domingo, 23 de outubro de 2011

Ensaio (breve) sobre pouca-vergonha

É, realmente, uma pouca-vergonha que o ministro Miguel Macedo* e o secretário-de Estado José Cesário, tenham requerido a atribuição do subsídio de alojamento, no valor de € 1.400 (o dobro ou triplo do que ganha, mensalmente, uma grande parte dos trabalhadores portugueses); que o tenham vindo a receber; e que se recusem a renunciar  recebê-lo, apesar de terem morada própria em Lisboa, sendo eles membros dum governo que tem imposto e vai continuar a impor sacrifícios brutais à generalidade da população portuguesa que não tem acesso à manjedoura do poder. Alegam, para assim proceder, que é legal, porque existe uma discutível interpretação que, admito, pode encontrar cabimento nas entrelinhas da lei. "Legal" ou não, o caso não deixa, por esse facto, de ser escandaloso. É que, de certeza, a atribuição do subsídio, nos dois casos, não encontra sustentação no espírito da lei, pois que a intenção do legislador não foi outra senão a de atribuir o subsídio a quem não tivesse alojamento próprio e permanente em Lisboa e a realidade é que  nenhum dos referidos membros do governo se encontra nessa situação.
Como não sou conselheiro de Passos Coelho (nem pretendo ser ) e como, por conseguinte, não tenho que lhe dar conselhos como os oferecidos aqui, por Ferreira Fernandes, limito-me a dizer que a maior dose de pouca-vergonha cabe a Passos Coelho que atribuiu o subsídio e o mantém. Logo ele, que se prepara para exigir aos portugueses sacrifícios nunca vistos. Convenhamos que é preciso muito descaramento!
(* Por alguma razão este senhor anda, ultimamente, a aparecer, com frequência, por aqui)

1 comentário:

Otília Gradim disse...

As declarações dele são de bradar aos céus!!