segunda-feira, 10 de maio de 2010

Remédios contra a depressão

A decisão dos países da União Europeia (UE) de criar um mecanismo num valor até 750 mil milhões de euros para proteger a moeda única dos ataques especulativos dos mercados financeiros, teve, desta vez, um impacto imediato, com as bolsas europeias a abrir em forte alta, com valorizações a atingir mais de 10 %,  em Madrid, 7,88% em Lisboa, 7,84% em Atenas  e 7,64% em Milão, assistindo-se ao mesmo tempo à queda acentuada das taxas dos juros implícitos das Obrigações do Tesouro portuguesas que estavam na sexta-feira nos 6,418%, estando agora abaixo dos 5%, fenómeno que teve ainda maior amplitude relativamente às taxas das Obrigações gregas que desceram para quase metade (6,6% hoje, para 12% na sexta feira).
Pelos vistos, foi necessário que os movimentos especulativos se tivessem dirigido contra a Espanha para a UE se dar conta que era necessário tomar decisões firmes em defesa da moeda única e para a senhora Merkel se deixar de calculismos que, afinal, de nada lhe serviram, pois acabou por perder as eleições na Renânia do Norte-Vestefália, resultado que lhe acarretou também a perda de maioria na câmara alta do Parlamento Federal.
Ter vistas curtas raramente compensa e as tergiversações sobre o que é importante têm regra geral como tiveram, neste caso, consequências funestas: para a Grécia, para Portugal, para a Espanha e, ao fim e ao cabo, para toda a zona Euro, consequências que poderiam ter sido evitadas se a UE tivesse tomado uma decisão desta natureza, atempadamente, pois teria acalmado os mercados financeiros, como está à vista.
Mas os remédios contra a depressão, não vêm só do exterior. O anúncio do ministro das Finanças de que em Fevereiro e Março houve uma evolução “muito positiva” da receita fiscal” e que “dados preliminares de Abril mostram que isso se continua a fazer sentir”, constitui também um excelente tónico contra a depressão. Tónico que surge num momento particularmente importante, pois ocorre precisamente na data em que vai ter lugar a procissão dos profetas da desgraça a caminho de Belém. Que vão e por lá fiquem!

Actualização:
- A romagem a Belém traduziu-se numa declaração dando conta que os romeiros foram manifestar a  sua "profunda preocupação mas também a convicção de que os portugueses apoiarão medidas que se impõem face à situação actual para restabelecer a confiança na economia portuguesa desde que sejam apresentadas com transparência". Para tão pobre peça, para quê tamanha encenação?
- A Bolsa de Lisboa fechou a sessão com a maior valorização de sempre, num só dia, registando ganhos superiores a 10%.