sexta-feira, 30 de julho de 2010

A prova perfeita

Perante a nota da Procuradoria-Geral da República que garante que “nunca colocou qualquer limitação” à investigação do Freeport, designadamente “de tempo ou lugar, concordando inclusive com todas as deslocações ao estrangeiro” que os magistrados entenderam fazer, fica claro que os procuradores Paes de Faria e Vítor Magalhães, que tiveram a seu cargo a direcção do processo durante 19 meses, dispuseram  de tempo mais que suficiente para desenvolver as diligências que muito bem entendessem, incluindo a inquirição do primeiro-ministro e de Rui Nobre Gonçalves (secretário de Estado do Ambiente ao tempo do licenciamento do Freeport) se tivessem entendido que eram necessárias. 
Tendo em conta o tempo decorrido e a autonomia de que dispuseram, as considerações exaradas no processo pelos ditos procuradores são uma rematada "tolice", como já dissemos noutro local. Podemos, porém, ir mais longe, pois, como muito bem salienta o Valupi, o argumento da falta de autorização do Conselho de Estado, em relação a Rui Nobre Gonçalves, não pega, porque a sua audição não dependia e não depende de tal autorização. Ora, sendo assim, as considerações e a explicação dos procuradores, além de "tolas", são também falsas
Não obstante estarmos perante um "vómito" (largado a páginas 100 do despacho final assinado na passada sexta-feira, como o Cerejo tem o cuidado de nos elucidar) há motivos para agradecer aos procuradores do processo.  Não restam dúvidas, face ao "vómito", de que vontade de incriminar o primeiro-ministro não faltou aos ditos procuradores. Os factos é que não ajudaram.
Tal verificação, embora contrarie o intuito dos procuradores, contitui a prova perfeita da inocência do primeiro-ministro: se não o acusaram foi porque, contrariamente aos seus desejos, não dispunham de factos, nem de indícios para o fazer.
E se chego a esta conclusão, também tenho que concluir que a "tolice" que afecta os procuradores não é apenas "tolice" entre aspas. É mesmo tolice, com todas as letras. Ou dito de outra forma para que fique claro: os procuradores não são apenas "idiotas" entre aspas. São mesmo idiotas.
Além de aldrabões, porque  quem faz afirmações falsas não merece outro nome.

Post scriptum:
As queixinhas sobre "pressões" apresentadas ao latifundiário e militante do PSD (segundo Angelo Correia ao Expresso) e também presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, e que estiveram na origem do processo disciplinar instaurado ao procurador-geral adjunto Lopes da Mota já eram suficientemente esclarecedoras relativamente à qualidade da massa de que os citados procuradores são feitos. Mas, realmente, a gente esquece...

3 comentários:

MFerrer disse...

Estamos provavelmente a assistir ao desenrolar de um crime com todas as agravantes possíveis: Premeditação, assocação criminosa, abuso de confiança, dissimulação, uso de armas proibidas( vide Direitos,Liberdades e Garantias, CRP), prejúrio, abuso de poder, encobrimento de criminosos, apropriação de material roubado, negócio consigo próprio, difusão de boatos e de insinuações contra o Estado de Direito, as Instituições e atentado ao normal funcionamento da Justiça e da sua aplicação.
Temo que apenas falte o cárcere privado e o atentado à integridade física. Só falta.
Vamos ter de aturar isto por muito mais tempo?
Prefiro a Colômbia ou o México. A gente podia defender-se, não é?
A propósito:
Esta formulação política em que vivemos não tem no seu topo um "garante do seu normal funcionamento"?

Anónimo disse...

Esses dois procuradores estão doentes ou então,aaaaaaaaaaa são, para além de estúpidos, uns grndes sacanas.

Só fico descansada quando os vir na rua, sim despedidos .

É esta a autonomia que eles reclamam.
Altere-se a constituição, se necessário.
Rosalina Silva

Anónimo disse...

Esta cambada do Ministério Público é uma máfia!!!!