O veto presidencial incidente sobre o diploma que aumentava o valor dos descontos dos funcionários públicos, militares e forças de segurança para os respectivos subsistemas de saúde (ADSE, ADM e SAD) tanto pode ser visto como um veto inútil, quer como um veto útil.
O que primeiramente salta à vista é a inutilidade da decisão de Cavaco, visto que o governo, dispondo na Assembleia da República de uma sólida maioria absoluta, tem todas as condições para levar a sua avante.
Como Cavaco não ignorava e não ignora que o veto seria facilmente ultrapassável pela coligação, o seu gesto pode ser visto a outra luz e, nessa outra perspectiva, é inegável a sua utilidade. De facto, o veto, nestas circunstâncias é a melhor forma de Cavaco se demarcar, sem custos políticos para qualquer das partes, da política do governo.
Todavia, a forma como o governo se desembaraçou tão lestamente do veto, ao enviar, sem perda de tempo, para a Assembleia da República para aprovação o mesmo diploma redigido "rigorosamente nos mesmos termos em que (...) tinha sido aprovado em Conselho de Ministros em janeiro", leva-me até a crer que o veto, em vez de ser analisado como útil ou como inútil, deve antes ser visto como um veto combinado. Combinado e encenado.
2 comentários:
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~ Se é assim, como referiu, será, de fato, mais uma farsa deste governo do nosso descontentamento.
~ Eles vangloriam-se de progressos, mas não aliviam as cargas de espoliação.
~ E... "" O povo é sereno."" !!
Ontem houve vetos encenados e hoje votos comprados
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