Ontem mesmo, Passos Coelho anunciou, na sequência da estrondosa derrota sofrida pelo seu partido nas eleições autárquicas disputadas no passado dia 1 deste mês, que não se recandidataria à liderança do PSD.
Um tanto surpreendentemente, pelo menos para mim que supunha que não houvesse tantos candidatos à sucessão, eis que acontece precisamente o contrário. Candidatos, ainda putativos ou já assumidos é coisa que não falta a ponto de se poder dizer que brotam que nem cogumelos após as primeiras chuvas outonais. Alguns deles estão a aparecer mesmo donde menos se esperaria. De facto, se o aparecimento de Rui Rio estava mais que anunciado e se o surgimento de um ou mais candidatos conotados com a linha política de Passos Coelho (Montenegro, Rangel e mais uns tantos) era perfeitamente expectável, quem é que se teria atrevido a imaginar que Pedro Santana Lopes poderia estar a ponderar candidatar-se, ou (surpresa das surpresas!) que um André Ventura estaria na firme disposição de substituir no cargo de líder do seu partido o seu patrocinador como candidato â Câmara de Loures, o sobredito Pedro Passos Coelho. Sim, quem se lembraria? Eu não, seguramente.
Como, porém, a procissão ainda nem ao adro chegou, não custa admitir que possam vir a surgir outros candidatos, porventura com capacidade de liderança e qualidades suficientes para restituir ao PSD o prestígio e a credibilidade de que o partido já beneficiou, capacidade e qualidades que sinceramente não vejo em nenhum dos candidatos já anunciados ou que como tal são presumidos, embora haja, naturalmente, distinções a fazer, porque nem toda a gente é farinha do mesmo saco.
Isto dito, devo acrescentar que a escolha da figura do André Ventura para ilustrar este apontamento não é inocente. O facto de um indivíduo como André Ventura, defensor da pena de morte, da prisão perpétua, da castração de pedófilos e assumido racista e xenófobo, se sentir com suficiente à vontade para se candidatar à liderança de um partido que professa programaticamente um ideário humanista e personalista, em tudo contrário às ideias que o candidato defende, é a melhor prova de que o PSD é hoje um partido completamente à deriva.
Com candidatos como este Ventura, é óbvio que o PSD não vai a parte nenhuma ou então, o que será muito pior, pode ir encalhar na extrema direita.
Com os restantes anunciados também não irá longe. Presumo.
Num ponto, o Ventura leva vantagem a todos. Como bombo da festa. Isso é certo e seguro.
(Imagem daqui)
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