A operação de troca de Obrigações do Tesouro (OT) com vencimento em 2014 e em 2015 por outras com vencimento em 2017 e em 2018 foi inicialmente anunciada como se se tratasse duma simples troca por troca, pois nada se adiantava quanto a juros.
Várias ilações se podem tirar face a estes novos dados:
- Confirma-se, por um lado, que "não há almoços grátis" e muito menos quando se lida com os mercados financeiros.
- Constata-se, por outro lado, que, com esta operação, o almoço vai sair mesmo muito caro a todos os portugueses, visto que o governo se dispõe a pagar, nalguns casos, mais do dobro do que o país pagava pelas OT substituídas.
- Finalmente e como é evidente, para o governo aceitar um tal agravamento das taxas de juro (superiores à mítica taxa de 4,5% que, no dizer da Comissão Europeia e do ministro Machete, seria a taxa suportável para se poder evitar um segundo resgate) é porque está desesperado e perfeitamente consciente de que, findo o programa de ajustamento, Portugal, graças à política suicida de empobrecimento, não estará em condições de se financiar a taxas de juro compatíveis com a sustentabilidade da dívida.
O governo tem, aliás, toda a razão para o seu desespero, porque, para "grande azar dos Távoras" (leia-se: portugueses) dá-se a coincidência de, no mesmo dia em que é anunciada a operação, os juros implícitos da dívida pública portuguesa terem voltado a ultrapassar os 6%.
Vista a esta luz, esta operação significa, ao fim e ao cabo, que todo o discurso que o governo tem vindo a fazer sobre a capacidade de regressar aos mercados, sem um novo resgate, ou sem programa cautelar, não passa de mais um embuste, matéria em que, sem sombra de dúvida, é especialista.
2 comentários:
Excelente artigo.
Ótima opção.
Por lapso, troquei os meus comentários, não querendo dizer que esta postagem não seja excelente; o que ela me sugere é semelhante a um desenho animado que pertence a este blogue: uma enorme bola de neve simbolizando o empobrecimento que arrasa com tudo que está no seu trajeto...
Um monstro muito difícil de controlar!
Enviar um comentário