A recente nomeação do Dr. José Almeida Rodrigues como Director da Polícia Judiciária (PJ) foi recebida com desconfiança por parte estruturas sindicais dos Magistrados Judiciais e do Ministério Público, que manifestaram o seu desconforto (é o menos que se pode dizer) pelo facto de o novo Director da PJ não provir do seio de nenhuma das referidas magistraturas, estando, só por isso, em causa a independência do nomeado.
Ora, tais estruturas esquecem-se que as pessoas não são mais ou menos independentes só pelo facto de serem ou não magistrados. Tal circunstância não modifica o carácter de ninguém. Pode haver e há, de certeza, em qualquer sector da vida social, cidadãos com espírito de maior independência do que alguns magistrados. Estes são feitos de carne e osso como os demais cidadãos e têm as mesmas virtudes e defeitos. Pelo facto de terem sido nomeados juízes ou magistrados do Mº Pº, o Espírito Santo não fez descer sobre eles, qualquer dom especial num qualquer Pentecostes!
Veio também a público, designadamente aqui que procuradores a desempenhar cargos de direcção na PJ começaram a despedir-se da Polícia Judiciária, num movimento que tem a ver com a referida nomeação. Lê-se no mesmo local que um dos referidos procuradores é o número dois da PJ, o procurador-geral-adjunto Baltasar Pinto, o qual em declarações ao JN terá afirmado: "Sou muito amigo do dr. Almeida Rodrigues, já trabalhei com ele várias vezes, mas também sou procurador-geral-adjunto com dez anos de cargo e por uma questão de estatuto não podia ficar" na dependência hierárquica de um elemento policial - se bem que coordenador superior. "Se eu ficasse, seria mal visto pelos meus colegas do Ministério Público".
Lê-se e não se acredita.
Acho que se as magistraturas querem ser respeitadas têm que se dar ao respeito e não é com atitudes como as que acima se descrevem que se lá chega.
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