Esvaiu-se, em menos de um fósforo, a perspectiva de termos uma acesa disputa à liderança do PSD. Se, num primeiro momento, os candidatos brotavam como cogumelos, mais depressa ainda se sumiram da face da terra.
Estranhamente, ou talvez não, a debandada foi iniciada por Luís Montenegro, precisamente o presuntivo candidato que reunia, segundo a comunicação social, as melhores condições para prosseguir a política seguida por Passos Coelho e para o substituir. Aliás, ao que se afirmava, Montenegro já desde há muito andava a preparar-se para o desafio. Vê-se agora que, afinal, muito mal preparado devia estar, uma vez que, para justificar a desistência, Montenegro não foi além da alegação de "razões pessoais e políticas", expressão que significa tudo e mais ainda um par de botas.
Gorada a hipótese Montenegro, as apostas num candidato com alguma visibilidade entre os apoiantes de Passos Coelho, centraram-se no estridente Paulo Rangel, apostas entretanto e de imediato goradas, pois Rangel não perdeu tempo a descartar a possibilidade, invocando "razões familiares".
Dêem-lhe o nome que lhe derem (familiares, pessoais ou políticas) certo, porém, é que as razões invocadas resumem-se tão só a uma: as perspectivas de êxito político do PSD no curto e médio prazo não se afiguram particularmente brilhantes e, assim sendo, as expectativas de permanência duradoura no cargo para quem agora venha a tomar conta da liderança do partido também não serão as mais entusiasmantes ou lisonjeiras. O raciocínio dos desistentes Montenegro e Rangel é, a meu ver, tão simples, quanto cínico: venha agora quem "tire as castanhas do lume", que mais tarde se verá "quem tem unhas para tocar viola".
Por alguma razão, nem Montenegro, nem Rangel, se dispõem a apoiar qualquer outro eventual candidato. O que, na linha do exposto, se compreende facilmente: o importante para qualquer deles é permanecer de mãos livres para poderem avançar para a liderança, sem quaisquer compromissos e no momento que mais lhes convier. Não garanto que um e outro sejam políticos manhosos e cínicos, mas sobre serem "espertos" no pior sentido do termo, não tenho dúvidas.
Quem resta?
Pedro Santana Lopes? Simpático e mesmo "boa pessoa", mas, a meu ver, mau político, Santana Lopes não tem nada a ganhar em entrar nesta "corrida". Espero que os seus verdadeiros amigos lhe façam ver que o seu tempo já lá vai.
Rui Rio? Possivelmente sim, porque depois de a sua intenção de avançar ter sido tantas vezes anunciada, Rio não tem margem para recuar e, em boa verdade, também não tem nada a perder. O simples facto de se manter na corrida, depois tão estrondosas desistências, é trunfo mais que suficiente para, em futura disputa, triunfar sobre todo e qualquer calculista, chame-se ele Montenegro ou Rangel.
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