da responsabilidade do dito cujo, não se possa falar de um Orçamento excelente.
(Notícia e ilustração daqui)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Passos: caricato e ridículo

«Por altura da campanha das últimas legislativas, o PSD, no seu programa eleitoral, definia como objetivo de "longo alcance" tornar Portugal numa das dez mais competitivas economias mundiais. (...)

Olhando para outro parágrafo do programa desse mesmo partido político, era definido outro objetivo que nos dava uma clarificação de parte da ideia: "que, no espaço da próxima legislatura, nos situemos no top 25 do WEF". Ora, considerando então o World Economic Forum (WEF) como o referencial para medir a competitividade e "longo alcance" como um período superior ao da atual legislatura, na altura em que a promessa foi feita, estaríamos a falar de uma subida de 26 posições no ranking da competitividade do WEF num prazo desconhecido, uma vez que a nossa posição era a 36.ª num contexto global.

Pois bem, uns dias antes das eleições de 2015, saíam os resultados da nova edição do ranking da competitividade do WEF. Portugal caía duas posições, situando-se na 38.ª posição. Mais recentemente, em setembro de 2016, saíram os mais atuais resultados desse mesmo ranking. Portugal registou nova queda, desta feita de oito posições. Estamos agora na 46.ª posição!

Claro que Passos Coelho e alguns acólitos, mesmo no contexto da Comunicação Social, vieram já a terreiro culpar a atual governação pelos resultados desta nova edição do ranking do WEF, o que não deixa de ser caricato e ridículo. Isto porque ambas as quedas refletem, precisamente, o período de governação que Passos liderou, bastando, para verificar isso mesmo, uma análise simples à metodologia utilizada na construção do ranking e aos principais indicadores utilizados.

Estes resultados mostram, portanto, que para que Portugal pudesse ter esperança em atingir melhorias na sua competitividade, tinha mesmo que abandonar o modelo de desenvolvimento que Passos implementou. Ideia reforçada por outro ranking de competitividade, World Competitiveness Yearbook, publicado em maio de 2016 pelo Institute for Management Development (IMD), onde caímos em 2016 da 36.ª para a 39.ª posição. Já para não falar do Innovation Union ScoreBoard da Comissão Europeia, publicado em julho de 2016, onde caímos de 17.º para 18.º. Ou no Networked Readiness Index, também do WEF, onde, na edição publicada em junho de 2016, caímos da 28.ª posição para a 30.ª. Todos estes rankings reportam indicadores referentes a 2015 ou anteriores, anos em que Passos governou.

Em campanha eleitoral, usar ideias vagas e fazer promessas pouco transparentes, é um exercício frequente. No entanto, o tempo acaba por testar muitas delas. As que Passos Coelho e o PSD fizeram mostram bem que os portugueses, ao quererem mudar de rumo, tinham razão! Por aquele caminho, nunca chegaríamos a ser "uma das dez mais competitivas economias mundiais". Passos já percebeu isso e, portanto, anda de cabeça perdida!»
(Luís Miguel Ferreira; "De cabeça perdida!". Na íntegra: aqui . Destaques meus.)

Trabalhos de campo #36: Borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula)



 Borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula L.)
Provavelmente juvenis.
(Local e data: Sapal de Corroios; 18- Outubro - 2016)
(Clicando sobre as imagens, amplia)

domingo, 16 de outubro de 2016

Chamem o exorcista!

Chamem e com urgência, porque o mafarrico anda mesmo a fazer das suas.
O primeiro-ministro António Costa garantiu, durante o debate quinzenal que teve lugar no passado dia 14, que o diabo, ao contrário do vaticinado por Pedro Passos Coelho, não só não pediu para entrar no país, como nem sequer se apresentou aos balcões do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Ainda que não ponha em dúvida a afirmação do primeiro-ministro, a verdade é que tudo indica que o demo, ainda que por caminhos ínvios e utilizando portas e travessas, entrou no país e se encontra entre nós.
De facto, não encontro outra explicação para o comportamento que tem vindo a ser atribuído a alguns dos principais responsáveis pela política de austeridade do governo cessante, com particular destaque para a ex-ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque (MLA), a qual, segundo a comunicação social, terá proferido afirmações que são a perfeita negação de tudo quanto ela defendeu e levou à prática, enquanto governante. 
Com efeito, alguém acredita que ela, uma pessoa supostamente séria, responsável, enquanto ministra do governo cessante, não só por cortes nas pensões e nos salários e por aumentos de impostos como não há memória, e pelo agravamento das desigualdades como nunca se viu em tempo algum, seria capaz de afirmar que o OE assenta muitíssimo no aumento de impostos generalizado e vai reforçar a injustiça social e as desigualdades”? Eu muito simplesmente não acredito, tanto mais que é certo que, com frequência, MLA  tem vindo a acusar o actual Governo precisamente do contrário.
Maria Luís Albuquerque, já se viu, ao longo dos últimos anos, é capaz de muita coisa, mas nem a ela julgo capaz de tamanho descaramento. Resta, por isso, a hipótese, que tenho na conta de certeza, de as afirmações que lhe são atribuídas não serem dela, mas do manhoso que, perito em disfarces, se tem feito passar por ela.
Alguém tem dúvidas? Admito que sim e por isso faço o apelo: chamem o exorcista! Só  ele poderá, afinal, pôr tudo em pratos limpos.
(Ilustração daqui)

