Graças à austeridade do tipo "custe o que custar", o governo de Passos/Coelho conseguiu fechar os três primeiros meses do ano com um défice de 7,9% do PIB, acima do registado no período homólogo de 2011, muito longe, portanto, da meta dos 4,5% previstos para este ano. São números que os últimos dados conhecidos da execução orçamental já permitiam antecipar, com as receitas fiscais a cair 3,5%, até maio, quando no Orçamento do Estado rectificativo, o Executivo de Coelho, Gaspar, Portas & Cª previa um crescimento de 2,6% para o conjunto do ano. E a verdade é que estes números nem sequer são verdadeiros, pois são bem piores. De facto, os números da execução orçamental, pelo menos pelo lado da receita, estão mascarados através da "habilidade" de os reembolsos do IRS não estarem a ser feitos atempadamente e através do expediente traduzido no agravamento das tabelas de retenção do IRS, agravamento que se traduz na retenção do imposto muito para lá do devido, a manterem-se as regras em vigor. Não quero jurar, porque a minha memória já não é o que era, mas, se bem me lembro, o agravamento da retenção, no caso dos pensionistas abrangidos pelo corte dos subsídios de férias e de Natal vai ao ponto de considerar como recebidos tais subsídios para cálculo da retenção. Mais uma enormidade, convenhamos.
Sendo assim, fazer pior que este governo era difícil. Tudo indica, na verdade, que caminhamos para um desastre de proporções tais que nem os mais pessimistas imaginavam. E tanto assim é que até aos fervorosos apoiantes governamentais já restam poucas dúvidas de que o governo não vai conseguir atingir a meta do défice previsto para este ano, o que, a verificar-se (e estou certo que assim será) significa que este governo de fundamentalistas austeritários nem sequer vai conseguir a sua principal aposta que era a consolidação orçamental.
Por alguma razão, de Coelho, não rezam as crónicas sobre a reunião dos líderes da UE. De facto, ao fiel lacaio da senhora Merkel, numa altura em que, por pressão da Itália, da França e da Espanha,se tomam decisões em contrário ás opiniões da dita senhora, só resta ficar calado e "meter o rabinho entre as pernas", à espera que, em devido tempo, lhe "passem a mão pelo pêlo". Tempo que já não vem longe, pois no final do ano se confirmará que a política de austeridade "para além da troika" vai traduzir-se num completo desastre, não restando a Coelho outra alternativa que não seja a de vestir a pele de pedinte de novas ajudas. Falta saber se a senhora Merkel, apesar do servilismo do pedinte, estará pelos ajustes.
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