Avolumam-se os indícios de que o PSD de Pedro Passos Coelho (PPC) se prepara para "chumbar" o Orçamento de Estado para 2011, não obstante as vozes em sentido contrário vindas da bancada parlamentar (Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira et al.) e de várias outras personalidades do partido, incluindo ex-líderes (como Durão Barroso, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes) para já não falar do actual inquilino de Belém, uns e outros fazendo apelo ao "superior interesse nacional". A confirmar-se a hipótese de "chumbo", PPC terá preferido dar ouvidos às vozes dos que no interior do partido (e seus mais próximos) anseiam, acima de tudo, por uma "vingança" contra um Sócrates que lhes infligiu duas derrotas eleitorais sucessivas.
A tomar essa posição, o pais vai ficar, por certo, em palpos de aranha e com os credores agarrados às canelas, mas o PSD e o PPC não vão ficar em melhores condições, a menos que provem, com contas e especificação das medidas, que é possível elaborar um orçamento de Estado que ponha em ordem as contas públicas, apenas com medidas tomadas pelo lado da despesa, sem o recurso ao aumento de impostos, argumento que têm invocado para recusarem a solução do Governo.
Tal não é impossível, diga-se. Só que para se atingir o objectivo da consolidação das contas públicas, os cortes teriam de ser de tal magnitude que não se vê como concretizá-los senão através duma forte redução das despesas sociais. Ou seja, um orçamento de Estado, à moda do PSD, sem aumento de impostos, significaria que a consolidação orçamental se faria, essencialmente, à custa dos mais desfavorecidos. Tal solução, para além de injusta, é inaceitável para quem tenha alguma preocupação social.
É verdade que no actual PSD as preocupações sociais não abundam, mas se o PSD rejeitar o orçamento proposto pelo Governo, não restarão mais dúvidas sobre isso.
Como não restarão dúvidas de que a pose de estadista exibida por PPC, no Palácio de S. Bento, aquando da negociação do PEC II era mesmo só pose.
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