sábado, 15 de outubro de 2016

A esganiçada

"Estamos aqui em Bragança, no Nordeste Transmontano, onde a caça é relevante, de facto parece que abriu a época da caça ao contribuinte, porque todos os impostos ou foram mexidos ou foram agravados ou foram criados novos impostos" (Assunção Cristas)
Uma afirmação desta natureza, na boca da actual líder do CDS/PP, proferida depois de serem já conhecidas as linhas gerais do Orçamento de Estado que apontam para uma diminuição, ainda que limitada, da carga fiscal, como é quase unanimemente reconhecido, é ao mesmo tempo desprovida de sentido e reveladora do desconforto de quem durante quatro anos e meio fez parte do governo responsável pelo maior aumento de impostos de que há memória. 
É dos livros que quando não se tem razão, eleva-se o tom de voz para disfarçar o vazio da argumentação. Com fracos resultados, dizem também os livros.
Assunção Cristas, pelos vistos, não leu os livros, concluo eu. Como ainda é nova, pode ser que ainda vá a tempo de aprender.  À sua própria custa, espero bem.
(Ilustração daqui)

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Por terras da Beira Interior (registos fotográficos): Penamacor

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Legenda:
Foto 1 - Antiga Casa da Câmara (século XVI);
Foto 2 - Pelourinho;
Foto 3 - Pelourinho (pormenor);
Foto 4 - Pelourinho e Casa da Câmara (alçado posterior);
Fotos 5 e 6  - Torre de vigia (século XVI) transformada no século XIX em  Torre do relógio;
Fotos 7, 8  e 9 - Torre de menagem do Castelo (monumento nacional) .
Fotos 10, 11 e 12- Igreja matriz;
Fotos 13 e 14 - Igreja da Misericórdia (século XVI)
Foto 15 -  Paisagem observável a partir do alto da muralha do burgo medieval.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Trabalhos de campo #35: Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe)


Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe L.) em plumagem de Outono.
[Local e data: Ponta dos Corvos - Estuário do Tejo (Seixal); 7 - Outubro - 2016]
(Clicando nas imagens, amplia)

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O MELHOR !

Não apenas "o melhor de nós", ou "o melhor da sua geração", como repetidamente tem sido dito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ele próprio pertencente à mesma geração, nem apenas "um homem extraordinário", ou "um homem excepcional" como nos tem sido garantido por diversas vozes e em vários tons, a começar pela voz emocionada do primeiro-ministro António Costa, porque, em boa verdade, António Guterres é o melhor de todos a nível mundial, pelo menos para liderar a Organização das Nações Unidas (ONU) como seu Secretário-Geral, como acaba de ser confirmado pelo Conselho de Segurança da ONU que por aclamação o escolheu para exercer  tão alto cargo, submetendo, em consequência, a sua escolha à aprovação da Assembleia Geral da Organização.
Sim, indiscutivelmente,  O MELHOR, a quem desejo que tenha "toda a sorte do mundo", desejo que, neste caso, me parece ser o mais adequado, visto que, a partir de 1 de Janeiro do próximo ano, a sorte do mundo, em parte, também estará nas suas mãos.
(Imagem daqui)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Coisas do diabo!

Embora com ligeiro atraso em relação ao calendário anunciado por Pedro Passos Coelho, o diabo sempre acabou por chegar. Como lhe cumpria, como responsável pela vinda do mafarrico, Passos Coelho assumiu o encargo de prover ao seu alojamento e, não fosse o diabo tecê-las, achou por bem encaminhá-lo para uma casa gerida por gente de toda a sua confiança, casa onde o "tinhoso" foi recebido com todas as honras pelos responsáveis como seria de esperar da parte de quem  já desesperava pela sua vinda. Não estou a dar novidade a ninguém, pois já é sabido pelas notícias entretanto vindas a lume, se disser que estou a referir-me ao Observador do José Manuel Fernandes e de outros admiradores do "diabo que os carregue".
Nada disto constitui, como é óbvio,  motivo de surpresa, pois tudo se passa dentro da maior das normalidades. 
O que já não se pode considerar como expectável e muito menos normal foi o que o diabo se lembrou de fazer: uma vez confortavelmente instalado no Observador assumiu o pseudónimo de Rui Pedro Antunes e, contra todas as legítimas expectativas de quem insistiu pela sua vinda, toca de escrever um desmentido em toda a linha em relação ao que o PSD de Pedro Passos Coelho tem vindo a alegar sobre o Investimento Directo Estrangeiro. Para o diabo, quem razão nesta matéria não é a oposição, mas sim o Governo. Para que não restem dúvidas aqui fica a sua conclusão: «Efetivamente o investimento estrangeiro em Portugal está a aumentar, como diz o ministro. Os números não demonstram nenhuma debandada como teme e tem alertado a oposição. Se os investidores estiverem mesmo a fugir, isso ainda não teve impacto no primeiro semestre deste ano. O teste do algodão são os números do Banco de Portugal, que demonstram que a posição do IED cresceu em comparação com o primeiro semestre de 2015 (2,53%) e ainda mais se comparado com o segundo semestre do mesmo ano (3,5%).»

E ainda há quem diga que o diabo não existe!
Como assim, se o que não falta são coisas do diabo? Como esta.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

sábado, 1 de outubro de 2016