Marques Mendes, nos seus comentários semanais na SIC, tem vindo ultimamente a lançar algumas farpas na direcção do líder do seu partido (PSD), chamando a atenção, em particular, como notava o Expresso do passado dia 13, para "o estilo pessimista" de Passos Coelho.
Os comentários de Marques Mendes podem ser vistos, sem dificuldade de maior, mais como recomendações dirigidas ao líder do seu partido para arrepiar caminho que, no seu entender, não leva a lado nenhum, do que como críticas mais ou menos veladas.
Certo é porém que tais comentários tiveram a força suficiente para desencadear, não sei se por iniciativa própria, se por encomenda de alguém, uma violenta sarrafada dirigida às canelas de Marques Mendes por parte do cronista João Miguel Tavares, um conhecido pregador de moral, mas, ao mesmo tempo e estranhamente, um indefectível admirador e apoiante de Passos Coelho, reconhecido mau pagador da Segurança Social e especialista em esquemas na obtenção de fundos europeus para formação de (desnecessários) técnicos de aeroporto.
Para que não restem dúvidas quanto à força da canelada aqui fica uma amostra da crónica hoje publicada no "
Público":
«(...) Marques Mendes tem ar de poder servir, com a ajuda de uma cabeleira loura, de modelo para um anjo de Rubens – mas é mesmo só ar. De santinho ele nada tem, e para o caso de não terem reparado, o seu nome anda a fazer tangentes a episódios muito duvidosos. Na questão dos escândalos dos vistos gold – descrito pelo juiz Carlos Alexandre como “um lamaçal” –, o seu nome apareceu associado a vários arguidos, dos quais foi sócio na empresa JMF Projects & Business, implicada no caso.
Depois, descobriu-se que também tinha andado a pedir favores ao presidente do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo – cuja filha era sócia de Marques Mendes na empresa JMF –, para obter a nacionalidade portuguesa para dois cidadãos estrangeiros. Um deles a mulher de “um tipo de grande prestígio, talvez o maior empresário de Moçambique”. O outro a nora do fundador do grupo Pão de Açúcar: “É muito importante, porque eles vão investir muito dinheiro em Portugal”. Na entrevista ao Observador, Marques Mendes garantiu que era “jurista, sempre”, e não lobista, nem facilitador. Pois bem: não se nota. Digamos que é a sua queda para os eufemismos, que o levou a chamar “pecadilhos” às pressões que fez na RTP, tal como em tempos chamou “reencaminhamento de mails” a pressões junto da PT. Em 2007, a propósito de uma polémica envolvendo a Universidade Atlântica, o chefe de gabinete de Marques Mendes respondeu aos jornalistas com a seguinte frase: “Não se lembra de nada e o que sabe é que está tudo bem”. Essa frase merecia estar inscrita no seu cartão de visita.(...)»
Sabia-se que a direita, e em particular o PSD, ainda não tinha recuperado do trauma resultante do afastamento de Passos Coelho da chefia do Governo. Não era, contudo, suposto que entre os apoiantes de Coelho se tivesse já chegado ao ponto de considerar que as divergências no interior do partido tivessem de ser resolvidas à paulada!
Pelos vistos, as coisas caminham nesse sentido e, sendo assim, só me resta acrescentar: Força !
(A
vítima. Imagem rapinada aqui.)