quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quando a bota não bate com a perdigota

A frase atribuída a António José Seguro tem tanto de belo efeito, quanto de pouco rigor. De facto, se alguns portugueses estão fartos de fazer sacrifícios, muitos há que nem por isso. Basta atentar na circunstância de, em Portugal, o consumo exceder largamente o produto, facto que o deputado António José Seguro não ignora, pois, na mesma ocasião, considerou inaceitável  “a trajectória das últimas décadas [que] vem endividando o país”, sobrecarregando as gerações futuras “com os encargos do estilo de vida das gerações actuais”.
Fartos de fazer sacrifícios, mas com um estilo de vida insustentável ?
Em que ficamos ?
Decida-se, António José Seguro, porque, salvo sempre o devido respeito, "a bota não bate com a perdigota".
(Título reeditado)

4 comentários:

Anónimo disse...

Reapareço!Com poesia! Sempre a poesia, falando por Nós,eloquentemente, do Tempo que Nos confunde.

TALVEZ
Talvez os galos rujam e os leões cacarejem
mas a nossos ouvidos nos pareça o contrário

Talvez leões e galos se riam em segredo
por saber que andamos desde sempre enganados

Talvez bebamos fogo quando ouvimos silêncio
Talvez sejam serpentes o que chamamos água

Talvez o tempo tenha tanto a ver com o Tempo
como têm cem corvos a ver com uma cigarra

Ou talvez estes versos sejam só o enredo
de dez rios dois astros a névoa de uma casa
In OBRA POÉTICA de DAVID MOURÃO-FERREIRA

Beijo-Ginginha

Francisco Clamote disse...

Belo Poema e a propósito.
Beijo.

Anónimo disse...

Bravo, Ginginha!Sempre sábias palavras e boas escolhas em matéria de poesia!

Anónimo disse...

Pura verdade a ver se o PS é resgatado da idade das trevas